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30 de setembro de 2008

O mundo do computador e da Internet


As entregas de computadores nas escolas pelo primeiro-ministro são, sem dúvida, um magnífico instrumento de propaganda eleitoral. Naturalmente, ninguém ousou criticar tal atitude. É natural, pois toda a gente gosta que lhe dêem coisas. A oposição hesitou por saber de antemão que se tratava de uma acção popular. A imprensa calou-se, à excepção da RTP que transmitiu reportagens incansáveis sobre a matéria.
Todo este processo do Magalhães é por si só muito estranho. Só soubemos dele quando surgiram as primeiras notícias da sua entrega nalgumas escolas do ensino básico. Como apareceu? Como foi concebido? Quem foi consultado nas escolas (pedagogos e professores)? Como foi financiado (à custa dos contribuintes?), de quem são os computadores que o Governo "dá"? Como foi escolhida a empresa, visto que não houve concurso público?
Tenho imensas dúvidas sobre a transparência de todo este processo… Tenho imensas perguntas para as quais não consigo encontrar respostas… Aquele velho provérbio veio-me à memória: "Quando a esmola é grande, o pobre desconfia".
A primeira e mais fundamental das perguntas é a de saber se a distribuição de computadores individuais para as crianças do ensino básico tem sentido pedagógico no combate ao desaproveitamento académico e infoexclusão? Vamos ter uma geração com mais sucesso escolar? Oxalá que sim! Há pedagogos que dizem que é contraproducente, essencialmente no caso da leitura e da matemática…
Reconheço que as crianças do ensino básico, nomeadamente no primeiro e no segundo ciclo, necessitam de ter contacto com os computadores. Ora, no meu ponto de vista, um computador individual nesta faixa etária não é talvez o mais adequado. Teria mais sentido facilitar a presença do computador em casa para toda a família, baixando o preço do IVA e das comunicações de banda larga, e generalizar competências nos adultos, de modo a que as crianças que com eles convivem possam conhecer um ambiente amigável com os computadores e a Internet. Estamos a fazer com que as crianças deixem de fazer os trabalhos de casa escrevendo e lendo, para passarem a fazê-los através do "copy-paste" de pesquisas efectuadas no "Google".
A Internet também esteve no centro das Jornadas de Comunicação Social, promovidas pela Conferência Episcopal Portuguesa que decorreram nos dias 25 e 26 de Setembro, em Fátima. Foi bom saber que a Igreja tem feito um caminho pelo mundo da Net. Alguns organismos como a Ecclesia, o paróquias.org e os jesuítas têm desenvolvido um trabalho notável e fascinante procurando, cada um a seu modo, informar e evangelizar. São os novos caminhos de S. Paulo que desafiam a própria Igreja a estar cada vez mais presente neste mundo digital e não virtual, como alguns quiseram dar a entender no início destas jornadas… A Igreja tem que estar fundamentalmente presente na Internet, mas confessar, celebrar a eucaristia ou um casamento não passa de uma mera utopia. Como se pode celebrar, partilhar, amar e procriar sem estar presente?
A Internet pode de facto ser muito útil, como instrumento de informação, de comunicação, de diálogo e de divertimento, mas uma coisa é certa, nunca poderá fomentar verdadeiros laços de afectividade entre os homens.


Miguel Cotrim

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