Correio de Coimbra

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8 de fevereiro de 2008

Conferência promovida pelo Rotary Club e autarquia de Montemor


Misericórdias souberam sempre dar resposta aos desafios


Manuel Carraco, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Montemor-o-Velho, proferiu uma entusiasta resenha histórica da criação das Misericórdias, do seu papel na sociedade de ontem e de hoje e nas crises que, ciclicamente, abalam estas instituições de solidariedade social.

A comunicação de Manuel Carraco, na noite de terça-feira, 5 de Fevereiro, apontou “o tempo e o espaço politico-social” que estimulou a fundação destas instituições no “mundo português” que, na sua génese, foram criadas com o objectivo de fazer obras de caridade espirituais (como a realização de cerimónias religiosas) e temporais (como de auxílio aos pobres e de assistência hospitalar).
Lisboa (e o país) vivia a época dos Descobrimentos, e foi em 1498 que Vasco da Gama chega à Índia. No entanto, se por um lado, os Descobrimentos trouxeram ao País honra e glória para os que iam e voltavam, também trouxeram pobreza e desolação para os que ficavam e não viam regressar à pátria aqueles que tinham visto partir.
Segundo Manuel Carraco, “havia muitas viúvas e órfãos desamparados que necessitavam de ajuda, doentes que precisavam de tratamento e pessoas a passar à fome”, pelo que, afirma “a criação das Misericórdias foi uma decisão social mas também política”.
O palestrante lembrou que “por esta altura, surge um frade que dedica a sua vida a ajudar os pobres e necessitados – frei Miguel Contreras que percorria as ruas da Lisboa com o seu jumento e ajudava com as esmolas que outros lhe davam para distribuir”, adiantando que foi frei Miguel Contreras o grande inspirador da fundação das Misericórdias e, como confessor da Rainha D. Leonor, propõe a criação destas instituições, que chegaram até aos nossos dias”.
A par da criação da Misericórdia de Lisboa, em 1498, surgem mais doze pelo país, entre as quais duas nos Campos do Mondego: a de Montemor-o-Velho e a da vila de Pereira.
Os anos e os séculos vão passando, e as Misericórdias vão-se multiplicando e estendendo a sua acção de bem-fazer a todo o País, incluindo os novos mundos descobertos entretanto, e é assim que, além de Portugal, se fundam misericórdias no Brasil, África, Índia, Japão, Arábia, Pérsia, Indochina, China e Indonésia. Ao longo dos tempos estas instituições souberam adaptar-se às necessidades sociais do tempo e adaptar as Obras de Misericórdia de forma a que, sem desvirtuar os objectivos da sua fundação, possam responder aos problemas sociais do seu tempo.
“Por estabelecer um carácter laico diante dos vários choques de interesse que a Igreja e o Estado tiveram ao longo dos séculos, as misericórdias chegam aos dias de hoje, apoiadas pelo espírito cristão da igreja católica e espalhadas pelas principais vilas e cidades portuguesas, como instituições particulares de solidariedade social”, sublinhando que “ainda hoje continuam a nascer misericórdias nas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, nomeadamente Paris, Luxemburgo, Canadá, Estados Unidos, Namíbia”.
Porém, à semelhança de outras “crises de subsistência” das misericórdias, que se verificaram ao longo dos séculos, Manuel Carraco afirma que “estas instituições estão a ter graves situações para o desenvolvimento das suas actividades básicas”, salientando que “em Portugal já existem 71 misericórdias inactivas, uma vez que a comparticipação financeira do Estado é muito reduzida e as instituições não têm fontes de receita que saldem a sua intervenção de cariz social”.
Todavia, prossegue o orador, “as Misericórdias, como Instituições Particulares de Solidariedade Social, apresentam um conjunto de soluções e de opções para tudo o que há de menos bom na sociedade e estas entidades é que estão motivadas para tal, advindo daí a grande importância de que se reveste o seu trabalho, pelo que se torna imperativo uma nova ordem politica e social que preserve a identidade e os objectivos das misericórdias”. “As Misericórdias souberam sempre dar resposta aos desafios”, rematou o provedor.
Esta conferência terminou com os agradecimentos de Dolores Campião, presidente do Rotary Club de Montemor-o-Velho.
“O Mundo das Misericórdias e as Misericórdias no Mundo” foi o segundo tema do ciclo de conferências “Portugal no Mundo”, uma iniciativa que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Montemor e o Rotary Club e que pretende, em 10 encontros temáticos, suscitar, através da reflexão inicial de um convidado ilustre sobre um tema específico, um debate sobre o que fomos, somos e, sobretudo, o que seremos.
Política, Misericórdias, Direito, Cultura, Literatura/Afonso Duarte, Ciência, Comunicação Social, Turismo, Agricultura e Internacional são os temas a abordar neste ciclo de conferências dedicado à portugalidade.
À hora de fecho desta edição decorre uma palestra de Joaquim Gomes Canotilho sobre “Direito”, no auditório da Biblioteca Municipal.



Aldo Aveiro

Conferências Quaresmais em S. José

Paróquias da cidade desafiam os jovens a “construir comunidade”

Tal como tem vindo a acontecer nos últimos anos, vão realizar-se, novamente, de 14 de Fevereiro a 13 de Março, as tradicionais e sempre participadas Conferências Quaresmais, no Salão Polivalente da paróquia de S. José, as quais abrangem as paróquias de Ceira, Nossa Senhora de Lurdes, Santa Clara, Santa Cruz, Santo António, São Bartolomeu, São José, Sé Nova, Sé Velha e Torres do Mondego. Este ano sob o tema: “Com os jovens, construir comunidade”. Todos os colóquios são às quintas-feiras, às 21,15 horas.
Este ano, a organização, adoptou um esquema diferente. Em vez de um conferencista, vão participar dois ou mais. Em vez de um tema doutrinal, vamos poder assistir a uma análise da realidade, proposta pelos conferencistas e que será partilhada por todos.
As duas primeiras conferências têm em conta a Visita Pastoral do Bispo de Coimbra às paróquias da cidade, procurando inserir a paróquia na sociedade de hoje, num mundo em transformação. Poderão sair daqui desafios interessantes.
As outras três são dirigidas, de um modo especial, aos jovens. A organização espera que venham a ser os grandes intervenientes deste ciclo de conferências.

O programa é o seguinte:
Dia 14 de Fevereiro: «Construir Comunidade numa sociedade em mudança». São conferencistas José Manuel Pureza (Professor da Faculdade de Economia e militante do Bloco de Esquerda) e João Rebelo (Vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra).
Dia 21 de Fevereiro: «Construir Comunidade, integrada na Igreja diocesana e universal». É conferencista o senhor D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra.
28 de Fevereiro: «Construir Comunidade: Linguagem da fé para os jovens de hoje». São conferencistas o jesuíta Padre Nuno Tovar e o Padre João Paulo Vaz (Responsável pela Pastoral Juvenil da Diocese de Coimbra).
6 de Março: «Construir Comunidade no amor: Casamento, que futuro?». São conferencistas o casal Jacinta e João Paiva e o jesuíta Padre Filipe.
13 de Março: «Construir Comunidade – Vocações». São conferencistas o Padre Luís Miranda, Maria Leão (Servidoras do Evangelho) e o Dr. Jorge Lopes de Almeida (Médico).

Miguel Cotrim

6 de fevereiro de 2008

Inventariação da Paróquia de Serpins


No dia 30 do passado mês de Janeiro, completou-se a inv0entariação da paróquia de Serpins, com um total de 126 fichas e numerosa quantidade de fotografias, realizadas na igreja e nas capelas, facto que sempre contou com o dedicado acompanhamento do Reverendíssimo Padre Dr. Manuel Lucas Bernardes.
Esta paróquia de Santa Maria de Serpins, remontando aos inícios da Nacionalidade, parece ser uma instituição do mosteiro laurbanense, mesmo tendo povoamento muito anterior ao século XII, pois, a destacada posição geográfica em que se eleva o monte da igreja deve ter sido um importante reduto pré-histórico, cultualmente referenciado na época castreja e com surpreendentes materiais arqueológicos, principalmente testemunhados em duas pequenas aras funerárias, em grês vermelho, parcialmente danificadas e datáveis do século I da Era actual. A nítida sobreposição de sucessivos cultos num local enraizadamente sacralizado.
Pela documentação pré-nacional, há seguras notícias de Serpins, pertencentes ao século X, referentes ao lugar e mencionando o topónimo antroponímico (?), como villa rústica, no território do castelo de Arouce – et est illa uilla territorio arauz discurrente ribulo seira (Diplomata et Charta, 52) – sendo, então, metade dela de Zoleiman (Soleimão), congnominado Abaiub, e da mulher, Flamula (Châmoa ou Chama).
O nome cristão desta senhora, bem como o nome e alcunha islâmicos do possessor mostram, evidentemente, uma rica família privada, de moçárabes, por certo nada surpreendente na sociabilidade cultural do intenso moçarabismo, verificado na terra ou distrito de Coimbra, da época, no qual o prestigiado mosteiro de Lorvão gozava da mais alta influência e da maior devoção.
Como declara o formulário da referida escritura, datada de 1 de Setembro de 941, os mencionados intervenientes doaram, àquele cenóbio, na pessoa do abade Mestúlio, in uilla de serpini medietate, além da ração, que tinham noutro lugar: et damus uobis in uilla de algazala nostra ratione.
A outra parte devia pertencer, já, então, aos directos ascendentes (o pai) do notável conde Gonçalo Moniz, visto que, na grande doação efectuada à dita comunidade religiosa, presidida pelo abade Teodorico, em 25 de Março de 961, a inclui como um todo: Et adicio aduc uobis alia uilla que dicent serpinis cum totos suos dextros et terminos anticos (D.C., 83). Tal expressão deve querer dizer só aquilo que o doador ali detinha, embora no teor documental apareça o sentido de unidade agrária, expresso pelo vocábulo villa.
Simultaneamente, as confrontações já consideradas antigas, a meados do século X, deixam crer um muito anterior domínio humano local, provavelmente vindo da sociedade romana, da qual ainda subsistiam divisórias agrárias de centuriação e o Trifinium (Trevim!), marcado pelo terminus augustalis, assinalando, nesse sítio, a confluência topográfica de três povos municipais, de Conimbriga, Aeminium e Bobadela.
Dom Gonçalo Moniz junta, também, à doação, 10 bezerras e 54 ovelhas: et confero uobis in ipsa uilla X.m uaccas bitulatas et LIIII ª ouelias (D.C., 83), num inequívoco indicativo das apreciáveis valências agro-pastoris da sub-região que, além dos supostos campos agricultados, contava lameiros, para pastagem do gado bovino, e largos prados, para rebanhos de caprinos e ovinos.
No seguimento da última Reconquista Cristã, terá havido alguma alteração na posse da villa e da igreja, por parte dos monges laurbanenses, porque, Dom Afonso Henriques, em 1154, fez doação de Serpins a Paio Alvites, chamado Mocelido, e à mulher, Dona Maria Formarigues, sob condição de, à morte deles, regressar ao mosteiro, depois novamente reafirmado, aos filhos, em 1169, pelo mesmo soberano.
Por isso, a igreja de Santa Maria de Serpins era do padroado daquela casa monástica que, nela, apresentava o respectivo prior, e, solicitamente concorrera para o dinamismo da fé e do vasto povoamento, responsável pelo subjacente desenvolvimento rural, como se compreende a partir do alto rendimento taxado na relação das igrejas, em 1321.
Há anos, o pároco de então promovera uma recolha do numeroso património que, nas capelas e nas dependências da igreja, estava posto de parte ou tinha sido substituído. Este louvável procedimento contribuíra para salvaguardar muitos bens que, noutras circunstâncias, acabariam por desaparecer, mas que, assim, ficaram protegidos e defendidos de certas cobiças estatizantes, a que, zelosamente se solidarizou o imediato sucessor.
Quando, nos finais da década de 1970, se realizaram obras, nas imediações da matriz, surgiram diversos materiais antigos, que o Prior fez guardar. Além das duas partes das aras romanas, apareceram cabeceiras discóides, de sepulturas medievais – algumas, porque lançadas a rebolar para o rio, pela miudagem, despedaçaram-se – e um avultado depósito de azulejos hispano-árabes, na maioria partidos e reduzidos a pedaços.
Fazendo essas intervenções em áreas cemiteriais, situadas nos adros ou em propriedades das paróquias, é importante comunicar ao competente organismo diocesano (o Departamento dos Bens Culturais da Diocese) o início dos trabalhos, para se proceder ao respectivo acompanhamento arqueológico, se registarem os estratos verificados e bem serem observadas as terras revolvidas, visto reclamarem uma cuidada leitura interpretativa do quanto revelam, de valiosos dados informadores do que nelas foi acontecendo, através das gerações.
São expressivas as imagens calcárias, dos séculos XV e XVI, a memória de uma oferta régia, de Dom Manuel I, de algumas peças de boa prata e dos bens seguidamente adquiridos, com especial destaque das esculturas sacras, seiscentistas e setecentistas, dos missais de altar, das mesmas centúrias, de alguns poucos paramentos e de várias lâmpadas, em latão, muito características.
Também as talhas douradas e os utensílios de estanho apresentam o comum panorama verificado, sendo elucidativos das sucessivas modas ornamentais e das consecutivas alterações imprimidas nos gostos estéticos, por implantação dos quais os anteriores bens patrimoniais vão sendo preteridos, desconsiderados, destruídos e, pior, alienados, por vezes sem rasto, para o futuro.
José Eduardo Reis Coutinho

Nasceu há 400 anos

Padre António Vieira e arte de comunicar

Apesar de ter proferido apenas um sermão no púlpito da capela da Universidade de Coimbra, o Padre António Viera vai ser recordado hoje à noite, na Capela da Universidade de Coimbra, dia em que se assinala o IV centenário do seu nascimento. A iniciativa partiu do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos e do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos.
A evocação será composta por um recital de órgão, por Paulo Bernardino; uma leitura dramatizada da Elegia de Camões "Se quando contempalmos as secretas..." e a pregação do primeiro sermão de quarta-feira de cinzas, do padre António Vieira, por Paulo Mira Coelho.

Fez ontem, 400 anos que nasceu em Lisboa, o Padre António Vieira (1608-1697), a quem Fernando Pessoa chamou “o imperador da língua portuguesa”. Aos sete anos, António partiu com a família para o Brasil, onde o pai, da baixa nobreza, foi ocupar o cargo de secretário da Governação. Estudou no colégio jesuíta da Baía, entrou para a Companhia de Jesus em 1623 e foi ordenado padre em 1634, com 26 anos.
Os seus dotes oratórios já tinham começado a dar nas vistas quando, perante a ameaça de ataque holandês, em 1640, pregou na Baía um sermão aguerrido: “Pela vitória das nossas armas”.
Reconhecido como aquilo a que hoje se chamaria um especialista em comunicação, o jesuíta foi escolhido para fazer parte da delegação que, em 1641, veio a Portugal manifestar a D. João IV o apoio do Brasil à Restauração.
Em Lisboa foi um êxito. Os seus sermões em linguagem clara, cheios de metáforas para melhor ilustrarem o que pretendia comunicar, comoveram o rei, que o nomeou pregador da capela real. A habilidade com que Vieira usava o púlpito para transmitir a sua “agenda política” não passou despercebida a D. João IV, que o incumbiu de delicadas missões secretas no estrangeiro. O jesuíta passou os anos de 1646 e 1647 em viagens diplomáticas a França e à Holanda. Foi ainda a Roma, oficialmente para tentar junto do Papa uma reconciliação luso-espanhola, mas na verdade para promover uma revolta em Nápoles contra a coroa de Madrid.
As manobras falharam, mas nessas viagens contactou as comunidades de judeus portugueses em Rouen (França) e Amesterdão (Holanda). No regresso, convenceu o rei a acabar com a pena de confisco dos bens por delito de judaísmo, que a Inquisição aplicava por sistema aos cristãos-novos (judeus convertidos) suspeitos. Os inquisidores nunca mais lhe perdoaram. Foi também Vieira o principal impulsionador da Companhia Geral do Comércio do Brasil, destinada a captar investimentos dos judeus portugueses no estrangeiro.

O apoio de Vieira ao rei num litígio com os jesuítas colocou-o à beira de ser expulso da sua ordem religiosa. Para evitar a expulsão regressou ao Brasil. No Maranhão conviveu com os índios e envolveu-se em disputas com os colonos que o escravizavam. Data dessa altura (1654) o “Sermão de Santo António aos Peixes”, em que escreveu: “Os homens, com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes, que se comem uns aos outros (…) e os grandes comem os pequenos”.
Os colonos dispensavam o acicate – e obrigaram o padre a voltar a Lisboa, em 1661. Não se deu bem. O seu protector, D. João IV, morrera em 1657, e o conde de Castelo Melhor, ministro do novo rei D. Afonso VI, desterrou-o quando soube que Vieira conspirava a favor do infante D. Pedro. Em 1662, a Inquisição abriu-lhe um processo, acusando-o de ter opiniões heréticas. O pretexto foi o livro “Quinto Império do Mundo, Esperanças de Portugal”, no qual anunciava a ressurreição de D. João IV. Foi proibido de pregar e condenado à prisão numa das casas dos jesuítas.
Salvou-o o golpe de Estado de D. Pedro, em 1667, que destronou o irmão. Vieira partiu para Roma, onde os seus sermões encantaram o Papa. Em Itália, estreitou relações com os judeus e escreveu contra a Inquisição. Antes de voltar, obteve de Clemente X um salvo-conduto que impedia os inquisidores portugueses de o incomodarem. Chegou a Lisboa em 1675, já com 67 anos. A protecção papal foi preciosa: o Santo Ofício gozava agora dos favores do regente /futuro D. Pedro II) e este ignorou o antigo apoiante. Magoado, Vieira tratou da publicação dos sermões e regressou ao Brasil.
Ainda se envolveu na política local, voltando a defender a abolição da escravatura dos índios e mergulhou na escrita profética. Morreu na Baía, a 17 de Junho de 1697, com quase 90 anos.
Miguel Cotrim

4 de fevereiro de 2008

Bispo de Coimbra elogia papel dos bombeiros voluntários


D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra, felicitou na passada semana, os bombeiros voluntários por "fazerem o bem sem passar factura", contribuindo assim para combater "o egoísmo das cidades".
O prelado falava durante a visita realizada no dia 29 de Janeiro à sede dos Bombeiros Voluntários de Coimbra, na avenida Fernão Magalhães.
"Tenho uma atitude de respeito e agradecimento pelo bem que têm feito e por conhecer através de vós como vai a sociedade de Coimbra", afirmou D. Albino Cleto, citado pelo Diário de Coimbra.
"Admiro toda a instituição que tem por base o voluntariado", avançou. O Bispo disse mesmo que "se acabarem os bombeiros voluntários e as filarmónicas o nosso país entra num egoísmo enorme".
A visita decorreu a convite dos bombeiros voluntários, mas o bispo considerou que, com a visita pastoral, cumpriu apenas "a obrigação expressa no Evangelho". A gare das viaturas de intervenção, a sala comum e as camaratas foram alguns dos sítios visitados.

Sé Velha cria jardim bíblico




A Igreja da Sé Velha, em Coimbra, vai criar nos seus claustros um pequeno jardim bíblico, com as espécies mais representativas referenciadas nos escritos sagrados, contando para isso com a ajuda da Universidade.
Para um pequeno pátio no exterior da igreja já foi transplantada uma oliveira milenar, trazida da serra do Sicó, no concelho de Ansião, mas as sementes das plantas que irão ornar o jardim bíblico nos claustros serão fornecidas pelo Jardim Botânico da Universidade de Coimbra.
Sob a coordenação do botânico Jorge Paiva, pretende-se reunir nesse pequeno jardim bíblico duas dezenas da centena de espécies que este especialista identificou com segurança nos textos bíblicos, mas apenas nos textos iniciais e não em traduções, revelou o próprio à agência Lusa.
"Será uma amostra pequena, das mais emblemáticas", adiantou o botânico, escusando-se a identificá-las, por entender que algumas poderão não se adaptar ao novo habita, e poderão ser trocadas por outras.
A intenção é que haja espécies que possam estar nesse jardim todo o ano, reservando-se para a cultura em vasos as espécies sazonais, como o trigo, que era referenciado na Bíblia.
"Queremos que seja algo que valorize a Sé Velha, até eclesiasticamente e historicamente", sublinhou Jorge Paiva.
O pároco da Sé Velha, monsenhor João Evangelista Ribeiro Jorge, adiantou à Lusa que entre as espécie seleccionadas deverão fazer parte o papiro, o espinheiro (usado para a coroa de espinhos de Cristo) e o trigo mole, que veio da Mesopotâmia e que os apóstolos comiam pelos caminhos.
Monsenhor João Evangelista explicou que a criação do Jardim, além de valorizar o espaço em termos turísticos e culturais, é um meio para a promoção de uma "evangelização adequada" para cerca de 70 mil turistas que anualmente visitam a catedral.
No dia 24 de Fevereiro deverá decorrer uma celebração litúrgica com a bênção, pelo Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, da oliveira milenar transplantada da serra do Sicó, a simbolizar as oliveiras de Jerusalém referenciadas nos textos sagrados.
Nessa sessão de apresentação à cidade serão oferecidas aos presentes provas de sabores bíblicos, como o pão ázimo e outros alimentos simples.
Para monsenhor João Evangelista, esta é igualmente uma forma de sensibilizar a comunidade de Coimbra, fazendo da oliveira o símbolo do "ramo da paz".
O envolvimento do Jardim Botânico, através da cedência de sementes, resulta de um protocolo celebrado com os Guardiães da Sé Velha, que a sua directora, a professora catedrática Helena Freitas, considera de "grande importância" por significar mais uma prestação de serviços à comunidade.
A Sé Velha de Coimbra é um dos edifícios em estilo românico mais relevantes de Portugal. A construção deste templo iniciou-se em 1162, por acção do bispo Dom Miguel Salomão.
Agência Lusa

Abandono escolar debatido no Colégio de São Teotónio



Criar uma cultura onde o abandono escolar não tenha lugar, promovendo a aprendizagem ao longo da vida, são metas da iniciativa Novas Oportunidades. O incremento de um ano na média de escolaridade de um país implica ganhos de produtividade entre 3 e 6%, realça psicólogo António Lopes.
Fazer com que o abandono não faça parte do leque de escolhas das crianças e jovens e diversificar a oferta formativa e os currículos, ajustando-os a cada comunidade escolar, ou, no limite, a cada aluno. Estas são, pode dizer-se, as palavras de ordem da Agenda Prevenção do Abandono Escolar, projecto cujos resultados do primeiro ano de funcionamento foram ontem debatidos, numa acção promovida pela Direcção Regional de Educação do Centro (DREC), que juntou no passado dia 31 de Janeiro, no Colégio de São Teotónio, representantes de escolas dos distritos de Aveiro, Coimbra, Leiria e Viseu.
De acordo com António Lopes, psicólogo da DREC, o abandono, que se verifica com maior incidência na faixa etária dos 13 aos 15 anos, "é uma opção de carreira", tomada pelo jovem que quer "entrar no mercado de trabalho mais cedo", o que, nota este responsável, "pode ter consequências catastróficas a médio prazo".
Foi aquilo que a directora regional adjunta de Educação do Centro, Maria Cristina Lopes Dias salientou, "quando o aluno sai da escola (em abandono) vai ser mal pago, explorado, ou não vai ter emprego sequer". Ao fim de alguns anos, "vamos criar ali um problema social", advertiu, ao observar que, pelo menos, se lhe deve dar a hipótese de uma certificação de 9.º ano, se possível em paralelo com uma habilitação profissional.
E as ofertas educativas são muitas, com designações que até podem baralhar. São os PCA’s (percursos curriculares alternativos), os CEF’s (cursos de educação e formação), ou os PIEF’s (planos individuais de educação e formação).
Para a população maior de 18 anos – porque dos objectivos do Governo também consta o aumento do nível médio de qualificação da população activa –, há, ainda, os cursos EFA (educação e formação de adultos), que vêm substituir o ensino recorrente, ou os centros de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC).


O direito a um
ensino diferenciado

Segundo a directora regional adjunta de Educação do Centro, "os alunos não aprendem todos da mesma maneira" e, por isso, "têm o direito" a um ensino diferenciado.
E "é preciso explicar aos pais que existem outras ofertas possíveis nas escolas", salienta Cristina Dias, que apela também aos professores que encaminhem aqueles que, "em cada turma, têm várias repetências", para uma opção mais virada para os gostos e competências individuais.
Por outro lado, entre os adultos, "o déficit de formação é medonho", colocando Portugal como "o último país da Europa", notou a directora regional adjunta, ao defender que "o QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional)" pode vir "ajudar a dar um salto na qualificação".
"Devemos aproveitá-lo para fazer a formação da nossa população. Não podemos ser competitivos no mundo globalizado, em serviços altamente tecnológicos, com uma população que detém, na sua maioria, a antiga 4.ª classe e por vezes nem isso", constatou a responsável da DREC, ao considerar que "é um desígnio nacional" o país aproveitar esta "oportunidade".

Luso acolhe Festa das Famílias


No próximo dia 12 de Fevereiro, pelas 21 horas, no salão paroquial do Luso, vai realizar-se a primeira reunião do arciprestado da Mealhada, a fim de colaborar na preparação da XIV Festa das Famílias da Diocese de Coimbra. Este ano, a Festa integra-se na celebração do Dia da Igreja Diocesana, em 18 de Maio, no Luso, conjuntamente com II Grande Encontro de Jovens da Diocese. "A mesma Família, o mesmo Pai" é o tema de fundo desta Festa, celebrada no encerramento da Semana da Vida.

CAF-Coimbra: nove anos a aconselhar a família


Em 31 de Janeiro p.p., o Centro de Aconselhamento Familiar de Coimbra (CAF – Coimbra) comemorou nove anos de funcionamento. Como tem sido habitual nestas circunstâncias, o Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar (SDPF) e a equipa do CAF reuniram-se no Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF) para avaliar mais um ano de trabalho deste serviço, que já conta com perto de 2000 casos, correspondentes a cerca de 4000 atendimentos.
Constituído por uma equipa de técnicos voluntários (assistente social, psicólogos, médicos, juristas, padre e gestor financeiro), o CAF, fiel aos seus princípios, apoia a vida no seu todo e tem como objectivo ajudar a família: os jovens nos seus mais diversos problemas; as mães solteiras; o casal no seu (des)entendimento conjugal e nos seus dramas; os filhos na sua relação com os pais e colegas; os namorados em crise e dúvida; os idosos na sua solidão, abandono e maus-tratos.
Prova da credibilidade deste Centro e do profissionalismo desta equipa de voluntários liderada pela Emília Cardoso, membro do SDPF e do ISCF – a quem cabe a responsabilidade dos atendimentos e o eventual encaminhamento para os técnicos – é o testemunho das pessoas que o procuram, assim como as solicitações oriundas de outras dioceses, a fim de lá serem criados serviços semelhantes. Só este ano, recolhendo a experiência e as sugestões do CAF – Coimbra, foram constituídos quatro outros Centros semelhantes em outras tantas dioceses do País.
O CAF atende 24 horas por dia, através dos telefones: 239 723 989 ou 969 881 159, ou pessoalmente na Rua Gil Vicente, nº 2 – 3000-202 Coimbra. O endereço electrónico é o seguinte: cafcoimbra@sapo.pt

O Colégio de Quiaios assinalou as bodas de prata de D. Albino Cleto



No passado dia 24 de Janeiro, a professora de Educação Moral Religiosa Católica (EMRC) conjuntamente com um representante de cada ano de escolaridade (do 5º ao 9º ano) deslocaram-se à Casa da Sagrada Família, na praia de Mira, a fim de celebrarem, em conjunto, as bodas de prata de D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra. Para comemorar a passagem de tão importante e significativa data, os alunos do Colégio de Quiaios foram portadores de pequenas e singelas ofertas que tiveram o condão de provocar um bonito sorriso no rosto de D. Albino. Tal, foi de imediato percepcionado pelos alunos que reciprocamente esboçaram um rasgado sorriso contagiando o momento de maior alegria e alguma emoção. Poder-se-á dizer que este gesto simples mas evocativo, traduzido na oferta de módicas oferendas enalteceu a data jubilar de ordenação episcopal de D. Albino.