Nas Conferências Quaresmais em S. José
Casar assusta cada vez mais os jovens – afirma o Padre Miguel Ameida
Não é muito habitual ouvirmos um padre a falar de amor e casamento, até porque são limitados em termos de experiência. No entanto, o Padre Miguel Almeida aceitou o desafio das paróquias da cidade e abordou sem qualquer tipo de preconceitos o tema proposto pela organização: «Construir comunidade no amor: casamento, que futuro?»
Para o jesuíta, "casar, hoje, sai muito caro. Há imensas razões para os jovens não se casarem". Segundo o Padre Miguel Almeida, "casar para a vida, hoje assusta cada vez mais, quando olhamos à nossa volta, vemos as instituições todas em ruptura". "Não há estabilidade e não há emprego. Hoje estou a trabalhar em Coimbra, amanhã posso estar a trabalhar na cochinchina", referiu o jesuíta. "O compromisso mete medo" aos jovens alertou o conferencista. "Há casais que se juntam porque querem estar a experiência. Isto é uma falácia porque nunca iremos ter todas as seguranças da vida", realçou.
"Pensar num casamento onde não há tensões, acho isso absurdo. O normal em qualquer relação, haver tensões. Temos é que saber superá-las", advertiu ainda o jesuíta no Salão em S. José.
Para o padre Miguel Almeida, o "casamento cristão é uma bênção". "Não é só uma simples celebração, o casal mostra ao mundo o amor que é vivido. O ira à Igreja é aceitar a missão dada por Jesus Cristo", explicou.
A sexualidade foi outro ponto abordado pelo Padre Miguel Almeida, salientando que deve ser entendida como uma experiência máxima entre duas pessoas que se amam. Para o jesuíta "é completamente diferente ir para a cama com uma pessoa que se conhece, fruto de uma relação construída aos longo de algum tempo, do que ir para a cama com uma pessoa que ainda n se conhece", apontando alguns comportamentos dos estudantes em noites de queima das fitas.
O casal João Paiva e Jacinta Paiva foram outros dos conferencistas que estiveram na noite de 6 de Março em S. José para abordarem o mesmo tema. Para o João Paiva "não é o casamento que é um risco, mas sim a vida". "Sou feliz (com a Jacinta) na forma como construímos a nossa relação. O casamento é uma construção permanente e espero mantê-lo assim", desabafou. Mas, João Paiva alertou para que as relações não interfiram com a liberdade de cada um. "O amor não é controlar", mas sim confiar, realçou.
Para Jacinta Paiva, a sociedade continua a escravizar a mulher. "Para além do trabalho profissional, do cuidar dos filhos e da casa, a mulher ainda tem que se preocupar com a sua beleza, se não corre o risco de passar a história", explicou. No seu ponto de vista, dialogar ou falar abertamente sobre todos os assuntos, é essencial para preservar uma boa relação. Nesse ponto, os homens falham muito.
Este casal que trabalha há alguns anos nos CPM´s está muito optimista em relação ao futuro do casamento. "Apesar de termos menos casamentos católicos, temos jovens que se preparam melhor para o casamento". Os casais têm que começarem a darem mais testemunho, "hoje é raro vermos os casais na rua de mãos dadas, é necessário mimarem-se", alertou a Jacinta. "Se nós cristãos não formos modelos para os outros, não estaremos a dar um verdadeiro testemunho", concluíram.
Miguel Cotrim
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