Correio de Coimbra

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17 de julho de 2008

Faleceu o Padre António Pedro dos Santos


O Padre António Pedro dos Santos, antigo director do Colégio de S. Teotónio, pároco de Semide e Rio de Vide, faleceu no passado domingo, dia 13 de Julho, em Coimbra.
Natural de Lobazes, Miranda do Corvo, onde nasceu a 11 de Agosto de 1925, frequentou os seminários da Figueira e Coimbra, sendo ordenado sacerdote a 29 de Junho de 1948 na sé de Lisboa. Nomeado coadjutor de Santa Cruz, ali esteve até Outubro de 1949, quando começou a integrar, como prefeito de estudos, a equipa educadora do Seminário da Figueira. Dali transitou para igual missão no Seminário Maior, onde se manteve até 1961. Nesse ano, tendo deflagrado a guerra em Angola, partiu para aquele território como capelão militar, acompanhando os combatentes.
Em 1964, regressado de Angola, foi escolhido para substituir D. Eurico Nogueira, então nomeado bispo de Vila Cabral, à frente do Colégio de S. Teotónio, então a dar os primeiros passos. Pode dizer-se que foi o Padre Pedro quem estruturou a vida do colégio, por onde passaram milhares de alunos, muitos deles oriundos dos territórios ultramarinos. A sua acção foi preponderante para se ultrapassarem as dificuldades surgidas em 1974. Depois de 25 anos de serviço dedicado ao ensino particular, foi dispensado dessa tarefa em 1989, altura em que professores, pais e alunos lhe prestaram uma justa homenagem.
Nesse mesmo ano foi nomeado pároco de Semide e Rio de Vide, e capelão do Santuário do Divino Senhor da Serra, onde permaneceu até ao fim. Homem de causas, o Padre Pedro, além de procurar construir comunidades cristãs, pôs ombros a duas iniciativas que marcaram a sua passagem por aquelas paróquias. Em Semide lutou e conseguiu que se iniciassem as obras de recuperação do antigo mosteiro e que fosse restaurado o órgão de tubos. No Senhor da Serra procurou reactivar a antiga romaria, criando a Ordem do Romeiro, ampliando as instalações para o apoio aos peregrinos e embelezando o local. Foi, por iniciativa sua, ali erguido um busto ao bispo conde D. Manuel Correia de Bastos Pina, que foi, no final do século XIX e no início do século XX, o grande impulsionador do santuário.
Foi um padre apaixonado pela Igreja e pelas suas causas. "Morreu a servi-la, com o mesmo amor de há sessenta anos, quando foi ordenado sacerdote" – afirmou D. Albino Cleto na homilia da missa do seu funeral, no dia 16, na igreja paroquial de Miranda do Corvo, onde não cabiam todos os que ali se dirigiram para participar nos actos fúnebres. A Eucaristia, presidida pelo Bispo de Coimbra, foi concelebrada por mais de meia centena de sacerdotes que admiravam o Padre Pedro pelo seu espírito lutador, pelo seu poder de iniciativa e pelo seu grande amor à Igreja.
O "Correio" que sempre teve no Padre António Pedro dos Santos um bom e interessado, apresenta à sua família sentidas condolências.

Inventariação da Paróquia de Brenha

Por José Eduardo R. Coutinho


No dia 8 deste mês, terminou a inventariação da paróquia de Brenha, efectuada com a constante presença do pároco, o Padre António de Matos Fernandes, e que constou de 30 fichas e respectivas fotografias, apenas referentes à igreja matriz, porque nenhuma capela existe nesta jurisdição eclesiástica.
Parcialmente situada na serra da Boa Viagem, participa das mesmas riquezas arqueológicas daquela área de eleição, tendo, com particular destaque, vários dolmens, pertencentes ao Eneolítico inicial, e a estação Neo-Eneolítica de Várzea do Lírio, a demonstrarem vetustas ocupações humanas, pré-históricas, bem como a singularidade daquele promontório sobre o Oceano Atlântico.
Em carta de testamento, de Março de 1150, Ero deixa, a Dom Teotónio e ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a meia herdade que tinha in loco qui vocatur Brenia et est inter Arazede et Cabanas, que lhe pertencia e à mulher, naquela região densamente florestada.
Esta nova parcela fundiária crúzia teve, do senhorio, a devida atenção pastoral, pelo que foi dotada das necessárias estruturas e obteve, por fim, a condição paroquial, a que respeita muito do espólio ainda conservado, na igreja, significativamente dedicada ao primeiro santo português e, também, primeiro prior do referido Mosteiro, São Teotónio.
Apesar de ser diminuta a quantidade do espólio, apresenta diversas esculturas calcárias, dos séculos XVI ao XVII; terracotas desta centúria e da seguinte; peças de prata, tendo, uma, as iniludíveis iniciais S.C. (Santa Cruz); certos objectos de latão; alguma talha; um bom conjunto de paramentaria, do século XVII, a época da concedida autonomia religiosa; e, também, um apreciável acervo de livro antigo, composto de missais de altar.
Graças às recentes obras de restauro e à louvável cooperação do Museu da Figueira da Foz, onde estava depositado algum do referido espólio, agora devolvido, a comunidade pôde reavê-lo e dispô-lo, limpo e conservado, nos inerentes locais de culto, ou de serviço litúrgico, para honra dos fiéis, memória dos antepassados e dignificação celebrativa.

Leigos com encargo pastoral

Por Jorge Cotovio


Com este ou outro nome (animadores/ agentes/ responsáveis pastorais, assistentes paroquiais, leigos em serviço pastoral, leigos pastoralmente profissionalizados, leigos "teólogos", …), tudo leva a crer que seja uma realidade nos próximos tempos na nossa diocese. Com o envelhecimento do clero e a escassez de vocações de consagração, não é difícil crer que o futuro da Igreja portuguesa passará – inevitavelmente – por esta nova "figura", melhor, por este novo "ministério", onde os leigos se responsabilizam por animar comunidades paroquiais, por nomeação episcopal. Assim acontece, há anos, por esta Europa fora, nomeadamente na Espanha, na França, na Itália, na Suiça e na Alemanha (cf., por exemplo, GORDO, Jesus Martínez, 2006. Os Leigos e o futuro da Igreja. Coimbra: Gráfica de Coimbra 2) e nós não vamos ser excepção.
Urge, pois, dar passos firmes e cautelosos, mas com muita ousadia (isto é, com coragem e sem medo), imaginação (porque não temos de copiar, forçosamente, o que se passa lá fora) e enTEOsiasmo (porque Deus estará connosco!), aceitando este novo desafio como um autêntico "sinal dos tempos".
Embora o campo próprio da actividade evangelizadora dos leigos seja "o mundo", pondo "em ordem" as realidades terrestres (a família, a educação, a cultura, as ciências, a economia, as artes, os media, a política (cf. LG 31; EN 70), também incumbe aos leigos trabalhar no seio da Igreja, como diz claramente o Concílio: "[Os sagrados pastores] entreguem-lhes confiadamente cargos em serviço da Igreja e dêem-lhes margem e liberdade de acção" (LG 37).
É claro que este novo serviço eclesial provocará muitas mudanças. E riscos. Mas se estivermos prevenidos, toda esta "ventania" será sentida como "sopro" do Espírito, ar renovado que nos dá uma "alma" nova para melhor "animarmos" as realidades terrestres, ou seja, os homens e mulheres que habitam este planeta.
Preparemo-nos, então, para assistir a alguns conflitos entre (estes) leigos e os sacerdotes responsáveis pelas unidades pastorais (que podem ser superados pelo diálogo, pela paciência e tolerância evangélicas), ou a tentações de "clericalização" de leigos (talvez mitigada se os sacerdotes cada vez mais assumirem o seu campo específico dentro da Igreja), ou a "lutas de poder" de leigos (questão superada com "vacinas de humildade" e adequada formação para a co-responsabilidade, de forma a não existir o protagonismo de uma pessoa, mas de uma equipa), ou a reacções negativas das comunidades às actividades pastorais dirigidas pelos "leigos teólogos" (se estes forem pessoas de reconhecido mérito pastoral, estas reacções deixarão de existir), ou à emergência de tensões laborais, sobretudo se estes leigos forem sustentados pelas comunidades e tiverem vínculos laborais (também não existem estes problemas nas empresas? E não são resolvidos?), ou a problemas resultantes das "contingências existenciais" (que podem ser minimizados por escolhas criteriosas), ou a uma espécie de "funcionalização" destes leigos, ou a conflitos "sexuais" se uma mulher assumir este cargo (como tem todo o direito e obrigação), ou a abusos de autoridade da parte destes animadores pastorais (porque até parece estar provado que os leigos, quando "lhes dão corda", costumam ser mais autoritários e centralizadores que muitos padres…), ou a interferências "ruidosas" da parte do marido ou da mulher, se o leigo for casado (e resta-nos ter paciência…), etc.
É razoável que queiramos evitar estes riscos. Às tantas, até estaremos a protelar estas "ousadias" com medo deles. Mas pensemos bem: a Igreja não correu todos estes riscos durante séculos, embora com outras configurações? (Ou seja, as tensões entre padres, bispos e leigos, a gradual secularização do clero, as lutas pelo poder, as tentações "mundanas", os conflitos internos, as reacções das comunidades a este ou àquele pároco, os amuos, as desobediências subtis, o autoritarismo, etc.).
Pronto. Contemos com todos estes riscos e ajamos com precaução. Correcto. Mas avancemos nesta linha, desde já, pois a messe é grande e há leigos que estão a ser subaproveitados e outros que poderão ser estimulados a sair da letargia em que vivem.
Procuremos, sim, ver este novo cargo como ele realmente é – um "ministério". E que os homens e as mulheres que vão ter a humildade e a coragem para assumir semelhante múnus, saibam fazer-se "minus", ou seja, ministros, servidores, para elevar os outros. Como Cristo.

Lágrimas e pétalas de rosa no regresso da Rainha Santa



A imagem da Rainha Santa que, durante três dias, foi venerada pelos fiéis, na igreja da Graça, foi reconduzida, em solene procissão, à igreja do Convento de Santa Clara. Ao longo do percurso, milhares de pessoas, saudaram a padroeira da cidade, vendo-se lágrimas nos olhos de muitos. Ao passar sobre a Ponte de Santa Clara, foram lançadas de helicóptero, sobre a imagem, milhares de pétalas de rosa. Várias entidades civis, militares e académicas integraram a procissão de regresso.

A Procissão Solene, presidida pelo Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto contou com a participação de entidades civis, académicas e militares. O Governador Civil Henriques Fernandes, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Encarnação, os vereadores Mário Nunes, João Rebelo e Luís Providência, alguns presidentes de juntas de freguesias e muitos professores catedráticos da Universidade de Coimbra.
A organização da procissão que leva o seu tempo, dado a grande quantidade de fiéis e irmandades presentes esteve a cargo dos Escuteiros de Santa Clara. Este ano não se verificara aquelas rupturas que normalmente acontecem.
À hora do início da procissão, a igreja da Graça rebentava pelas costuras. O andor da Rainha Santa que pesa cerca de 800 quilos foi transportado por dez homens da Confraria da Rainha Santa Isabel. Ao longo do percurso, inúmeros fiéis derramaram sobre o andor milhares de pétalas de rosas. As multidões verificaram-se ao longo do percurso, essencialmente, na Praça 8 de Maio, no Largo da Portagem, na Ponte de Santa Clara e no Convento aquando da sua chegada. Centenas de crianças e mulheres trajaram-se de Rainha Santa Isabel. Outros cumpriram promessas, descalças, de joelhos, de velas de cera numa das mãos e de rosário noutra.
O acto inédito deste ano foi quando o helicóptero da Força Aérea lançou pétalas de rosas sobre o andor a meio da Ponte de Santa Clara.
A Rainha foi recebida no Convento de Santa Clara-a-Nova por centenas de estudantes da Universidade de Coimbra, que se apresentaram rigorosamente trajados. Quando o andor se aproximou colocaram as capas no chão e, de joelhos, veneraram a rainha. O gesto foi imitado por outras pessoas do público.
As palmas irromperam o acto solene. Os sinos tocaram a rebate. A emoção foi geral. Por muito que queiramos, não conseguimos encontrar forma de descrever todo este ambiente. Como disse alguém: “isto não se explica, sente-se”.
D. Albino Cleto fez uma breve alocução à cerimónia a que presidiu. Agradeceu a presença das entidades civis, académicas e militares. Agradeceu sobretudo a devoção do povo pela sua padroeira. Padroeira dos pobres e da paz.




Miguel Cotrim

Crianças do Externato João XXIII visitaram a Casa dos Pobres

No âmbito da campanha de solidariedade promovida pelo Núcleo das Escolas Católicas da Diocese de Coimbra (NEC), os alunos do Externato de João XXIII foram entregar à Casa dos Pobres o produto das suas renúncias deste ano, a que chamaram “Campanha do cobertor”.
Acompanhados das respectivas professoras, os alunos conviveram com os utentes da casa, não perdendo a oportunidade de tocarem e cantarem melodias tradicionais, tornando-lhes a vida, por momentos, mais alegre. E dos “velhinhos” não faltou quem colaborasse na festa, cantando músicas da sua juventude com alegria e vigor impressionantes.
Foi uma tarde bem passada, onde o convívio entre as diversas gerações esteve bem patente e o valor da solidariedade para com os que mais sofrem ficou bem marcado na mente e na vida destas crianças.