Tempo de avaliação
João Evangelista R. Jorge
Os homens e as instituições precisam de tempo para avaliação. O progresso não avança sem avaliação adequada do que se faz e para onde se deseja ir.
A primeira diligência para uma boa avaliação é a de encontrar uma medida certa. Depois aplicá-la à realidade física, social ou espiritual correspondente à sua natureza. O saber não se pode medir a metro, os homens não se medem aos palmos. Mas os progressos no conhecimento, na estatura ou na santidade precisam de ser avaliados para aferir e confrontar as realidades no antes e no depois, no mérito ou no encosto, na aplicação do esforço ou na indolência. O prémio e o castigo, o elogio e a censura, são as recompensas visíveis duma boa avaliação. À partida somos iguais mas na caminhada da vida descobrimo-nos muito diferentes uns dos outros.
Porque havemos de continuar a insistir que somos todos Iguais? Ou porque havemos de recusar uma boa avaliação?
No tempo de avaliação, muitas coisas ocultas ou mal avaliadas tornam-se transparentes. Muitos erros se corrigem, muitas opiniões se alteram, muitos caminhos são rectificados na vida pessoal de cada um, nas famílias, nas empresas, nas escolas, nas Instituições públicas e privadas.
E se, no mundo da consciência Individual, a avaliação será o que cada um quiser que seja, séria, exigente ou não, sendo certo que uma avaliação superficial poucos proveitos trará, mas no caso da avaliação há regras que não se podem Ignorar. Não há boa liderança de comunidades ou associações sem boas avaliações. O bom governo de uma instituição exige à partida um bom conhecimento e identificação com os fins e os objectivos para que a mesma instituição foi criada. Não basta apenas as boas intenções.
O método de ava1iação terá de ser encontrado tendo em conta as condições específicas da instituição. Além dos fins é preciso tomar em boa conta as motivações dos agentes e dos utentes. Evitará muitos obstáculos uma pré-avaliação do método a utilizar de modo a obter-se um acordo informal que clarifique alguns conceitos essenciais na avaliação.
Penaliza-nos a todos a polémica e as manifestações públicas que se apoderaram da consciência nacional a pretexto da avaliação dos professores. Todos somos solicitados a entrar na avaliação dos argumentos e dos métodos dos Senhores Professores. A primeira vista a postura do mestre e do educador cedem aos interesses e conveniências duma classe mal tratada. A discussão sobre a avaliação baralha-se com a contestação do método. Por este caminho, não ganha o ensino público nem os professores, nem os alunos, nem os políticos, nem as famílias portuguesas.
À Igreja diocesana de Coimbra por feliz proposta do Senhor D. Albino Cleto, seu bispo, foi colocada em estado de avaliação durante este ano. Como instituição que é, também a Igreja de Cristo se vai aperfeiçoando na clarificação dos próprios fins e, em atenção às mudanças sociais e culturais, na correcção dos objectivos adequados aos tempos. Sendo indiscutível que Ela foi formada pare anunciar aos homens a boa nova da Salvação e salvar o homem do poder da morte e do pecado, ela tem de percorrer os caminhos do homem e dialogar com ele nos mares calmos ou tempestuosos da vida.
Embora sem prévia clarificação do método, sem documentos úteis, como alguns relatórios, estatísticas ou números, as assembleias têm sensibilizado ma Comunidade Diocesana para a importância duma avaliação colectiva.
Aguardamos as conclusões com muito interesse.
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