Correio de Coimbra

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10 de fevereiro de 2009

X Colóquio Nacional de Paróquias - Alterações na sociedade exigem criatividade na transmissão da fé


A transmissão da fé na sociedade contemporânea esteve em debate entre sacerdotes e leigos de diversas paróquias portuguesas no X Colóquio Nacional de Paróquias nos dias 6 e 7 de Fevereiro em Fátima.
A consciência de que é necessário encontrar novas abordagens para a transmissão dos valores e da fé cristã, face às alterações na sociedade, que diminuíram a importância das formas tradicionais de evangelização e catequese, é uma conclusão do encontro. Também se conclui que proporcionar o encontro pessoal
com Deus é o desafio mais importante que se coloca aos cristãos, em vez de uma vivência mais baseada numa prática tradicional de raiz social e numa catequese demasiado escolarizante.
D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, Juan Martin Velasco, professor universitário e os jornalistas Graça Franco, da Rádio Renascença, Paulo Rocha da Agência Ecclesia e o Padre António Rego do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais partilharam as suas reflexões sobre a mesma temática.
Colóquios de Paróquias
Os Colóquios Nacionais começaram por ser uma realidade em Portugal, após a realização do Colóquio Europeu de Tarragona, em 1985, que versou sobre o tema "Corresponsabilidade na Paróquia". Com alguma regularidade se têm feito os Colóquios Nacionais, na sequência dos Colóquios Europeus. Neste X Colóquio Nacional de Paróquias tratámos o tema do próximo Colóquio Europeu em Mons (Bélgica): "Porquê transmitir a fé?"
O Colóquio Europeu de Paróquias é um encontro de cristãos de paróquias e comunidades cristãs dos países da Europa. De dois em dois anos, num país europeu diferente, estes cristãos encontram-se em colóquio, onde partilham as suas experiências no que concerne a Igreja e a sociedade, partindo do seu envolvimento pastoral. Pretendem, assim, participar com a sua própria identidade na construção europeia.

Paróquia de S. José vai abrir espaço de recolhimento no Dolce vita



A paróquia de São José, em Coimbra, vai abrir este ano um espaço de informação e de recolhimento no centro comercial Dolce Vita, revelou à nossa reportagem o membro do seu conselho pastoral, António José Monteiro.
"É muito importante que a Igreja tenha uma presença nas chamadas catedrais de consumo", justificou o responsável, lembrando que a iniciativa "partiu do próprio centro comercial".
Formalizado o convite, a paróquia entendeu o desafio como "interessante", mas também com algum "risco", admitiu António José Monteiro, para quem "todos os espaços são válidos no ponto de vista da transmissão da fé".
"A Igreja precisa de estar disponível para as pessoas onde elas estão", afirmou o responsável que partici-pou no X Colóquio Nacional de Paróquias realizado em Fátima, observando ainda que "a Igreja tem de abrir horizontês".
A este propósito sublinhou que existem duas alternativas: "Ou a Igreja fica dentro da sacristia ou vai ao encontro das pessoas".
Neste momento, um arquitecto está a trabalhar no espaço, que vai "concorrer" com os restantes do cen-tro comercial, um problema que o marketing pode ultrapassar, adiantou o elemento do conselho pastoral da paróquia de São José.
Segundo António José Monteiro, o objectivo é que o espaço seja de "recolhimento, oração, encontro, comunicação e partilha", acrescentando que não vai contemplar a celebração da Eucaristia, nem de outros sacramentos. "Não é isso que se pretende", explicou ao Correio de Coimbra. Mas, sim um espaço informativo, "onde o público pode ter acesso à informação da Igreja, como é o caso das Jornadas de Teologia, e reencaminha-los para a instituição pretendida". Este espaço também pretende ser ecuménico, também o queremos partilhar com os nossos irmãos ortodoxos e evangélicos, salientou António José Monteiro à nossa reportagem.
O responsável por este projecto, acredita que o espaço vai suscitar "interesse" ,"curiosidade" e "alguma polémica".
Para o padre João Castelhano, responsável pela paróquia de S. José, há necessidade de "serem utilizados os meios modernos de comunicação", destacando a Internet, assim como de a Igreja "marcar presença em espaços públicos para ultrapassar a crise verificada nas celebrações, nas vocações e nos jovens para as actividades da Igreja". "Para ir ao encontro das pessoas onde elas estão", observou. O responsável lembrou que as paróquias recorrem às "pessoas que habitualmente participam nas actividades de culto" e as que "vão por necessidade", para baptizados, casamentos ou funerais.
Sobre estas últimas, observou que deve ser alterado o "pretexto", pois há muito mais na Igreja além das "festas de família". "Espaços e pessoas atractivas" podem também ser respostas para a crise de voca-ções e de fiéis, observou o sacerdote, acrescentando que "os serviços que as paróquias podem prestar, inclusivamente de carácter social", são também formas de chamar as pessoas à Igreja.
Com 35 mil habitantes, a paróquia de São José é a maior da cidade de Coimbra e pretende ser a pioneira nos novos métodos de Evangelização.

Miguel Cotrim

Falta de padres põe leigos a dirigir celebrações


Cerca de um quarto das 4400 paróquias portuguesas não tem padre residente. A falta de sacerdotes leva a que os que existem se desdobrem por várias igrejas, chegando a celebrar mais de cinco missas no mesmo domingo. Quando nem isso chega, são os leigos a assumir tarefas: não podem celebrar missas mas são eles que orientam as celebrações.
A situação é muito frequente, diz o Padre Manuel Morujão, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP): "Acredito que aconteça em largas dezenas de paróquias, perto de cem." Na origem está a escassez de padres.
"Em Coimbra já há párocos com cinco ou seis paróquias. Obviamente não podem estar em todo o lado", aponta o Padre Luís Ribeiro, da paróquia de Nossa Senhora de Lurdes. Segundo as estatísticas dos últimos Anuários Católicos, há mais de 1100 paróquias sem padre próprio - nas dioceses de Coimbra, Viseu, Vila Real, Viana do Castelo e Beja são mais de metade. Aliás, de acordo com dados do Vaticano, em 2005 Portugal tinha menos de 3000 padres diocesanos. E "muitos não estão em paróquias por causa de doença ou por velhice", acrescenta ainda, o Padre Luís Ribeiro.
A escassez deve-se à tão falada crise de vocações, com a diminuição de ordenações nas últimas décadas - um tema que preocupa a Igreja, reconhece o secretário da CEP.
No entanto, o Padre Manuel Morujão considera que a resposta tem sido positiva. "Tem-se aproveitado esta dificuldade para chamar à responsabilidade os leigos", homens e mulheres, diz. Conduzir as celebrações de domingo quando não nenhum padre disponível é uma dessas "funções que antes eram desempenhadas por sacerdotes".
"Para que a cerimónia possa ter dignidade", explica o Padre Manuel Morujão, os leigos são primeiro preparados através de acções de formação. Além disso, o Secretariado Nacional de Liturgia elaborou, em 2006, um guião para estas "celebrações dominicais na ausência de presbítero", explica o Padre Luís Ribeiro. Coimbra foi a primeira diocese a ter estas celebrações, em 1981, acrescenta. Os leigos podem até dar a comunhão com hóstias consagradas na missa anterior ou nas paróquias vizinhas.
"As comunidades em que é habitual terem leigos a dirigir é evidente que têm saudades mas vão-se habituando", diz por seu lado, o Padre João Castelhano, da organização do X Colóquio Nacional de Paróquias, que decorreu em Fátima.

Misericórdias do país unidas pela inovação tecnológica


Cerca de 400 pessoas, em representação de mais de 300 Misericórdias de todo o país, estiveram reunidas na passada sexta-feira à noite, no Casino Figueira, para assistirem à demonstração do Helpphone e assi-narem um protocolo entre a União das Misericórdias Portuguesas e a Helpphone, um sistema do qual a Misericórdia da Figueira da Foz foi pioneira em 2004, com resultados excelentes, daí a razão do sistema já estar em funcionamento em dezenas de Misericórdias no país, sobretudo na região Centro.
Conhecida a experiência e os resultados, a União das Misericórdias Portuguesas vai expandir por todo o país um projecto inovador de tele-assistência ao domicílio que aumenta a segurança e combate à soli-dão dos idosos, através de um centro de atendimento permanente.
Designado de Helpphone, o projecto consiste num pequeno aparelho que as pessoas colocam ao peito ou no pulso e que, através de um clique, efectua uma ligação telefónica para um centro de atendimento permanente onde, no espaço de 20 segundos, a chamada é atendida por um operador especializado que presta o serviço necessário.
Aquele equipamento permite ao operador, mesmo que a pessoa não fale, visualizar imediatamente o nome, local e patologias do utente, através de uma ficha que lhe aparece aquando do contacto, e avisar a família, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), os bombeiros, a misericórdia ou um vizi-nho numa situação de risco.
Para além disso, o Helpphone permite ainda avisar o utente da hora de tomar a medicação ou da data de realização de um exame médico ou simplesmente que este combata a solidão através de uma con-versa com o operador.
O presidente do Secretariado Regional de Coimbra da União das Misericórdias Portuguesas, Dias Coim-bra, adiantou que as 18 misericórdias do Distrito desenvolveram nos últimos anos o Helpphone que, nes-te momento, conta com cerca de 300 aparelhos distribuídos.
Salientando que o objectivo é "retardar a ida dos idosos para os lares e residências assistidas", Dias Coimbra considera que o projecto de futuro é "a assistência social nos domicílios".
"Levamos as refeições e fazemos a higiene aos idosos mas temos de complementar esses serviços com os cuidados de saúde, as injecções e as sessões de fisioterapia", disse.
Também Joaquim de Sousa, provedor da Misericórdia da Figueira e pioneiro no sistema, lembrou as enormes vantagens do Helpphone e salientou que "as Misericórdias estão a modernizar-se e a inovar" e que estão "preparadas a responder à crise que o País atravessa na área da solidariedade".