Correio de Coimbra

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1 de outubro de 2008

Um calvário para cada cristão


Teresa Martins


Na última carta que o Padre Van Exem escreveu a Madre Teresa (já ela no hospital e em estado crítico), o sacerdote recorda-lhe o papel essencial que Nossa Senhora desempenhara no último troço da viagem da Fundadora das Missionárias da Caridade, dizendo-lhe: «… Há um Calvário para cada cristão. Para si, o caminho para o Calvário é comprido, mas Maria veio ao seu encontro no caminho. A Madre não subiu à colina, isso fica para mais tarde…» Veio-me isto a propósito da notícia do «Correio de Coimbra» (11/09/2008) sobre a bênção de uma estátua, em bronze, de Madre Teresa de Calcutá, esculpida por um artista da Macedónia e destinada a comemorar os 11 anos do falecimento da Santa (05/09/1997), que me trouxe imensas recordações, até porque, muito recentemente, li o maravilhoso livro que reúne os escritos privados desta singular criatura, geralmente enviados a confessores e/ou superiores hierárquicos (acompanhados do pedido de serem destruídos após a sua leitura), visto ela sentir mais facilidade em escrever do que em falar, daí a esperança de poder dar à sua "confissão" maior honestidade e fidelidade. Quis a Providência que tudo fosse mantido, incluindo os enviados a outras pessoas da sua inteira amizade e confiança, bem como às Irmãs. Tudo Brian Kolodiejchuck, M. C. reuniu em «Madre Teresa (Vem, Sê a Minha Luz)», uma obra prefaciada pelo Cardeal José Saraiva Martins, a que Brian juntou comentários seus, muito oportunos. A notícia daquela oferta de aniversário deixou-me a repetir o que as Irmãs diziam, sorrindo, quando uma grande contrariedade surgia na Ordem, «mais uma "dádiva" para Madre Teresa», isto porque Madre Teresa dizia-lhes que todas as inquietações são dádivas de Deus, que compete a cada um saber gerir e aproveitar… (É Deus Quem nos dá a cruz, e é a cruz que nos dá Deus», dizia Fulton Sheen!) Pensei assim porque Madre Teresa, em vida, considerava qualquer homenagem uma bondosa injustiça, repetindo constantemente a si própria e a todo o mundo ser ela apenas e só, «um lápis nas mãos de Deus»!… Um "lápis" que, por volta das 8 da noite do dia 5 de Setembro começou a pedir substituição, justíssimo descanso… «Na previsão de uma emergência, as irmãs dispunham de duas fontes de electricidade independentes, mas ambas caíram ao mesmo tempo — uma circunstância totalmente inédita», tendo este facto impedido os médicos de fazerem qualquer tentativa de ligação de aparelhos como, por exemplo, ventiladores… «Eram 9h. 30m. da noite. Com Calcutá mergulhada na escuridão, extinguia-se a vida terrena da mulher que tanta luz levara àquela cidade e a todo o mundo. Mas a sua missão não acabou: do céu, ela continua a responder ao chamamento que Jesus lhe fez: Vem, sê a Minha luz!»
Madre Teresa continua connosco porque a sua mensagem está viva. Basta que todos nós, e principalmente "os donos do mundo", tenhamos olhos para ver, ouvidos para ouvir e coração para amar quem nos rodeia e anseia por justiça…

Perguntas (in)convenientes


Jorge Cotovio


Há dias, uma estação de rádio da nossa cidade contacta-me para participar, via telefone, num pequeno debate subordinado ao tema "o celibato dos padres". Se o assunto é incómodo para um cidadão "anónimo", mais o será para um cidadão, baptizado, com alguma responsabilidade na instituição chamada Igreja, e contactado porque tem essas mesmas responsabilidades. Sabia, é claro, o (relativo) risco da minha exposição. Por mais que dissesse que era "a minha opinião pessoal", ela seria sempre associada a uma posição "da Igreja"…
Mas recusar participar, mesmo nestas circunstâncias, nunca!
Perguntou a jornalista se concordava com o casamento dos padres. Lá fui dizendo que o celibato é uma tradição característica do último milénio da Igreja, significando, entre outros aspectos, a entrega total do sacerdote a Deus e às comunidades que serve. Também disse que, actualmente, a sociedade e a conjuntura são diferentes, sendo, pois, uma questão "em aberto". Depois, procurei ser mais directo na resposta, dizendo que, pessoalmente, aceitava mais facilmente a ordenação de homens casados do que o casamento de sacerdotes (não explicando porquê, mas fazendo-o agora: a preparação para a vocação matrimonial tem em conta aspectos fundamentais não integrados na tradicional formação dos futuros sacerdotes – toda virada para o celibato; a solidão e o individualismo que emergem naturalmente, podem ser dois sérios obstáculos a uma vida conjugal sã).
Também acrescentei que, quanto a mim (porque falei sempre em nome pessoal), o caminho natural será este, não tanto para resolver o problema da escassez de padres (embora seja este o motivo que desencadeará a discussão deste tema), mas para estar acessível a muitos baptizados que até se sentem "chamados" para este serviço fundamental na vida da Igreja. E acrescentei logo a seguir, para não haver dúvidas, que esta ordenação de casados (ou mesmo o casamento de padres) não colide em nada com o Evangelho ou com as verdades fundamentais da Fé, sendo uma questão com raízes meramente "humanas", fruto da "tradição" e de alguns preconceitos.
Antes que a jornalista me interrompesse o raciocínio, ainda tive oportunidade de dizer que para vencer a crise das vocações consagradas, um dos caminhos será promover o papel dos leigos dentro da Igreja, deixando-os assumir tarefas de maior responsabilidade e autonomia, sem, contudo, colidirem com a missão específica dos sacerdotes e restantes consagrados, pois há lugar e tarefas específicas para todos nesta Igreja. [Não disse, mas também podia ter dito, que este "caminho" também implica promover (= a "desenvolver", "impulsionar", "provocar") o papel dos bispos, dos sacerdotes e restantes consagrados, levando-os a assumir as tarefas que lhes são mais específicas e exclusivas, isto é, aquelas que os leigos não podem assumir, ou, relativamente aos bispos, aquelas que os sacerdotes não devem assumir].
Como já não bastasse esta pergunta inconveniente, a jornalista avança com outra que eu já estava a prever: "E o que acha da ordenação das mulheres?". Lá fui respondendo que achava muito bem, quer fossem já consagradas, quer não. Também esta questão não contraria as verdades da Fé. É só uma questão recheada de preconceitos, embora estejamos cheios de justificações que dão a entender a "sublimação" do feminino, mesmo sem a possibilidade do acesso a este "grau superior"…
E agora só para nós. Não será este o caminho que os "sinais dos tempos" apontam? Não é isto que vai suceder lá para o pontificado de Bento XVIII (não, não foi engano; eu disse mesmo "dezoito") ou de João Paulo IV?
Mas, sinceramente, creio haver questões pastorais mais importantes para resolver nos próximos dois pontificados do que estas questões meramente "técnicas". O Espírito vai-nos alertando – a todos nós católicos – mas estamos ocupados com tanta "coisa" que não temos tempo para o essencial. Parecemos Marta, preocupada com tudo e até chocada com a opção da irmã. Esquecemos a Maria, a sua atitude de "sub+missão", de humildade, de "estar" com o Mestre, para ganhar forças para a "missão". Uma missão que cabe a cada um de nós – leigos e consagrados – agora, neste pontificado de Bento XVI.

Que salvaguarda patrimonial há neste País?


José Eduardo R. Coutinho


Emergem, neste solo nacional, e com frequência maior do que certas espécies de tartulhos com as primeiras chuvas outonais – estamos no tempo deles – repetidos casos de terríveis atentados ao património cultural, construído, sem que haja, por parte dos altos responsáveis do Governo (haverá maior contradição?), medidas de clara salvaguarda, prontas e proficientes.
Discursos, prosápias balofas e pretensas ilusões, um programa demagógico, destituído de fundamento real, porque propala muitas parras luxuriantes, demasiados sarmentos asfixiantes e superabundantes gavinhas obstruidoras das pequenas e grandes acções são dados comuns à classe mandante, mais ocupada com esbanjamentos públicos, pavoneios e questiúnculas partidárias, opostas ao nítido desenvolvimento humanístico-social.
Um estado deste teor e natureza jamais implanta responsabilidades públicas, incute dignificação perfectível ou promove valores intrinsecamente culturais; a corrupção comanda tudo quanto dê lucros económicos, encha barrigas obesas e cause seguidos aniquilamentos da moral e dos princípios colectivos, educacionais. A hidra, de gigantesca pança, submersa, mas, de plúrimas cabecitas devoradoras!
As recentes obras do museu da cidade, avassaladoras e cromadas, além de terem feito desaparecer o geral das características arquitectónicas da secular moradia nobre dos bispos conimbricenses, consta serem… acto nulo. Será possível e verdade tal asserção, repetidas vezes ouvida nas viagens de comboio, dizem os entendidos na questão?
Recentemente, prospecções e buracos abertos nos antigos Arenados, nas imediações ocidentais da Fernão de Magalhães, trouxeram, à luz do dia, componentes arquitectónicas do primitivo convento dominicano, ducentista, facto mantido no silêncio dos mortos, perante concretizações do futuro parque subterrâneo, que comporta milhões e lucros interesseiros, individualistas.
Dentro dos espaços arranjados, também na Baixa, para dar passagem ao metro de superfície – desprovido de viabilidade, como todos sabem –, apareceram estruturas monumentais, renascentistas, emparedadas e bem conservadas, e, pelos vistos, para demolir, só que manifestam uma loggia, de três pisos, superior à de Dom Afonso de Castelo Branco, porque mais imponente, dando vistas alargadas do lado norte da magnífica praça fronteira do Mosteiro de Santa Cruz.
Outros exemplos flagrantes podem ser evocados, porém, estes vão ter, mesmo, por fim, a derrocada destruidora que paira sobre qualquer um, como formiga parda? Sendo sim a resposta, viva, pois, a republicanizagem portuguesa, com as instituições democráticas, suas leis do património cultural e respectivos desmandos, as quais, para gente comum, têm aplicações deveras infinitesimalmente restritivas, enquanto para vários outros, de projecção preponderante, comportam uma proporcional amplidão cósmica!

D. Albino Cleto preocupado com o futuro da Casa do Gaiato de Miranda



D. Albino Cleto tem acompanhado o problema da Casa do Gaiato de Miranda do Corvo. Um dos receios do Bispo de Coimbra é que a instituição possa vir a encerrar por falta de padres ligados à Obra, aliás como sucedeu em Lisboa. Em curta entrevista ao "Correio", D. Albino explica que a Obra da Rua é juridicamente autónoma, não dependendo da diocese. O prelado aproveitou ainda para agradecer o apoio da população de Miranda em relação àquela instituição.

Correios de Coimbra (CC) – Nas últimas semanas têm surgido na imprensa local declarações relativas à Casa do Gaiato de Miranda do Corvo, algumas questionando o que se passa e outras em defesa da instituição. Que pensa de tudo isto o Bispo da Diocese?
D. Albino Cleto (AC) – Penso que, como Pastor, não posso deixar morrer esta instituição, que nasceu da paixão de um Padre de Coimbra pelos pobres e crianças desamparadas. Não posso abandonar quem trabalha pela causa, lá dentro ou cá fora, e não me limito ao blá blá de palavras e comentários.
A verdade, porém, é que o Bispo não deve nem pode intrometer-se numa instituição que não depende dele, porque a Obra da Rua é juridicamente autónoma, inclusivamente no foro canónico.

CCMas, então, os Bispos não superintendem sobre os Padres da Obra da Rua?
AC
– Quando o Bispo de um Diocese disponibiliza um Padre para a Obra da Rua deixa de poder colocá-lo ou mudá-lo. Isso passa a ser tarefa da Direcção da Obra. Esta é constituída por um Director, que se torna Padre responsável pela casa sede, a casa de Paço de Sousa, e pelo seu Conselho, composto pelo conjunto de todos os Padres que se entregam à Obra da Rua e ao Património dos Pobres.

CC – Tem aumentado esse grupo de Padres?
AC – Não. São poucos e, a maioria, já idosos. Devo dizer que os admiro e estimo. Mas não tenho o direito de condicionar outros sacerdotes da nossa Diocese a um regime de vida heróico. Um Padre do Gaiato não sabe o que são umas férias nem o que é um dia de folga. Isto ao longo de anos a fio! A carteira de cada um é a carteira da casa onde vive, que não tem outra…

CC – Então os Padres de hoje são menos generosos que os anteriores, mudou a capacidade dos nossos padres…
AC –
Não. O que mudou acentuadamente foi o tipo de rapazes que a Obra da Rua recebe. Já não são os "batatinhas" do tempo do Padre Américo, vindos de famílias humildes e muito aflitas…Hoje são adolescentes já crescidos e abandonados, conhecedores da rua, vindos de famílias destroçadas, adolescentes para quem o Tribunal de Menores ou a Assistente Social não encontrou adopção.

CC – O Bispo de Coimbra afirmou que, por este caminho, a Casa de Miranda pode vir a encerrar…
AC –
Esse é o meu grande receio: que lhe suceda como à de Lisboa. Para evitar que tal aconteça, tenha acompanhado o Padre responsável da casa, a quem vou animando e propondo caminhos que me são sugeridos por pessoas que estimam a instituição. Felizmente são muitas. E vou-me apercebendo de que vai neste sentimento predominante da população de Miranda do Corvo. Ainda bem!

30 de setembro de 2008

O mundo do computador e da Internet


As entregas de computadores nas escolas pelo primeiro-ministro são, sem dúvida, um magnífico instrumento de propaganda eleitoral. Naturalmente, ninguém ousou criticar tal atitude. É natural, pois toda a gente gosta que lhe dêem coisas. A oposição hesitou por saber de antemão que se tratava de uma acção popular. A imprensa calou-se, à excepção da RTP que transmitiu reportagens incansáveis sobre a matéria.
Todo este processo do Magalhães é por si só muito estranho. Só soubemos dele quando surgiram as primeiras notícias da sua entrega nalgumas escolas do ensino básico. Como apareceu? Como foi concebido? Quem foi consultado nas escolas (pedagogos e professores)? Como foi financiado (à custa dos contribuintes?), de quem são os computadores que o Governo "dá"? Como foi escolhida a empresa, visto que não houve concurso público?
Tenho imensas dúvidas sobre a transparência de todo este processo… Tenho imensas perguntas para as quais não consigo encontrar respostas… Aquele velho provérbio veio-me à memória: "Quando a esmola é grande, o pobre desconfia".
A primeira e mais fundamental das perguntas é a de saber se a distribuição de computadores individuais para as crianças do ensino básico tem sentido pedagógico no combate ao desaproveitamento académico e infoexclusão? Vamos ter uma geração com mais sucesso escolar? Oxalá que sim! Há pedagogos que dizem que é contraproducente, essencialmente no caso da leitura e da matemática…
Reconheço que as crianças do ensino básico, nomeadamente no primeiro e no segundo ciclo, necessitam de ter contacto com os computadores. Ora, no meu ponto de vista, um computador individual nesta faixa etária não é talvez o mais adequado. Teria mais sentido facilitar a presença do computador em casa para toda a família, baixando o preço do IVA e das comunicações de banda larga, e generalizar competências nos adultos, de modo a que as crianças que com eles convivem possam conhecer um ambiente amigável com os computadores e a Internet. Estamos a fazer com que as crianças deixem de fazer os trabalhos de casa escrevendo e lendo, para passarem a fazê-los através do "copy-paste" de pesquisas efectuadas no "Google".
A Internet também esteve no centro das Jornadas de Comunicação Social, promovidas pela Conferência Episcopal Portuguesa que decorreram nos dias 25 e 26 de Setembro, em Fátima. Foi bom saber que a Igreja tem feito um caminho pelo mundo da Net. Alguns organismos como a Ecclesia, o paróquias.org e os jesuítas têm desenvolvido um trabalho notável e fascinante procurando, cada um a seu modo, informar e evangelizar. São os novos caminhos de S. Paulo que desafiam a própria Igreja a estar cada vez mais presente neste mundo digital e não virtual, como alguns quiseram dar a entender no início destas jornadas… A Igreja tem que estar fundamentalmente presente na Internet, mas confessar, celebrar a eucaristia ou um casamento não passa de uma mera utopia. Como se pode celebrar, partilhar, amar e procriar sem estar presente?
A Internet pode de facto ser muito útil, como instrumento de informação, de comunicação, de diálogo e de divertimento, mas uma coisa é certa, nunca poderá fomentar verdadeiros laços de afectividade entre os homens.


Miguel Cotrim

Bispo de Coimbra vai dar a conhecer Plano Pastoral para a Diocese


O Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto vai iniciar uma série de encontros com assembleias do Povo de Deus para dar a conhecer o novo plano diocesano pastoral para o ano, destinado à Pastoral Diocesana dos próximos três anos.
O primeiro encontro realiza-se em Arganil, no centro Pastoral a 4 de Outubro das 15 às 18 horas e o próximo em Chão de Couce, também no Centro Pastoral a 11 de Outubro.

Hospital de Benificiência de Poiares: cem anos a fazer o bem



Esta moderna unidade de cuidados continuados, recentemente renovada, teve o seu início há cem anos, e é uma instituição que orgulha as gentes de Vila Nova de Poiares. O hospital é a principal tarefa da Irmandade de Nossa Senhora das Necessidades.

Vila Nova de Poiares: Hospital de Beneficência comemorou centenário



Foi há cem anos que um grupo de poiarenses radicados no Brasil decidiu avançar com a concretização de um projecto que não passava de um grande sonho para a população local: um hospital capaz de servir a os mais pobres. No passado dia 28 de Setembro foi assinalada a efemeridade com uma celebração eucarística onde foram lembrados os fundadores, os profissionais de saúde, os doentes e seus familiares. Não faltaram as individualidades locais, assim como a representatividade do Governo através do secretário de Estado Adjunto da Saúde. Uma visita às instalações, uma sessão solene e um jantar/convívio fizeram ainda parte do programa das comemorações.
D. Albino Cleto que presidiu a Eucaristia solene manifestou a sua satisfação por este acontecimento. "Não conheço nada dos fundadores deste hospital, mas deveriam ter sido cristãos", afirmou na homilia. "Caridade não é só dar esmola, é amar o próximo sem esperar nada em troca", disse, referindo-se essencialmente ao trabalho das misericórdias e das irmandades. É esse um dos méritos da Igreja: "ir ao encontro da situação para a qual os outros não iam", afirmou ainda o Bispo de Coimbra.
Cem anos depois, o hospital de Beneficência Poiarense é uma moderna Unidade de Cuidados Continuados. "È um exemplo para o país", destacou o secretário de Estado Adjunto da Saúde.
A unidade de saúde faz parte da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Uma rede que Francisco Ramos considera a melhor forma de "oferecer os cuidados adequados às necessidades da população". Por isso, que os responsáveis pretendem alargar o projecto. Para tal, anunciou que outros concursos para a criação de novas unidades deste tipo vão ser abertas até ao fim do ano, garantindo que "a rede vai continuar a crescer".
Continuar a crescer é, também, o objectivo da União das Misericórdias Portuguesas. Além dos cuidados continuados – " a sua missão", que tem sido cumprida com "resultados extremamente positivos" -, Manuel Lopes afirmou que a união está "disponível para dar outro tipo de respostas".
"Em breve, vamos propor ao Governo medidas na área do apoio domiciliário, a começar na região Centro", anunciou o presidente da União.
O provedor da Irmandade Nossa Senhora das Necessidades, José Pedroso Carvalho lembrou que esse é mesmo o papel da instituição: "estar atenta ao envelhecimento e necessidades da população" e "dar resposta" a essas mesmas necessidades.
O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares manifestou o seu "orgulho extraordinário" por participar num "momento alto da terra", numa instituição que é "um ex-libris" daquela localidade.



Miguel Cotrim

Arazede: Centro Social Paroquial melhora condições para os seus utentes


O Vigário-geral da Diocese de Coimbra, monsenhor Manuel Leal Pedrosa, presidiu à bênção das instalações, referindo que "o amor está traduzido nesta obra; um amor ao próximo, à ajuda e à partilha dos valores da solidariedade".
"Esta é uma obra emblemática do concelho e vem reforçar a oferta na área dos equipamentos socais". Foi nestes termos que o presidente da Câmara Municipal, Luís Leal, se referiu às obras de ampliação do Lar Nossa Senhora do Pranto, de Arazede, em cerimónia realizada dia 27 de Setembro. "O executivo a que presido está atento à área social do concelho e apoia projectos de interesse colectivo, tendo em vista proporcionar melhor qualidade de vida aos idosos", realçou Luís Leal, lembrando que "continuamos a apostar no desenvolvimento do concelho, e a área social faz parte da nossa aposta".
As obras de ampliação deste equipamento social, da responsabilidade do Centro Social e Paroquial de Arazede (CSPA), representa um investimento de 700 mil euros, e "é, sem dúvida, o exemplo do empenhamento da CSPA na concretização de uma antiga aspiração das pessoas e elementos directivos que por aqui passaram e que continuam a trabalhar gratuitamente, sustentou o padre Isildo Costa, manifestando o seu desejo de "antes de deixar a paróquia, gostava que as instalações ficassem concluídas com a construção de uma piscina de fisioterapia".
Agradecendo e lembrando as personalidades que estiveram na génese do Lar Nossa Senhora do Pranto, Filipe Sousa, tesoureiro do CSPA, explicou que "é uma obra feita a pensar nos mais idosos", fazendo votos para que "os utentes possam usufruir desta casa o melhor possível e por longo tempo". Na ocasião, este dirigente deixou também "uma palavra de agradecimento à Câmara Municipal e à Junta de Freguesia, por terem apoiado a obra, respectivamente, com 50 mil euros e 5 mil euros".
Pedro Coimbra, em representação do Centro Distrital de Coimbra da Segurança Social, referiu que "esta é uma obra significativa para o concelho e para o distrito", sublinhando "a importância de uma parceria tripartida". Frisando que "não nos inibiremos de, no futuro, alargar a um apoio mais consistente", o responsável da Segurança Social anunciou que "a partir de Outubro os apoios vão ser aumentados para garantir a sustentabilidade da instituição".


Aldo Aveiro

Sanguinheira: povo da freguesia homenageou Padre Afonso dos Reis


Bondoso", "generoso", "amigo" e "humilde" foram alguns adjectivos que saíram da boca dos muitos leigos da paróquia da Sanguinheira, que quiseram marcar presença na última missa presidida pelo padre Afonso Reis, no passado dia 21 de Setembro, na igreja paroquial.
Para mostrar a gratidão pelos 28 anos que esteve ligado à paróquia da Sanguinheira, a comunidade contribuiu na compra de um computador portátil, uma oferta que foi entregue pelas mãos das crianças, gesto que deixou o padre Afonso bastante emocionado.
Rodeado de tantos paroquianos, o padre Afonso mostrou a alegria pelas amizades que foi ganhando na Sanguinheira e freguesias vizinhas. Considerando-se um "homem normal", o padre Afonso Reis apenas garantiu "cumprir o dever de sacerdote". "A hora de partida foi decidida devido ao estado de saúde debilitada", justificou, com a certeza de que vai "sentir muitas saudades de todos".
O sacerdote aproveitou o momento para agradecer a todos aqueles que colaboraram durante anos com a paróquia da Sanguinheira, entregando medalhas a várias pessoas e a algumas instituições locais: a Associação de Moradores dos Carreiros, a Associação de Pedras Ásperas, o Centro Social Recreio e Cultura da Sanguinheira (CSRCS) e a Junta de Freguesia.
António Moleiro, presidente da Junta de Freguesia também participou na homenagem. "Há homens que nunca deviam morrer, haviam de ser eternos. E o padre Afonso deveria ser um deles", afirmou o autarca, enquanto entregou um tabuleiro com seis azulejos pintados à mão como forma de agradecimento por tudo aquilo que o sacerdote proporcionou à freguesia. Já Vítor Rato, presidente do CSRCS referiu que "a despedida de alguém querido custa muito, principalmente quando por trás de um padre está um grande homem". A representar a instituição local, Vítor Rato ofereceu um relógio de bolso ao sacerdote, que "nunca precisou de horas porque nunca falhou". "O tic-tac do objecto será motivo para se lembrar sempre dos habitantes desta terra", reforçou.


Padre Afonso dos Reis
Natural da vila de Góis, o padre Afonso Reis nasceu no dia 16 de Outubro de 1929.
Aos 11 anos entrou no Seminário da Figueira da Foz, onde permaneceu durante três anos, para concluir os estudos no Seminário em Coimbra, em 1953. Nesse mesmo ano foi ordenado sacerdote e logo a seguir nomeado padre coadjutor na paróquia de Santo António dos Olivais, em Coimbra, durante um ano.
Em 1954 assumiu as funções de capelão do Hospital de Galizes, em Oliveira do Hospital. No ano seguinte voltou a ser padre coadjutor, desta vez na Figueira da Foz, na freguesia de São Julião, até 1960. É nomeado padre na paróquia de Bom Sucesso e, em 1965, assume as funções de capelão no Hospital Rovisco Pais, na Tocha, amparando doentes leprosos.
No dia 9 de Fevereiro de 1980, o padre Afonso Reis é nomeado pároco da Sanguinheira, depois da saída do padre Henrique Nunes Simões, que abandonou o cargo por motivos de saúde. Em 2003 celebrou as bodas de ouro sacerdotais.
Depois de 28 anos como pároco na Sanguinheira, o padre Afonso ficará a viver na Fundação Ferreira Freire, em Portunhos, onde, sempre que necessário, celebrará missas nas paróquias de Portunhos e Outil, auxiliando o padre João Paulo Vaz, que a partir de agora assumirá a paróquia da Sanguinheira.
A tomada de posse do novo pároco está marcada para dia 5 de Outubro, às 16h00, na igreja matriz da Sanguinheira, e será presidida pelo padre Aníbal Castelhano, pró-vigário geral da Diocese de Coimbra.



Carla Assunção