Apenas 5% da população mundial conhece a mensagem de Fátima. É pelo menos esta a convicção de Thomas McCormack, o irlandês que realizou e produziu o documentário "Apelo de Fátima", em duplo DVD, apresentado na passada segunda-feira no Memorial da Irmã Lúcia, em Coimbra. O trabalho está editado em 11 línguas, incluindo chinês e russo e, brevemente em árabe, hindu e coreano.
Directamente do Memorial da Irmã Lúcia, o filme, baseado nos registos da última das videntes de Fátima, deverá chegar a uma audiência de um bilião de pessoas em todo o mundo, acredita o produtor, que deseja chegar a 75% da população dos cinco continentes.
Quando decidiu embarcar nesta aventura, Thomas McCormack não tinha qualquer experiência no mundo cinematográfico, nem sequer alguma vez trabalhara com câmaras de filmar. A ideia surgiu-lhe num momento de grande dificuldade financeira da empresa onde trabalhava, quando, a 13 de Maio, recebeu um cheque de 70 mil euros, que o fez respirar de alívio. A coincidência da data fê-lo querer viajar até Fátima, o que aconteceu em 1999, na companhia da mãe.
Surgiu então o primeiro filme – "O apelo de Fátima – a história" -, já visto por 1,180 milhões de pessoas e baseado no livro "Apelos da Mensagem de Fátima", com um período temporal que vai até aos funerais da Irmã Lúcia e do Papa João Paulo II. Neste volume surgem referências às visitas do anjo em 1916, seis visitas de Nossa Senhora em 1917, os três segredos, a aparição de 1919, a experiência da Irmã Lúcia de ver o inferno, a história e as mortes de Francisco e Jacinta ou a visita de João Paulo II em 1981, entre outros aspectos.
Demorou cinco anos a ficar completo e custou 175 mil euros, bem mais caro do que o orçamento inicial de 10 mil euros.
O segundo volume – "A mensagem" –, inspirado na obra "Fátima nas palavras de Lúcia (Memórias I)", surgiu por sugestão de Celina de Jesus, prioresa do Carmelo de Santa Teresa, uma das personalidades que conviveu directamente com a vidente e que dá o seu testemunho do documentário, ao descrever o falecimento da Irmã Lúcia a 13 de Fevereiro de 2005.
Surgem também Branca Paul (médica da Irmã Lúcia nos últimos 15 anos da sua vida), padre Valinho (primo da pastorinha) e o padre Kondor (vice-postulador da causa da canonização de Francisco e Jacinta), que destaca a sétima aparição.
Com a aprovação prévia do Vaticano, o documentário ganhou o galardão de St. Maximillian Kolbe para a educação. Traduzido agora em 11 línguas, o objectivo "é muito simples", realçou o produtor, "é o mesmo de Nossa Senhora: salvar e levar todas as almas para o céu".
Para isso, "temos de comunicar", daí o desejo de levar o filme ao maior número de países possível, independentemente da religião. Por exemplo, o ano passado, Thomas McCormack esteve nos Estados Unidos a fazer a divulgação deste projecto, tendo recebido várias manifestações de católicos e não católicos.
Sobre os escritos da Irmã Lúcia que deram origem ao documentário, já em 2000, o então cardeal Joseph Ratzinger, actual Papa Bento XVI, classificou o livro "Apelos da Mensagem de Fátima" como o "mais importante para o católicos no século XXI".