Correio de Coimbra

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16 de setembro de 2008

A laicidade à francesa

Miguel Cotrim



Na sua passagem pelo Eliseu, antes de seguir para Lourdes, Bento XVI defendeu a necessidade de "uma nova reflexão sobre o verdadeiro sentido e a importância da laicidade", num encontro em que Nicolas Sarkozy reafirmou o desejo de uma "laicidade positiva", conceito que tem gerado uma onda de reacções em todos os quadrantes políticos franceses.
De facto, a esquerda através do seu jornal "Liberation" aproveitou, dias antes da viagem do Sumo Pontífice ao país gaulês, chamar-lhe "Missão Impossível". Segundo aquele jornal, Bento XVI não fará nenhum milagre em quatro dias, e não conseguirá relançar uma Igreja enfraquecida. Os críticos enganaram-se redondamente. Esta viagem de Bento XVI àquele velho país da Europa foi uma verdadeira vitória. Conseguiu lançar novamente o debate público sobre a laicidade e o diálogo entre o Estado e a religião. Conseguiu, um pouco à semelhança de João Paulo II, apesar de não ser tão mediático, congregar milhares de fiéis na Praça dos Inválidos e no Santuário de Lourdes. Conseguiu lançar a esperança numa Igreja que estava adormecida.
O Papa não tem defendido outra coisa desde do início do seu pontificado: a separação entre a política e a religião, de modo a que seja garantindo a liberdade religiosa dos cidadãos, assim como a responsabilidade do Estado em relação a estes. Aos bispos franceses, já em Lourdes, Bento XVI disse que a Igreja não reivindica o lugar ou o papel do Estado. Aliás, ela já tem mais com que se preocupar em termos de pastoral vocacional, familiar, juvenil, etc. A Igreja em França tem assistido a um decréscimo assustador de número de praticantes.
A questão da laicidade é muito mal interpretada pela sociedade civil. Em França, houve quem escrevesse sobre a "laicidade à francesa". Como se algum dia, isto pudesse existir… Não existe uma "laicidade à francesa" como não pode existir uma laicidade contra a religião ou mesmo a favor dela. Seria um absurdo conceptual. Chamemos as coisas pelos seus nomes…
Sarkosy, para evitar mais ruídos na imprensa francesa, pediu uma "laicidade positiva". Uma laicidade baseada no diálogo, no respeito, na igualdade, na justiça e na fraternidade… foi o caminho apontado.
Neste contexto, o Papa não deixou de lembrar as raízes cristãs da França, as quais "permitem a cada habitante do país compreender melhor de onde vem e para onde vai".
Este diálogo entre Sarkosy e Bento XVI mostrou que ainda é possível uma boa colaboração entre o Estado e a Igreja, construída no respeito da independência e da autonomia de cada um no seu próprio domínio. Será sem dúvida, um excelente serviço prestado ao Homem.
Dar à sociedade civil, a liberdade de poder manifestar a sua fé através de símbolos religiosos ou práticas religiosas públicas, já é um bom começo…
Deixar a Igreja promover aquilo que faz de melhor, como por exemplo na acção social, seria um bem para todos.
Assim já poderíamos redefinir o conceito de "laicidade à francesa"!

Encontro no Claustro da Sé Velha

- Homenagem à verdade


A verdade, o bem e o belo são as locomotivas que conduzem o espírito do homem às praias do infinito. Nenhuma outra virtude ou qualidade humana vale alguma coisa sem a verdade. Não é possível a justiça sem a verdade. Nem a sabedoria nem a paz nem a santidade.
A verdade exerce uma atracção sobre a inteligência humana como pólo magnético. Ela ilumina todo o agir humano e é em si mesma a recompensa de todos os que a procuram.
A verdade não tem dono, nem é um valor apropriável. Por isso é que se afirma que a verdade é só uma e a mesma para todos.
A religião terá de ser a primeira tributária da verdade. Se o não for merecerá ser denunciada e executada como a maior das hipocrisias. E os seus pregadores tidos como cegos a conduzirem cegos. Igual condenação sairá sobre todos os professores e mestres a quem está confiado o ensino das novas gerações.
Nos claustros da Sé Velha, no próximo dia 30 de Setembro, pelas 18 horas haverá um encontro sobre a verdade. Constará com o apoio de quatro prestigiados professores universitários, Seabra Pereira, Isabel Capeloa, João César das Neves e João Maria André.
O objectivo deste encontro não é descobrir a verdade, mas o de a pôr em questão. Aliás esta parece ser a porta mais adequada à abordagem deste tema, numa cultura que perdeu o valor do ensino da filosofia.
Homenagear a verdade é interrogar-se sobre a sua natureza
Como e onde situar o debate?
a) No âmbito do ser (ontológico)
b) No âmbito do saber (epistemológico)
c) No âmbito do agir (moral)
Haverá lugar para a verdade subjectiva?
E para a utopia?


João Evangelista R. Jorge

Sublimar a crise


Jorge Cotovio

Estamos em "crise". Todos a sentimos, embora com intensidades diferentes. Cabe-nos – principalmente a nós, cristãos – retirar desta crise os aspectos positivos, para podermos continuar a sorrir e a acolher com alegria e entusiasmo os outros, sobretudo aqueles que (ainda) são mais afectados do que nós. Não tenho dúvida que esta crise é mais um "sinal dos tempos" a alertar-nos para "coisas" muito importantes. Se não, vejamos:
Gastávamos muito e vivíamos acima das nossas possibilidades. Somos dos países com mais carros e telemóveis por mil habitantes na UE. A densidade das auto-estradas na Grande Lisboa é a maior da Europa. As agências de viagens continuam a prosperar. Somos pobres mas queremos passar por ricos. Andávamos iludidos com o "compre agora, paga depois", com os cartões de crédito, com os juros artificialmente baixos, com a facilidade em adquirir dinheiro que não ganhávamos. Idolatrávamos o prazer, o sensorial, o "use e deite fora". Julgávamos que os recursos energéticos que comandam o nosso dia-a-dia eram inesgotáveis, eternos. Julgávamos que este planeta, esta "Oikós" posta à nossa disposição para a fruirmos, aguentava tudo, até os nossos abusos e atentados. Julgávamos que, com mais progresso material, mais conforto, mais prazer, mais facilidades, éramos mais felizes. Mas não. Julgávamos que com mais polícia, mais metralhadoras, mais prisões e tribunais, estávamos mais seguros. Mas não.
Quanto a mim, esta crise é um "sinal" para ver se ganhamos juízo e nos "salvamos". Diz-nos que não conseguimos encontrar segurança, realização, "felicidade", no efémero, nas energias "esgotáveis". Temos de nos virar para os recursos naturais duradouros, como o Sol, o vento, as marés, que, por sua vez, nos projectam para outras "fontes" inesgotáveis, como Deus (criador do Sol, da Terra, do vento, da água, do petróleo, da inteligência humana, do homem, da mulher), como a Fé, como o Amor, como a Caridade – "fontes" que nos conduzem à autêntica felicidade.
Diz-nos que o "use e deite fora" não serve nem para a nossa casa nem para a nossa "casa comum", a Terra. Temos de poupar, reciclar, transformar, alindar, respeitar… e nunca estragar.
Nesta aldeia global tão frágil como plena de potencialidades, em que o custo do petróleo é afectado pela simples ameaça de uma tempestade tropical que se aproxima de uma plataforma petrolífera algures perdida no meio do Pacífico, precisamos de nos ater a ideias, princípios, valores, resistentes ao tempo e às tempestades.
A Igreja deve aproveitar este momento de desilusão do efémero para pregar o eterno, o inesgotável, o duradouro. Para explicar que o sacrifício, o sofrimento, o esforço, a austeridade fazem parte integrante da pessoa "feliz". Para proclamar, bem alto, que as (boas) relações estáveis e duradouras – designadamente na vida conjugal – são a melhor forma de nos sentirmos bem "por dentro", ou seja, "felizes".
Este Deus, tão simples como enigmático, tanto está na ventania do Pentecostes, como na brisa ligeira que Elias perscrutou, tanto está na prosperidade, como na "crise". Saibamos ler estes sinais "divinos" e "trans+formar" as nossas vidas, os nossos comportamentos, as nossas pastorais. Ou seja, saibamos "sublimar", "tornar sagrado" este momento de crise, deveras bem preocupante para (quase) todos.
Estamos a viver uma época crítica, difícil, mas apaixonante. Como pessoas, como cristãos, como comunidades, como Igreja, saibamos aproveitá-la e potenciá-la. Com esperança!

GANDHI, PRECISA-SE!

Teresa Martins



Não é do homem que se precisa, mas sim da sua doutrina, porque a alarmante onda de violência, no país e no mundo, está a tomar conta das nossas conversas, mesmo das dos mais pacíficos, e o "já viu isto" está a tomar conta do nosso sossego e da nossa tão desejada e necessária tranquilidade… A essa onda de violência, como que por inexplicável atracção, vem juntar-se a onda de acidentes, quer no ar quer nas estradas, ou mesmo no mar e na Natureza… Uma violência que não respeita idades nem condições… Começa com o aborto e a sua liberalização (dizia-se na minha terra que "quem com ferros mata, com ferros morre"…), seguindo-se a violência doméstica e partindo daí para a violência generalizada, atingindo santos e pecadores… Ao falar em violência doméstica, que sempre houve e talvez, em termos estatísticos, seja até a que menos cresceu ou mais diminuiu, mas, ao falar dela, veio-me à ideia o antiquado conceito de acreditar que só com violência se podia educar e/ensinar, "pau numa mão e pão na outra", passando daqui ao livro numa mão e régua na outra e, sem sombra de dúvidas, "quem bate pensando corrigir, está a ensinar a bater"… E nem será despropositado passar daqui ao quem toma por tema permanente a violência, está a ensinar a ser violento… Está a encorajar!… Será que o direito a informar e ser informado não pode e deve ter, por razões morais e até pedagógicas, condicionamentos e limites? De vez em quando, quase em segredo, semi clandestinidade, vem uma das muitas (muitíssimas…) notícias boas, de não violência e franca solidariedade, mas, para lhes colhermos os frutos, temos de engolir tantos amargos venenos…
Foi neste contexto que senti necessidade de recorrer a uma leitura calmíssima que tem por título «A Sabedoria de Gandhi», uma compilação de mensagens e atitudes de Gandhi, considerado «um dos homens mais notáveis do século XX», organizadas por Sir Richard Attenborough, a partir das cartas, dos discursos e dos escritos deste célebre adepto da não violência, o homem de quem o grande Físico e Matemático, criador da teoria da relatividade, Albert Einstein, seu contemporâneo, diz que «as gerações vindouras mal poderão crer que um homem assim, em carne e osso, tenha alguma vez andado por este mundo». É este pequeno/grande homem quem nos garante ser a não violência uma poderosa arma destinada aos valentes… Porque só os valentes são capazes de amar sem limites, amar até os que são inimigos ou, simplesmente, não desejáveis… Curiosamente, Attenborough diz no posfácio que foi no Novo Testamento cristão, mais concretamente no Sermão da Montanha, que Gandhi encontrou as bases da sua doutrina. Por isso Gandhi nos afirma que «só podemos falar em não-violência quando amamos aqueles que nos odeiam, e que amar o odiado é o mais difícil de tudo, mas, pela graça de Deus, até o mais difícil se torna fácil!» Gandhi era um buscador de um Deus universal!… Nas suas orações diárias incluía o hino cristão, Guia-me, Doce Luz…

Programas ornamentais dos têxteis antigos

José Eduardo R. Coutinho


Execução delicada, cujos primórdios remontam às culturas neolíticas, a produção têxtil mereceu rápidos progressos tecnológicos, com as indústrias pré-clássicas, helenísticas, romanas, celtas e muçulmanas, para mencionar as que revelaram artífices de técnica habilíssima, sobrepujando destreza manual, aptidões singulares e primorosos acabamentos do trabalho, também visível noutras expressões artesanais, manejando marfim, argila, bronze, vidro, metais preciosos e couro, produzindo variadas obras de labor opulento.
Detendo vigorosos incentivos ao desenvolvimento das actividades económicas, pela presença de tecelões judeus, no século XI, diversas cidades italianas tiveram os primeiros estabelecimentos locais a laborar tecidos de nomeada, como veludos, brocateis e sedas, depois protegidos pelos regimentos corporativos, que lhes salvaguardaram a qualidade, que, já na centúria seguinte, principiaram a ser exportados para regiões do mundo latino, dos cristãos bizantinos e do Leste mediterrânico, num incontestável valor ornamental, embora mantivessem, a par dessas faustosas inspirações decorativas, apropriadas a paramentos litúrgicos e vestes nobres, a fabricação de peças de menor responsabilidade formal.
Unificada, nos séculos imediatos, a confecção destaca, cronologicamente, núcleos de motivos zoomorfos, evidenciando reportórios faunísticos, sobre temas de carácter geral, em que muitos elementos, imbuídos de reflexos orientais, são reinterpretados, ao gosto latinizante, num elaborado tratamento do bestiário, contornando tracejamentos ondulantes: a felpa de quadrúpedes, bem assim a plumagem das aves, vincadas, agressivas e desgrenhadas, enquadram ornamentações vegetalistas, crescidas em tufados florões fusiformes, lembrando piras flamejantes.
Adivinhar a recordação directa do modelo persa, nas cenas de combate travado pelos animais, é retomar o perfil revolto dos bichos e rememorar o traço das aves do paraíso chinesas, todavia, já com a transposição, no tecido, de florescências tipicamente góticas, tal como surgem esculpidas nas catedrais medievais, rematando tímpanos, coruchéus e pináculos, o que faz aproximar deste processo, de nítida percepção decorativa, muito do tracejamento linear radial, por vezes projectado de certas flores, ou, de faixas, como figuração simbólica dos raios solares ou da chuva, pretendendo, pois, exprimir os sentimentos religiosos, com que faz interpretar aqueles fenómenos naturais.
Raramente surgida, nos programas ornamentais – além da representação mística da divindade, dos santos, das donas e dos cavaleiros, debruçados nas ameias de poucos castelos – a figura humana tem contida predominância; pelo contrário, numa profusa valorização dos espaços, o realce de desenhos semeados cede lugar à composição dividida, de compartimentos geométricos: em efeito de recurso visual, pequenas flores (ásteres) e ramos floridos entretecem similitudes arquitectónicas, religiosas e civis medievais, subordinando, definitivamente, muitas das linhas ascencionais às curvaturas alongadas, dos arcos quebrados, abertos em ogiva, difundidos na monumental estrutura dos pórticos, nas nervuras das abóbadas e nos vazados.
Devido, também, ao novo movimento de cariz estético, resulta, na tecelagem, o detrimento das anteriores preferências em semeados, para voltar aos ordenamentos, em compartimentação fechada, de secções elípticas, em mainéis, por dividiram os espaços em linhas contrapostas, desenhando compartimentos contínuos, sejam de perfil ogivado, sejam de contorno circular, hexagonal ou losangulado, todos derivados da semelhança com a curvatura dos arcos apontados, que pretendem imitar, como subido, lanceolado, rebaixado, sempre mais revestido de valores ornamentais complexos, de variados aspectos serpentiformes e fazendo reverdecer os primitivos troncos lisos, logo robustecidos, ornados de folhagens, flores e frutos, e substituindo, também, a superfície lisa, das listras, por torçais e galões enxadrezados.
Outorgados pelo século XV, qualquer destes motivos continua sendo mantido nas produções de Quinhentos e Seiscentos, em sucessivas cópias dos primeiros padrões, enriquecidos em tecidos lavrados, ou, reinterpretados com abundância crescente, depois inserindo coroas heráldicas, nos pontos de tangência dos arcos, bem assim as albarradas, frequentes nas sedas, veludos e damascos, a partir do século XVI, sem esquecer as alcachofras, de farta florescência, perfil bulboso, cápsula bem orbicular, aberta de gomos, inferiormente, formando típicos motivos italianos, em breve secundados por outros, como pinhas e romãs.

Escola Diocesana de Música Sacra inicia novo ano com 49 alunos


No passado dia 13 de Setembro, a EDMS retomou a sua actividade. Chegaram 21 novos alunos e temos notícia da possibilidade de virem mais 7 candidatos.
Na sessão de abertura das aulas, estando presentes quase todos os alunos e os nove professores que os vão acompanhados no seu percurso, o director da Escola lembrou a finalidade da Escola. Apelou para a necessidade de buscarmos a perfeição na música coral e instrumental, referindo-se ao Regra interna dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz que cultivavam e praticavam boa música: «…pois vemos cõcorrer mais gente ás igrejas onde milhor fazem os diuinos officios, q às outras onde carecem de cãtos, ou não catam tambem (...)».
Um dos párocos de alguns alunos, muito atento a esta questão, falou das suas intenções. «Enviei paroquianos à Escola Diocesana de Música Sacra para melhorar a qualidade musical das celebrações: que as pessoas cantassem melhor e, consequentemente, rezassem melhor, ajudando a criar as condições para um verdadeiro encontro com Deus». As paróquias apoiaram esses alunos e já tiveram oportunidade de ver alguns frutos desta iniciativa. E concluiu: «posso dizer que o saldo deste"investimento" é muito positivo, tendo as paróquias muito orgulho no talento destes jovens que se formaram na nossa Escola Diocesana».
Os 21 novos alunos vêm das seguintes paróquias das quatro regiões pastorais: Centro: Ançã, Figueiró do Campo, Friúmes, Penacova, Santa Cruz, São José, Sebal e Semide; Beira Mar: Tapeus; Sul: Alvorge, Guia, Lagarteira e Pombalinho; Nordeste: Arganil. Os alunos serão por nove professores.
Celebrar a Eucaristia com dignidade pressupõe uma preparação séria e a EDMS existe precisamente para isto: dar formação litúrgico-musical a cantores, salmistas, organistas e directores de coro. Foi dentro deste espírito de missão que se iniciou o novo ano escolar.

Mensagem de Fátima promove peregrinação a Pontevedra e Tuy


A propósito do que foi noticiado no número anterior deste jornal acerca da peregrinação a Tuy e Pontevedra (onde a Ir. Lúcia residiu) a equipa diocesana de Coimbra do Movimento da Mensagem de Fátima informa que ainda recebe inscrições e que a hora de partida no dia 3 de Outubro é pelas 7,30 horas da manhã, junto ao Seminário Maior de Coimbra, Rua Vandelli.
Para informações e inscrições contactar: Mário Barata – 919868876; Isilda Lages – 919275043 ou isildalages@hotmail.com

Casa do Gaiato de Miranda: acusações que “não são verdade”


Um grupo de cidadãos enviou uma carta ao Bispo de Coimbra denunciando maus-tratos psicológicos às crianças da Casa do Gaiato, alegadamente infligidos pelo responsável da instituição, situação que o prelado negou.
O caso foi noticiado no passado dia 10 de Setembro pelo jornal "Diário as Beiras", que refere que os subscritores da carta acusam o responsável local da instituição de "atitudes anti-pedagógicas, maus-tratos psicológicos e de mau relacionamento com entidades locais", pedindo o seu afastamento "o mais rápido possível".
Aquele jornal refere que um grupo de subscritores, identificados como encarregados de educação, amigos, dirigentes e empresários desportivos, enviou uma carta ao Bispo D. Albino Cleto, queixando-se da actuação do Padre Manuel Mendes, responsável pelas casas do Gaiato de Coimbra e de Miranda do Corvo.
Em declarações à agência Lusa, o Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, negou qualquer ingerência na Casa do Gaiato, "obra de rua" do padre Américo, criada em 1940, e rejeitou as acusações que pendem sobre o sacerdote.
"Não são verdade as acusações que lhe fazem. Ele tem um temperamento directo e rijo, não é igual a outros padres que eram mais paternalistas", afirmou o prelado, sublinhando que o sacerdote exerce o cargo com "grande sacrifício".
"Ele [Manuel Mendes] está ali a fazer um sacrifício horrível, porque não havia nenhum outro padre da obra da rua que pudesse gerir aquela casa. O que lhe estava reservado era tomar conta do Calvário, casa para doentes terminais que funciona junto da Casa de Paço de Sousa", referiu o bispo da Diocese de Coimbra.
Segundo adiantou à Lusa, as acusações ao responsável das casas de Coimbra e Miranda do Corvo terá começado no início do Verão por causa de "dois rapazes muito habilidosos para o futebol", que estariam a ser "aliciados" pelo União de Coimbra e a Académica.
O Padre Manuel Mendes, de acordo com o "Diário as Beiras", terá proibido os jovens, um de 16 anos e outro de 18, de jogar futebol. Neste momento, o mais novo joga na Académica e está instalado na Academia Dolce Vita, até começo das aulas, enquanto o outro treina no União de Coimbra.
O Bispo de Coimbra salienta que ao maior de idade foi dada liberdade para decidir o seu futuro e que em relação ao mais novo a prioridade é que complete o 9.º ano, estando prevista a sua transferência para o colégio diocesano para que possa estudar e estar mais próximo do futebol.

Paião e Quiaios preparam homenagem ao Padre Manuel da Silva


Ao completar 80 anos de vida e mais de meio século dedicado ao sacerdócio, o Padre Manuel da Silva vai ser alvo de uma homenagem que as paróquias do Paião e de Quiaios lhe estão a preparar.
A primeira parte do programa será cumprida hoje, dia 18 de Setembro, pelas 20 horas, com uma celebração eucarística de acção de graças na igreja do Paião, seguindo-se de um convívio na sede da Filarmónica Paionense.
No domingo, dia 21 de Setembro, será a vez da comunidade de Quiaios, prestar o seu preito de gratidão para com o sacerdote que durante mais de duas décadas serviu aquela localidade e que ainda hoje não se esqueceu os relevantes serviços prestados na comunidade.
O Padre Manuel da Silva nasceu a 18 de Setembro de 1928 no Louriçal, frequentou o Seminário da Imaculada Conceição, na Figueira da Foz e o Seminário Maior de Coimbra. Após a sua ordenação, seguiu o percurso eclesiástico como coadjutor das Alhadas, pároco de Quiaios, Bom Sucesso, Brenha e, desde 11 de Outubro de 1992 que está no Paião, onde para além da sua missão, tem lutado pela preservação do património religioso. O Padre Manuel da Silva ainda é director do jornal "Paionense". Desempenhou ainda funções como professor de Educação Moral e Religiosa, na escola Dr. Bernardino Machado e de capelão da PSP da Figueira da Foz.
Sempre afável e bem disposto, o Padre Manuel da Silva dedicou uma atenção especial aos jovens, principalmente aos problemas da toxicodependência. A solidão dos seniores constituiu também uma "angústia" que tenta ainda hoje atenuar com palavras de carinho e estímulo.

Órgão de tubos volta a encher de música a nave da igreja de Santa Cruz





"O órgão e a sua música ajudam-nos a pôr a alma a cantar, louvando e dando graças a Deus pelas maravilhas que criou" - afirmou D. Albino Cleto na missa que marcou a inauguração do órgão restaurado.

Órgão de tubos volta a encher de música a nave da igreja de Santa Cruz



O Bispo de Coimbra presidiu no passado domingo, dia da Exaltação de Santa Cruz, à Eucaristia da bênção e inauguração do órgão de tubos da igreja de Santa Cruz. O restauro do órgão custou centenas de milhares de euros e teve um apoio do Ministério da Cultura e da Câmara Municipal de Coimbra.
O órgão de tubos da Igreja de Santa Cruz surge inicialmente no século XVI, é alvo de acrescentos e melhorias e tem o seu apogeu no século XVIII. Nesta altura, conforme referiu D. Albino Cleto, foi ali fundada, com a bênção do Papa, uma academia de liturgia, para que o culto fosse mais belo e a música tivesse nele um lugar de relevo.
Diz-se que a música eleva o espírito e não faltam, nos textos litúrgicos, referências a cânticos ao Senhor: "Louvai ao Senhor ao som de trombetas, com instrumentos de cordas, com flautas e símbolos vibrantes", recordou o prelado na sua homilia.
D. Albino Cleto referiu que "o órgão e a música nos ajudam a rezar e a agradecer a Deus, mais do que a pedir, ajudam a pôr a alma a cantar, louvando e dando graças pelas maravilhas que criou".
Para o Bispo de Coimbra, "os cónegos procuraram santificar-se através da cultura, nomeadamente das letras, da arte e da música. Tornaram as celebrações litúrgicas mais emblemáticas e mais ricas ao som do canto e do órgão". "Era uma forma de interpretar a Bíblia", referiu perante centenas de fiéis.
Sob a batuta do maestro Fernando Taveira, a organista Inês Andrade estreou-se no renovado órgão de tubos. O Padre Anselmo Gaspar, pároco de Santa Cruz, agradeceu o momento a todos os que se empenharam no restauro daquela obra, desde a Direcção Regional de Cultura à Câmara Municipal de Coimbra e à Junta de Freguesia.
Depois desta primeira "aparição" numa celebração litúrgica – contribuir para que as missas sejam "mais belas e solenes" é o seu principal objectivo – o órgão voltará a ser tocado na próxima sexta-feira, pelas 21,30 horas, num concerto dado pela organista suíça Monika Henking. Será outro momento de "aliança entre a fé a cultura, que não se chocam, não se guerreiam, antes se completam", referiu o Padre Anselmo.



Miguel Cotrim

Santa Cruz reforça o seu valor patrimonial


Para o responsável da paróquia de Santa Cruz, este regresso do órgão à Igreja significa que não se esqueceu o passado de um mosteiro que marcou a cultura e a liturgia em Coimbra: "os cónegos empenhavam-se para que as celebrações tivessem mais brilho e significado para as pessoas".
Por outro lado, o restauro desta peça – que demorou quatro anos e foi efectuado pela Oficina e Escola de Organaria de Pedro Guimarães e Beate von Rodhen – vem reforçar o valor patrimonial e histórico de uma Igreja que é Panteão Nacional, onde estão sepultados os dois primeiros reis de Portugal, D. Afonso Henriques e D. Sancho I, acrescentou.
O restauro do órgão custou algumas centenas de milhar de euros – assumidos pelo Ministério da Cultura – e a sua manutenção estará, nos próximos cinco anos, a cargo do organeiro. "A partir daí, teremos de organizar os nossos parcos recursos", disse o pároco à margem desta inauguração.
O delegado regional da Cultura, Pedro Pita, sublinhou a devolução do órgão à fruição pública e, particularmente, à paróquia de Santa Cruz. "Foi uma recuperação importante no plano artístico e no plano cultural, a cidade precisa de elementos que a inscrevam em circuitos internacionais. Este órgão pode ser conjugado com outros que foram restaurados e felizmente voltaram a tocar, como é o caso do órgão de Semide", sustentou.
Também Mário Nunes, vereador da Cultura, se congratulou com o que considera ser um "engrandecimento da Igreja e da cultura em Coimbra", de onde saíram ilustres mestres musicais ao longo dos séculos.


Miguel Cotrim