Correio de Coimbra

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3 de fevereiro de 2009

Padre Américo vai ter monumento em Coimbra



O Padre Américo vai ter uma estátua no Largo da Cumeada, junto à Avenida Dias da Silva, por ser "um espaço onde o reverendo padre passou centenas de vezes em vida para se dirigir à sua obra, entre as Arcas de Água e a capela dos Franciscanos".
A iniciativa partiu da Junta de Freguesia da Sé Nova, que solicitou a cedência de um espaço na cidade. A maqueta do monumento foi exibida na última reunião do executivo.
Interessada em comemorar o nascimento do Padre Américo, datado de 23 de Outubro de 1887, a Junta de Freguesia da Sé Nova diz tratar-se de "uma figura grada do nosso país e que iniciou a sua actividade apostólica na Rua da Matemática, com a "sopa dos pobres", criando, depois, na Azinhaga do Cidral, um lar para crianças desprotegidas". A Câmara Municipal de Coimbra elaborou uma proposta de implantação do monumento e arranjo urbanístico do local escolhido.

Dois momentos felizes


Por Mário Nunes*

No Domingo passado voltámos à Catedral da Sé Nova para partilharmos a missa dominical, cumprindo, assim, o preceito de católico praticante, que somos desde o nascimento.
O movimento desusado de automóveis, fez-nos acreditar que cerimónia não comum se realizaria nesse acto sagrado. O Luís, arrumador, de extrema simpatia, elucidou-nos que havia baptizados. E, ao entrarmos, alegrámo-nos por ver tantos fiéis e muitas crianças, estas, já desenvolvidas, e não bebés de colo.
No início da cerimónia litúrgica o Cónego Sertório esclareceu os presentes: "convidei as 120 crianças que foram baptizadas em 2006, para virem renovar, hoje, o seu baptismo. E, estou contente porque os pais responderam ao convite, em número significativo". Aconteceu uma festa bonita, plena de fé e com os pais e crianças a subirem ao altar e a confirmar os valores espirituais e os compromissos evangélicos assumidos no dia do Baptismo.
Uma iniciativa interessante do Cónego Sertório que, desta forma, trouxe à Sé Nova, fiéis de toda a região, familiares e amigos das meninas e meninos, renovando, no mesmo templo, os momentos de fé que validam o crer na vida eterna, na salvação da alma, purificada do pecado original, pelo Baptismo.
Sublinhou, também, que os baptizados que ali se realizam, são de crianças da Diocese e não apenas da Paróquia. Os pais escolhem a Catedral para o acto grandioso da entrada dos filhos na Igreja Católica. Em 2006, baptizou 120, em 2007, 122, e em 2008, 115 crianças.
Esta bonita festa com Deus em primeiro lugar, levou o nosso pensamento para a recente comemoração dos dez anos do Centro de Aconselhamento Familiar - CAF.
Há uma década, num cantinho muito acolhedor da Casa de Santa Zita, nasceu o serviço que faz renascer a esperança. O Eng.º Jorge Cotovio do Secretariado da Pastoral da Diocese de Coimbra, a Dr.ª Emília Cardoso, coordenadora do CAF, o Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto e os participantes activos da sessão solene, realizada na Casa Municipal da Cultura, evidenciaram uma incontida alegria por terem acreditado num projecto que exige muito trabalho, muita entrega, muita disponibilidade e, sobretudo, entusiasmo e esperança.
Este marco histórico dos dez anos, mostrou que o CAF é uma Instituição que presta um relevante serviço à família, ajudando-a a ultrapassar divergências, conflitos, dramas, sofrimentos, silêncios, solidão, indiferenças. E, foram 4.023 atendimentos e aconselhamentos operados de dia e de noite (24 horas, em cada dia). Mulheres e homens estrangeiros e portugueses, de todo o Portugal, contactaram o CAF para receberem amor, obterem aconselhamento para os seus problemas, saírem alegres quando entraram tristes, reconciliados (casais), quando a desavença era o pão-nosso de cada dia.
Como foi bom termos escutado aquelas intervenções. Como há voluntários que se sentem gratificados por fazerem a entrega, sem contrapartidas, àqueles que necessitam de paz e acreditam na esperança.
A conferência da Dr.ª Ana, economista, deixou nos presentes matéria suficiente para séria reflexão. A pirâmide social para ser permanentemente revitalizada necessita de uma média de 2,1 filhos por casal. Mas, a estatística regista, apenas, 1,7 com tendência para 1,5 e 1,3. Diversos factores (enumerados) provocam este abaixamento da natalidade, que traz consequências gravosas e situações insolúveis, já hoje existentes, e a agravarem-se no futuro. Uma esclarecedora explanação oral e visual que impõe uma profunda meditação.
Associando a iniciativa do Cónego Sertório a esta efeméride do CAF, vemos que a diminuição da natalidade abrange, negativamente, todas as Instituições. A Família, base da sociedade e do futuro da Humanidade, precisa de readquirir os valores insubstituíveis da sua identidade e reactivar a sua missão de amor e paz.

*(Vereador da Cultura
Câmara Municipal de Coimbra)

Ética Cristã


Por José Eduardo Reis Coutinho

Há 15 dias, este periódico noticiava, no destaque da primeira página e com realce, a vermelho, a fome crescente, o notório alastramento em Coimbra e o dedicado esforço das Criaditas dos Pobres, empenhadas no único propósito de servir os mais carenciados da sociedade, identificando casos de necessidade, confeccionando refeições, cuidando de tarefas domiciliárias, de doentes e desprotegidos, assumindo a verdade dos preceitos evangélicos, vivendo, realmente, na conformidade orante de quem louva o Senhor, O testemunha na dedicação aos irmãos e, nobremente, promove o autêntico bem comum.
Os cristãos dos primeiros séculos gostavam de representar Jesus na perfeita imagem do Bom Pastor, autoproclamado na parábola homónima (Jo 10, 11 e 14), por ser a personificação da comunidade que cuida dos seus, praticando a efectiva corresponsabilidade, para todos presenciarem a implantação do Reino de Deus e vivenciarem a melhor unidade da fé, no concreto dinamismo de São Tiago (Tgo 2,17), a fim de prevalecer a solidariedade crescente, ritmada num só coração e numa só alma (Act 4,32-37), porque é único e o mesmo o Espírito Consolador, Paráclito.
Estes admiráveis procedimentos paleocristãos assinalaram o preciso comportamento exigido aos catecúmenos e aos baptizados, aos fiéis e aos ministerializados, o que cimentava convicções doutrinais, aplicadas em coerentes práticas quotidianas, robustecidas pela fortaleza testemunhal da Sagrada Vinha do Senhor, cujo sangue dos frutos maduros foi seiva vivente, a germinar na semente nova de seguidores devotos, de luz do mundo, sal da terra, fermento da massa inerte, a tríade transformadora do velho modelo caduco, a tríplice imanência gloriosa, propulsionadora da resplandecente identidade cristianizada.
As narrativas canónicas, acerca dos tempos iniciais, consignam o ânimo salutar dos discípulos, cumpridoramente assíduos ao ensino, à união fraterna, à oração e à fracção do pão (Act 3,42), que, pelo sólido entertecer unívoco desta dupla componente, agiam de maneira condizente, vendendo propriedades, para oferecerem o produto, em proveito dos órfãos e das viúvas; distribuindo somas avultadas, para utilidade dos menos afortunados; estabelecendo uma rede social, eficaz, direccionada na valorização integral da pessoa humana, começando pelos irmãos na fé e incidindo em qualquer eventual desprotegido.
Basta mencionar alguns exemplos paradigmáticos: nos anos de 408-410, suscita enorme ressonância a decisão da milionária Melânia e do marido, Piniano, de venderem os imensos latifúndios, dispersos pelas províncias imperiais, e de seguirem vida ascética, todavia, como encontraram muitas dificuldades, porque subvertiam a sociedade aristocrática, de uma só vez reuniram 45 mil sólidos *, entregues aos pobres e aos santos (Vita Melaniae, 17); depois, entre sucessivos casos, Paula demonstra peculiar generosidade (Jerónimo, Epistola 108, 16), a par de vários patrícios de Roma, que praticavam idêntico desprendimento, como Nebrídio (Ep.79, 2 e 5) e Pamaquião (Ep. 66, 5), exaltados pelo mencionado autor.
Segundo informa o mártir São Justino (Apologia I, 15, 9-15), a colecta dominical era para obras assistenciais, no século II, constando as ofertas de géneros alimentícios (pão e vinho, leite e mel, frutas secas e legumes), de vestuário, dinheiro, objectos preciosos e frutos da estação, em algumas localidades, os quais, também provenientes de iniciativas privadas e colectivas, enchiam cestas de junco, sendo distribuídas, prioritariamente, pelas viúvas, mantendo o que fora estabelecido como hábito de ajuda, facto que seguia o padrão da herança judaica, cumpria um ideal helenístico e lhes provia o sustento, inclusive dos convertidos pobres.
Isso está consignado nas inscrições funerárias, quando atestam a generosidade dos defuntos, pois, enquanto as pagãs exaltam a actividade evergética do morto, as cristãs asseveram a mudança de valores e a nova sensibilidade, louvando uma vida dedicada ao amparo dos necessitados, como explicita o epitáfio de Júnio, em 341, ao declará-lo amator pauperorum e à mulher amatrix pauperorum et operaria, dizendo-a verdadeiramente devotada às causas assistenciais. Noutras ocorrências, o uso do termo stipendium - nunca esmola, ou, expressões similares - remete para a existência de listas específicas dessas pessoas assistidas, por meio daquelas aludidas ajudas, confiadas ao ministério dos diáconos, diariamente.
Foram estas incontáveis realizações que muito vingaram através das gerações, atentas ao modus vivendi, abertas ao Espírito Santo e cientes de transmitirem o melhor legado, em breve materializado nas valências objectivadas em hospícios, gafarias, orfanatos, asilos e qualquer explicitude das obras de misericórdia, corporais e espirituais, fundadas na sã partilha das riquezas obtidas da terra, dos rendimentos auferidos e do profundo sentido do mútuo auxílio, nas épocas de carestia, fomes, cataclismos e epidemias, tão frequentes nas vicissitudes historicamente documentadas.
Lamentavelmente, na farta civilização(?) dos tempos correntes, a riqueza, mal distribuída, tem contaminado, até, quem está investido em precedências ilusórias, cujos gestos e critérios apenas denotam assumidas mundanidades: as conversas, incidem no futebol, nas comezainas, na criticazinha fácil e no envenenamento camuflado; alguma oração, é farisaica e rotineira; dos muitos haveres, amontoados, nada é partilhado; a opulência ressalta da sobreabundante acumulação de aparelhagens, centrada num divertículo de conforto excessivo, a par de privilégios intocáveis, numa hábil rendição ao paganizante, em detrimento da graça salvífica.
Quem dera, à luz de Deus, relativizar o utilitarismo desmedido, para repor o signo da fé coerente, mediante a radicalidade evangélica, inequivocamente manifestada na austeridade, na sobriedade, nas virtudes cardeais, nos frutos do Espírito Santo, nos válidos deveres e alegria de ter o Supremo Bem na Pessoa Divina de Jesus Cristo, sendo cada qual aquilo que é de esperar, pelo carácter levedante do fermento, pelo sabor indizível da fidelidade transparente, pelo brilho formoso da revigorante frescura do Reino de Deus, chegado, aniquilador das incoerências perigosas e dos nefastos desvios desfigurantes do que melhor convém ao homem de hoje (Hebr 12, 1-3).

*(cada moeda de ouro dava para uma pessoa viver parcamente, durante um ano.)

Tentúgal: Misericórdia pretende construir lar para a terceira idade



"Ser provedor não é somente uma responsabilidade de gestão administrativa e financeira, mas principalmente uma constante preocupação na prestação de um serviço solidário, um compromisso social que, nos dias de hoje, urge acautelar". Palavras de Maria Clara Oliveira, nova provedora da Santa Casa da Misericórdia de Tentúgal, na cerimónia de tomada de posse dos corpos sociais da instituição para o triénio 2009/2011, realizada no dia 1 de Fevereiro. "Vamos trabalhar com transparência, dedicação, disponibilidade, competência em prol da instituição, dos irmãos e dos utentes", referiu a provedora, sustentando que "é importante e necessário dar continuidade ao primeiro compromisso promovido pela Rainha D. Leonor, porque o cumprimento das catorze "obras de misericórdia" sempre se compatibilizou com as dificuldades dos tempos contemporâneos".
"A construção de um novo lar e valorizar e preservar o património existente, melhorar a eficácia e qualidade dos serviços prestados nas três valências, promovendo actividades recreativas e culturais que envolvam os utentes e atraindo ao seu convívio a sociedade e promover acções de formação profissional, visando uma melhoria nos serviços prestados" constituem, segundo Maria Clara Oliveira, os primordiais objectivos para a dinâmica das valências da instituição.
Referindo-se à construção da nova estrutura social, a provedora realçou que "acima de tudo está o bem-estar dos utentes", aludindo que "o lema da instituição traduz-se na solidariedade humana, amor ao próximo e proporcionar calor humano".
Clara Oliveira explicou que "o projecto para a construção de um novo lar em Tentúgal está em curso, embora a Santa Casa da Misericórdia de Tentúgal não disponha da verba necessária para concretizar a obra", sustentando que "se o projecto for alvo de alguma candidatura, nós vamos aproveitar". "Se não for possível o seu enquadramento nos investimentos comunitários, o lar será auto-financiado através de um empréstimo bancário", acrescentou.


Aldo Aveiro

Carapinheira: início do IV Curso Alpha


Cerca de meia centena de pessoas, acompanhados por duas dezenas de animadores, aceitaram participar no quarto Curso Alpha, que vai ter lugar às sextas-feiras à noite, no Centro Social Paroquial onde, após o jantar, se ouvem ensinamentos religiosos, com a apresentação de temas litúrgicos, seguida de partilha e reflexão.
O Curso Alpha consiste na realização de uma série de palestras alusivas às perguntas chaves da fé cristã. Para o participante é a oportunidade de encontrar respostas para as muitas perguntas em aberto. Para as igrejas é uma ferramenta de evangelização, destinada principalmente àqueles que se encontram mais afastados. O Curso Alpha fundamenta-se no Evangelho, e é ministrado em 152 países e em 30 mil paróquias. Foi traduzido em cerca de 50 línguas e dirige-se a todas as categorias sociais.
O Curso Alpha também é dirigido a "novos convertidos" ou, por diversas vicissitudes, "afastados da fé", que desejam aprender mais sobre a fé cristã, aos praticantes ocasionais, aos novos cristãos, aos que querem "refrescar" as bases da sua fé, aos paroquianos que desejam integrar-se na vida da sua paróquia. Decorre ao longo de 15 sessões e inclui uma refeição em conjunto, ajudando as pessoas a conhecerem-se; uma palestra acerca de um tema sobre o cristianismo, e um momento de partilha, com discussão e reflexão sobre o tema de cada sessão, em pequenos grupos, onde os participantes são incentivados a formular perguntas e expressar livremente as suas opiniões. Os temas a aprofundar e colocados à partilha são ministradas de uma forma muito simples, tanto no conteúdo como na forma. "Quem é Jesus?"; "Porque é que Ele morreu?"; "Sagrada Escritura"; "A diferença que faz a fé na vida"; "Oração"; "O que é a Igreja?" e "Evangelização"são algumas das questões em debate que ajudam a perceber o Kerigma (primeiro anúncio da fé), "um caminho de descoberta que motiva os evangelizados a tornar evangelizadores".
A meio do curso há um retiro onde são estudadas "a pessoa e a obra do Espírito Santo", havendo, no final, a Festa Alpha.
De realçar, que ao lermos os evangelhos com atenção - pelo menos nesta perspectiva - podemos ver que Jesus se encontra muitas vezes à mesa, e, a partir desta vive um tempo de anúncio do Reino de Deus ou aprofunda algum aspecto da revelação da Sua pessoa aos discípulos e aos seus ouvintes.
D. Albino Cleto, bispo de Coimbra, tem referido que "o Curso Alpha é um instrumento de evangelização que serve para iluminar, para aquecer o coração das pessoas e transformá-las em discípulos da Igreja, para partilhar e espalhar a fé, as verdades e os valores cristãos", e afirma que "os diferentes cursos já realizados estão a ser uma bênção para a nossa Igreja Diocesana", realçando que "é com imenso júbilo que tenho recebido testemunhos do crescimento apostólico em várias paróquias". "O Espírito Santo é a luz, o fogo, a causa, a força, o caminho que faz novos discípulos para evangelizar, dando a conhecer o amor de Deus, de Cristo e do Espírito Santo", sublinha.
O padre Jorge Santos, do Secretariado Nacional, explica que "o Curso Alpha é um modelo prático e flexível, que pode ser usado em grupos de qualquer dimensão, idade e contexto cultural", sustentando que "muitas igrejas e organizações cristãs estão a descobrir que este instrumento de evangelização se caracteriza pela sua clareza, simplicidade e eficácia na apresentação do Evangelho de Jesus Cristo, de uma forma divertida e amigável, num ambiente descontraído e acolhedor".

Aldo Aveiro

Bancos Alimentares Contra a Fome: "nenhum pedido fica de fora"



- afirma José de Sousa, presidente do banco de Coimbra


O Estado não resolve todos os problemas sociais. E é por isso que existem - e sempre existiram - instituições de solidariedade social", afirma José de Sousa, presidente da Direcção do Banco Alimentar de Coimbra. Esta realidade, constatada por quem, no terreno, com outros voluntários, procura dar resposta a uma carência elementar, é o testemunho concreto de que a sociedade civil tem cada vez mais um importante papel e responsabilidade para assumir.
Fundado em 1997, o Banco Alimentar de Coimbra (BAC) assegura mensalmente a distribuição de alimentos a 62 instituições do distrito. Há ainda mais duas dezenas que, pontualmente, beneficiam da ajuda do BA. Cumprindo um dos princípios base desta obra, "a recolha é local, a distribuição é local".
Voluntário, tal como muitos outros que, diariamente, prescindem de parte do seu tempo livre a favor de uma causa maior, José de Sousa reconhece que a resposta do Banco Alimentar é, apesar de tudo, insuficiente para todas as solicitações.
Uma análise sustentada quer pelos pedidos das instituições quer pelos contactos individuais que são cada vez mais frequentes levam o responsável pelo BAC a concluir que "há um agravamento da situação económica dos portugueses, que leva cada vez mais instituições e pessoas a precisarem de ajuda".
O impacto da crise económica, vertida a nível social, reflecte-se nos pedidos de ajuda que, diariamente, chegam directamente ao BAC. "Sobretudo neste último ano, através do e-mail, há muitas pessoas a perguntarem como podem usufruir da nossa ajuda", explica José de Sousa.
Nenhum pedido fica sem resposta. "O Banco Alimentar vive sobretudo do voluntariado". É uma realidade inquestionável que, a cada momento, ganha maior consistência. Voluntariado na dádiva de produtos e voluntariado na dedicação ou no tempo livre que se coloca ao serviço da comunidade e de quem precisa.

Crise não espanta espírito solidário
Anualmente, são lançadas duas campanhas de recolha a nível nacional, com especial incidência nas grandes superfícies. Em Coimbra, a última destas acções decorreu em Dezembro último, contou com cerca de 1.500 voluntário e permitiu a recolha 87 toneladas de alimentos, traduzindo-se num aumento de 5,7 por cento em relação a 2007. Arroz, azeite, óleo, cereais, leite, conservas e outros produtos de longa duração é o que faz mais falta e quem dá, procura ir de encontro ao que é preciso.
Com a gratidão de quem sabe que esta preciosa ajuda da sociedade civil vai matar a fome a muita gente, José de Sousa afirma que "as pessoas estão mais receptivas e até mais solidárias, há uma grande generosidade".
Apesar de as campanhas de recolha contarem - felizmente - com um grande número de voluntários, que ajudam quer na recepção dos produtos quer na sua triagem e tratamento logístico, uma mão amiga e regular é sempre bem vinda. "Ser voluntário do Banco Alimentar não custa nada e precisamos, sobretudo, de quem possa ajudar-nos regularmente", alerta José de Sousa.
Nesta vertente como em todas as outras, o contributo depende da disponibilidade de cada um. Diariamente, durante a semana, ao sábado ou ao domingo, todos podem ajudar e são bem vindos. Um simples e-mail para ba.coimbra@bancoalimentar.pt , oferecendo a vontade de ajudar, de voluntariamente abdicar de um pouco do tempo próprio a favor dos outros, permitirá ao BAC continuar a ajudar aqueles que contam diariamente com a instituição.


In "Campeão das Províncias" - Geraldo Barros

Figueira da Foz: faleceu o Dr. Nascimento Costa


A poucos dias de completar 90 anos de vida, faleceu no passado sábado, na Figueira da Foz, o médico José Nascimento Costa, que em Novembro de 1947 abriu naquela cidade, a primeira maternidade, sendo por isso responsável por inúmeros nascimentos de figueirenses.
Nascimento Costa foi ainda presidente do Centro Académico de Democracia Cristã (CADC), professor e médico no Seminário da Figueira da Foz e colaborador da paróquia de S. Julião.
Natural de Loulé, Nascimento Costa veio para a Figueira da Foz no final da década de 40 e naquela cidade se manteve até aos dias de hoje, tendo exercido medicina durante mais de 60 anos. Foi eleito "Profissional do Ano" em 2005, pelo Rotary Clube da Figueira da Foz.
O seu funeral realizou-se na passada segunda-feira com missa de corpo presente na igreja da Ordem Terceira, e foi sepultado no cemitério Setentrional, na Figueira da Foz.
O "Correio" apresenta sentidas condolências à família.

2 de fevereiro de 2009

O CAF assinalou os 10 anos de funcionamento




No passado dia 30 de Janeiro, o Centro de Aconselhamento Familiar – o CAF Coimbra – comemorou dez anos de funcionamento.
Para assinalar esta data, o Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar (SDPF) promoveu uma sessão solene, na Casa Municipal da Cultura, com a presença, entre outras individualidades, do Bispo de Coimbra, D. Albino Mamede Cleto, do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Coimbra e vereador da Cultura, Eng. João Rebelo e Dr. Mário Nunes, respectivamente, e do chefe de gabinete do Governador Civil (também em representação da Secretária de Estado Adjunta da Reabilitação).
Depois dos discursos de circunstância proferidos pelo presidente do SDPF, Jorge Cotovio, e coordenadora do CAF, Emília Cardoso, que contextualizaram historicamente o Centro e destacaram o papel desempenhado pelos colaboradores do serviço, assistiu-se a uma conferência proferida pela Dra. Ana Cid Gonçalves, secretária-geral da APFN (Associação Portuguesa de Famílias Numerosas), subordinada ao tema “Família, garantia de futuro”.
Nesta oportunidade, e tendo por base excertos do documentário “O Inverno demográfico”, a conferencista apresentou um cenário tendencialmente dramático da situação demográfica a nível mundial e a nível nacional. O casamento tardio, o reduzido número de filhos por casal e a facilitação do divórcio são factores que em nada favorecem a construção de uma sociedade mais justa e “civilizacional”. Segundo a conferencista, só com (muitas) famílias com três ou mais filhos poderá haver reposição da população; caso contrário – como está a suceder presentemente em Portugal -, caminhamos para uma sociedade suicida. Desta forma, há que promover políticas públicas que promovam a união e coesão da família, pois não precisamos apenas de mais crianças, mas sobretudo de filhos que nasçam em lares de confiança, onde exista estabilidade conjugal.
Depois da conferência, fez-se o lançamento do caderno alusivo aos dez anos de funcionamento do CAF, bem como de dois outros projectos associados – o “Porto Solidão”, uma valência que procurará atender os casos cada vez mais frequentes de solidão e abandono, e o “CAF-Jovem”, um serviço de aconselhamento mais dirigido aos namorados e casais novos, de modo a prevenir futuros conflitos e rupturas.
Nascido de uma feliz parceria entre o SDPF e o Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF), o CAF já atendeu mais de 2200 pessoas, (o que corresponde a quase 4000 encontros realizados), continuando a crescer de ano para ano o número de solicitações, embora se mantenham as principais motivações: conflitos conjugais e geracionais.
Com um leque alargado de voluntários (assistentes sociais, médicos, juristas, psicólogos, gestores financeiros, sacerdotes, etc.), o CAF Coimbra é coordenado, desde o seu início, pela Dra. Emília Cardoso, do ISCF, também responsável pelos primeiros atendimentos e pela triagem, numa dedicação que se estende pelas 24 horas do dia.
O CAF, embora seja uma instituição da Igreja de Coimbra, está ao serviço de todas as famílias, independentemente do seu credo religioso. Os contactos são os seguintes:
Rua Gil Vicente, 2, 3000-202 Coimbra, Telef. 239 723989, Fax 239 401856, TM 969881159, E-mail
cafcoimbra@sapo.pt.

Dez anos pela família!

Foi há dez anos que num cantinho muito acolhedor da Casa de Santa Zita nasceu o serviço a que chamámos “CAF – Centro de Aconselhamento Familiar”. Lembro-me que dentro de nós – do Secretariado diocesano da Família – coexistiam duas atitudes opostas: se por um lado sentíamos algum orgulho e satisfação pelo facto de criarmos uma estrutura de apoio às famílias em dificuldade, com uma plêiade de colaboradores, por outro sentíamos que a necessidade e pertinência deste serviço era sinal (negativo) de muita instabilidade no seio da instituição familiar, que exigiria muito trabalho, entrega e disponibilidade.
Mau grado este “conflito” (que nos foi sempre acompanhando), e cientes dos escolhos, avançámos neste desafio, cheios de entusiasmo e esperança.
Poucos anos passavam do Ano Internacional da Família. A Diocese “puxava” pela família, os nossos bispos, D. João Alves e D. Albino Cleto acolhiam a ideia e estimulavam a criação.
E foi assim, neste conjunto de circunstâncias e animados de muita fé, que começámos. E começámos com uma salinha muito acolhedora, mas, essencialmente, começámos com rostos e com nomes, a maioria dos quais ainda hoje a colaborar activamente. E elegemos uma timoneira – a “alma” do CAF, a Emília Cardoso – atenta, vinte e quatro horas por dia, ao telefone ou à campainha da porta, sempre disponível a “acudir”, com uma palavra amiga e confortante, mesmo quando as preocupações da Casa, da sua família, ou da sua saúde não favoreciam a concentração ou a partilha de palavras de estímulo e esperança.
E quando a situação era mais complexa, logo a Emília contava com a disponibilidade e experiência profissional (e pessoal) de um leque fantástico de “especialistas”, num trabalho em equipa que tinha, forçosamente, de dar resultado. Foi assim que se passaram qualquer coisa como (quase) três mil, seiscentos e cinquenta e dois dias, com muitas horas de atendimento telefónico e presencial, muitas emoções e comoções, mas também muitos raios de esperança e muitas vidas renovadas nas mais de duas mil e duzentas pessoas que foram acolhidas, ou seja, que foram amadas.
E foi assim, com este ânimo, esta atitude positiva, que atingimos o marco histórico dos dez anos.
Mas queremos “ser” mais e melhor! Queremos ser um CAF dinâmico, atento aos sinais dos tempos, abertos a outras estruturas eclesiais e acolhedores de outras iniciativas. Se durante esta década estendemos a nossa experiência a outras dioceses, ajudando lá a criar Centros semelhantes, agora, ao iniciarmos mais uma etapa, lançámos mais dois serviços de apoio à Família: o CAF – Jovem e o Porto Solidão. Se o primeiro quer dedicar-se mais especificamente às gentes mais novas – namorados e famílias recém constituídas –, acompanhando-os nos seus sonhos e pesadelos, o Porto Solidão quer abranger todos aqueles – novos e menos novos, que sentem a experiência dramática da solidão, do isolamento, da depressão, mesmo quando incluídos numa família ou numa comunidade.
Cremos que estas duas valências do CAF, fruto de mais um conjunto de boas vontades e sinergias, vão ser duas mais-valias importantes neste serviço à instituição familiar da Diocese de Coimbra e da Igreja nacional.
Oxalá daqui a dez anos já não exista o tal conflito de que falei no início, porque nos orgulhamos de, em comunhão com outras estruturas da Igreja e da sociedade civil, ver famílias a assumirem responsavelmente a sua missão (mesmo no meio das dificuldades), a ver maridos a amarem suas mulheres e mulheres a amarem os seus maridos em todas as circunstâncias, a ver filhos a sentirem-se amados pelos pais e pais a sentirem-se respeitados pelos filhos, a ver idosos a serem acolhidos e compreendidos pelos seus filhos, mesmo quando integrados em Lares de Terceira Idade, a ver famílias a ajudarem outras famílias, a ver políticas de família e legislação conexa a irem ao encontro da promoção desta célula fundamental da sociedade.
Até atingirmos este desiderato, vamos continuar a trabalhar com entusiasmo e afinco. Vamos, todos em conjunto, com os talentos e as ferramentas que este Deus nos facultou, fazer renascer a esperança de felicidade nos casais, nos maridos, nas esposas, nos filhos que nos continuarão, de certo, a procurar.

Jorge Cotovio