Correio de Coimbra

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13 de março de 2009

Encontrar Deus na estrada de Damasco


“A estrada de Damasco é o ponto de encontro de cada um com Deus”. A afirmação é de António Pinto Leite, advogado e colunista do semanário “Expresso” na última sessão do ciclo de Conferências Quaresmais de S. José, levadas a cabo pelas paróquias da cidade de Coimbra.
Para António Pinto Leite, “o encontro com Deus está nas nossas relações de uns com os outros, na família, no emprego, na escola”. Segundo o vice-presidente da ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores), a Igreja é a maior história de amor que conhece aos outros.
“Para além de uma Igreja de tradição e do sermão, nós devemos ser uma Igreja dos valores e, por vezes, a Igreja esquece-se do bem que faz. Também somos uma Igreja do serviço e do amor”, retorquiu ainda noutro ponto da sua conferência.
Sobre a crise, António Pinto Leite afirmou que “é uma oportunidade óptima para o crescimento pessoal e espiritual de cada um de nós”. “Esta crise é uma grande oportunidade para reflectirmos sobres os valores da nossa sociedade”, disse perante uma centena de participantes. Para o conferencista “há uma grande competição entre nós pelo ter e, essencialmente pelo dinheiro”. Esta crise, é segundo António Pinto Leite, “uma oportunidade para transmitirmos determinados valores nas nossas famílias, nas nossas empresas, nas nossas escolas. “Há qualquer coisa de errado na nossa relação com Deus”, disse o co-presidente do Conselho de Administração de uma grande sociedade de advogados – “desabituamo-nos de dar graças e só nos queixamos”, disse.
Para além do seu testemunho de cristão, que não iremos reproduzir neste jornal, por uma questão de ética e de respeito pelo conferencista, António Pinto Leite criticou que “existem uma data de cristãos agnósticos, que acreditam em Deus, mas não o sentem na vida”.

As Conferências Quaresmais decorrem às quintas-feiras, pelas 21,15 horas, no Salão da paróquia de S. José. No dia 19 de Março, Maria do Loreto Paiva Couceiro, do movimento GRAAL abordará o tema “Que Igreja num mundo global?” Num mundo global, uma Igreja global, sem distinção de raças nem de cores, preocupada com todos os homens e com o homem todo. É esta a Igreja que somos? Serão as respostas dadas pela Dr.ª Maria do Loreto Paiva Couceiro, doutorada em Ciências da Educação pela Universidade Nova de Lisboa.
No dia 26 de Março caberá ao Bispo Auxiliar de Braga, D. António Couto falar sobre o tema “Comunidades e capelinhas?”. D. António Couto foi ordenado bispo em 2007 e pertencia aos Missionários da Boa Nova.
No dia 2 de Abril, o Padre Doutor Joaquim Carreira das Neves falará sobre o tema “Desafios da Evangelização, hoje”. O Padre Carreira das Neves é professor jubilado da Universidade Católica Portuguesa e é assídua presença no programa Ecclesia transmitido de segunda a sexta-feira na RTP 2.


Miguel Cotrim

XXV Encontro Fé e Cultura

Irá decorrer no dia 21 de Março, o 25.º Encontro “Fé e Cultura” na cidade de Coimbra.
A organização é da responsabilidade do CUMN – Centro Universitário Manuel da Nóbrega, centro de actividades e grupos universitários orientado pelos jesuítas.

O objectivo destes encontros, que começaram em 1981, é o diálogo e a reflexão aprofundada sobre um tema importante da sociedade, contando para isso com a colaboração de especialistas e individualidades do nosso país. Temas anteriores foram por exemplo “Conflitos da Intimidade” (2007), “A felicidade: dos sonhos à construção” (2005), “A tentação: jogos e fascínios” (2003), “Pensar o corpo” (2002), “Um olhar feminino sobre o mundo” (2001), etc., tendo resultado sempre num dia cheio de profundidade, sabedoria, humor e partilha entre palestrantes por vezes com experiências muito diversas, sendo ainda enriquecido com a possibilidade de perguntas por parte do público assistente.
Este ano o tema escolhido foi “Um AMANHÃ para além do óbvio – desejar, crescer, construir”. Pretende-se nesta edição pensar o futuro, mas futuro que já hoje estamos a construir, entre todos e na formação e passagem às novas gerações. Perguntas como “o que é uma vida boa?", “que traços da sociedade actual são motivo de esperança e de aposta?”, “como anda em Portugal a educação, formal e informal, das novas gerações? “Que talentos nos pedirá e exigirá o futuro?” são as queremos ver debatidas e conversadas pelo conjunto de intervenientes convidados, que incluem Manuel Braga da Cruz (Reitor da Univ. Católica) e Pedro Stretch (pedo-psiquiatra); Clara Pinto Correia (bióloga), Jorge Wemans (jornalista e director da RTP2) e José Manuel Canavarro (psicólogo e pró-reitor da Univ.Coimbra); Rosário Farmhouse (Alta-Comissária para a Integração e Diálogo Inter-cultural) e José Manuel Pureza (político e prof. univ.).

XXV Encontro Fé e Cultura

Programa


Um AMANHÃ para além do óbvio
desejar, crescer, construir

XXV Fé e Cultura, 21 de Março 2009
Auditório da Reitoria da Univ. Coimbra

9.30 Recepção/Secretaria

10.00 Abertura “Para averiguar do seu grau de obviedade”

10.15 “Educar para Viver Bem”
Graça Franco à conversa com
Manuel Braga da Cruz, reitor da Universidade Católica Portuguesa
Pedro Strecht, pedopsiquiatra

12.00 Painel I “Ir às raízes…”
O afecto e a liberdade – Miguel Almeida sj
O espiritual e a busca de sentido – Clara Keating, professora universitária
A estética e a sensibilidade – Lurdes Figueiral, vice-directora da Escola Artística Soares dos Reis

15.00 “Caminhos da educação em Portugal”
Clara Pinto Correia à conversa com
Jorge Wemans, jornalista. director da RTP2
José Manuel Canavarro, pró-reitor da Universidade de Coimbra

16.45 Painel II “… para dar fruto”
Cidadania e valores – José Manuel Pureza, professor universitário
Habitar a sociedade de consumo – Carlos Liz, especialista em Marketing
Inter-culturalidades – Rosário Farmhouse, Alta-Comissária para a Imigração e Diálogo Inter-cultural

18.15 Fecho “O futuro já”, Carlos Carneiro sj

Encontro de Jovens a 22 de Março

Integrados nas Comemorações do Ano Paulino, os jovens de todas as paróquias de Coimbra fazem uma peregrinação, a pé, até S. Paulo de Frades. Pelo caminho fazem uma reflexão sobre um texto de S. Paulo, previamente distribuído a cada grupo.
A missa às 13,30 horas, na igreja de S. Paulo de Frades será presidida pelo Senhor Bispo.

15 de Março - Dia Nacional da Caritas

Cáritas de Coimbra com mais pedidos de ajuda

O Padre Luís Costa, presidente da Cáritas Diocese de Coimbra, revelou que tem aumentado o número de pedidos de ajuda à organização católica.
“À nossa casa chegam os mais diversos e diferentes pedidos de ajuda. Estamos em muitos locais, desde a beira-mar até à Pampilhosa da Serra, por isso, somos ocasião para muitas solicitações”, refere em entrevista ao jornal diocesano Correio de Coimbra.
Segundo este responsável, “há muito que se adivinhavam as situações que vivemos agora. Estou em crer que só não se manifestaram antes devido à lógica de mercado que, especulando, conseguiu adiar o mais possível uma realidade incontornável”.
“Vivemos uma crise civilizacional, como se diz por aí. A consequência económica é apenas um dos tentáculos desta ‘criatura’ que criámos e continuamos a alimentar. Outras manifestações estão para chegar”, assegurou.
O Padre Luís Costa refere que “há muitas pessoas que estão a pedir apoio que noutros tempos e circunstâncias não o fariam” e espera que “quem sempre apoiou a Caritas” continue a apoiar, “mesmo nestes tempos de crise, uma vez que sempre foram os mais pobres e os que mais precisavam que partilharam do seu em prol de causas que os tocava”.
“As áreas da toxicodependência, HIV, sem-abrigo, mulheres vítimas de violência são realidades que não despertam especial interesse à maioria das instituições. São áreas de intervenção de tal maneira deficitárias que só uma instituição como a Cáritas torna possível uma resposta adequada. Se ainda acrescentarmos a isto o facto da assistência que damos aos idosos de zonas profundamente envelhecidas, desertificadas e isoladas dos concelhos da Pampilhosa, Góis e Arganil, reconhecemos sem esforço as dificuldades inerentes a estas prestações de serviço”, elenca.
A Caritas emprega mais de 700 funcionários, o que significa outras tantas famílias, para além de mais de 6 mil utentes a quem presta serviço, em Coimbra.

Miguel Cotrim

12 de março de 2009

Num encontro com empresários cristãos


- Manuel Antunes afirma que a “Saúde não tem preço, mas tem custos”



O director do Centro de Cirurgia Cardiotorácica dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), Manuel Antunes foi o convidado do último almoço/debate promovido no passado dia 10 de Março pela Associação Cristã de Empresários e Gestores, no Salão da Sé Velha. Falando para empresários e gestores cristãos, o médico disse não ter dúvidas de que “alguns problemas do sector da saúde podem ser resolvidos se for aplicado o modelo que muitos empregam nas suas empresas”.
“A saúde não tem preço, mas o que as pessoas ainda não perceberam é que a saúde tem custos”, declarou o consultor do Presidente da República, sublinhando que estes custos são cada vez maiores. Com efeito, a saúde consome já 10,3 por cento do PIB, em 2008 foram gastos 15 mil milhões de euros neste sector e a comparticipação do Estado nas despesas da saúde dos cidadãos tem crescido de ano para ano. O Orçamento do Estado para este ano prevê 8.862,2 milhões de euros para o Ministério da Saúde, ou seja, “por cada seis euros que o Estado gasta, um é com a saúde”.
“Tem de haver um limite”, sublinhou Manuel Antunes. Para o director da Cirurgia Cardiotorácia dos HUC, a “ineficiência e o desperdício” devem ser combatidos, com uma melhor gestão de recursos humanos e materiais destinados à saúde. Tal passa, no seu entender, pela descentralização da gestão – que considera ainda não estar alcançada, mesmo com os hospitais EPE – e pela participação dos directores de serviço.
“Os directores de serviço são quem tem ou deveriam ter a chave do sucesso. A melhor equipa de gestão hospitalar não consegue nada sem os directores de serviço”, declarou, lamentando que, ainda assim, não exista “responsabilização dos directores de departamento, serviço ou secção”.
O grande sucesso de Manuel Antunes, além da quantidade de cirurgias realizadas por ano, pauta-se por um saldo de final do ano, sempre positivo.

Pais portugueses precisam urgentemente de educação sexual


- afirmou o monsenhor Vítor Feytor Pinto, na Figueira da Foz

Os pais portugueses estão não estão preparados para assumirem a educação sexual dos filhos e necessitam urgentemente de formação, disse no passado dia 10 de Março, na Figueira da Foz, o monsenhor Vítor Feytor Pinto.
Intervindo durante a tertúlia “Reacontece”, no Casino da Figueira da Foz, sobre a educação sexual nas escolas, Feytor Pinto considerou que a sexualidade é “dominada por tabus” no seio das famílias portuguesas e que estas revelam falta de preparação para falarem do tema com naturalidade.
“Quem precisa urgentemente de educação sexual são os adultos. Se nós não tivermos adultos a saberem com o que é que lidam, efectivamente nunca poderão ser educadores”, disse.
“Os pais que não têm formação, que ainda não descobriram a beleza da sexualidade de uma maneira positiva e apenas vêem o monstro da sexualidade, como é que podem ser os educadores dos seus filhos?”, inquiriu.
Frisando que os pais nessa situação “têm de recorrer à escola” numa perspectiva de complementaridade, Feytor Pinto sustentou a educação para a sexualidade humana “é muito mais vasta do que a actividade sexual”.
“[A sexualidade] contém como elemento mais pobre a actividade sexual”, referiu.
Feytor Pinto recusou que a Igreja Católica possua uma visão retrógrada da sexualidade humana, embora tenha admitido existirem “algumas vozes” retrógradas “que têm que mudar”.
“É essa a minha luta há 27 anos, não estou no ar, estou a lutar por isto. Por isso me especializei, trabalhei na área, para dizer aos padres, aos bispos, o que se deve fazer nesta área extremamente importante para a educação das novas gerações”, sublinhou.
Presente no debate, a psicóloga Margariga Gaspar de Matos – que integrou o Grupo de Trabalho para a Educação Sexual (GTES), que laborou durante dois anos e cujas propostas foram acolhidas no projecto-lei do Partido Socialista, recentemente aprovado no Parlamento – disse que existem escolas em Portugal com trabalho efectivo na área da educação para a Saúde.
“Há muita coisa a ser feita. Às vezes as pessoas não sabem, para injustiça dos próprios professores”, disse.
Alegou que a nova lei surgiu da necessidade de outras escolas “que funcionam mal” assumirem responsabilidades e prestarem contas à sociedade civil.
“Por isso é que há uma lei, é para proibir as escolas de qualidade baixíssima de continuarem assim”, disse
Por outro lado, aconselhou os estabelecimentos de ensino “de excelência” a ignorarem a nova lei.
“Continuem, não liguem à lei. Façam mais do que a lei, que é o que já estão a fazer até agora”, exortou.

A Quaresma no meio da crise

José Dias da Silva


Na sua já habitual reflexão para a Quaresma, a Comissão Nacional Justiça e Paz procura dar um contributo para ajudar a repensar e transformar esta sociedade e a lançar novos fundamentos (já tão velhos!) para uma sociedade mais justa, solidária e humana. Pretende despertar para uma urgente evidência, a de “aprofundar e fazer passar para a cultura dominante e para a vida quotidiana uma nova mundividência que, por sua vez, permita enfrentar a crise com lucidez e determinação”. Este é efectivamente um dos grandes dramas, se não o maior, das sociedades modernas: vivemos num ambiente de permissividade, de egoísmo, de “salve-se quem puder”, de desconfiança do outro, de medo de dar a cara. Em tais circunstâncias torna-se difícil, mesmo para os bem intencionados e lutadores por um futuro melhor, manter o entusiasmo e a persistência numa luta que não pode (obrigatoriamente) produzir frutos imediatos.
Vou aprofundar um pouco mais uma das suas orientações: “Reconhecer que a teoria neo-liberal padece de um erro antropológico grave: o de considerar que a motivação central do comportamento humano está no interesse individual, e que, quando cada um procura o seu próprio interesse, a situação resultante é o bem comum da sociedade. A este erro acresce um segundo, o de pensar que o mecanismo através do qual esse bem comum é atingido é o mercado, que deve poder funcionar livremente, ou seja, em livre concorrência”.
A Igreja tem denunciado o “erro economicista” que irmanava os sistemas capitalista e comunista: nenhum deles considera a pessoa como sujeito, como agente da história, mas como um número; para um, a pessoa é um mero consumidor-produtor; para outro, um simples número na engrenagem social; ambos nos reduzem ao anonimato da colectividade, entalando-nos ou “sufocando-nos entre os dois polos: o Estado e o mercado” (CA 49). A queda do comunismo agravou a situação, pois numa sociedade, onde sempre tem que haver vencedores e vencidos, a derrota do comunismo significou a vitória gloriosa do capitalismo. E, na história, sempre foram os vencedores quem dita a lei. João Paulo II bem clamou que “é inaceitável a afirmação de que a derrocada do denominado ‘socialismo real’ deixe o capitalismo com único modelo de organização económica” (CA 35). Mas de que valem estas palavras contracorrente no meio da euforia e em tempo de “vacas gordas”. Nem mesmo aqueles, que agora se gabam de ter previsto a crise há não sei quanto tempo, deram atenção a este aviso. Os resultados aí estão. Não como exercício académico para intelectuais estudarem, mas na vida real de cada um, especialmente dos mais fragilizados. Agora, os que tanto defendem o mercado livre e desregulado não têm pudor nem escrúpulos (alguma vez os tiveram!?) para pedir aos Estados que intervenham, que lhes forneçam o combustível para poder manter o sistema, continuar a cometer o mesmo erro economicista, alimentar as mesmas ganâncias, na aldrabice do faz de conta que se está a ajudar a economia real quando o que querem é ajudar-se a si próprios à custa do dinheiro de todos. Aqui, os poderes executivo e o legislativo têm responsabilidades enormes, porque os oportunistas, disfarçados com o ar mais sério do mundo, não têm quaisquer problemas. O deus dinheiro tem uma força divina e seguidores absolutamente fiéis e coerentes.
Se fosse um pobre a roubar um pão no supermercado para matar a fome aos filhos, rapidamente a justiça actuaria e o mais certo era metê-lo na cadeia; mas estes “grandes senhores”, que nunca se baixariam a roubar a ninharia de um pão, vão escapando pelas malhas da lei ou pela conivência do sistema, exceptuando algum mais descuidado ou menos experiente nestes caminhos tortuosos mas muito eficientes.
É, pois, urgente criar um ambiente diferente. É tempo da sociedade civil acordar. É tempo de exercer uma cidadania activa e interventiva. É tempo de nos juntarmos todos na luta contra este ambiente que se alimenta da injustiça e gera injustiça, destrói a solidariedade e debilita a democracia. Porque, no fundo, trata-se de um ambiente de permissividade que todos promovemos, consciente ou inconscientemente, com pequenos contributos, por acção ou por omissão: a cunha, o nepotismo, a pequena corrupção, a indiferença e até a ingenuidade. Estes pequenos gestos imorais, porque são sempre multiplicados por milhões, vão anestesiando a consciência, desbotando a sensibilidade, amordaçando a capacidade de intervir, alimentando este ambiente iníquo. E só quando já não há retorno e a crise atinge a todos é que acordamos, com o ar mais inocente do mundo, como se nada tivéssemos a ver com o que está a acontecer. Então multiplicamos culpados, distribuímos responsabilidades por todos, menos por cada um de nós, atiramos pedras indiscriminadamente, refugiamo-nos numa virgindade ofendida e seraficamente daí lavamos as mãos.
Paulo VI bem avisara: “Não basta recordar os princípios, afirmar as intenções, fazer notar as injustiças gritantes e proferir denúncias proféticas; estas palavras ficarão sem efeito real se não forem acompanhadas, para cada um em particular, de uma tomada de consciência mais viva da sua própria responsabilidade e de uma acção efectiva. É por demais fácil alijar sobre os outros a responsabilidade das injustiças se se não dá conta ao mesmo tempo de como se tem parte nelas e de como a conversão pessoal é algo necessário, primeiro que tudo o mais” (OA 48).

O génio literário de S. Paulo

Manuel Augusto Rodrigues



É este o título de um admirável livro de Amédée Brunot aparecido em 1955 e que ainda hoje se lê com imenso gosto. Como homem de carne e osso, de sangue e nervos, com paixões e emoções Saulo de Tarso utiliza a palavra ditada pela fé e também pelo seu temperamento feito de uma viva sensibilidade e de todos os recursos que levam a mover o coração do homem. Dotado de uma inteligência lúcida, capaz de grandes sínteses, de índole abstracta, mas com a possibilidade de apresentar exemplos concretos quando entende fazê-lo, a que se junta uma vontade férrea com a qual consegue vencer a fadiga e os obstáculos, ele continua a provocar a melhor atenção de todos.
Cingindo-nos aos aspectos da sensibilidade e da imaginação paulinas, evidenciamos em primeiro lugar o tema das tensões e da harmonia de sentimentos: o grande missionário que trouxe o cristianismo à Europa é um homem de contrastes: ao entusiasmo sucedem-se estados de marasmo. Nota-se nele desde a Epístola aos Tessalonicenses em diante uma miséria nativa angustiante aumentada pela angústia do apostolado e da santidade que são logo ultrapassadas por uma força superior que o sustém. Em 1 Cor. 2, 3, revela-se fraco, temeroso, a tremer, talvez porque entrava numa cidade marcada pela corrupção (en astheneía kai en fóbo kai en prómo polló), depois das emoções da Macedónia e do fracasso de Atenas. Um certo nervosismo o invadia nesse momento.
É na 2.ª Carta aos cristãos daquela cidade do norte da Grécia que manifesta mais claramente as suas confidências de tristeza e de abatimento: «…Bendito o Pai das Misericórdias e o Deus de toda a consolação, que nos consola em todas as nossas aflições» (2 Cor. 1, 3-4). Esses arrebates e uma espécie de frieza verificam-se sobretudo em 1-2 Cor. e em Gal., cartas plenas de expressões reveladoras de sentimentos. Em 2 Cor., chega a falar do fardo quotidiano que pesa sobre os seus ombros e de lágrimas no testamento a Timóteo; em 1 Tess. 2, 17-18, no amor de Paulo vê-se a inquietação do apóstolo, a privação de companhia e por isso desolado. Mas em 2 Cor. 7, temos a alegria, a confiança, a consolação. Há pois uma tensão permanente entre o lado positivo e o negativo do discípulo de Gamaliel.
Mas, apesar de tudo, constamos no Apóstolo das Gentes uma grande harmonia interior que se manifesta, por exemplo, na Epístola aos Romanos, em que como arquitecto audacioso constrói a catedral da fé. É Cristo que lhe dá o equilíbrio e serenidade.
Interessante é também referir as ironias do polemista. Mostra-se delicado, mas a ironia é uma arma preciosa nas mãos do polemista. Falando de si mesmo, mistura a modéstia com a ironia: «Para mim, irmãos, quando vim junto de vós, não vim anunciar-vos o mistério de Deus com o prestígio da palavra ou da sabedoria…A minha palavra e a minha mensagem não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria» (1 Cor. 2, 1-4). E em 2 Cor. 11, 6, escreve: «Não sou senão um profano (idiótes, homem não iniciado, sem cultura e sem educação) relativamente à eloquência, mas quanto à ciência é outra coisa». Os cc. 10-11 daquela carta são uma excelente apologia de si mesmo com ricas interpelações quanto à sua pessoa. Bossuet no seu “Panegírio de S. Paulo” comentou assim: «Ele, este ignorante na arte de bem dizer, com esta locução rude, com esta frase que sente o estrangeiro, ele irá para essa Grécia polida, a mãe dos filósofos e dos oradores, e, apesar da resistência do mundo, ele aí estabelecerá mais igrejas do que Platão ganhou de discípulos por meio de uma eloquência que se quis ser divina». Houve autores que elogiaram este ignorante como um clássico do helenismo e inclusivamente que o compararam a Platão pela sublimidade da dicção em passagens como Rom. 8 e 1 Cor. 13.
Relativamente às repercussões literárias, notamos algumas fraquezas como os anacolutos e os parênteses, as elipses e as hipérboles e as frases embrulhadas que denotam o movimento espontâneo do seu pensamento que fala como que em estilo telegráfico. Já os Padres da Igreja, como Santo Ireneu, chamaram a atenção para estes pormenores.
Como exemplos da beleza literária dos seus escritos, temos 1 Cor.,13 que constitui um magnífico hino à caridade; em Rom. 8, 31-39, ao amor de Deus; em Fil. 2, 6-11 a Cristo; e em 2 Cor. 11, o seu auto-elogio.
A sua imaginação transparece na riqueza e variedade de termos e expressões utilizados: homem, corpo, idades da vida, vida familiar, social, edifício, culto, jogos de armas, teatro e anfiteatro, desporto, armas, direito, natureza.
Há uma variabilidade e uma liberdade muito acentuadas. A imaginação é rápida, deparando-se às vezes uma fila de imagens heteróclitas. Em 1 Tess. 5, 1-11, falando da incerteza, centra o seu pensamento à volta de várias metáforas: dia - noite (para ladrões), da vigilância - sono, da mulher no trabalho, da luz - trevas, da panóplia –edificação. Em 2 Cor. 5, 1-15, encontramos a imagem da tenda (corpo), morada, vestes, vincando que em tudo isso a alma é o ocupa um lugar fundamental. A vida é considerada como peregrinação e como um exílio.
Há um a agrupamento de imagens em Ef. 2, 13s.: longe – perto, de dois corpos fez (Deus) um único corpo, um homem novo, estrangeiros – familiares de Deus, concidadãos dos santos, os apóstolos como fundamento sobre os quais nos elevamos, sendo Cristo a pedra angular. Facilmente Paulo passa da imagem da plantação à da fundação ou da edificação que ele prefere (1 Cor. 2, 7: Ef. 3, 17) seguindo Platão, Jeremias e Ezequiel. Aplica as imagens como lhe convém: resgatados, libertação custosa etc. enchem o corpus paulino. Mas há uma submissão ao pensamento teológico que pretende expressar.

No que concerne ao sentido do drama que percorre as suas cartas, constatamos que as personagens são o pecado que o demónio colocou na cena do mundo e que por Adão ele aí se instalou (Rom. 5, 12-13) e habita o homem (ibid., 5, 21; 6, 12. 14). A Lei também entrou no mundo, primeiro como informadora da consciência face ao pecado, depois como juiz que pronuncia a sentença contra o pecador e a entrega à Morte (Rom. 7). A criação inteira que geme por uma libertação é abrangida por este esquema (Rom. 8, 19).
É na acção que começa a partir da Cruz gloriosa que Paulo convida a seguir as peripécias do drama redentor. É explicação e solução: O primeiro acto está em Rom. 5, 6, 7 com as principais etapas da história da humanidade. O Homem é, ao mesmo tempo, o teatro e o início do conflito. A astúcia da Serpente e a violação do preceito divino por Adão abrem as portas do Pecado (‘Amartía). Ele entra, instala-se no homem, tiraniza-o e entrega-o a outro tirano que é a Morte (thánatos). Os dois actores triunfam.
Mas Deus não abandona o Homem. Sob Moisés, a Lei (Nómos) entra em cena surgindo como um fim de salvação: a sua missão é a de forçar o pecado a retirar a máscara, de o revelar ao Homem, de lhe fazer tomar consciência. Mas o Pecado consegue dominá-lo. O poder do Pecado é forte. A razão (Nous) conhece e aprova a Lei e a Carne (Sarx) fomentada pelo Pecado é muito poderosa. «Maldito homem que eu sou! Quem me livrará deste corpo que me conduz à morte?» (Rom. 7, 24).
O segundo acto mostra-nos algo superior. Uma outra personagem ilumina a cena: «O Senhor da Glória» (1 Cor. 8) que pela sua morte e ressurreição liberta o homem esmagando os inimigos. Mas cabe ao Homem prosseguir a marcha. O Pecado e a Morte perderam a sua virulência, mas há que resistir, pois na alma do cristão os dois adversários combatem entre si. O nous e o pneuma coexistem sendo a Lei do espírito que dá a vida. Pela fé o Homem tem acesso à justiça divina É a epopeia da salvação.
Desde então há uma divisão com duas categorias: os servidores de Cristo e os escravos do pecado (Rom. 6, 16-17). Aos soldados de Cristo-Rei exige-se a oferta dos seus membros e das suas faculdades corporais para forjar as armas da justiça. Em 1 Tess. 2, 1-12, o Adversário enfrenta o Obstáculo e em 1 Cor. 15, 54-57, lê-se: «A Morte foi engolida pela vitória. Onde está, ó Morte, a tua vitória? Onde está o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do Pecado é a Lei. Mas graças sejam dadas a Deus, que nos deu a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo».

11 de março de 2009

Inventariação da Paróquia de São Miguel de Poiares


Por José Eduardo R. Coutinho
No passado dia 9, ficou concluída e completada a inventariação da paróquia de São Miguel de Poiares, com um total de 48 novas fichas e o inerente registo fotográfico do património encontrado, na igreja matriz e nas capelas, o qual também merecera o particular cuidado manifestado pelo senhor Padre Anselmo Ramos Dias Gaspar, no decurso da respectiva paroquialidade. A tarefa, acabada de realizar, teve o constante acompanhamento do actual Prior, o Padre Joaquim Lopes Ribeiro Natário, bem como da senhora D. Celeste Silva Laranjeira e do marido, o senhor António Manuel Ferreira Coimbra.
O carácter geomorfológico da serrania próxima, pontilhada pelas cristas dos rochedos, que repetidas enxurradas puseram a descoberto, distinguindo partes boleadas e ravinosas, foi aproveitado pelos habitantes pré-históricos, que nela construíram, pelo menos, um dólmen, conhecido e fornecedor de apreciável espólio lítico e cerâmico, a testemunhar usos, tradições manufactureiras, absoluto respeito pelos defuntos e crenças na vida do além.
Daquelas sucessivas escorrências milenares, provieram as camadas estratigrafadas nos terrenos, dispostos em concha, ulteriormente aproveitados para continuados trabalhos agrícolas e ponteados de casitas, abeberadas por um riacho, bucólico e serpeante, de modo nenhum alheio à permanência de populações muito rarefeitas, apesar de laboriosas, instaladas, como fora possível, nos espaços disponíveis e de melhor capacidade agrícola, longe das quebradas agrestes, porque as áreas livres eram, suficientemente, acolhedoras.
Isso mesmo permitem as deduções indirectas, pela manutenção da toponímia fixada, esclarecedora de variadas situações, diferenciadas, no tempo: Cabeço de Celas, subentendendo eventuais monumentos megalíticos, e Catraia, o nome islâmico dado à torre da bandeira sinalizadora (cat-raya) que, com as praças-fortes e castelos, constituíam a rede militar do Al-Andaluz, protectora e explicativa da paisagem demográfica; Casal do Gago e Vale do Gueiro, evocando, respectivamente, particularidades identificadoras dos fundadores; Vila Chã, perpetuando a unidade agrária que, mencionada, pelo latim plana, é referente ao território; Venda Nova, como recente continuadora da velha albergaria sanchina; Boiça, o terreno baldio, inculto, a monte, onde, somente, cresce mato; e Cascalho, Lombada, Seixosa e Terra de Areia, cada qual a individuar evidências naturais, nesses lugares.
A presidir ao aglomerado dos moradores locais, também radicados no considerável senhorio crúzio, detentor destes domínios fundiários, a igreja de São Miguel ganha destaque, num sítio preponderante, no elevado vértice dos campos subjacentes, a qual tivera origens na medievalidade final, expressa pelos bens quatrocentistas, enquanto beneficências ornamentais, de importação sevilhana, de começos de Quinhentos, certificam uma comum interacção do Mosteiro de Santa Cruz, em resposta de tratamento equitativo e de sintonia dos fiéis com os gostos estéticos, igualmente promovidos para edificação da Grei.
Tendo passado para a Universidade, após 1537, ficara um curato anual, da respectiva apresentação, e, anexo da vizinha igreja de Santa Maria de Arrifana, partilhara do prestígio institucional, através de várias dotações, inerentes ao culto divino, quer em paramentaria, quer em distintos exemplares de alfaias litúrgicas, todavia, os consecutivos roubos ali perpetrados fizeram desaparecer dezenas de peças, há anos registadas e fotografadas, constantes de imagens (de madeira, terracota e marfim), estanhos e têxteis, do século XVI ao XVIII.
Entretanto, alguns outros objectos levaram sumiço, na sequência de limpezas de pedreiros, indo parar a vazadouros de lixeirada, porque estes mestres de obras consideram entulho tudo aquilo que resta de pisos e paredes, mesmo que, entre tais desperdícios, haja elementos antigos, importantes e de valor.
Um diminuto acervo patrimonial é o que resta dos legados de outrora, ainda significativo na retabulária, de talha dourada; na pintura, muito degradada; na escultura, mutilada; e na metalagem, por vezes, descaracterizada, para cumprir objectivos inusitados
.

Escolas Católicas promovem acções de solidariedade

Vai realizar-se no próximo dia 20 de Março, pelas 21:15, no auditório dos Hospitais da Universidade de Coimbra, um espectáculo de solidariedade promovido pelo NEC (Núcleo das Escolas Católicas da Diocese de Coimbra), com o objectivo de angariar fundos para a Comunidade Juvenil de S. Francisco de Assis (CJSFA), em Eiras. Este espectáculo é aberto a todas as pessoas, podendo os bilhetes ser adquiridos no local.
No dia seguinte, sábado, entre as 15 e 18 horas, o NEC, com a colaboração da empresa BioContacto, promove um "mercadinho infantil" no Atrium Solum, "vendendo" produtos entretanto oferecidos pelos alunos e famílias, cujas receitas também reverterão para esta campanha do programa SOLNEC. Simultaneamente, decorrerão diversas actuações de alunos das seis escolas católicas da diocese.

10 de março de 2009

Coimbra evocou a figura do Padre Américo

Prof. Candeias Martins: "O Padre Américo era Doutor no Evangelho meditado e praticado".



Coimbra evocou a figura do Padre Américo


D. José Alves: "O Padre Américo era um revolucionário pacífico e um homem que sabia ouvir os outros"


Coimbra evocou a figura do Padre Américo

D. Albino Cleto: "O Padre Américo faz parte da galeria das grandes figuras de Coimbra"


Coimbra evocou a figura do Padre Américo


"O Padre Américo é a prova, quase científica, de que se pode viver o Evangelho à letra"
- afirmou o Padre Carlos Galamba na evocação feita em Coimbra ao fundador das Casas do Gaiato.



"O Padre Américo teve um sonho e trabalhava para que todos pudessem participar no seu sonho" que mais não era do que viver para os mais carenciados, fossem eles crianças, idosos ou famílias inteiras necessitadas. As palavras são do Padre Carlos Galamba, companheiro do Padre Américo e continuador da sua Obra após a sua morte. O Padre Américo, fundador da Obra da Rua, que comemora 77 anos de existência, e que ainda acolhe centenas de crianças, foi alvo de uma simples e bela homenagem que decorreu no dia 7 de Março à tarde na igreja de São Tiago, em Coimbra. Centenas de pessoas participaram neste evento, desde antigos e actuais gaiatos, seminaristas e muitos apaixonados pela Obra do sacerdote, nascido em Penafiel e ordenado sacerdote em Coimbra.
"Coimbra é testemunha da sua personalidade" - uma vez que foi aqui que viveu a sua vida depois de ser ordenado sacerdote, em Julho de 1929 - e também do nascimento deste sonho que, como explicou o Padre Carlos Galamba, "nasceu de forma caótica".
"Pouca gente entendeu a sua obra. O grande especialista, o que a entendeu desde o princípio, foi o povo", afirmou o antigo colaborador de padre Américo e aquele que foi; a seguir à sua morte, o responsável por todos os seus projectos. Num discurso carregado de emoções, Carlos Galamba garante que o seu "mestre" forçou "todas as leis normais e humanas para realizar a Obra da Rua", limitando-se apenas, como explicou, a aplicar aquilo que "alguém, todos os dias, Lhe ditava para fazer".
"Na altura não havia telemóveis, mas o Padre Américo entendia-se muito bem com Deus", ironizou, garantindo que a maior herança deixada por ele é "esta prova, quase científica, de que se pode viver o Evangelho, à letra". Nem sempre foi compreendido, às vezes era incómodo e escrevia coisas incómodas, como fez questão de recordar nalguns escritos publicados no "Correio de Coimbra" numa secção chamada "Sopa dos Pobres". Mas, apesar de se viver numa época de ditadura, o Padre Carlos Galamba garantiu que "nunca o lápis azul da censura gastou uma milésima a cortar uma vírgula que fosse" dos seus escritos.
"Via no seu próprio rosto o rosto dos outros nas suas necessidades e carências", explicou Ernesto Candeias Martins, professor na Escola Superior de Educação de Castelo Branco e investigador da obra de padre Américo. Num discurso emocionado de quem, como assumiu, já olha para o "objecto" de estudo "mais com o coração do que com a razão", o especialista destacou alguns dos traços mais marcantes da personalidade do Padre Américo.
"Era uma pessoa peculiar, diferente do contexto em que estava inserido, … irreverente, um revolucionário pacífico, porque fazia revoluções dentro dos corações das pessoas", enumerou, recordando que a vida do Padre Américo foi sempre dedicada à Obra da Rua, que fundou há 77 anos e que ainda hoje, mais de 50 anos depois da sua morte, ainda se mantém viva, quer com as Casas do Gaiato, quer com o Património dos Pobres, quer ainda com o Calvário.
Ernesto Candeias considera ainda "o Padre Américo Doutor no Evangelho meditado e praticado". "No Evangelho é onde ele encontrava todas as razões das suas tarefas. Estar presente no Evangelho é estar presente no amor", referiu mais tarde D. José Alves, bispo de Évora na apresentação da obra. D. José Sanches recorda-se do Padre Américo com um pacificador e um bom ouvinte.
D. Albino Cleto que presidiu à cerimónia de homenagem do Padre Américo, referiu que "há muito se pensava homenagear o Padre Américo, em Coimbra". "Já posso dormir descansado. Não culpo ninguém, se não a mim mesmo", afirmou o prelado no encerramento da sessão solene. Para o Bispo de Coimbra, "este homem faz parte das grandes figuras da galeria de Coimbra". Segundo o prelado, "é uma honra de ser bispo de uma cidade onde há tantos santos como a Rainha Santa Isabel, Santo António, Carolina de Sousa Gomes (fundadora das Criaditas dos Pobres em que tem o seu processo de beatificação aberto), o Padre Lopes de Melo e o Padre Américo".
O Bispo de Coimbra está consciente que a Casa do Gaiato tem de responder aos novos desafios. Para D. Albino Cleto urge "respostas novas para problemas novos". "A Casa do Gaiato não recebe hoje crianças apenas com fome, mas sim com problemas muito sérios", alertou o prelado.
Na cerimónia, que contou com a presença do Coro da Igreja de Santa Cruz, dirigido por Fernando Taveira, participou ainda Manuela Lopes Cardoso, outra estudiosa da vida e obra de padre Américo, que sublinhou especialmente a importância das Casas do Gaiato na sociedade e na vida das crianças que ali encontram uma "família de substituição".
Depois da sessão foi ainda inaugurada uma exposição evocativa, que estará patente até dia 22 de Março na Galeria Almedina e foi lançado o livro "Amor, meditação e Acção - A Pedagogia do Padre Américo Monteiro de Aguiar", de Ernesto Candeias Martins e apresentado por D. José Sanches Alves.


Miguel Cotrim


NOTAS DA REDACÇÃO
1. Há um ano atrás, neste mesmo semanário, escrevíamos que Coimbra se tinha esquecido do Padre Américo. Valeu o nosso apelo. Muitos o entenderam como crítica ou uma provocação ao Bispo de Coimbra. Cumprimos a nossa missão de informar e alertar. Seria impensável que Coimbra esquecesse de uma figura tão emblemática na área social. Hoje regozijamo-nos por esta simples e bonita homenagem levada a cabo por uma comissão presidida por D. Albino Cleto.
2. Coimbra fará, muito em breve, mais uma homenagem ao padre Américo, colocando na Avenida Dias da Silva uma escultura com a imagem do fundador da Obra de Rua. A ideia inicial era que o busto estivesse colocado já no próximo domingo, tal como nós tínhamos noticiado na semana passada, altura em que se realiza, na igreja de Santa Cruz, pelas 10horas, uma missa em homenagem a Padre Américo, presidida pelo Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, mas segundo o vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Eng. João Rebelo, a colocação da escultura exige obras de integração paisagística que não ficarão prontas a tempo.

Foi Bispo de Coimbra de 1821 a 1823


Monumento a Cardeal Saraiva inaugurado em Ponte de Lima

Foi no dia 5 de Março inaugurado um monumento ao Cardeal Saraiva. A cerimónia foi presidida pelo presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, que enalteceu o contributo dado pelo Cardeal "tanto a nível político e institucional como também na Igreja Católica".
D. Frei Francisco de S. Luiz, natural de Ponte de Lima e mais conhecido por Cardeal Saraiva, foi, por duas vezes, presidente da Câmara dos Deputados e das Cortes, órgãos equivalentes à actual Assembleia da República. Foi ainda Bispo de Coimbra, Cardeal Patriarca de Lisboa, Reitor da Universidade de Coimbra, ministro do reino, conselheiro de Estado, guarda-mor da Torre do Tombo, tendo-se também distinguido como filólogo, historiador e escritor.
Situado junto à Igreja Matriz de Ponte de Lima, o monumento ao Cardeal Saraiva, todo em bronze, foi concebido pelo artista local Salvador Vieira, pesa 900 quilos e custou 75 mil euros.
Daniel Camnpelo, presidente da Câmara Municipal local, afirmou que esta é uma homenagem do povo de Ponte de Lima, "164 anos após a sua morte para um dos seus filhos mais ilustres, que sempre dignificou a terra onde nasceu e que inspirou imensos portugueses na Igreja, Academia, nas Letras e na Política".
Segundo o vereador da Cultura, Franclim Sousa, desde o princípio do século XX "que se vinha reivindicando esta justa homenagem de Ponte de Lima a um dos seus maiores filhos", apesar de só em 2007 é que a Câmara decidiu avançar com o processo.

PEDRÓGÃO GRANDE: estudantes católicos reflectem sobre espaços educativos


Movimento Católico de Estudantes, reunido em Pedrógão Grande em Encontro Nacional do Sector dos Ensinos Básico e Secundário, sublinhou a importância dos diferentes espaços educativos na formação da pessoas.
Os participantes debruçaram-se, mais especificamente sobre os espaços da família, a fé e o próprio MCE, e, segundo um comunicado enviado à nossa redacção, perceberam que "todos os espaços educativos são necessários para o nosso crescimento e para a definição pessoal de valores". Mais acrescentam ser "necessário haver também, interacção entre todos eles para que possamos ser cidadãos mais capazes de confrontar a realidade".
O MCE assume que vai continuar a "trabalhar esta temática nas diferentes dioceses para pôr em prática as conclusões que daqui levamos".
O encontro que decorreu de 20 a 23 de Fevereiro e teve como temática "Descalça-te: anda com valores", reflectiu também sobre a formação de valores. "A maioria dos valores podem ser adquiridos em todos os espaços contudo, cada espaço tem as suas particularidades".
A família foi também analisada. "Considerando a Família como alicerce de cada um de nós, concluiu-se que este espaço é um lugar de partilha, que transmite segurança e conforto".
O MCE surge da fusão da Juventude Escolar Católica (JEC) e da Juventude Universitária Católica (JUC), filiado na Juventude Estudantil Católica Internacional (JECI) e no Movimento Internacional de Estudantes Católicos (MIEC). Organização fundadora do Conselho Nacional da Juventude (CNJ). Apresenta como fundamental na sua acção o compromisso com a realidade como expressão de fé e tem como objectivo a construção de um estilo de vida diferente, um modo de viver permanentemente atento e crítico às situações de exclusão e de injustiça social.

Conferências Quaresmais em S. José



António Marujo: "É bonito redescobrir Paulo através dos seus textos literários"

"Paulo tem sido muito mal tratado, conhecido e amado pelos cristãos, essencialmente, nós católicos". A afirmação é do jornalista António Marujo, na primeira sessão do ciclo de conferências quaresmais organizadas pelas paróquias da cidade.
Para o jornalista do "Público", especializado em assuntos religiosos, "Paulo foi sempre visto como um anti-social, que desprezava as mulheres, impunha regras muito rígidas às primeiras comunidades cristãs, tinha um temperamento muito obsessivo e uma falta de humor".
Para explicar estes factos, António Marujo explica que é essencial entender a cultura da época e recorre-se a explicações de vários teólogos. Para António Marujo, Paulo conseguiu ser muito incómodo ao impor igualdades entre todos, ao abolir a escravatura e as diferenças entre "servo" e "senhor".
Segundo o jornalista do "Público", "Paulo não se converte a nenhuma nova religião. Ele está de acordo com a nova doutrina. Não rejeita a sua fé judaica. Não recusou as normas do judaísmo, apenas quis aderir ao cristianismo, porque sabia que a salvação tinha chegado através da figura de Jesus Cristo".
António Marujo explica ainda o fenómeno de crescimento das primeiras comunidades cristãs. "Paulo aproveitou o desenvolvimento do império romano, que era notório através das estradas/vias entre as principais cidades e a linguagem que era comum a todos para poder evangelizar e anunciar a Boa Nova".
António Marujo diz ainda que "é muito bonito redescobrir Paulo através dos seus textos literários e era bom que quando chegássemos ao fim do ano paulino tivéssemos a mesma percepção".
António Marujo falou depois do papel da mulher na época de S. Paulo. Segundo ele, "é natural que houvesse mulheres à frente das comunidades. Estavam investidas com responsabilidades. As mulheres tinham o mesmo estatuto que os homens. As comunidades eram compostas por pequenos grupos de 20/30 pessoas e reuniam-se em casas de pessoas de classe média. Uma famosa teóloga que esteve recentemente em Lisboa e que António Marujo teve a oportunidade de entrevistar, disse-lhe que a hierarquia da Igreja tem a possibilidade de estudar e reflectir sobre o papel da mulher no seio da Igreja, que está muito bem evidenciado no Novo Testamento.
Mas, para António Marujo, "nem tudo correu bem a S. Paulo". O modelo que ele projectou, onde todos eram iguais, não vingou.
Ao reflectir sobre o tema "Onde está Deus hoje?", o jornalista responde que "está onde menos se espera". "Deus está nas pessoas que buscam a paz, está nos empresários que não despedem e não roubam".
Para António Marujo, a "Europa não está assim tão descristianizada quanto isso". Nesta Europa velha e cansada, "ainda se respira solidariedade, ainda existe liberdade, em quase todos os países da Europa, a pena de morte está abolida, não temos hoje fronteiras e podemos trabalhar e circular em qualquer país da Comunidade Europeia".
Para o jornalista, os "altares a um Deus desconhecido são hoje muitos - basta todos aqueles que promovem a justiça, a liberdade, o respeito pelos direitos humanos e a solidariedade".
As Conferências Quaresmais decorrem às quintas-feiras, pelas 21,15 horas, no Salão da paróquia de S. José. Hoje, dia 12 de Março, caberá a António Pinto Leite, falar sobre o tema "Caminhos de Damasco". Quais são, para os homens de hoje os caminhos de Damasco? Como é que Jesus interpela? Como reconhecê-lo? António Pinto, antigo dirigente do PSD, colabora semanalmente com o semanário Expresso.
No dia 19 de Março, Maria do Loreto Paiva Couceiro, do movimento GRAAL abordará o tema "Que Igreja num mundo global?" Num mundo global, uma Igreja global, sem distinção de raças nem de cores, preocupada com todos os homens e com o homem todo. É esta a Igreja que somos? Serão as respostas dadas pela Dr.ª Maria do Loreto Paiva Couceiro, doutorada em Ciências da Educação pela Universidade Nova de Lisboa.
No dia 26 de Março caberá ao Bispo Auxiliar de Braga, D. António Couto falar sobre o tema "Comunidades e capelinhas?". D. António Couto foi ordenado bispo em 2007 e pertencia aos Missionários da Boa Nova.
No dia 2 de Abril, o Padre Doutor Joaquim Carreira das Neves falará sobre o tema "Desafios da Evangelização, hoje". O Padre Carreira das Neves é professor jubilado da Universidade Católica Portuguesa e é assídua presença no programa Ecclesia transmitido de segunda a sexta-feira na RTP 2.


Miguel Cotrim

Tentúgal: Confraria promove jornada cultural


A Torre do Relógio de Tentúgal, Imóvel de Interesse Público, motiva uma conferência subordinada ao conceito “Tempo”.


“O Relógio, a máquina que divide o tempo” é o tema de uma conferência promovida pela Confraria da Doçaria Conventual de Tentúgal, movimento dinamizador da vida cultural e social do concelho de Montemor-o-Velho, em parceria com a Junta de Freguesia. A palestra, a proferir por José Mota Tavares, dia 14, está inserida no evento subordinado ao conceito do “Tempo”, que visa também dar a conhecer a história da Torre do Relógio de Tentúgal.
“Sendo a Torre do Relógio um dos monumentos mais emblemáticos desta vila do Mondego, a chancelaria considerou importante valorizar e divulgar esta imagem patrimonial de Tentúgal através da deambulação e exploração do conceito do tempo”, disse ao Correio de Coimbra, Olga Cavaleiro, Grã - mestre da Confraria, explicando que “o evento conta com uma exposição de diversos mecanismos de contagem do tempo, desde os relógios de torre, os de capela e para os mais pequenos os de cuco, entre outros”. “A exposição pretende afirmar-se não pela quantidade, mas pela qualidade e diversidade”, anotou. Olga Cavaleiro sustentando que “será possível ter uma noção de como os relógios foram evoluindo, não só enquanto mecanismo técnico, como também enquanto objecto de decoração do espaço”, enfatizou que “será uma boa oportunidade para entrar no mundo fantástico dos relógios e perceber as particularidades e especificidades de cada um”.
Para majorar este evento, quem visitar Tentúgal terá a oportunidade de ouvir José Mota Tavares, especialista de renome mundial na reconstrução e estudo da relojoaria mecânica, autor de livros dedicadas à relojoaria e grande entusiasta na exploração do conceito do tempo. Mota Tavares irá proferir uma palestra intitulada “O Relógio, a máquina que divide o tempo” que vai possibilitar percebermos a forma como entendemos e contamos o tempo e como foi evoluindo ao longo dos séculos.
“Dos cromeleques aos relógios atómicos e ao GPS”, o investigador da temática multidisciplinar do Tempo, faz nesta comunicação uma viagem através da História e das Mentalidades, ligando o Homem e Cronos, e a maneira como o primeiro se tem relacionado com o segundo. Relógios de sol, clepsidras, ampulhetas, a relojoaria mecânica (da de torre à de pulso) são instrumentos que acompanharam a viagem da Humanidade através da realidade mais invisível e, no entanto, mais mensurável - o Tempo. Mota Tavares abordará todas estas questões, numa viagem com hora marcada, para as 15h30, do próximo sábado, no salão nobre da Junta de Freguesia de Tentúgal.
“A evolução das máquinas para contar o tempo diz-nos muito acerca do entendimento que cada sociedade teve deste conceito que pode ser subjectivado e relativizado pelo contexto histórico em que nos inserimos”, explica Olga Cavaleiro, frisando que “o tempo não é só um, mas está subjugado aos condicionalismos de cada sociedade e de cada um”. “Esta viagem fantástica pelo mundo dos relógios poderá ser uma boa oportunidade para “miúdos e graúdos” descobrirem como o tempo é por vezes sincopado e está dependente do entendimento que se faz deste conceito, tão abstracto e tão preciso”, referiu.
Para a Grã- mestre da Confraria “o evento pretende potenciar Tentúgal e concelho de Montemor-o-Velho, sublinhando que “a valorização e dignificação de um dos monumentos mais antigos de Tentúgal, incluirá o descerramento de uma placa comemorativa da Torre do Relógio enquanto Imóvel de Interesse Público, desde 1950, procurando deste modo lembrar a sua importância e toda a sua história”. “De facto, pensa-se que esta Torre fez parte da antiga muralha de Tentúgal e a presença de uma pedra moçárabe vem atestar a sua antiguidade e a sua importância no contexto histórico de Tentúgal”, esclareceu Olga Cavaleiro.
Esta iniciativa vem lembrar que a Confraria da Doçaria Conventual de Tentúgal desempenha presentemente um papel fundamental na divulgação e afirmação da riqueza cultural e histórica desta vila do concelho de Montemor-o-Velho, não esquecendo a responsabilidade e compromisso assumido enquanto organização que visa “fomentar o espírito de toda a identidade cultural da vila”.


Aldo Aveiro

Lousã: Adoração do Santíssimo Sacramento


No passado dia 28 de Fevereiro, os catequistas e os catequizandos da Lousã tiveram um encontro de catequese diferente do comum. Deixaram a sua sala habitual e deslocaram-se à Igreja Matriz para fazer a sua adoração ao Santíssimo Sacramento, razão de ser da sua catequese.
Ao longo de todo o dia, desde as dez da manhã até às cinco da tarde, foram cerca de duzentas as crianças que se prestaram a adorar a Deus, sendo acompanhadas pelos seus catequistas, bem como da comunidade em geral, que durante todo o tempo de adoração se foram associando a esta iniciativa.
Para todos quantos se quiserem associar, adorando Aquele que é a razão de ser da nossa Fé, fica o convite para a próxima Adoração comunitária que se vai realizar no dia 28 de Março, também, entre as dez horas da manhã e as dezassete horas.

LOUSÃ: Marcha da Quaresma



Desde o dia 25 de Fevereiro passado que nos encontramos no Tempo Litúrgico da Quaresma, marcado pelo jejum, pela abstinência mas, acima de tudo, uma época que se pretende de arrependimento, de mudança de atitudes e de penitência, principalmente, espiritual.
Os catequistas e o Agrupamento de Escuteiros da Lousã decidiram, por essa razão, associar-se para realizar no dia 1 de Março uma Marcha da Quaresma que ligou a Casa Paroquial à Igreja Matriz e culminou, já na igreja, com a Eucaristia marcada pelas Promessas dos Escuteiros.
Esta marcha ficou marcada pela cor roxa, visto que cada participante trazia consigo uma peça de vestuário dessa mesma cor, característica do Tempo Litúrgico em que nos encontramos e que vai até à Quinta-Feira antes do dia de Páscoa.
É, ainda, de realçar e manifestar o nosso agradecimento público à GNR da Lousã pelo acompanhamento que fez ao longo de todo o percurso.
No próximo dia 5 de Abril ir-se-á realizar uma segunda Marcha da Quaresma, para assinalar o Domingo de Ramos, para a qual se convida toda a população lousanense. Esta marcha tem a sua concentração marcada para a Casa Paroquial, às 10h da manhã e cada participante deve trazer consigo o seu ramo, com palma, ou com loureiro e oliveira.

Via-Sacra
Tem já sido hábito nos últimos meses, um trabalho mais conjunto entre a Catequese e o Agrupamento de Escuteiros da Lousã.
Para continuar esse esforço comum, os dois movimentos vão, mais uma vez, associar-se no próximo dia 21 de Março para realizar uma Via-Sacra que terá o seu início pelas 21h, na Igreja Matriz e que percorrerá alguma das principais ruas da nossa Vila.
Estamos num Tempo Litúrgico que nos apela ao arrependimento e à penitência e, por isso mesmo, os catequistas e os escuteiros vão reproduzir os passos do sofrimento de Jesus Cristo.
Aproveitamos, então, para convidar a população lousanense a acompanhar e participar nesta iniciativa que nos ajudará, certamente, a pensar nos nossos problemas, bem como a crescer interiormente e em comunidade.


Carlos Antunes

Gulbenkian vai publicar obra de Miguel Baptista Pereira



A obra completa de Miguel Baptista Pereira, catedrático de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra já falecido, vai ser publicada pela Fundação Calouste Gulbenkian, prevendo-se a edição do primeiro volume ainda este ano. Natural de Vila do Conde, Miguel Baptista Pereira morreu aos 77 anos em Coimbra, no ano de 2007, tendo marcado, "ao longo do seu magistério gerações de estudantes e docentes", afirmou o Padre Anselmo Borges, professor de Filosofia. Para o Padre Anselmo Borges, Miguel Baptista Pereira "era um dos maiores vultos da cultura em Portugal no século XX".

Professor do ISET condena a eutanásia



Ao intervir num debate sobre "Eutanásia e suicídio medicamente assistido", o Padre Virgílio Miranda Neves, professor do Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra (ISET), lembrou a condenação da eutanásia pela Igreja e considerou que "o doente terminal precisa que o escutem e que, muitas vezes, o pedido de eutanásia é ambíguo". O evento que decorreu no passado dia 3 de Março, no auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra teve ainda a participação do penalista Faria Costa, o médico José Manuel Silva e do presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal, Duarte Nuno Vieira.

Biblioteca mostra a Bíblia através dos tempos



A evolução da Bíblia ao longo dos séculos pode ser apreciada até ao final do mês, na Sala de São Pedro da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra.
A inauguração decorreu a 3 de Março, com uma mesa redonda intitulada "Bibliocronicas". Presentes no colóquio estiveram Fernando R. de la Flor, professor da Universidade de Salamanca, Manuel Portela, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Elvira Fortunato, professora na área da Engenharia dos Materiais na Universidade Nova de Lisboa, António Pedro Pita, delegado regional da Cultura, Carlos Fiolhais, director da Biblioteca Geral da UC, e José António Bandeirinha, pró-reitor da UC. Os oradores falaram sobre o "Passado, presente e futuro do livro e da leitura", como explica José Severro, responsável pela organização do colóquio, passando por "intervenções teóricas a apresentações de engenharia", acrescentou.
A exposição conta com exemplares que datam desde o século XII até aos dias actuais. O exemplar mais antigo é dos finais do século XII. Denominada de Bíblia Latina "Atlântica", nunca esteve exposta antes.
As bíblias são mostradas por ordem cronológica e pertencem todas à biblioteca. A idade das obras expostas requer alguns cuidados, como refere José Severo, sendo necessário manter as bíblias "em ambientes de temperatura e humidade controladas".
A exposição conta com exemplares raros e extremamente valiosos do ponto de vista cultural, a que se juntam os exemplares mais recentes, como é o caso do "e-book", a versão digital da bíblia semelhante ao "papyre", a versão espanhola, também presente na exposição.

Centro de Espiritualidade da igreja de S. Tiago comemora dois anos



Completaram-se dois anos de funcionamento do Centro de Espiritualidade de São Tiago - Igreja de São Tiago- Coimbra (abriu em17 de Janeiro de 2007).
Ao longo deste tempo às pessoas que têm querido e/ou podido por lá passar, é-lhes oferecida a possibilidade de se encontrarem com um padre (durante todo o tempo em que se encontra aberto) que as escuta e acolhe, se desejarem podem celebrar o sacramento da Reconciliação, sem pressas! Têm um local recolhido, junto do Sacrário, para fazer a sua oração pessoal e ainda espaços de oração comunitária.
Depois de algum tempo de experiência, o Padre Fernanso Pascoal, responsável por este projecto apresenta o novo horário de funcionamento:
Segunda a Sexta-feira: 10h30 - Abertura; 12h30 - Eucaristia; 13h00 - Exposição do Santíssimo Sacramento; (às 14h45); 16h30 - Oração da tarde - Encerramento
Nota: sexta-feira o Centro encerra às 14horas, excepto na quaresma que se realiza a Via-Sacra às 15horas. A entrada, normalmente, é pela porta lateral, escadas de S. Tiago.
O Centro de Espiritualidade possui um 'blog' com os seguintes endereços: http://igrejasaotiago.pt.vu ou http://igrejasaotiago.blogspot.com, nele pode encontrar as indicações do horário, informação do seu encerramento pontual, uma pequena proposta de oração.
O Centro de Espiritualidade de São Tiago é um meio que pode ajudar a responder ao desafio que o novo Plano Pastoral da Diocese nos faz: …incrementar na Diocese a consciência da necessidade da oração… A oração, alimento da fé e do entusiasmo apostólico.
Na segunda-feira, dia 16, às 15 horas, vai realizar-se um momento de reflexão/preparação para melhor celebrar a Páscoa, promovido pelo Movimento Vida Ascendente, aberto a todas as pessoas que queiram participar.

XIV Festival Nacional da Canção Redentorista

O XIV Festival Nacional da Canção Redentorista decorrerá este ano em Oliveira do Hospital, no próximo dia 18 de Abril. A organização é sob a responsabilidade do grupo “GJÁgape de Oliveira do Hospital” e do grupo GJCaminhos Juntos do Algarve. Para mais informações poderão contactar o Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil através do e-mail ou Messenger: info@sdpjcoimbra.ne

Formação de animadores juvenis

Vai decorrer no próximo dia 13 de Março, pelas 21,30 horas, a segunda sessão de formação para animadores juvenis. Esta formação promovida pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil destina-se a todos os jovens que animam grupos ou possuam perfil para poderem vir a coordenar grupos juvenis paroquiais. Os locais são os seguintes: Região Pastoral Beira Mar e Centro será no Salão da Santa Casa da Misericórdia de Montemor-o-Velho; Região Pastoral Nordeste será no Centro Social de Midões e na Região Pastoral Sul será na Junta de Freguesia de Pelariga.

Dia de reflexão e convívio para acólitos

O Serviço Diocesano de Acólitos convida os acólitos dos grupos paroquiais da diocese para um dia de reflexão e convívio, orientado pelo Padre Nuno Santos no Seminário de Coimbra no dia 7 de Abril das 10 às 17 horas.
Os grupos das paróquias devem informar o número de participantes para: Serviço Diocesano de Acólitos – Paróquia de Mata Mourisca – 2105-194 Mata Mourisca ou por e-mail:
antoniusmm@gmail.com até ao dia 3 de Abril.

Novas Linguagens


Jorge Cotovio
Segui com alguma curiosidade três debates na televisão sobre outros tantos temas "fracturantes" do momento actual - o casamento de homossexuais, a eutanásia e a educação sexual nas escolas.
Comungando da opinião da Igreja sobre estas matérias, procurei fazer o seguinte exercício: colocar-me como um cidadão neutro, para ver se os argumentos veiculados pelos sacerdotes presentes me convenciam. E confirmei o que há muito verifico: o nosso discurso é (quase só) perceptível por quem já está habituado a ouvi-lo. Os que estão fora dos nossos esquemas, da nossa doutrina, das nossas dinâmicas, da nossa linguagem, ou não percebem, ou não se convencem, e até ridicularizam a situação.
Pelo menos dois dos sacerdotes presentes são pessoas competentíssimas e habituadas a estes confrontos - os Padres Vaz Pinto e Vasco Pinto de Magalhães. Mesmo assim, ou por culpa dos moderadores, ou do contexto, ou deles próprios, o certo é que, se eu não estivesse minimamente dentro destas lógicas, não ficava muito convencido. Eu sei que os moderadores têm o hábito de interromper sistemicamente os convidados, cortando linhas de pensamento, não dando espaço a demoradas fundamentações teóricas. Pelo contrário, são pragmáticos e querem soluções rápidas e sedutoras para prender os telespectadores. Mas quem está "do outro lado" está a jogar com as mesmas cartas e tem, não poucas vezes, muito maior impacto…
A Igreja tem uma doutrina fantástica que conduz o homem à felicidade. Nós temos a boa notícia que este Deus está vivo, nos Ama, apesar da nossa maldade e das nossas "traições". Temos a promessa da Vida Eterna, sedutora, porque plena de felicidade. Só que pregamos mais o "vale de lágrimas" do que a alegria. Falamos mais em sofrimento, sacrifício, renúncia, do que em satisfação, bem-estar, felicidade. Parece que preferimos mais a Paixão do que a Páscoa. Ou seja, temos um grande problema de comunicação. Estamos em ondas diferentes com a sociedade. Diz a este respeito Mons. Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura: "A Igreja tem dificuldade em se fazer compreender. Temos linguagens demasiado pantanosas e por vezes curiais. Para além da sebe da comunidade eclesial, a linguagem tem tons diferentes, usa mais recursos do que nós, é mais directa, oportuna, mais adequada aos estilos da modernidade" (Família Cristã, Maio/2008, p. 51). E sabem o que é que o nosso Patriarca D. José diz a este propósito? "Para que a Igreja exerça a sua missão neste mundo, em mudança acelerada, não pode ser sempre a mesma na sua linguagem, nos seus ritos, na sua maneira de ceder e lidar com o mundo. O mundo mudou, a Igreja precisa de mudar ao ritmo da missão" (Família Cristã, Julho/2008, p. 50).
Bem, pelo menos duas altas personalidades da Igreja concordam comigo… E quase todos concordamos que se a nossa doutrina é muito "rica", por vezes também é demasiado elaborada, hermética, acessível só a alguns. (E se suspeitamos que nem todos os que a percebem a tentam praticar, o caso torna-se ainda mais grave…). É claro que me custa ler o que li há tempos na revista Visão. Segundo ela, parece que Eduardo do Prado Coelho, uns tempos antes de morrer, teria dito mais ou menos o seguinte: "Gostaria que a doutrina da Igreja fosse de generosidade, alegria, amor pela vida. Mas na maior parte das vezes é um conjunto inacreditável, bolorento, enferrujado de absurdos" (Visão, 30/8/2007, pp.96/97). Pois é, embora não concorde com a segunda parte, parece ser o que "eles" sentem…
É urgente revermos a nossa linguagem, nas traduções de textos bíblicos, nas encíclicas, nas notas pastorais, nos discursos solenes e "de ocasião", nas homilias, nas celebrações, na catequese, nos retiros, nas reuniões, etc. E usarmos de alguma habilidade linguística quando saltamos a nossa sebe e penetramos no mundo. Sem mundanizar a nossa linguagem, por que não sublimar a linguagem do mundo, tornando-a "sagrada"? Talvez assim haja menos confrontos e mais conversões. O que terá de haver, certamente, é mais imaginação e maior conhecimento deste mundo, para o "trans+formar" não só de dentro da nossa sebe, bem "protegidos", mas, sobretudo, do lado de lá, com os homens e mulheres reais, nossos irmãos.
Neste tempo de Quaresma, saibamos reconhecer, com humildade, que todos (mesmo "todos") somos chamados à conversão, não para continuar a manter os "serviços mínimos", mas para nos lançarmos em voos mais arrojados, mais "sedutores", mais sublimes.

Padre Luís Costa, presidente da Cáritas em entrevista ao “Correio”

"Trazer a Diocese à Cáritas e levar a Cáritas à Diocese"



. Entrevista de Miguel Cotrim



Correio de Coimbra (CC) - Quem é o Padre Luís Costa?
Padre Luís Costa (LC) - É, sem dúvida uma boa pergunta! Padre diocesano, ordenado há 10 anos, natural de uma pequena aldeia da freguesia de Figueira de Lorvão, Penacova. Comecei por servir cinco paróquias do arciprestado de Penela, durante dois anos; pediu-me depois a Igreja de Coimbra que fosse servir as paróquias do Seixo da Beira, Ervedal da Beira e Póvoa de Midões. Acumulei na altura o serviço de professor de moral no Agrupamento da Cordinha e a responsabilidade de dois Centros Sociais. Passados dois anos, pediu-me o D. Albino que fosse aprofundar conhecimentos em Direito Canónico, na Universidade de Salamanca. Durante dois anos, vivi a experiência das viagens entre o Seixo e Salamanca, aos domingos a ida e às sextas o regresso, mantendo, durante esse período, a pastoral de duas paróquias, Seixo e Ervedal, e a responsabilidade dos dois Centros. Depois de entregue a tesina, tive por concluída a licenciatura em Direito Canónico. Nessa altura a Diocese de Coimbra confiou-me o encargo de duas novas paróquias, Lagares da Beira e Meruge e com elas vieram mais duas Instituições Sociais. Passados outros dois anos, acumulava a responsabilidade de desempenhar o ofício de Juiz no Tribunal Canónico da diocese e a ajuda na implementação da Comissão Diocesana da Pastoral da Saúde. Na lógica de sucessivos ciclos de dois anos, chegou o momento de aceitar o enorme desafio da responsabilidade da Cáritas Diocesana. A alegria e a disponibilidade para o serviço da Igreja manifestadas na hora de aceitar cada um destes diferentes desafios, definem um pouco daquilo que sou.


CC -Dadas as dificuldades que atravessamos, sente-se preparado para abraçar este grande desafio?
LC -
"Preparado" é uma condição que não existe, porque nunca se está "preparado". No entanto, quero acreditar que com a ajuda da Graça de Deus e do contributo de todos aqueles que fazem parte deste projecto, seremos capazes de ultrapassar com distinção este verdadeiro teste às capacidades de homens simples. Queremos ser ocasião para fazer algo de belo neste momento da nossa história; sabemos que não o fazemos isoladamente, mas contamos com o contributo de todos, seja ela na crítica, ou no incentivo, na provocação ou animação.


CC - O número de pedidos de ajuda tem vindo a aumentar?
LC -
Naturalmente que sim. À nossa casa chegam os mais diversos e diferentes pedidos de ajuda. Estamos em muitos locais, desde a beira-mar até à Pampilhosa da Serra, por isso, somos ocasião para muitas solicitações. Neste momento, procuramos dar satisfação às respostas estruturais, sem esquecer todas as outras, embora reconhecendo que nem sempre é possível satisfazer todos os pedidos.


Crise: "A consequência económica é apenas um dos tentáculos desta "criatura" que criámos e continuamos a alimentar. Outras manifestações estão para chegar."




CC - Acha que houve uma distracção em relação aos sinais que já se vinham adivinhando da crise?
LC -
Não. Há muito que se adivinhavam as situações que vivemos agora. Estou em crer que só não se manifestaram antes devido à lógica de mercado que, especulando, conseguiu adiar o mais possível uma realidade incontornável. Vivemos uma crise civilizacional, como se diz por aí. A consequência económica é apenas um dos tentáculos desta "criatura" que criámos e continuamos a alimentar. Outras manifestações estão para chegar.


CC - Até que ponto as pessoas que davam donativos estão agora a pedir apoio à Caritas?
LC -
Há muitas pessoas que estão a pedir apoio que noutros tempos e circunstâncias não o fariam. Quem sempre apoiou a Cáritas, estou em crer, que continuará a apoiar, mesmo nestes tempos de crise, uma vez que sempre foram os mais pobres e os que mais precisavam que partilharam do seu em prol de causas que os tocava. Tenho esperança que, hoje mais do que nunca, vamos conseguir sensibilizar e mover o coração de homens e mulheres de boa vontade, apelando à sua generosidade em favor de causas pelas quais vale a pena tirar o pão da nossa própria boca para o dar àqueles que realmente precisam.


CC - Quem são as pessoas que estão a pedir ajuda?
LC -
Dizer que são aquelas que mais ninguém quer, seria, certamente, uma injustiça para com muitas instituições que trabalham ao nosso lado e connosco. No entanto, as áreas da toxicodependência, HIV, sem-abrigo, mulheres vítimas de violência são realidades que não despertam especial interesse à maioria das instituições. São áreas de intervenção de tal maneira deficitárias que só uma instituição como a Cáritas torna possível uma resposta adequada. Se ainda acrescentarmos a isto o facto da assistência que damos aos idosos de zonas profundamente envelhecidas, desertificadas e isoladas dos concelhos da Pampilhosa, Góis e Arganil, reconhecemos sem esforço as dificuldades inerentes a estas prestações de serviço.


CC - No que diz respeito ao desemprego, só no início deste ano encerraram cerca de 300 empresas, sente que estas possam estar a aproveitar a conjuntura para encerrar?
LC -
Não. Duas razões. O encerramento de uma empresa não afecta negativamente apenas aqueles que perdem o emprego, mas também aqueles que o geram. Conheço alguns dramas pessoais provocados pelo falhanço de negócios familiares de várias gerações. Também aí acontece o drama de ver morrer o sonho e projecto de toda uma vida. Ninguém desiste facilmente de um sonho.


"A Cáritas Diocesana de Coimbra emprega 700 funcionários e tem mais de 6 mil utentes."




CC - A Cáritas tem alguma proposta para responder a este problema?
LC - A Cáritas quer ser resposta a alguns desses problemas na medida das suas possibilidades e competências. No entanto, a Cáritas é também um problema em si mesmo, uma vez que emprega mais de 700 funcionários, o que significa outras tantas famílias, para além de mais de 6 mil utentes a quem presta serviço.


CC - Concorda, quando se diz que há muita gente habituada ao subsídio de desemprego?
LC -
Reconheço que protagonizamos um sistema que favorece e alimenta alguma injustiça em nome da justiça social. Há, nalguns casos, uma má justiça distributiva. Certo é que não há sistemas perfeitos e que haverá sempre alguns que se aproveitam das fragilidades dos mesmos, tornando-se o que chamo de "profissionais da pobreza". No entanto, estou em crer que a esmagadora maioria dos desempregados necessita e muito dessa "esmola" que a sociedade lhe dá, até que reconquiste um posto de trabalho, uma vez que este não é apenas uma fonte de sustento, mas um meio essencial para a realização de cada pessoa.


CC - Normalmente, as paróquias são os primeiros locais a que se recorre quando se passa por determinadas dificuldades… as paróquias da nossa diocese estão preparadas para a acção social?
LC -
Perante a realidade desta crise transversal que atravessamos faz sentido, mais do que nunca, promover o princípio da subsidiariedade, ou seja, o que pode ser feito por uma estrutura menor, não deve ser feito por uma estrutura maior. Entendo que se deve esgotar preferencialmente as estruturas próximas das pessoas, capazes de uma resposta rápida e concreta, muitas vezes com a colaboração e intervenção da pessoa que se quer ajudar. A estrutura paroquial é em si mesma expressão de tudo isto. Talvez não estejam devidamente preparadas, mas é aí que nascem e operam os grupos de voluntários de acção social; é aí que existem instituições que prestam um contributo decisivo para a acção social. Penso que devemos reforçar estas estruturas de base, pois é nelas que poderá assentar uma verdadeira e próspera recuperação das estruturas sociais.


CC - Que projectos tem para a Cáritas de Coimbra?
LC -
Nos tempos próximos espero concretizar três grandes objectivos. Primeiro, consolidar toda a orgânica subjacente a uma organização com dezenas de equipamentos, multifacetados entre si e com problemáticas diversificadas, uma vez que não podemos realizar tranquilamente a nossa verdadeira missão de ser instrumento de promoção e defesa da dignidade humana se continuamente estamos a olhar para a nossa própria sustentabilidade. Simultaneamente, espero devolver à Cáritas o espírito de missão, na pessoa de cada um dos seus colaboradores e na sua acção, no âmbito desta diocese de Coimbra. Que a Igreja de Coimbra se orgulhe da acção que a Cáritas protagoniza em seu nome. Trazer a Diocese à Cáritas e levar a Cáritas à Diocese é um grande desejo meu. Em consequência de tudo isto, esperamos conseguir ser uma ocasião de serviço ao homem de hoje, como instrumento e meio de toda uma sociedade preocupada com o que mais sofre.


CC - Vamos comemorar dentre de algumas semanas o Dia Nacional da Cáritas… Como irá ser vivido este dia na diocese?
LC -
Este ano, somos provocados por um desafio estrutural: "se não tiver caridade, nada sou". Digo estrutural porque é uma dimensão essencial para o cristão, mas não só, pois cada pessoa deve sentir-se mobilizado para agir em favor daquele que mais precisa. Ao nível diocesano, entendemos que a nossa caridade se deveria concretizar numa acção concreta em favor da grande causa da mulher que é vítima de violência. Neste sentido queremos envolver toda a sociedade na promoção da denúncia e combate a este drama de hoje e de sempre. Vamos lançar esta acção na nossa XXXIII Assembleia Diocesana para a Acção Social, já no próximo dia 8 de Março, procurando que a semana até ao dia 15, Dia Cáritas, seja marcada com gestos concretos de sensibilização, denúncia e apoio a todas as mulheres que são vítimas de violência. O nosso desejo maior é que esta mobilização não termine nesses dias, mas que se prolongue ao longo do ano, de modo a escrevermos uma nova página no livro da nossa civilização.