Correio de Coimbra

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25 de maio de 2007

Cantanhede recebe comemorações do Dia da Igreja Diocesana

O Dia da Igreja Diocesana celebra-se, este ano, a 3 de Junho, em Cantanhede, sob o tema “Movimentos Apostólicos, riqueza da Igreja”.
Os trabalhos, com início marcados para as 10 horas, terão lugar no salão novo dos Bombeiros Voluntários de Cantanhede, no Centro Paroquial de São Pedro e respectivos anexos. Durante a manhã, o Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto falará sobre “A nossa Igreja de Coimbra”, ao que se seguirá trabalho por grupos. O almoço será partilhado, depois um tempo de festa e o encontro culminará com a Eucaristia, pela 16,30 horas.

O Dia da Igreja Diocesana surgiu como necessidade de expressar num dia, tão bonito como o da Santíssima Trindade, que somos o Povo de Deus unido, vivo e dinâmico nos dias de hoje e nesta terra ou região, que tem como centro Coimbra. A Igreja constituída em diocese é uma pequena parcela deste Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja, sacramento de salvação que quer acolher todos os homens e mulheres. E, sendo muitos, formamos um só Corpo porque unidos no Seu Espírito que nos foi dado.
Assim sendo, o Dia da Igreja Diocesana é o dia da expressão desta unidade e desta dinâmica. Sendo a diocese constituída por paróquias, que incluem todo o seu território e seus habitantes, ela é dinamizada e vive expressando a sua fé, também apoiada e guiada por Movimentos de cariz mais regional, nacional e mesmo internacional. Estes movimentos, sendo dinâmica, ajudam a despertar para certas realidades e com orientações enriquecedoras para todos.
Este ano, o nosso bispo pede a todos nós que estejamos ligados a movimentos ou não, mas unidos na mesma fé, para não faltar a este encontro. Será um momento extraordinário para viver a comunhão e unidade de fé. Mesmo que as direcções diocesanas ou paroquiais não possam estar, que ao menos os seus elementos se façam representar activamente neste encontro. Será bom conhecer diversos tipos de movimentos, elementos que os integram e suas diferentes espiritualidades.
Poderemos nesse dia experimentar, como os primeiros cristãos: que somos muitos, variados, mas é um mesmo Espírito que nos reúne no Senhor Jesus, guiados pelos sucessores dos Apóstolos, que eles colocaram à frente das comunidades por elas fundadas. Sendo muitos formamos um só Corpo, com a Santíssima Trindade, que sendo três são um só Deus e Senhor de todos.


Festas de Santo António


De 13 a 17 de Junho realizam-se, como acontece de dois em dois anos, as Festas de Santo António. Este ano, O Santo será lembrado como “defensor dos direitos humanos”. As festas da paróquia de Santo António dos Olivais, de referência para a cidade de Coimbra, têm o patrocínio da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia do local.
No primeiro dia, quarta-feira, será celebrada, pelas 20h30, a solene Eucaristia, presidida pelo bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, sendo proferida, pelas 21h30, uma conferência sobre “Santo António, defensor dos direitos humanos”, por Frei Severino, Assistente Nacional da Ordem Franciscana Regular. No dia 14, será inaugurada, pelas 21h, a Travessa de Santo António, estando agendado, para meia hora mais tarde, um concerto dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra.
A Eucaristia seguida de procissão acontece no Sábado, dia 16, com início marcado para as 21h15. No Domingo, último dia da festa, celebra-se a Eucaristia ao meio dia, seguindo-se, no adro da Igreja, um almoço comunitário partilhado e uma tarde de convívio com jogos, torneio de futebol, entrega de medalhas e encerramento da catequese. Às 18h actua o rancho Folclórico e Etnográfico da Cova do Ouro, Serra da Rocha.

Diocese de Coimbra participou num encontro europeu ecuménico em Estugarda

Cerca de 10 mil cristãos de mais de 150 movimentos e comunidades de várias Igrejas europeias estiveram reunidos em Estugarda no dia 12 de Maio, para o Encontro Ecuménico Europeu. Mais de 160 cidades europeias acolheram, através do satélite, encontros integrados na iniciativa. Em Coimbra, perto de 120 pessoas assistiram, no Instituto Português da Juventude, à transmissão desta Jornada que decorreu sob o tema “Juntos pela Europa”. Os dois dias anteriores, 10 e 11 de Maio, congregaram, na mesma cidade alemã, os líderes de vários movimentos e grupos cristãos, na discussão do tema “A caminho, juntos”.
Portugal fez-se presente no Encontro com um grupo de 60 pessoas, tendo esta participação sido dinamizada pelo Movimento dos Focolares. Num dia que alternou discussões e debates com música e louvor ao Cristo que une pela fé, reafirmaram-se valores fundadores para a construção de uma Europa mais solidária e aberta à multiplicidade cultural. Como sublinhado pelo Papa Bento XVI, através de uma mensagem veiculada Cardeal Tarcisio Bertone, “a pós modernidade não pode apagar a dimensão espiritual da Europa”, sendo por isso importante “dissolver preconceitos, superar nacionalismos e barreiras históricas e impulsionar o compromisso”. A ideia foi também reforçada pelo Patriarca ecuménico (ortodoxo) de Constantinopla, Bartolomeu I, ao afirmar que “o homem foi criado à imagem de Deus, longe dos esquemas humanos, das diferenças ideológicas e das diferenças de classe”. Por sua vez, o Arcebispo de Canterbury e primaz da Igreja anglicana, Rowan Williams, elogiou a celebração do encontro, organizado “não por quem quer ter todas as respostas para os males da Europa, mas pelos que sabem que existe uma verdadeira esperança e uma fonte de renovação muito além de todos os nossos projectos e de todos os nossos recursos”
Maria Teresa Lobo, participante de Coimbra, realça a importante presença de personalidades políticas, como um sinal importante do encontro. Romano Prodi, Angela Merkel ou Durão Barroso são apenas alguns dos responsáveis europeus que participaram, pessoalmente ou através de discursos escritos, valorizando, dessa forma, uma Europa unida, não só politicamente, mas também pelo espírito.
Este Encontro Ecuménico aconteceu, pela primeira vez, em 2004, por iniciativa de João Paulo II, que, na sua mensagem elaborada para a ocasião, deixou aos jovens o apelo de testemunharem os valores cristãos “para que o mundo creia”.

22 de maio de 2007


Dia da Igreja Diocesana a 3 de Junho


O Dia da Igreja Diocesana celebra-se, este ano, no dia 3 de Junho, em Cantanhede, sob o tema "Movimentos Apostólicos, riqueza da Igreja". Durante a manhã, o Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, falará sobra "A Nossa Igreja de Coimbra", estando a tarde reservada a um tempo de festa. A Eucaristia acontecerá pelas 16h30.

MAS AS CRIANÇAS, SENHOR…


José Dias da Silva

Aqui há tempos fui passear à nova zona ribeirinha do Mondego e atravessar a famosa ponte pedonal que mereceu os elogios de um conceituado jornal inglês. Gostei do que vi, excepto os primeiros cinquenta metros da ponte em lâminas de xisto que quase impossibilitam a progressão de uma cadeira de rodas, discriminado, mais uma vez, os deficientes. Congratulei-me de não ver, no espaço verde, cartazes com a proibição de jogar a bola… mas não sei qual será a reacção quando meia dúzia de garotos começar a jogar sobre aquela relva tão carinhosamente regada e tratada. E pus-me a pensar nas nossas crianças: pela minha cabeça desfilaram factos e factos que me deixaram preocupado.
Somos um país que faz poucos filhos: temos cada vez menos filhos. Dizem as estatísticas que os casais com filhos são 46,8% e 32% tem apenas um. E quando os fazemos é quase no limite fisiológico, pois precisamos de gozar a vida e os filhos são um empecilho sério. Dispomos de uma legislação laboral que não valoriza suficientemente a função maternal e paternal e, pior ainda, temos uma lei não promulgada que coloca como primeira pergunta na entrevista à mulher que procura emprego se está grávida ou pensa engravidar. O trabalho a meio tempo ou outro tipo de soluções a que os pais têm direito para cuidar dos filhos nos primeiros anos não são aproveitados e nem sempre porque os ordenados sejam insuficientes. Aliás, um inquérito recente veio mostrar que, ao contrário da tendência europeia, "83,7% da nossa população empregada, com pelo menos um filho ou dependente, diz que não deseja alterar a sua vida profissional para poder dedicar mais tempo a cuidar deles". Deixo de lado os casos de violência doméstica na ilusória ingenuidade de que aconteçam apenas em famílias disfuncionais.
Depois sentimos que a escola não está preparada para estes novos tempos. É certo que os pais não ajudam muito nesta mudança, mas os sabidos técnicos da educação no ministério ainda ajudam menos. A ministra veio, finalmente, reconhecer o desajustamento de alguns (deveria ter dito muitos) programas. Mas não são só os programas, são também as normas e os critérios orientadores. Por exemplo, aquela ideia peregrina que quer inculcar nas crianças que o estudo é uma brincadeira tem efeitos muito negativos na forma como as crianças e os jovens olham o estudo Ou aquela lei, nunca escrita mas que parece exigir que, na escolaridade obrigatória, todos os alunos devem passar. Muitos professores estarão preocupados com tudo isto, mas os seus sindicatos, sempre prontos a reivindicar aumentos salariais indiscriminados, quantas greves fizeram por causa dos programas desajustados ou porque há escolas em que os miúdos gelam de Inverno por falta de aquecimento?
Temos uma legislação que favorece a paternidade biológica e persegue a paternidade de afecto. E parece haver sempre zelosos juízes e juízas a serem "mais papistas que o papa" na sua aplicação, como o mostram exemplos recentes.
Suportamos uma publicidade, onde tudo é permitido e que tem feito um esforço notável "sempre de sorriso nos lábios" para ir mercantilizando as nossas crianças e jovens. Com as modernas técnicas cada vez mais sofisticadas de manipulação, sobretudo de consciências inocentes e indefesas, inventa continuamente necessidades novas e "explorando directamente os instintos e prescindindo, de diversos modos, da realidade pessoal consciente e livre", permite-se "criar hábitos de consumo e estilos de vida objectivamente ilícitos, e frequentemente prejudiciais à saúde física e espiritual" (CA 36). Pode acrescentar-se a florescente indústria dita do "lazer" com os contínuos estímulos ao consumo de bebidas e drogas, como trampolim inócuo para o paraíso de felicidade eterna já aqui na terra.
Há ainda os contributos de elevado teor civilizacional dos que defendem que a mulher é a exclusiva

Andará Deus preocupado com alguma coisa?!


Nuno Santos

Ando preocupado com muitas coisas que estão a acontecer… Umas dentro da Igreja (são as que me preocupam mais!!!) outras pelo mundo fora. Tudo acontece na maior das apatias e na maior das indiferenças…
Continuamos a adiar opções de fundo… e entre desculpas superficiais e justificações cómodas, sobrevivemos numa Igreja que vai ‘caindo’ envolvida por incensos litúrgicos que ‘afasta’progressivamente as pessoas… Deixando, assim, de cumprir a principal missão do sentido da vida fundado nos critérios evangélicos.
Assim, se explicam algumas opções de padres e leigos… assim se compreende os projectos inacabados, as afirmações gratuitas, as incompetências reiteradas e as soluções constantemente proteladas.
Não vejam aqui uma crítica a ninguém em particular porque também eu faço parte desta história na conivência e, muitas vezes, no conformismo. Também eu engrosso colunas de jornal com palavras poéticas e frases feitas… Quase apetece dizer «basta de palavras» (prometo ser mais breve na escrita).
E Deus que tem a dizer de tudo isto? Num instante dei comigo a pensar se Deus andaria preocupado com alguma coisa… Talvez. Num mundo onde parece que andamos todos demasiado preocupados apetece perguntar pelas preocupações de Deus.
Como sabemos a palavra «pre-ocupado» quer dizer, em rigor etimológico, «ocupado previamente». De facto, o que nos ocupa interiormente e previamente?!
Estava a pensar nestas coisas quando dei comigo a ler a resposta… Era o tema proposto para a Semana da Vida: Felicidade Humana – Preocupação de Deus. Sem mais, uma felicidade integral e total.
Eis um Deus preocupado. O nosso Deus é assim alguém preocupado. Não com qualquer coisa… mas connosco e com a nossa felicidade. Este é o Deus em que acredito e pelo qual quero dar a minha vida.
Que a nossa ‘marca cristã’ ganhe vida em outras vidas na preocupação pela felicidade do outro. Mais do que seremos cristãos (ou paróquias) que fazem coisas sejamos pessoas que acolhem e concretizam a preocupação de Deus – a felicidade humana.

Cónego Sertório Baptista Martins em entrevista ao “Correio”




"Não é dos altares que evangelizamos"



O Cónego Sertório Martins, avaliando a forma como a diocese viveu e sentiu o plano pastoral que agora termina, partilhou algumas das alegrias e dificuldades vividas como vigário episcopal da região Centro. O também assistente espiritual do Secretariado da Pastoral Familiar lembrou a importância de estar próximo das pessoas e das famílias e afirmou que, hoje, não é dos altares que se evangeliza, mas antes fazendo das preocupações do mundo, as preocupações da Igreja.


Entrevista de Lisa Ferreira




É actualmente vigário episcopal da região Centro. Quais as maiores dificuldades sentidas na coordenação desta região pastoral?
Sou vigário episcopal da região Centro desde 1994, quando fui também nomeado pároco da Sé Nova, portanto, já há 13 anos. Antes disso, fui vigário da região Nordeste, entre 1977 e 1987. É diferente a região Nordeste da Centro. Quando estive na primeira, tinham-se iniciado as regiões pastorais e tudo era novidade. Havia, de facto, a preocupação de saber o que o Sr. D. João pretendia e fomos aprendendo muito com ele. Os padres eram, entre si, mais familiares, a relação era muito mais próxima e tudo era feito em maior colaboração. Também eram mais os sacerdotes e, por isso, foi fácil desenvolver algum trabalho, nessa altura. Na região Centro existem algumas dificuldades de coordenação. A cidade, pela proximidade da Casa Episcopal, é um arciprestado à parte. Participo nas reuniões como qualquer outro pároco, porque sou pároco da Sé e sou um elemento normal. A coordenação de algumas actividades no arciprestado de Coimbra é feita pelo arcipreste. É com os outros, a Mealhada, Penacova, Lousã – Miranda do Corvo e Condeixa, que eu tenho algum trabalho. Penso que as regiões pastorais trouxeram outra sensibilidade à diocese. Pode parecer que criam fracturas por cada um procurar crescer por si, ser autónomo mas elas vieram dar uma maior unidade pastoral por haver objectivos e programas. A verdade é que agora há uma maior consciência de diocese . Também gostaria de dizer que sendo vigário há 22 anos, ainda que com um intervalo de alguns anos, estou cansado. Já disse ao Sr. Bispo que quero sair, também para que entre gente nova. Um dos males da nossa pastoral hoje é a rotina. Começamos a nivelar tudo por baixo. Penso que tem que haver maior dinamismo. Noto também que já não sou capaz de responder a muitas coisas. Há sacerdotes que têm a sua quinta e tratam só dela… Quando um padre está doente e surge um problema qualquer, acham sempre que quem tem que resolver o problema é o vigário… É importante que haja um sentido eclesial maior e unidade na diocese.


A região Centro é a mais urbana e mais central da diocese, na sua generalidade. Isso tem influência na prática cristã?
A região Centro é mais urbana mas penso que a todas as paróquias chega já, hoje, o bem do urbanismo e o mal também. Mas sim, nota-se, em parte, a diferença entre as zonas rurais e urbanas, no que respeita à prática cristã. Mas gostava de dizer que se calhar, à beira da cidade de Coimbra, e isso surpreende-me, há zonas mais rurais do que outras, lá para cima. Penso que a maneira diferente como se vive a prática cristã na região Nordeste talvez não tenha a ver tanto com a ruralidade mas antes com a forma como foi feita evangelização. Houve padres que se dedicaram muito no âmbito da Acção Católica, por exemplo. E, hoje, ainda estamos a viver os resultados desse esforço. Aqui, a evangelização não foi tão profunda, tão interior e não marcou tanto as pessoas. Quando alguém tem a marca de Cristo, numa zona urbana ou rural, não deixa a Igreja. Mas as zonas rurais prezam, de facto, os valores éticos, morais e religiosos. E tudo nasce muito na família. Mesmo agora, que toda a região é, claro, influenciada pelos valores modernos, muitos mantêm a prática cristã. Aqui, isto não acontece tanto, talvez, precisamente, porque a evangelização não foi tão forte.


O plano pastoral abordou, este ano, a acção social e a atenção aos mais pobres. A vivência do tema teve uma expressão prática na região?
Antes de mais, gostava de dizer que o balanço que faço do plano destes cinco anos é francamente positivo. Quando abordámos, nas nossas reuniões, a necessidade de avaliar o plano, pensei que os padres iriam dizer que estava tudo cada vez pior. Estamos, de facto, em mudanças contínuas e, portanto, as diferenças de hoje na ciência, na tecnologia, na mentalidade, têm muita influência na família e nos jovens e nós gostaríamos, naturalmente, que essas marcas não fossem tão grandes. Há cada vez menos jovens a participar na Igreja, há famílias que não têm consciência de que o são e não se distinguem muito, hoje, as famílias que são cristãs daquelas que o não são. Mas, ao longo destes cinco anos, a sementeira foi feita junto das famílias e dos jovens. Houve uma sensibilização maior para a ajuda aos carenciados e aos que sofrem e se não tivesse havido um plano definido e se não tivesse havido entusiasmo em torno dele, as coisas seriam diferentes. Este tempo foi marcante, houve sintonia de esforços, preocupação em dinamizar. Se calhar os frutos não são tão visíveis, mas compete-nos semear. Os frutos hão ver-se daqui a alguns anos. E houve muitas iniciativas e projectos que andaram para a frente e de que nem temos conhecimento. O Sr. Bispo diz, no Programa das Actividades Diocesanas, que "importa que as comunidades e os movimentos preparem leigos que sejam semeadores com ânimo e competência". Penso que é aqui que temos tido dificuldade: em formar leigos. Ainda queremos que tudo seja feito pelos padres. As comunidades têm que tomar consciência de que, elas próprias, têm essa missão de educar e evangelizar. Todos os leigos hão-de assumir essa responsabilidade que não é uma preocupação só dos padres, mas também do povo. A existência de um plano deu também unidade à diocese porque a sintonizou nos mesmos objectivos, propósitos numa mesma unidade pastoral.


É assistente espiritual do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar. Que trabalho pastoral procura desenvolver este organismo?
Eu sou só assistente espiritual. O presidente é o engenheiro Jorge Cotovio. O secretariado tem tido a preocupação de evangelizar a família, de dar atenção aos casais novos, de dar alguma formação. No primeiro ano, tivemos um projecto de formação para animadores, a nível regional mas não deu tantos frutos como gostaríamos… Os sacerdotes não estavam ainda preparados e tiveram dificuldade em escolher casais que pudessem participar nestes encontros. Tínhamos previsto três níveis de formação mas demos o primeiro com pouca gente e perdemos algum entusiasmo… Temos tentado fazer um trabalho de informação, através, por exemplo, de uma página na Internet, e continuamente vamos dando informação aos párocos. Eu sou apenas o assistente e vou dando o meu parecer que, geralmente, é aceite. O sr. Jorge Cotovio é um homem generoso, dedicado, com uma visão moderna dos problemas e tem sempre o cuidado de saber a minha opinião e de decidir e programar em conjunto comigo. Estamos muito longe de realizar uma pastoral familiar. Gostaríamos que ela fosse, em toda a diocese, um caminho dinamizador, para que tudo fosse marcado pelo aspecto familiar: a relação dos padres com as pessoas, a maneira como os padres se relacionam uns com os outros, a preocupação com as famílias, …. Era importante que o sentido de família atravessasse tudo. Cada vez temos mais dificuldades em evangelizar mas não vamos desistir e vamos continuar. O Espírito Santo há-de dar-nos força.


Qual é o maior entrave a essa evangelização nas famílias?
O grande problema é a apatia. As pessoas não reagem às nossas propostas e também sabemos que hoje as pessoas estão sempre ocupadas… A família está em crise e a melhor maneira de resolver isto é dando formação. É esta a grande preocupação do secretariado. Trabalha connosco um conselho alargado onde estão representados movimentos de espiritualidade familiar como as Equipas de Nossa Senhora, os Casais de Santa Maria, o Centro de Preparação para o Matrimónio (CPM), entre outros. Fazemos ainda um trabalho grande com os casais em dificuldade e criámos o Centro de Aconselhamento Familiar (CAF) onde surgem situações muito diferentes: problemas entre o casal, problemas económicos, de divórcio, de droga. De tudo. Temos connosco juristas e outras pessoas especializadas, que fazem parte da equipa, como um psiquiatra, um economista. Encaminhamos os problemas que aparecem para estes especialistas que têm feito um grande trabalho. Já ajudámos também a criar outros centros.


Este acompanhamento pessoal e próximo é importante?
Eu penso que sim. Hoje, se a pastoral não for acolhedora, junto das pessoas não funciona. Não evangelizamos dos altares e é importante estarmos próximos das pessoas e das famílias, para que elas sintam que estamos preocupados com elas. De facto, como foi dito no Concílio Vaticano II, as tristezas e alegrias do mundo têm que ser as da Igreja e nós ainda não entendemos bem esta expressão… Este mundo tem muitos aspectos negativos mas Deus está também neles e não podemos desistir de ninguém. A Igreja tem que se interessar por todos, pelos que passam por um divórcio, pelos que não vão à missa, … Nós pensamos que é importante formarem-se pequenas equipas em cada paróquia, que estejam atentas aos problemas das famílias, das mães solteiras, dos casais jovens. Temos que acolher, acompanhar, informar. E é importante implantar equipas em cada paróquia como existem para a catequese, para o apoio sócio-caritativo, etc. Onde elas funcionam, faz-se um trabalho mais válido.



É também assistente espiritual dos Cursos de Cristandade. Ainda é actual?
É um movimento que continua actual porque os seus objectivos são os de formar "líderes cristãos" e o de fermentar de Evangelho os "ambientes". Muita gente deixou de acreditar nos Cursos de Cristandade (CC), talvez pelos erros e exageros do passado, mas os padres que têm apostado nos CC têm a alegria de ver as suas paróquias a renovar-se. Muitos dos leigos que temos à frente dos Conselhos Económicos, na acetequese e nas instituições sociais da paróquia passaram por um CC. Deixo um apelo forte aos padres que voltem a acreditar nos CC ou ao menos noutro movimento evangelizador. Sem espírito apostólico e missionário não teremos paróquias vivas.


Como caracteriza a paróquia da Sé Nova, onde é pároco?
Deve ser das paróquias mais pobres e com pessoas mais idosas, na zona da Alta, mas tem também uma área de pessoas que vivem bem. É difícil de paroquiar porque apesar de haver bastante gente, muitos não se sentem paroquianos na fé e muitos vão a outras igrejas: aos Franciscanos, ao Carmelo, a Santa Cruz. É uma paróquia onde não há unidade. Tenho visto que a participação na missa ao Domingo tem aumentado, por um lado, porque é uma igreja bonita para quem quer casar e baptizar crianças e, depois, porque tenho feito um esforço para acolher as pessoas e tentar resolver os seus problemas. Temos agora, também, um grupo coral que já foi descoberto por algumas pessoas que ficam felizes por participar ali na missa. Há na paróquia um bom grupo de escuteiros com bons chefes em quem os pais confiam, mas tenho alguma dificuldade em ter ali movimentos também por a população ser mais idosa. Existe a Legião de Maria e as Conferências de S. Vicente de Paulo, que trabalham muito bem. Funciona lá o Banco de Tempo que não está ligado à paróquia e que só tem ali a sede. Praticamente, vão lá uma vez por semana mas trouxe algum valor, ainda que não tivesse sido tanto como pensei no início.

Semana de Experiência Missionária


De 3 a 12 de Agosto, jovens dos 16 aos 30 anos podem viver uma Semana de Experiência Missionária, organizada pelos Missionários Combonianos, em Arganil. A iniciativa pretende proporcionar aos que aceitarem o desafio uma oportunidade de aprofundamento da fé, uma experiência de reflexão, oração individual e em grupo, um contacto directo com a vocação missionária, a participação em acções missionárias e de solidariedade, o estudo de temas bíblicos e vocacionais.
Para mais informações, podem ser usados os contactos do grupo Jovens e Missão: 239 701 172 ou jovemissio@gmail.com.

Colégio da Imaculada Conceição recebe 2.º festival da SOLNEC


O Colégio da Imaculada Conceição (CAIC), em Cernache, acolhe, no dia 2 de Junho, o II Festival SOLNEC "Juntos na Diferença". O encontro é uma forma de celebrar a campanha de solidariedade realizada pelo Núcleo de Escolas Católicas (NEC), em favor da Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM), uma das instituições contempladas no projecto Vida Corajosa. Este projecto faz parte do programa SOLNEC, que visa o incremento do voluntariado dos alunos das escolas católicas da diocese, junto de pessoas portadoras de deficiência.
Sendo também uma forma de celebrar o "Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos", o programa do dia é extenso e variado e prevê várias actividades em simultâneo, sempre com vista à interacção com os utentes da APPACDM. Durante a manhã haverá passeios de BTT, podendo as pessoas com mais de 18 anos colaborar numa campanha de recolha de sangue. Para a tarde, estão previstos jogos tradicionais, passeios de canoa e barco, momentos musicais, pinturas colectivas, fantoches e desafios de futebol. Pelas 16h, os utentes da Associação oferecem um espectáculo. A Eucaristia realiza-se ao final da tarde, para os que desejarem participar.
Durante a campanha de solidariedade, os alunos tiveram já ocasião de conviver com utentes dos centros de Coimbra, Montemor, Arganil e Tocha, assistindo a um desafio de futebol e aderindo á campanha da APPACDM "traz…tinteiros vazios e zás…temos carrinha nova". O NEC reuniu já cerca de 2000 euros como resultado de participação no jogo de futebol e está a vender cupões a sortear no dia do festival.
Integram este núcleo de escolas, o Externato João XXIII, a Escola da Casa de N. S. do Rosário (Tavarede) e os Colégios de S. Teotónio, S. José, Rainha Santa e da Imaculada Conceição (Cernache).

XIII Festa das Famílias


300 famílias da diocese reunidas no fim da Semana da Vida


"Se a felicidade é uma construção, a família é o alicerce e a base fundamental dessa construção que sobe para o Alto". Nestas palavras do Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, proferidas na homilia da Eucaristia da XIII Festa das Famílias, está resumido o sentido deste encontro diocesano que se realizou, no passado Domingo, na Escola Ferrer Correia, no Senhor da Serra.
Apesar da chuva, foram cerca de 700 as pessoas que quiseram partilhar, pelo encontro em Igreja, a importância de ser família cristã no mundo de hoje. A iniciativa, que acontece há 13 anos, realizou-se no final da Semana da Vida, uma iniciativa da Comissão Episcopal do Laicado e da Família, que decorreu de 13 a 20 de Maio sob o tema "Felicidade Humana – preocupação de Deus". O programa da Festa das Famílias, culminar da semana, incluiu, para além da celebração da Eucaristia e do almoço partilhado, uma tarde cultural com actuações do Rancho Folclórico das Tecedeiras dos Moinhos, do Rancho Infantil da Granja de Semide, do Coro da Casa do Povo de Miranda do Corvo, do Coro Juvenil de Santa Maria de Semide, da fadista Joana e ainda do padre João Paulo Vaz, que acompanhou com canções as suas palavras de testemunho. A partilha de experiências coube também a dois casais de leigos, com filhos e sem filhos, a uma leiga consagrada, a um seminarista e a uma mãe viúva com um filho portador de uma deficiência. A música e o barulho alegre encheram a Escola do Senhor da Serra, que acolheu várias gerações, trazidas pela vontade de conviver, de partilhar o Domingo e de celebrar a mesma fé.
Como explica o cónego Sertório, assistente espiritual do SDPF, "o que se pretende é que as famílias se juntem para rezarem, conviverem, para se conhecerem e apoiarem". Também para Jorge Cotovio, director deste organismo, a Festa é, sobretudo, uma forma de "proclamar que a família está viva e que é o pilar fundamental da sociedade". "Festejar a vida" e a alegria de ser parte da mesma Igreja diocesana são outros objectivos fundamentais do encontro, nas palavras deste responsável.
Na Eucaristia, D. Albino, afirmou que "Deus quer que sejamos felizes", sendo no seio da família que devem transmitir-se valores certos e seguros, que constituem depois a "argamassa" de uma construção cujo "horizonte é Jesus Cristo". Manifestando, em declarações ao "Correio", agrado pela realização do encontro e apesar de reconhecer que a Semana da Vida foi, talvez, pouco vivida na diocese, o Bispo de Coimbra, salientou a importância de evangelizar, ajudando as famílias a serem comunidades de vida, amor e exemplo. Jorge Cotovio, dando conta das propostas de oração e reflexão enviadas a todas as paróquias, a organismos e movimentos, no âmbito desta Semana da Vida, explicou a necessidade de "viver as coisas intensamente em cada família", lamentando alguma dispersão causada pela multiplicidade de ofertas do nosso tempo e afirmando que talvez a família não seja ainda uma prioridade pastoral, em muitos casos.
Sendo do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar (SDPF) a responsabilidade de promover o encontro, coube também às paróquias do concelho de Miranda a organização logística, humana e material da Festa, através de um equipa composta por leigos, coordenada por Adelino Vaz e auxiliada pelo padre Armando Duarte.



Lisa Ferreira

Semana de Estudantes de Teologia


Evangelizar é mostrar Deus no mundo de hoje


"Que é feito de Deus neste nosso ponto de viagem?" Foi com estas e outras dúvidas, marcadas à partida pelas respostas de cada um, que o cónego António Rego interpelou os que, no dia 16 de Maio, na Igreja de S. José, assistiram à última conferência da Semana de Estudos dos Estudantes de Teologia. "Face à Indiferença, a Diferença Cristã" foi o tema trazido à discussão pelo Director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, que lembrou que é o nosso "GPS do coração" que deve guiar-nos. Para que "as perguntas que se colocam na nossa cidade interior" possam ter resposta numa fé vivida hoje no mundo do nosso tempo.
Expressa nas palavras de um teólogo, há, em muitos, a crença de que "estamos sem notícias de Deus". Mas, para o também professor da Universidade Católica, "Ele atravessa a nossa história, a nossa rua com as pegadas silenciosas com que sempre atravessou o tempo" e "está nas entrelinhas da história, no escritório e no laboratório silenciosos, no pão partilhado, na grande comunidade, no abraço de cada regresso do filho ao Pai".
Ser Igreja é, então, escutar as "parábolas de hoje"; evangelizar não é senão explicitar, tornar visíveis os sinais de um Deus que se manifesta também no mundo actual.

O Professor Doutor João César das Neves abordou na noite anterior o tema "A indiferença religiosa – perspectiva ecclesial". Segundo este docente da Universidade Católica, "o nosso tempo não é mau, tem é um problema de surdez". Para João César das Neves, o problema não está no ateísmo, mas sim no misticismo. "Falar de Deus hoje é exigente e torna-se mais fácil falar de anjos", disse perante os alunos do ISET.
Para combater a indiferença religiosa dentro da Igreja, João César das Neves propõe uma linha orientadora para qualquer cristão: Apontar o caminho para Jesus Cristo, encontrarmos com Ele, descobrir essa nova realidade e mudar radicalmente a nossa vida.
Inseridas no programa da Semana de Estudos, realizaram-se também uma Vigília de Oração pela Igreja, no dia 17 de Maio, a Eucaristia de encerramento e um Recital com o Coro Vox Aetherea, no dia 18 de Maio.