Correio de Coimbra

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13 de março de 2008

Fé e Compromisso


ENSINO, UMA TAREFA DE TODOS

José Dias da Silva

Foi uma grande manifestação a dos professores em Lisboa. Cem mil pessoas é mesmo muita gente.
As manifestações são um dos exercícios da democracia, que é um sistema onde se cruzam necessariamente interesses e opiniões diferentes que devem ter a sua expressão pública. Por isso, o estado normal da democracia deve ser o de "crise", de confronto ou conflito. Quando tudo está em harmonia não há verdadeira democracia: ou temos autoritarismo ou o total desinteresse dos cidadãos, o que é desastroso.
Contudo, a manifestação de Lisboa e a sua grandeza não deve deixar a ideia de que os problemas do país se resumem ao ensino. É um problema muito complexo e estruturante, que tem de ser resolvido num clima de muita serenidade e sentido das responsabilidades, mas não é o único. Por outro lado, chamou-me a atenção que a maior manifestação de professores tenha tido como palavra de ordem a avaliação. Apesar de referências a um descontentamento generalizado, à falta de respeito pelos professores, etc., no fundo o grande motor foi a avaliação. Nesse sentido, não estou com os professores. Há muitas questões a resolver e a resolver em diálogo e com cedências mútuas, mas espero sinceramente que o governo ou a ministra não recuem na avaliação. Seria deixar tudo quase na mesma.
Porque a avaliação é um elemento fundamental e indispensável no desenvolvimento de uma sociedade. Ajuda a descobrir erros, incompetências, baldices, absentismos e põe em causa um "faz de conta" que existe demasiado na nossa sociedade. Mas esta minha exigência não é só para os professores, mas para todos os servidores públicos. A avaliação, que nunca será perfeita, distingue o mérito, estimula os trabalhadores sérios, castiga os que andam por aí à espera do fim do mês. Compreende-se esta angústia da avaliação, mas é muito mau sintoma que só ela tenha mobilizado tanta gente, quando há muitos outros problemas graves.
Por exemplo, todos os anos há 120 mil alunos a chumbarem no básico, 17% dos estudantes do secundário são repetentes e 46% abandonam a escola no 12.º ano. Nesta realidade todos temos culpas e a todos os agentes tem de ser exigido competência, dedicação e esforço. Muitas são as causas que podem apontar-se, pelo que todos temos de ajudar na sua resolução.
Uma primeira dificuldade está nos alunos. Eles são diferentes dos das gerações anteriores, nos interesses e motivações e até nos comportamentos. Depois, são muito mais que antigamente. E este mais significa um maior número mas também que, com a escolaridade obrigatória, chegaram à escola muitas crianças "disfuncionais" que não apareciam antes.
E, no entanto, a generalidade dos professores continua ser preparada para uma escola clássica, onde não existiam muitos destes problemas. Mais, dadas a falta de docentes e a falta de emprego, muitos professores não têm vocação para tal: "educar é amar" lia-se num cartaz da manifestação. E, perante estas transformações todas, muitos não perceberam que o problema maior do ensino não está no que transmitir mas no como: como motivar, como seduzir, como prender. E este exercício é muito complicado e exige uma criatividade continuada.
Terceira dificuldade e, para mim talvez a maior está no ministério. Eu estaria de alma e coração com os professores se eles fossem manifestar-se contra os programas e as imposições pedagógicas, que possivelmente serão a principal causa do stress dos professores e do insucesso escolar: programas enormes, desajustados da realidade, repetitivos, sem a preocupação por dar os conceitos básicos em vez de programas universitários, sem o objectivo claro de ensinar "a ler, a escrever e a contar"; depois aquelas contínuas mudanças de terminologia que só servem para baralhar e cuja última versão (até agora) tem o épico nome de tlebs (Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário); depois vêm as recomendações de sábios pedagogos para que não se obrigue as crianças a decorar ou se ensine brincando, como se o estudo fosse uma brincadeira e uma palhaçada e não um trabalho exigente; depois vêm os pseudo-disciplinadores que retiram a autoridade ao professor na sala de aula e possibilitam todo um conjunto de "maus comportamentos"; depois vêm as subtis ou explícitas instruções para se facilitar tudo de modo a que o nosso insucesso escolar seja reduzido, não pela exigência do saber ministrado e adquirido mas pelo facilitismo e o nivelamento por baixo. Nesta manifestação devíamos estar professores, pais, alunos aos milhões à porta do ministério exigindo não tanto a cabeça da ministra, mas a de todos estes sabidos. Porque não tenhamos ilusões, os ministros passam e eles vão lá continuar.
Seja como for de uma coisa devemos estar convictos. A sociedade de hoje só se pode desenvolver e tornar mais à medida da pessoa, se for um sociedade do conhecimento, onde o nível cultural dos seus membros seja cada vez maior e de melhor qualidade: "Existe, em particular no nosso tempo, uma outra forma de propriedade, que reveste uma importância nada inferior à da terra: é a propriedade do conhecimento, da técnica e do saber. A riqueza das nações industrializadas funda-se muito mais sobre este tipo de propriedade do que sobre a dos recursos naturais" (CA 32).

AOS PÉS DA CRUZ


Teresa Martins

Nós, cristãos, vivemos os mistérios da dor de Cristo (dolorosos) com uma sensibilidade excepcional, daí que os rituais do tempo quaresmal, como a Via Sacra e o jejum, ou mesmo as nossas particulares atitudes comportamentais, tenham, geralmente, um laivo de fé. Maria, mãe de Jesus e nossa mãe («Mulher, eis o teu Filho») conservou-se aos pés da cruz, mesmo vendo os discípulos pôr-se em fuga… E quando Cristo subia, já tão sem forças, a caminho do Calvário, o camponês Simão de Cirene é obrigado a levar-lhe a cruz, para que Ele não desfaleça antes da crucificação. «Quando o Senhor cedia ao peso da cruz, foi obrigado pelos soldados a ajudá-lo. Este acto de caridade, ainda que involuntário, valeu-lhe uma recompensa do Senhor, pois seus filhos, Alexandre e Rufo, converteram-se à fé cristã e foram discípulos dos Apóstolos…», lemos na enciclopédia. E nós ouvimos a voz do coração, e ficamos imensamente condoídos, mas cumprir a voz do Profeta é mais complicado… «O jejum que eu aprecio é este, oráculo do Senhor Deus: Abrir as prisões injustas, desatar os nós do jugo, deixar ir livres os oprimidos, quebrar toda a espécie de jugo; repartir o teu pão com o esfomeado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir o nu, e não desprezar o teu irmão…», Isaías, 6 a 8) Mesmo cumprindo pouco (e mal), a Quaresma foi, desde sempre, tempo de silêncio muito respeitoso e de uma oração com dor sentida perante todos os momentos da Paixão de Cristo. Como tudo na vida, também em mim houve, ao longo dos anos, mudanças nas manifestações exteriores, mas nenhuma Quaresma me deixou indiferente, dada a maneira como as vivi na minha meninice. Os jejuns!… Eles eram obrigatórios, mesmo para as crianças, só que a estas, tanto quanto me recordo, era permitido comer várias parvinhas ao dia… Essas "parvinhas" (dejejuadouros), em qualquer altura do ano tinham o nome de bucha ("já comi uma bucha!"), julgo eu agora que o termo "parva" era simplesmente ligado ao jejum, e sorrio à recordação das belas fatias de pão centeio, de fabrico caseiro, bem barradas com queijo da serra ou marmelada (a manteiga veio muito depois) que eu comia sempre que queria, com autorização, e sem quebrar o jejum! Era isto educar e fazer crescer na fé? Claro que sim…
E as "cinzas"? Poderei eu, hoje, receber as cinzas que me lembram a nossa condição humana sem deixar de recordar a minha saudosa mãe a limpar, com extremo cuidado a pedra da lareira, libertando-a de todo e qualquer vestígio da fogueira diária? E posso apagar da minha memória aqueles molhinhos de vides, designados por capões, que ela depois colocava bem no centro daquela pedra, onde iriam ser transformados na cinza a ofertar à igreja? A tradição vinha de longe. Assim, aquelas vides haviam sido seleccionadas logo na poda das vinhas, porque tinham de ser as varas mais tenras das videiras e, para atiçar o lume, apenas restos da estopa (rejeitados depois de se ter usado o sedeiro), a que davam o nome de molinhaço. Até no apanhar e no arrefecer daquela finíssima cinza havia provas de carinho, e fé de mover montanhas…

Inventariação da Paroquia de Bolho


José Eduardo R. Coutinho

No dia 5 deste mês, ficou concluída a inventariação da paróquia de Bolho, com um total de 37 fichas e respectivas fotografias, abrangendo o património da igreja matriz e de duas capelas.
A arqueologia local é suficiente para provar a existência de população no território, que ascende, pelo menos, à Pré-História recente, mas, da época pré-nacional, a do domínio islâmico, nenhuma documentação directa se conhece, nem a toponímia apresenta qualquer caso que possa provir, inegavelmente, desse tempo.
Mesmo depois do século XIII, também são escassas as informações documentais, apesar de ser muito remoto o povoamento da região de Coimbra a Montemor e da faixa litoral, do Vouga ao Mondego, em cujo horizonte está Bolho de a par de Cantanhede, assim referido num diploma de 1113, pelo qual Salvador Sandines e mulher Susana venderam, a Randulfo Zuleimaniz e mulher Justa, metade da uilla de bolio, precisamente a parte situada trans illo rego qui est pro ad illa fontanina, nessa uilla quod dicitur bolio quod fuit de soecrum meum Mofarrig Azaqui.
Está claro que aquele indivíduo era o pai de Dona Susana, a concessora, e a villa (a grande propriedade agrícola) aparece, nitidamente, de um moçárabe, que a devia ter presurado após a reconquista cristã de Coimbra, em 9 de Julho de 1064, e, de seguida, repovoado por sua, cumprindo as ordens do Alvazir Dom Sesnando.
Simultaneamente, o nome Mofarrig Azaqui, desse dono da uilla bolio, é um completo testemunho do moçarabismo e certifica o modo de repovoamento vigente: a presúria sesnandina, insistentemente recomendada pelo celebérrimo governador do condado conimbricense, igualmente moçárabe e que dela dava exemplo, até em Cantanhede.
O posterior historial da localidade, de que, talvez, Dom Randulfo e Dona Justa já possuiriam a outra metade, por anterior aquisição, por esse ou outro modo, ficou perdido por falta de documentação conhecida, como a da instituição da paróquia de São Mamede de Bolho, já mencionada no rol das igrejas, de 1321.
Basta considerar a escolha do veneradíssimo mártir da Capadócia para ser crível uma remota vivência cristã no local, a economia agro-pastoril desenvolvida e o persistente cultivo das terras, muito férteis e produtivas. Ulteriormente, a igreja teve a categoria de priorado e, por donatários, os condes de Pombeiro.
No conjunto das peças inventariadas, sobressaiam as boas imagens em pedra, do século XV, honrando a exímia produção escultórica das oficinas de Coimbra, grande utilizadora das reservas calcárias da zona de Portunhos – Ançã – Outil, outras dos séculos XVI e XVII, e algumas do XVIII, em madeira e de panejamentos esvoaçantes.
Quanto a retabulária, os trabalhos esculpidos em calcário e madeira provêm de finais de Seiscentos; as pratas inscrevem- se nas tipologias setecentistas e oitocentistas, segundo o mais comummente divulgado.
Por fim, um interessante conjunto de paramentaria seiscentista, completo e muito bem conservado, possivelmente devido ao presbítero Pedro Carvalho - que mandara fazer a capela-mor e , por isso, está perpetuado no enunciado epigráfico da lápide lá colocada, com data de 1669 – atesta os factos característicos das circunstâncias portuguesas da época e da indústria têxtil nacional.
Com efeito, apreciando a estrutura dos tecidos e os motivos ornamentais adoptados, é possível definir concepções bem organizadas, plenas de vigor e detentoras de reconhecida qualidade, nos damascos, taqueté, galão, franjas e passamaneria.Embora mantendo a complexidade técnica dos panos, duráveis e robustos, o efeito ornamental obtido somente realça singelezas austeras: a ausência de fios metálicos, de prata e de ouro, determinantes de brilhos e cintilâncias vistosas, muito apreciadas pelos efeitos ricos e subtis, justifica o grandioso esforço na guerra da independência, mantido na segunda metade do século XVII, que absorvia os metais preciosos do País e conduziu as produções nacionais à evidente sobriedade, assim processada, numa época de contenções económicas.

Reunião do Conselho Presbiteral

Nos passados dias 5 e 6 de Março reuniu o Conselho Presbiteral da diocese de Coimbra. Para além da aprovação dos seus Estatutos e da avaliação das Assembleias Diocesanas ocorridas nas diversas Regiões Pastorais, da agenda contava, como tema de reflexão, «a dinâmica missionária das nossas paróquias. Como consegui-la?».
Após, em reuniões passadas, os membros do Conselho terem reflectido e apresentado conclusões acerca de realidades como a celebração da Eucaristia, a formação de catequistas, a pastoral da caridade, a pastoral da saúde, o trabalho em arciprestado como unidade pastoral e o estilo de vida do sacerdote, agora, sentiu-se a necessidade de reflectir sobre a dinâmica missionária a promover nas paróquias das diocese.
Começou-se por analisar o que já se faz e verificou-se que este dinamismo já está presente na maioria das comunidades cristãs, mesmo quando se trata da religiosidade popular, na qual se oferece sempre uma proposta de evangelização, ou introduzindo algumas acções de formação para os cristãos que procuram os sacramentos. Através de intenso diálogo, os presbíteros presentes na reunião do Conselho analisaram as situações culturais e eclesiais em que se faz a acção evangelizadora das paróquias e concluíram que se torna necessário ter presente um conjunto de critérios sem os quais as comunidades cristãs ficam muito limitadas nos seus dinamismos missionários. São eles: cuidar de um núcleo cristão que viva profunda e conscientemente a Eucaristia; promover os diversos ministérios na comunidade de modo que o verdadeiro agente da missão seja a comunidade e não apenas o sacerdote; promover formas de formação cristã de adultos; valorizar e promover os movimentos e os pequenos grupos de intervenção no espaço público, formando os leigos para a sua presença no meio do mundo à maneira de fermento; impulsionar, inclusivamente, grupos de acção de rua; cuidar do testemunho cristão da caridade para com os mais pobres. Por fim, sublinhou-se a necessidade de proporcionar nas comunidades cristãs a dimensão do verdadeiro acolhimento.
Todos estes elementos vão ser trabalhados por um grupo designado pelo Conselho Presbiteral em ordem a elaborar um documento orientador para a diocese.

PARÓQUIA DE CORTICEIRO DE CIMA EM FESTA


Mais de mil pessoas assistiram à missa nova de Filipe Diniz

Grande multidão acompanhou o novo padre em cortejo, da sua casa até à igreja paroquial, onde foi realizada uma missa campal


Carla Assunção e

Mirla Ferreira Rodrigues


A paróquia do Corticeiro de Cima viveu um momento de grande alegria, no passado dia 8 de Março: mais de mil pessoas encheram o adro da igreja para assistir à missa nova do recém ordenado Filipe Diniz, filho da terra.
Depois de ter sido ordenado sacerdote em Coimbra, a 2 de Março, Filipe Diniz não imaginava o empenho e o envolvimento da comunidade para organizar uma festa digna de registo. A rua Padre Basílio Costa Morgado, onde residem os pais, foi decorada com ramos de árvores e um tapete de flores e verduras com representações da cruz e do cálice das hóstias feitas em pétalas de flores e tâmaras de palmeiras, e que se estendiam até ao largo da igreja.
O Agrupamento de Escuteiros de Febres, Seixo de Mira e de Ferreira do Zêzere, assim como vários elementos do Grupo Etnográfico de Corticeiro de Cima, foram buscar Filipe Diniz a casa dos seus progenitores, e a multidão encheu a rua para ver passar o novo sacerdote, que nesse dia esteve cortada ao trânsito. No adro da igreja, decorado com centenas de orquídeas e flores, e onde estava montada uma tenda gigante para a missa campal, mais de 600 pessoas já esperavam sentadas e aguardavam o início da eucaristia, solenizada pelo Grupo Coral de Corticeiro de Cima.

Caminho de Deus

Com a presença de dez padres do Seminário Maior de Coimbra e da Diocese de Coimbra, e quatro diáconos, foi celebrada a eucaristia. Na homilia, o padre Filipe falou à multidão ali presente sobre “alguns sinais de Jesus”, presentes no Evangelho, e sobre a sua escolhe em ser sacerdote. “Ser padre, penso que nunca tinha sido anteriormente um ideal para a minha vida. Mas, como é bonito perceber que houve muitas pessoas que me fizeram entender que este era o meu caminho”, esclareceu, dirigindo-se à família e amigos da sua terra “como pequenos instrumentos de Deus”.
“Foi no seio familiar que nasceu esta vocação sacerdotal. Nunca fez parte dos planos dos meus pais terem um filho padre, mas como é belo perceber que o caminho de Deus é algumas vezes diferente daquele que nós pensamos ou idealizamos… Os meus pais, a quem agradeço tudo o que foram e o que continuam a ser, sempre acreditaram muito nos filhos que deram a este mundo”, reforçou Filipe Diniz, que recordou ainda o apoio familiar recebido dos avós, tios e primos.
O bisavô materno, de 98 anos, também não foi esquecido. “O meu bisavô Maximino é um testemunho de vida fantástico, postura sorridente e bela no abraçar da vida como ele abraça. Força de vida para qualquer um, até para mim cada vez que me encontro com ele, venho com mais vida. Devo-lhe muito, pela oração que tanto fez por mim e por todos”, destacou o padre, que comoveu muitos dos presentes até às lágrimas.
Em declarações ao jornal Boa Nova, Filipe Diniz deu a conhecer a emoção sentida por ver o envolvimento da comunidade. “Senti um ambiente muito acolhedor das pessoas da minha paróquia. Gostei imenso de ouvi-las partilharem o espírito de entrega para os preparativos da festa… É bonito perceber toda a envolvência das pessoas para acolher um filho da terra para celebrar a eucaristia com Ele com alegria. Senti uma Igreja que celebra e que fez festa como um filho da terra que é padre”, afirmou o novo sacerdote.
Filipe Diniz servirá as paróquias de Ferreira do Zêzere, Pias, Igreja Nova do Sobral, Paio Mendes e Dornes. No dia seguinte à missa nova celebrou a eucaristia dominical na paróquia de São Caetano.

Comunidade unida

Para receber a missa nova de Filipe Diniz, a paróquia de Corticeiro de Cima mobilizou-se de uma forma numa antes vista. Os preparativos começaram quatro semanas antes, com a organização da cerimónia. A ideia de fazer uma festa surpresa foi um das metas traçadas e a população não olhou a meios para alcançar o fim desejado.
“É uma coisa impressionante… nunca pensei que as pessoas se envolvessem desta forma”, afirmou Vítor Ciniz, pai de Filipe, quando olhava para as dezenas de populares que se ocupavam na decoração da igreja, do adro e das ruas”. “Flores chegaram às centenas… fizemos um apelo na missa e já nos chegaram mais de mil orquídeas e flores, tudo oferecido por habitantes de Corticeiro de Cima, Corticeiro de Baixo, Carapelhos, Presa e Vilamar”, afirmou o progenitor, emocionado.
Rosa Miranda passou a tarde da véspera da missa nova a compor os arranjos florais, ajudando outras populares. Tia do sacerdote, há uma semana que viajou propositadamente de Miranda do Douro, onde reside, para assistir às cerimónias e preparar a surpresa ao sobrinho. “É uma emoção indescritível e um orgulho muito grande pelo Filipe. Não há palavras para descrever o que sinto”, afirmou.
Também Maria Olívia Caetano também veio de Paris para assistir à ordenação e à missa nova de Filipe Diniz, e a satisfação não poderia ser maior.”Conheço desde pequeno e é uma bênção para Corticeiro de Cima ter um padre. Estou muito feliz e penso que toda a paróquia também está, porque está unida para recebê-lo da melhor maneira”, disse ao jornal Boa Nova.
Maria Ausenda Diniz, mãe de Filipe, reconheceu a alegria sentida por esta onda de solidariedade e união que “inundou” a paróquia de Corticeiro de Cima. “Estou muito feliz, especialmente porque o meu filho chegou a sacerdote. Apesar de sabermos da escolha dele no final do 12º ano, sempre o apoiámos nas suas decisões. Ficámos muito admirados e surpreendidos, mas sempre respeitámos a sua escolha”, afirmou a mãe de Filipe.
“A maior alegria que temos é vê-lo feliz e a seguir a sua vocação. Se esta é a sua missão e ele se sente feliz assim, então aceitamos. Porque o longe faz-se perto e o Filipe estará sempre nos nossos corações”, conclui, com a voz embargada.

12 de março de 2008

Semana Santa na Catedral de Coimbra


A Igreja de Coimbra celebra, na Catedral, o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.
As celebrações são presididas por D. Albino Cleto.
O Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto preside na Sé Nova, às diversas cerimónias da Semana Santa que têm início no Domingo, dia 16 de Março, com a celebração do Domingo de Ramos. O cerimonial começa às 10h45, no largo da Igreja de S. Salvador, com a bênção dos ramos, seguindo-se em procissão para a Catedral, onde é celebrada a missa da Paixão.
Na Quinta-feira Santa, às 10,30 horas, D. Albino concelebra a Eucaristia (Missa Crismal) com sacerdotes do seu presbitério, em sinal de unidade eclesial. Nesta celebração salientam-se a renovação das promessas sacerdotais, a consagração do óleo dos catecúmenos e dos enfermos.
Na tarde de Quinta-feira Santa começa o Tríduo Pascal – os três dias em que a Igreja celebra o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor que «morrendo destruiu a morte e ressuscitando restaurou a vida». O Tríduo Pascal inicia-se com a celebração da missa da Ceia do Senhor, às 18 horas, recordando a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio da Nova Aliança. O cerimonial inclui o lava-pés.
Na Sexta-feira Santa haverá, às 9h30, a recitação do Ofício de Leituras e Laudes. Às 18 horas, tem lugar a celebração da Paixão do Senhor e a Adoração da Cruz. Na primeira parte, a Palavra de Deus mostra-nos Jesus como vítima e como sacerdote – a Sua morte é acto de mediação universal e causa de salvação. Na Cruz, símbolo do nosso resgate, adoramos Jesus Cristo «Salvação do mundo». Às 21h30, faz-se a Via-Sacra, entre o Seminário e a Sé Nova.
No Sábado à noite, pelas 22 horas, celebra-se a solene Vigília Pascal. É ela o ponto culminante da Semana Santa, o coração da liturgia cristã, o centro do ano litúrgico, a mais antiga e a mais rica de todas as Vigílias. Santo Agostinho chama-lhe «a mãe de todas as vigílias».
Destaca-se, nesta celebração, a liturgia da Luz, com a bênção do Lume Novo. O Círio Pascal é símbolo de Cristo ressuscitado que vai à frente guiando o Seu Povo.
No Domingo de Páscoa, às 11 horas, é celebrada a Missa da Ressurreição, seguida de Bênção Papal.
A parte musical está a cargo do Grupo Coral da Sé, orientado e regido pelo Padre Dr. Manuel Augusto da Silva Frade.


Miguel Cotrim

Retiro na Casa da Sagrada Família

A Sagrada Família vai proporcionar de 15 a 17 de Março, na sua casa de retiros, na Praia de Mira, uma experiência de oração e de silêncio. O encontro será orientado pelo Padre Fernando Pascoal, assistente do ISSF. Para mais informações poderão entrar em contacto para o 96 9098616 ou sagradafamilia@sapo.pt

Uma prenda para o Dia do Pai



A presente medalha, obra do escultor Jorge Coelho e editada pela Medalhística Lusatenas pretende traduzir o reconhecimento e a gratidão devidos a todos os pais que procuram ser mestres, ser formadores e ser amigos.
Esta medalha encontra-se à venda nas lojas da especialidade.
Medalhística Lusatenas
Fernando Simões Ribeiro
Rua Simões de Castro - 138
3000-387 Coimbra
Tel. 239 836663 - Fax. 239 820601
T. móvel 91 7610716

DIA DO PAI

Um mestre que nos ama
"Quem honra o Pai encontrará alegria nos seus filhos". A afirmação é do Livro do Eclesiástico, ou de Ben Sira, um dos textos de sabedoria do Antigo Testamento. Mas, como toda a Palavra de Deus, continua agora tão actual como no tempo em que foi escrita. Serve-nos, por isso, às mil maravilhas, como ponto de partida para uma curta reflexão sobre a celebração que fazemos todos os anos do Dia do Pai, que coincide sempre com a festa litúrgica do Patriarca S. José, modelo de todos os pais. Aliás, quando escolhemos uma imagem para a celebração deste dia, quase sempre nos decidimos por um retrato idealizado do Carpinteiro de Nazaré ensinando ao Menino Jesus a sua arte e as outras coisas necessárias para viver em comunidade e para ser pessoa cumpridora dos seus deveres de cidadania plena.
Um dos principais aspectos do papel do Pai é, de facto, o de transmitir aos filhos não apenas conhecimentos teóricos, mas sobretudo a forma de ver o mundo, de encarar a realidade e de se relacionar com os seus semelhantes. Mais do que simples mestre que ensina, o Pai sente que é formador que modela o carácter, que imprime no ânimo dos filhos dos fundamentos duradoiros, que lhes hão-de servir para toda a vida.
Nesta tarefa educativa, o desempenho formador do Pai terá tanto mais êxito quanto mais for ilustrado com o exemplo do próprio modo de vida. A honestidade, a honradez e até o próprio espírito de perdão, bem como a tolerância e a solidariedade são virtudes que se aprendem não por palavras, por mais bonitas que elas sejam, mas principalmente através da observação das atitudes e dos actos de quem ensina.
Excelente é, pois, a escola da imitação de exemplaridade de vida. Felizes aqueles pais que sentem a admiração dos filhos, por ser isso sinal de que não apenas os geraram para a vida, mas os formaram na escola do exemplo, para serem homens e mulheres na plena acepção da palavra.
Esse sentimento de admiração pela figura do Pai torna-se ainda mais vivo quando se recorda que ele foi e é não apenas o mestre que ensina, ou mesmo o formador que modela, mas acima de tudo o grande amigo que compreende e que quer para os filhos todo o bem do mundo. Numa palavra – um mestre que ama!


A. Jesus Ramos

11 de março de 2008

24 horas num Mosteiro

O silêncio tomou conta do Mosteiro de Celas em Coimbra. A proposta era, fazendo uma experiência de silêncio, passar 24 horas dentro do mosteiro, experimentando o ritmo quotidiano dos monges do mosteiro.
Um desafio ousado, se pensarmos no mundo barulhento e cheio de informação que não abre espaço para ouvir o silêncio. Mais desafiadora foi a proposta quando dirigida a jovens. Mas surpreendentemente, assume Martinho Soares, do Secretariado da Pastoral das Vocações da Diocese de Coimbra, os jovens reagiram muito bem.
A proposta foi iniciada com o visionamento do filme "O grande silêncio", que ilustra a meditação silenciosa sobre a vida monástica no Convento da Cartuxa, nos Alpes franceses.
O filme foi exibido já no próprio espaço do Mosteiro, conferindo uma extensão ao ambiente. "Parecia que o local físico onde estávamos era uma extensão do próprio filme", traduz Martinho Soares.
Todo o encontro foi acompanhado pela Irmã Miriam Godinho, Monja da Ordem de Cister da Estrita Observância, que conduziu toda a vivência espiritual e pontuou o encontro com vários momentos pedagógicos e “explicando a razão de determinados movimentos ou rituais”.
Os 17 participantes deixaram-se levar pelos momentos de silêncio, mas não só, pois o tempo foi pautado pelas horas da liturgia. Ao longo de 24 horas vários foram os momentos onde os participantes se encontraram e rezaram juntos.
Se inicialmente a organização receava uma proposta “demasiada ousada, rigorosa ou austera tendo em conta os ritmos e hábitos que temos”, o final mostrou que a experiência foi conseguida “em vivência espiritual e a aquisição de conhecimento sobre os mosteiros”.
A partilha entre os participantes mostrou que a experiência foi rica, "muito profunda e sentiu-se um encantamento e deslumbre", explica Martinho Soares.
“Os jovens são mais ousados e mais exigentes do que muitas vezes possamos pensar”, avança Martinho Soares. A juventude procura o que é radical. Isso vale para desportos radicais mas também para as experiências religiosas.
“Por vezes temos receio de lhes mostrar a pureza do Cristianismo e irmos à raiz quando eles, na realidade, aderem muito bem”, sublinha.
Propostas mais radicais de experiências interiores vão proliferando nas actividades organizadas pelas dioceses. “Em campos de férias surgem sempre propostas de retiros e normalmente as reacções são muito positivas e com grande adesão”.
Martinho Soares traduz este como “um sinal muito evidente de que os agentes pastorais deveriam apostar mais nestas actividades sem receios e medo de um mau acolhimento”.
Ruben Fonseca, seminarista, realça a oração em grupo como das experiências mais fortes durante as 24 horas.
“Um grupo que não se conhecia conseguiu formar uma comunidade orante”, explica. Não com a rigidez de um esquema monacal, “até porque eram apenas 24 horas”, mas, aponta o seminarista, “com uma partilha muito forte”.
O seminarista viu esta proposta como uma “possibilidade de nos aventurar-nos no espírito de uma ordem monástica”.
Ruben Fonseca, que tomou conhecimento desta iniciativa através do Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações, salienta que “o silêncio é a experiência forte da presença de Deus”.
O silêncio não se traduz numa solidão “isolante do mundo”, mas é antes “uma forma de estar no mundo”.
Fora das paredes de um Mosteiro o silêncio não surge com tanta facilidade. Lá dentro “senti que todos estávamos na busca sincera de Deus”.
Ruben Fonseca admite que “muitas vezes temos medo do silêncio porque somos bombardeados com ruído e imagens. A serenidade do Convento de Celas traduz um ambiente que remete para uma beleza incrível”.
A proposta do Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações de Coimbra encerra hoje com uma palestra sobre o silêncio que conta com a presença do Pe. Emanuel Matos Silva, da Irmã Miriam Godinho e de um Monge da Ordem de Cister do Mosteiro de Osera, na Galiza.

Lígia Silveira
(Agência Ecclesia)

Novo presidente do CADC em curta entrevista ao “Correio”



"Os sócios do CADC são mulheres e homens que vivem empenhadamente em sociedade a sua condição de cristãos"


João Caetano, professor da Universidade Aberta toma posse no próximo sábado da direcção do CADC. O "Correio" aproveitou este facto para fazer umas perguntas ao novo dirigente.

Conte-nos o que é o CADC

O CADC, sigla de Centro Académico de Democracia Cristã, é uma associação de leigos católicos que têm em comum o facto de serem ou terem sido estudantes, professores ou investigadores de instituições de ensino superior sedeadas em Coimbra. A Universidade de Coimbra é naturalmente a instituição que aglutina a maior parte dos sócios do CADC, mas não é a única. Eu próprio sou professor da Universidade Aberta [universidade pública de ensino a distância, sedeada em Lisboa e com uma delegação em Coimbra, cujo reitor é, curiosamente, professor da Universidade de Coimbra], embora tenha estudado na Universidade de Coimbra.
Os sócios do CADC são mulheres e homens que vivem empenhadamente em sociedade a sua condição de cristãos. No início do século XXI, une-nos a atracção pelo pensamento e pela acção pública, assente na fé comum em Jesus Cristo. Com tudo o que nos une, somos muito plurais.

No próximo sábado os novos corpos sociais vão tomar posse. Conte-nos como vai ser...
A direcção fez questão que os novos membros dos órgãos sociais iniciassem os seus mandatos com uma missa celebrada pelo nosso bispo, porque o CADC está estatutariamente ligado à diocese de Coimbra. A missa será no próximo sábado, às 10h 30m, na Capela da Universidade. É aberta a todos e todos são muito bem-vindos. Tanto quanto somos livres de pensar e de agir sem interferências de ninguém, não dispensamos o apoio do nosso bispo como garante da nossa fé. Não espero do meu bispo – e já lho disse publicamente – que seja o bispo mais inteligente ou o mais rico, mas que me oiça e me diga sinceramente "vai!". E eu vou, sem medo das dificuldades, acompanhado por pessoas muito generosas e de muito valor. Noto também com muito gosto que a direcção é constituída maioritariamente por mulheres, das quais três estão a preparar actualmente o doutoramento. Essa é a sua prioridade, que elas, inteligentes e sensíveis como são, percebem. E eu também percebo e escolhi-as pelo seu mérito. Foi também pelo seu mérito e pelo seu amor à Igreja que escolhi os outros dois homens, que também estão a doutorar-se, e a outra mulher, mãe de filhos e já doutorada. Apresentamo-nos humildemente como promessa e com uma promessa: no princípio do dia não está a razão, mas a determinação para fazer das tripas coração. Os novos membros da direcção levantam-se habitualmente cedo, seja para estudar, trabalhar ou cuidar dos filhos, esforçando-se para melhorar a sua vida e a dos outros. Falo do que conheço. Quando assim é tudo é mérito e tudo é possível.


Qual é a missão do CADC?
O CADC tem de voltar a encontrar-se com os estudantes do ensino superior, que andam dispersos, e de ser capaz de discutir, com eles e com a comunidade humana em que nos integramos, as grandes questões do nosso tempo. Queremos ser capazes de antecipar questões e de influenciar a sociedade. Ao longo da sua história passaram por aqui muitas pessoas notáveis. Quando foi dirigido pelos estudantes, o CADC foi sempre governado democraticamente, mesmo durante o salazarismo. Por aqui passaram muitos opositores ao regime. E é curioso, porque Salazar também foi dirigente do CADC, durante a 1.ª República. Nós recebemos inteiramente toda a história do CADC. Eu sou o segundo presidente que, à data da eleição, não sou estudante. Mas o CADC não será menos democrático nem arrojado do que foi outrora. Humildemente, nós queremos fazer tanto ou mais do que os que nos antecederam, sabendo que não nos anunciamos nem procuramos a nós mesmos mas a Jesus Cristo.


Que apreciação faz da actual situação do país e que temas estão na agenda da direcção para o futuro próximo?
A elite política portuguesa actual é fraca e, tal como ela, outras elites são fracas, o que se nota nos níveis de violência simbólica disseminados na sociedade. As pessoas têm essa experiência quando vêem que o impossível acontece, como, por exemplo, quando se dão conta de que, vivendo em democracia, têm medo de falar ou de dizer a verdade toda. Eu sou da geração que vê estas coisas acontecerem, e quer reagir contra elas. Quer nas relações com a comunidade eclesial, quer nas relações com a comunidade política mais ampla, sem deixarmos de ser prudentes, queremos ir além do que já se disse. Dou-lhe alguns exemplos: queremos falar de coração aberto com o nosso bispo e pedir-lhe aquilo de que necessitamos – por exemplo, que compreenda connosco o que é o CADC e que nos dê o estatuto jurídico adequado. Mas também queremos falar para a sociedade: perceber de que modo o cristianismo pode dar hoje uma resposta válida à questão do compromisso entre a verdade e a política, que, na prática, parece não existir; discutir os grandes temas da bioética, da economia, da ecologia, das manifestações culturais, do diálogo ecuménico; estabelecer o diálogo com os que estão fora da Igreja, ou porque não a compreendem ou porque a combatem (por exemplo, o diálogo com os ateus). A crise social é outra questão que foi por mim referida no dia da eleição e que, nos últimos dias, assumiu grande importância nos meios de comunicação social. A questão será amplamente apreciada por nós, no contexto do debate que faremos sobre o futuro de Portugal, numa altura em que há quem se deixe seduzir, designadamente dentro da Igreja, por questões que dividem os portugueses. O nosso propósito não é dividir, mas congregar quem anda disperso.

Nas Conferências Quaresmais em S. José




Casar assusta cada vez mais os jovens – afirma o Padre Miguel Ameida



Não é muito habitual ouvirmos um padre a falar de amor e casamento, até porque são limitados em termos de experiência. No entanto, o Padre Miguel Almeida aceitou o desafio das paróquias da cidade e abordou sem qualquer tipo de preconceitos o tema proposto pela organização: «Construir comunidade no amor: casamento, que futuro?»
Para o jesuíta, "casar, hoje, sai muito caro. Há imensas razões para os jovens não se casarem". Segundo o Padre Miguel Almeida, "casar para a vida, hoje assusta cada vez mais, quando olhamos à nossa volta, vemos as instituições todas em ruptura". "Não há estabilidade e não há emprego. Hoje estou a trabalhar em Coimbra, amanhã posso estar a trabalhar na cochinchina", referiu o jesuíta. "O compromisso mete medo" aos jovens alertou o conferencista. "Há casais que se juntam porque querem estar a experiência. Isto é uma falácia porque nunca iremos ter todas as seguranças da vida", realçou.
"Pensar num casamento onde não há tensões, acho isso absurdo. O normal em qualquer relação, haver tensões. Temos é que saber superá-las", advertiu ainda o jesuíta no Salão em S. José.
Para o padre Miguel Almeida, o "casamento cristão é uma bênção". "Não é só uma simples celebração, o casal mostra ao mundo o amor que é vivido. O ira à Igreja é aceitar a missão dada por Jesus Cristo", explicou.
A sexualidade foi outro ponto abordado pelo Padre Miguel Almeida, salientando que deve ser entendida como uma experiência máxima entre duas pessoas que se amam. Para o jesuíta "é completamente diferente ir para a cama com uma pessoa que se conhece, fruto de uma relação construída aos longo de algum tempo, do que ir para a cama com uma pessoa que ainda n se conhece", apontando alguns comportamentos dos estudantes em noites de queima das fitas.
O casal João Paiva e Jacinta Paiva foram outros dos conferencistas que estiveram na noite de 6 de Março em S. José para abordarem o mesmo tema. Para o João Paiva "não é o casamento que é um risco, mas sim a vida". "Sou feliz (com a Jacinta) na forma como construímos a nossa relação. O casamento é uma construção permanente e espero mantê-lo assim", desabafou. Mas, João Paiva alertou para que as relações não interfiram com a liberdade de cada um. "O amor não é controlar", mas sim confiar, realçou.
Para Jacinta Paiva, a sociedade continua a escravizar a mulher. "Para além do trabalho profissional, do cuidar dos filhos e da casa, a mulher ainda tem que se preocupar com a sua beleza, se não corre o risco de passar a história", explicou. No seu ponto de vista, dialogar ou falar abertamente sobre todos os assuntos, é essencial para preservar uma boa relação. Nesse ponto, os homens falham muito.
Este casal que trabalha há alguns anos nos CPM´s está muito optimista em relação ao futuro do casamento. "Apesar de termos menos casamentos católicos, temos jovens que se preparam melhor para o casamento". Os casais têm que começarem a darem mais testemunho, "hoje é raro vermos os casais na rua de mãos dadas, é necessário mimarem-se", alertou a Jacinta. "Se nós cristãos não formos modelos para os outros, não estaremos a dar um verdadeiro testemunho", concluíram.



Miguel Cotrim

XII Festival Diocesano da Canção



70 jovens mostram pela música porque O sentem como Pai


Cerca de 500 jovens da diocese reuniram-se, no dia 1 de Março, no Cine-Teatro da Lousã, para celebrar a fé através da música, no XII Festival Jovem Diocesano da Canção Religiosa. Com organização do Secretariado da Pastoral Juvenil, a actividade envolveu como participantes setenta elementos de dez grupos de jovens das quatro regiões pastorais, que compuseram, integrados nos seus grupos paroquiais, canções originais com o tema "Porque Te sinto meu Pai".
O dia teve início, para os concorrentes, logo de manhã, com a participação em workshops sobre música e sobre a música ao serviço da evangelização e da comunicação em Igreja. O almoço partilhado, os ensaios e testes de som e o tempo em comum foram, para estes participantes, o culminar de uma caminhada começada nos grupos de origem e continuada, durante várias semanas, em encontros de oração e partilha com todos os concorrentes. A Eucaristia, celebrada pelas 18h30 do dia 1, na Igreja da Lousã, com a presença da comunidade local, deu sentido a toda a actividade como encontro de jovens católicos, dispostos a celebrar uma fé jovem e uma vontade de dar testemunho pela música, pela alegria e pela pertença activa a uma Igreja de que todos somos parte.
A partir das 21h30, iniciou-se o desfile das canções. Depois de um intervalo a cargo do grupo "Jovens em Movimento", de Avanca, da diocese de Aveiro, foram reveladas as classificações, tendo o primeiro prémio sido atribuído à Banda Eve, de S. Martinho do Bispo, com a canção "Pai, é o meu viver". Os segundo e terceiro prémios foram entregues, respectivamente, ao grupo de jovens "os Enviados", de Monte Formoso, com a canção "O meu sonho", e ao grupo "Sempr’abrir", de Lordemão, com a canção "Porque te sinto meu Pai". O júri classificou ainda ainda como melhor letra a da canção "Deus Pai", do grupo de Mortágua, como melhor música a da canção "Pai, é o meu viver", do grupo de S.Martinho e como melhor interpretação a da canção "O meu sonho", levada ao palco pelos jovens de Monte Formoso. Porque era também objectivo do Secretariado da Pastoral Juvenil criar um sentido de comunhão entre os diferentes grupos participantes, foi entregue ao grupo de jovens de Nogueira de Cravo, o "prémio Ser", fruto de uma votação realizada pelos outros concorrentes em favor dos que se mostraram mais disponíveis, alegres e capazes de ir ao encontro do outro.
Como frutos do dia, espera-se, agora, num contexto de pastoral juvenil, que jovens sejam capazes de dar testemunho, na sua comunidade, da presença do Pai, feito sinal e caminho na vida de cada um.


Texto: Lisa Ferreira
Foto: Ricardo Gaspar

Ordem Terceira promove viagem à Ilha de Maiorca


A Ordem Terceira de S. Francisco, na Rua da Sofia, 114, tem abertas as inscrições para a participação numa viagem à Ilha de Maiorca, a realizar de 24 a 31 de Agosto. Os interessados devem fazer a respectiva inscrição na secretaria, durante as horas de expediente ou pelo telefone 239 822938.

Itinerário para jovens apresentado a animadores de grupos


Nos dias 22 e 23 de Fevereiro, realizou-se, nas quatro regiões pastorais da diocese, a segunda sessão de formação para animadores de grupos de jovens do ano pastoral em curso, promovida e organizada pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil. Santo António dos Olivais (região Centro), Aguda (região Sul), Nogueira do Cravo (região Nordeste) e Portomar (região Beira-mar) receberam diferentes formadores, que apresentaram, aos animadores presentes, um itinerário para jovens, das Edições Salesianas, com a duração de três anos e que se concretiza num grupo que quer ser experiência de Igreja. Assume-se como objectivo a interiorização das dimensões do crente adulto, completo, sendo tidos também em conta os contextos sociais e culturais em que vivemos. O Projecto GPS, assim chamado por se constituir como um sistema de orientação para jovens, grupos e animadores, inclui 4 manuais (manual 0, com alguns esclarecimentos mais teóricos e manuais 1,2 e 3, para os três anos de formação) e materiais diversos de apoio a reuniões semanais, retiros de oração, jornadas de trabalho. Através do diálogo e de exercícios práticos, foi possível mostrar a quem está envolvido, localmente, na pastoral juvenil mais uma forma de ir fazendo caminho com os jovens, no tempo em que vivemos, e sempre com a consciência da importância da juventude numa Igreja que se quer sempre renovada.