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1 de outubro de 2008

Que salvaguarda patrimonial há neste País?


José Eduardo R. Coutinho


Emergem, neste solo nacional, e com frequência maior do que certas espécies de tartulhos com as primeiras chuvas outonais – estamos no tempo deles – repetidos casos de terríveis atentados ao património cultural, construído, sem que haja, por parte dos altos responsáveis do Governo (haverá maior contradição?), medidas de clara salvaguarda, prontas e proficientes.
Discursos, prosápias balofas e pretensas ilusões, um programa demagógico, destituído de fundamento real, porque propala muitas parras luxuriantes, demasiados sarmentos asfixiantes e superabundantes gavinhas obstruidoras das pequenas e grandes acções são dados comuns à classe mandante, mais ocupada com esbanjamentos públicos, pavoneios e questiúnculas partidárias, opostas ao nítido desenvolvimento humanístico-social.
Um estado deste teor e natureza jamais implanta responsabilidades públicas, incute dignificação perfectível ou promove valores intrinsecamente culturais; a corrupção comanda tudo quanto dê lucros económicos, encha barrigas obesas e cause seguidos aniquilamentos da moral e dos princípios colectivos, educacionais. A hidra, de gigantesca pança, submersa, mas, de plúrimas cabecitas devoradoras!
As recentes obras do museu da cidade, avassaladoras e cromadas, além de terem feito desaparecer o geral das características arquitectónicas da secular moradia nobre dos bispos conimbricenses, consta serem… acto nulo. Será possível e verdade tal asserção, repetidas vezes ouvida nas viagens de comboio, dizem os entendidos na questão?
Recentemente, prospecções e buracos abertos nos antigos Arenados, nas imediações ocidentais da Fernão de Magalhães, trouxeram, à luz do dia, componentes arquitectónicas do primitivo convento dominicano, ducentista, facto mantido no silêncio dos mortos, perante concretizações do futuro parque subterrâneo, que comporta milhões e lucros interesseiros, individualistas.
Dentro dos espaços arranjados, também na Baixa, para dar passagem ao metro de superfície – desprovido de viabilidade, como todos sabem –, apareceram estruturas monumentais, renascentistas, emparedadas e bem conservadas, e, pelos vistos, para demolir, só que manifestam uma loggia, de três pisos, superior à de Dom Afonso de Castelo Branco, porque mais imponente, dando vistas alargadas do lado norte da magnífica praça fronteira do Mosteiro de Santa Cruz.
Outros exemplos flagrantes podem ser evocados, porém, estes vão ter, mesmo, por fim, a derrocada destruidora que paira sobre qualquer um, como formiga parda? Sendo sim a resposta, viva, pois, a republicanizagem portuguesa, com as instituições democráticas, suas leis do património cultural e respectivos desmandos, as quais, para gente comum, têm aplicações deveras infinitesimalmente restritivas, enquanto para vários outros, de projecção preponderante, comportam uma proporcional amplidão cósmica!

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