Correio de Coimbra

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9 de fevereiro de 2007

Faleceu o Padre Abílio Duarte Simões, o primeiro pároco da Mealhada

O padre Abílio Duarte Simões, de 61 anos, responsável pela paróquia da Mealhada, foi encontrado sem vida, no dia 7 de Fevereiro, à noite, caído junto à valeta, na localidade de Gagos (sua terra natal), freguesia de Cumieira, concelho de Penela.
Nascido na Cumieira a 19 de Agosto de 1949, entrou para o Seminário a 7 de Outubro de 1956 e foi ordenado em 1 de Agosto de 1970 por D. Frei Francisco Fernandes Rendeiro.
Foi nomeado coadjutor de Cantanhede a 5 de Setembro de 1931; Capelão militar a 15 de Maio de 1974; Reitor da Mealhada e pároco de Vacariça a 13 de Outubro de 1974; Administrador da Paróquia de Sepins a 3 de Fevereiro de 1988.
Pároco de Casal Comba e Ventosa do Bairro a 29 de Setembro de 1989
Em 29 de Março de 1992, D. João Alves, Bispo de Coimbra na altura nomeia-o pároco da Mealhada, por ocasião da bênção da nova igreja.
Nesse mesmo ano assume o Arcipreste da Mealhada.
No dia 25 de Novembro de 2002 foi nomeado capelão do Hospital de Cantanhede.
O Padre Abílio Duarte Simões era ainda professor de Latim e Grego no Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra e colaborador do “Correio de Coimbra”, onde mantinha uma colaboração assídua todas as semanas.
O funeral realiza-se hoje, pelas 15 horas, na Mealhada com a presidência do Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto.

8 de fevereiro de 2007

Adriano Vaz Serra em longa entrevista ao Correio sobre o referendo ao aborto


"A solução que se impõe não é a de escolher a morte mas sim a de promover a vida"
(Imagem gentilmente cedidida pelo jornal Campeão das Províncias)

Adriano Vaz Serra é, actualmente, professor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e assume, desde 1973, o cargo de director do Serviço de Psiquiatria dos Hospitais da Universidade de Coimbra. O semanário Campeão das Províncias caracterizou-o, recentemente, como o "gentleman da Psiquiatria". Numa entrevista ao "Correio", afirma que quem responder "sim" no referendo do próximo Domingo, estará a "assinar um cheque em branco" que não sabe como vai ser utilizado. Para este especialista, a vida existe desde o momento da concepção e a realização do aborto, muitas vezes imposto à mulher por outros, deixa marcas psicológicas graves e conduz a comportamentos suicidas, depressão, transtornos mediados pela ansiedade, abuso de drogas e alcoolismo. Numa época que considera esclarecida, chama a atenção para a importância de apoiar as mulheres em situações difíceis, mas acredita que "a solução que se impõe não é a de escolher a morte mas sim a de promover a vida".


Concorda com este referendo? Concorda com os termos da pergunta que vai ser colocado ao eleitorado no próximo dia 11 de Fevereiro?
A maioria das pessoas tem vindo a salientar que "a vida não é referendável". De facto este aspecto é reconhecido pela própria Constituição da República Portuguesa quando afirma, no Art.° 24.°, que "a vida humana é inviolável", o que, naturalmente, se deve aplicar igualmente à vida intra-uterina desde a sua concepção. Por sua vez, o Art° 140.° do Código Penal Português define que o aborto é um "crime contra a vida intra-uterina" presumindo que, mesmo que se seja um feto, representa um ser que já tem vida. A pergunta que vai ser colocada ao eleitorado português é demasiado elaborada e um pouco confusa. Menciona: "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?" Toda a pessoa que responda "sim" estará a permitir que o aborto seja descriminalizado, legalizado e liberalizado até às 10 semanas sem que a mulher precise de dar qualquer justificação para o seu desejo de abortar. Quem responder "sim" estará a "assinar um cheque em branco", que não sabe como vai ser utilizado, isto é, que introduções virão a ser colocadas na lei que posteriormente se referirá ao aborto.


"O aborto não é um método anticonceptivo"


Com tantos meios de contracepção para se evitar uma gravidez, já não falando da vasectomia aplicada ao homem e da laqueação das trompas à mulher, é mesmo necessário recorrer-se à prática da IVG? Não haverá outra solução?
De facto, estamos numa época esclarecida, em que se tem procurado investir na educação sexual e em que há diversos métodos de controlo da natalidade, entre os quais se citam o uso já clássico da "pílula" anticonceptiva, o uso ainda mais antigo do preservativo, a utilização do dispositivo intra-uterino, a vasectomia ou a laqueação das trompas. Então, com muita honestidade, devemos perguntar-nos colectivamente, "olhos nos olhos" se, para além destes métodos, ainda é necessário colocar o aborto como mais um dos métodos anticonceptivos? A solução que se impõe não é a de escolher a morte, mas sim de promover a vida: a vida da mãe e do feto, prestando atenção às causas, procurando encontrar respostas para elas, dando o apoio médico, jurídico e social que muitas vezes falta.
A entrevista encontra-se na íntregra na edição desta semana

Obra de Santa Zita comemora 75 anos em Coimbra

Juridicamente enquadrada nas Instituições de Solidariedade Social, desde 1985, a Obra de Santa Zita (OSZ) celebra este ano 75 anos de existência.

Nascida na Cidade da Guarda (1932) e rapidamente implantada em todo o País, a OSZ chegou a esta cidade de Coimbra em 1948. Depois de ter passado por várias localidades, radicou-se, definitivamente, em 1964, na Rua Gil Vicente, nº 2, actual sede da Obra.
Vocacionada para fazer face a problemas que no tempo desrespeitavam a jovem mulher, negando-lhe os seus direitos e dignidade, a OSZ apostou na defesa e promoção destas jovens e tudo fez, com bastante sacrifício, mas muita generosidade e empenho, para elevar o nível da sua formação e preparação em todas as dimensões, possibilitando, que mais tarde, pudessem ser boas donas de casa, boas esposas, boas mães e algumas, boas consagradas.
Atingir a família, desprovida de valores, era a grande paixão do padre Brás: “Salvando a Família é todo o mundo que é salvo”.
A prevenção pela formação, a grande estratégia que mudou a vida de muitas jovens e que visava atingir as três famílias cruzadas na sua vida: a de origem, aquela onde trabalhava e aquela que viria a constituir.
Trabalhar na prevenção para remediar, atempadamente, certos desvios, foi a grande intuição do seu Fundador, Mons. Brás. Formadas e preparadas, as jovens mulheres, estavam em condições de assumir a defesa da sua dignidade e a de suas companheiras.
Durante largos anos a OSZ dedicou-se, incansavelmente, a estas jovens, uma associação dinâmica e activa de jovens cristãs, apostólicas, jovens, agora, mais conscientes da sua dignidade e da sua vocação e missão na sociedade e na Igreja. A partir dos anos oitenta, a mudança operada no sector do serviço doméstico, foi reduzindo gradualmente o número de associadas, o que exigiu o repensar da vida e da acção da mesma.
Sem descurar a atenção às suas Associadas e continuar a abrir a porta a outras, que mais raramente foram surgindo e como meio de apoiar a mulher e a família a OSZ, criou algumas actividades tais como: Creches, Jardins-de-Infância e ATL’s; Serviço de Apoio a Idosos; Serviço de Colocações; Escola Profissional de Agentes de Serviço e Apoio Social (ASAS), actualmente em Lisboa e Funchal; CAT - Centro de Acolhimento Temporário para Crianças em risco, em Castelo Branco; Atendimento a Famílias que a todo o momento batem à porta, pedindo ajuda. Em algumas cidades, mas muito poucas, a Obra tem ainda um serviço de acolhimento temporário a jovens estudantes e adultos.
Dinamizada pelas Cooperadoras da Família, membros de um Instituto Secular, fundado quase em simultâneo com a Obra pelo mesmo Fundador, Monsenhor Joaquim Alves Brás e, em colaboração com as actuais Associadas e demais pessoas amigas, a OSZ nesta cidade de Coimbra, desenvolve uma série de serviços: mantém em funcionamento os cursos de formação familiar: culinária, bordados; artes decorativas, corte e confecção, aulas de guitarra; reuniões de formação para Associadas e outras pessoas amigas, convívios, passeios, etc.. Com base num acordo com os Serviços dos Hospitais da Universidade de Coimbra, acolhe doentes em processo de tratamento hospitalar que não necessitam de internamento. Em colaboração com os Serviços Sociais dá ainda apoio a outros doentes e seus familiares, do continente e das ilhas. Tem em funcionamento um serviço de colocações e procura dar resposta às necessidades que vão aparecendo. Acolhe temporariamente situações de violência doméstica, reencaminhando logo que possível para outras Instituições. Acolhe também, em regime temporário, alguns jovens estudantes e adultos.
As celebrações das Bodas de Diamante, a nível Nacional tiveram o seu início na Guarda, cidade berço da OSZ, e terão o seu termo nos dias 27 e 28 de Abril, deste ano, em Lisboa, Sede Geral da Obra, por ocasião da Festa da sua Padroeira, Sta Zita. A seu tempo tornaremos público a viagem a Lisboa, para a qual convidamos todas as pessoas que tenham desejo de participar.
A nível da cidade de Coimbra, a celebração dos 75 anos da OSZ, terá lugar no dia 11 de Março de 2007, data muito próxima da celebração da morte do seu Fundador, 13 de Março de 1966. Desde já, convidamos todas as pessoas desta cidade que conheçam a Obra ou não e que queiram acompanhar-nos na celebração deste evento. Brevemente tornaremos público o programa da efeméride e o respectivo convite.

Votar em nome dela


Entre o "sim" e o "não", para mim está o nome dela. Daquela que me quis, que me chamou "o meu menino", que passou as suas mãos afagando o meu cabelo, que me trouxe ao colo, que me disse segredos ao ouvido, que me amamentou ao seu peito, que sonhou para mim um futuro onde o azul do céu se confundia com o brilho das estrelas.
Por tudo isso, pelo dom da vida que ela acalentou, pelo desejo que soube semear no meu coração de homem crente na maior de todas as dádivas e, sobretudo, por aquela voz que, mansamente, continua a segredar-me: não desistas! Por tudo isso lhe digo: "obrigado!". E ponho o nome dela na intenção de voto que me manda a consciência. Bem hajas, minha mãe!
A. Jesus Ramos

Pastoral da Família propõe retiros para casais

Tendo em conta a proximidade da Quaresma, o Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar propõe a todos os casais da diocese a participação em dois retiros.
O primeiro é promovido pelo Movimento Por um Lar Cristão (MLC) e realiza-se no próximo dia 25 de Fevereiro, na Casa de Santa Zita, das 9h às 17h30. Será orientado pelo padre Luís Miranda. O custo de participação de 20 euros inclui a inscrição e o almoço. O segundo retiro é promovido pela região pastoral Sul e terá lugar no Centro Pastoral de Chão de Couce, no dia 18 de Março, das 10h às 17h. Todos os casais da diocese podem estar presentes, não sendo necessária inscrição prévia e devendo, cada participante, levar almoço para partilhar.

Secretariado da Pastoral Familiar promove formação

A terceira sessão no âmbito do projecto “Tardes de formação familiar”, da iniciativa do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar, vai acontecer no dia 3 de Março, das 14h30 às 19h, no Seminário da Figueira da Foz e destina-se às comunidades da região pastoral Beira-Mar. Dando seguimento ao que está previsto no programa da Diocese, assume-se como objectivo a preparação de agentes da pastoral para a área da família. A formação incluirá uma breve exposição orientada por um casal do Secretariado Diocesano, trabalhos em grupo e projecção de ideias na realidade pastoral.

Responsável máximo do escutismo mundial visita Ceira



O Secretário-geral do movimento escutista mundial, o médico italiano Eduardo Missoni, desloca-se a Portugal, nos dias 10 e 11 de Fevereiro, para participar num fórum que debaterá o futuro do escutismo, assinalando o primeiro centenário do movimento educativo fundado em 1907, pelo General Britânico Robert Baden-Powell. No âmbito desta visita ao país, o chefe mundial visitará, no Domingo à tarde, o agrupamento de escuteiros de Ceira, concelho de Coimbra sendo esse o único contacto directo deste responsável com a prática escutista no nosso país.
O movimento escutista está presente actualmente em 155 países do mundo e integra mais de 28 milhões de membros, entre jovens e adultos. Em Portugal existem mais de 70.000 escuteiros, sendo o Corpo Nacional de Escutas (CNE – Escutismo Católico Português) o maior Movimento. No âmbito das comemorações nacionais do centenário do escutismo, que terão o seu ponto alto no Verão com a realização de um acampamento nacional em Idanha-a-nova, o CNE promove nos dias 10 e 11 deste mês, um fórum, em Fátima, para debater o Futuro do Escutismo.
Este evento, integrado num processo de elaboração do Plano Estratégico Participativo do CNE, contará com a participação de dirigentes de outros países e de personalidades convidadas, com destaque para apresentação de um estudo sobre o movimento elaborado pela Universidade Fernando Pessoa.

Encontro Diocesano Vocacional 3 e 4 Março em Coimbra


A Pastoral Vocacional da Diocese vai organizar nos dias 3 e 4 Março um encontro diocesano vocacional em Coimbra. Este encontro surge no contexto das actividades que têm sido desenvolvidas um pouco por todas as regiões pastorais da Diocese. O encontro está pensado para jovens a partir dos 14 anos. Esta proposta tem duas modalidades de participação: o fim de semana completo (a começar no sábado às 10h e a terminar no domingo às 17h30) ou só no Domingo (das 10h às 17h30). Mais informações Contactar Pe. Luís Miranda ou Pe. Nuno Santos ou em www.sdpvcoimbra.blogspot.com

5 de fevereiro de 2007

As (minhas) notas da Semana

A. Jesus Ramos

1. A história do homem é evolutiva em todos os seus sentidos. Momentaneamente pode recuar, mas apenas por acidente. Porque, a cada paragem no tempo, logo faz um esforço por avançar, no sentido de que, ao menos perfeito, se siga uma tentativa de perfeição, de modo a que a ânsia de plenitude sempre presente no coração humano se não quede ao longo da caminhada. Foi sempre assim, no decorrer dos séculos, e assim há-de continuar. Vejamos o percurso da história da liberdade humana. É continuado e persistente! As civilizações antigas produziram, todas elas, a par de alguns filósofos defensores da autonomia individual, da responsabilidade de cada um perante a comunidade, uma multidão imensa de gente que aceitava, defendia e praticava a escravatura. Foi assim no tempo dos egípcios, no tempo dos romanos, no tempo dos árabes. E até o cristianismo, que é a religião da liberdade, acabou por aceitar – mesmo através de Paulo, o mais lúcido dos apóstolos da libertação – uma realidade histórica que não entrava no seu ideário, mas acabou por entrar no seu itinerário, pelo menos no seu itinerário provisório. E se, a par da escravatura, falarmos da pena de morte, podemos fazer uma análise semelhante. Há, através da história, também por intervenção paciente do cristianismo, uma mudança de entendimento sobre a forma como a humanidade se refere aos seus princípios constitutivos. A lei do mais forte tem vindo, paulatinamente e pouco, ao longo dos séculos, a ser substituída pela força, presente em cada um de nós, do reconhecimento de uma igualdade que, aos poucos, se traduz em fraternidade. De semelhante, o homem vai-se reconhecendo como irmão.
2. Esta caminhada humana é sempre lenta. Os seus princípios estão inscritos no disco rígido de cada ser, mas não se manifestam todos de uma vez, nem todos em cada um dos indivíduos, de modo claro e definitivo. A escravatura, defendida em tempos idos, desapareceu das legislações ocidentais apenas no século dezanove. E a pena de morte, que quase todos os povos aceitaram na antiguidade, foi banida dos nossos códigos civis e das nossas constituições há poucos anos, e apenas em parte. Há estados que se dizem democráticos e civilizados a decretarem, ainda hoje, a pena de morte.
3. Nesta linha de pensamento, estou inteiramente convencido que a defesa da vida, a começar pela que se desenvolve no seio materno, tem também o seu percurso histórico. Os que agora estamos do lado do "não" à morte, somos apenas os pioneiros de uma luta que há-de levar, num futuro mais ou menos próximo, à declaração universal do princípio fundamental da vida a partir do primeiro momento. Não tenhamos, pois, medo do futuro. Muito pelo contrário.
4. Quem diz "não" à morte, tem que dizer "sim" à vida. Seria, aliás, essa a forma mais digna e dignificante de abordar este assunto, quer a nível político, quer eclesial, quer pastoral e social. A todos os níveis! Se olharmos à nossa volta, podemos perguntar-nos onde estão as estruturas que promovem, que defendem e que acolhem a vida? Onde estamos nós quando é necessário apoiar as jovens mães, dentro ou fora da família? Onde estão as ordens religiosas consagradas a este serviço, que é hoje um dos carismas mais interpelativos da nossa forma cristã de estar no mundo?

Grupo de jovens propõe”Viver a Páscoa em Taizé”


Um grupo informal de jovens da paróquia de S. José organiza, de dia 31 de Março a 9 de Abril, uma viagem a Taizé, uma comunidade ecuménica, no sul de França, que recebe, anualmente, milhares de jovens que procuram momentos de encontro, de descoberta do outro, de oração, de silêncio e de paz, de fortalecimento da fé e de vida em comunidade.
Todos os jovens até aos 29 anos e adultos podem participar. A viagem custará a cada participante 100 euros, acrescentando-se a este preço mais 40 euros de inscrição em Taizé. A viagem inclui paragens em Bordéus, Ângouléme e Paray Le Monyal.
Para mais informações, o grupo que promove a viagem pode ser contactado às Quartas-feiras, das 18h às 20h, na Igreja de S. José, ou através do e-mail amigos.taize.coimbra@sapo.pt e do telemóvel 969 757 836.

Na Praia de Mira


Bispo de Coimbra presidiu à abertura
da Conferência Nacional do movimento Alpha

Decorreu em Mira, nos dias 27 e 28 de Janeiro, a Conferência Alpha Portugal, organizada pelo respectivo Secretariado Nacional, que tem sede na paróquia de Febres. Estiveram presentes cerca de 150 congressistas, oriundos das dioceses de Coimbra, Lisboa, Setúbal, Santarém, Viseu e Braga, bem como de Valladolid (Espanha).

O encontro teve como objectivo primeiro a formação dos responsáveis diocesanos e paroquiais pelas estruturas Alpha. A abertura da Conferência foi presidida pelo Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, e os trabalhos confirmaram a crescente procura dos denominados Cursos Alpha, como forma de encontrar resposta para as questões essenciais da vida, numa sociedade onde as pessoas e os valores humanos contam cada vez menos.
Este crescimento verifica-se, aliás, no mundo inteiro. De facto, desde o seu surgimento, em Londres, muitos milhões de pessoas, tiveram já, nos Cursos Alpha, a ocasião de reflectirem profundamente, e de neles encontrarem um novo sentido e uma alegria renovada para as suas vidas em termos pessoais e sociais. Esta realidade leva o Bispo de Coimbra, a afirmar que Alpha "está a ser uma bênção" para todos aqueles que – estando ou não ligados à Igreja – pretendem, realmente, empenhar-se na busca pessoal de verdades e valores essenciais, de uma forma agradável, simples e comprometedora. Facilmente se entenderão, assim, as razões que levaram a que, como referia o prestigiado jornal inglês Daily Telegraph, Alpha se tenha transformado num "triunfo extraordinário". Um triunfo que, tanto o Bispo de Coimbra, como os responsáveis Alpha aos mais diversos níveis, convidam os portugueses a conhecer...

D. Albino Cleto em entrevista ao “Correio”


Campanha do "não" ao aborto
tem crtescido em Coimbra


O Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, responde a algumas dúvidas, apresentadas por cristãos da diocese, sobre o referendo ao aborto, no próximo dia 11 de Fevereiro. A palavra do Pastor Diocesano deve servir de orientação para todos os que querem estar de acordo com os ensinamentos da Igreja nesta matéria tão delicada.
Atento à campanha em favor do "não" ao aborto, que tem crescido em Coimbra, o Bispo da diocese, D. Albino Cleto, manifestou apreço pelos "grupos de cristãos que, nestas últimas semanas, se entregaram de alma e coração à causa da vida". Afirmando-se pronto a sacrificar tempo e trabalho, compromete-se com a luta "pela pessoa humana e o seu futuro", ainda que sempre num lugar de dinamizador e orientador. Lembra as associações e movimentos de apoio à maternidade e à mulher que existem no país e na cidade, como forma de responder às críticas de quem fala na ausência de acção prática depois da vitória do "não" no primeiro referendo e salienta a importância de perdoar e receber as mulheres que já fizeram um aborto, segundo o exemplo do próprio Jesus Cristo. Lamentando que a nossa sociedade resolva os seus problemas "metendo a cabeça na areia", aguarda com serenidade o dia 11 de Fevereiro, crendo que "Deus nos ajudará a abrirmos os olhos".


De que forma está a Igreja de Coimbra a participar na campanha para o referendo sobre o aborto?
Como sabem, constituiu-se, em Coimbra, um grupo de cidadãos em defesa da vida que se intitulou "Aborto a pedido? Não!". Recolheu mais de 28 000 assinaturas! Entre estes cidadãos figuram centenas de católicos. A sua presença e o seu generoso dinamismo têm sido a mais actuante participação da Igreja diocesana nesta campanha. Também nas Paróquias e através de Movimentos Apostólicos se desenvolvem muitas e apreciáveis iniciativas, sobretudo para a distribuição dos documentos da Conferência Episcopal e de outra literatura, para a organização de sessões informativas e de vigílias de oração.



O Bispo da Coimbra tem estado atento a esta campanha? Como avalia as acções que já decorreram e a forma como ela se tem desenrolado?
Sim, tenho procurado acompanhar de perto esta dinâmica: já visitei os dois centros que, na Baixa e na Solum, são ponto de irradiação para a campanha e já me encontrei repetidas vezes com grupos de cristãos que, nestas últimas semanas, se entregaram de alma e coração à causa da vida. Além disso, procuro acompanhar, diária e atentamente, o que a imprensa local nos diz, de ambos os lados da causa.



Tem evitado comprometer-se?
Se pensam isso, estão enganados. Procuro situar-me no meu lugar, orientando e dinamizando. Falei aos padres sobre o assunto em todos os encontros pastorais marcados no calendário diocesano, insistindo em que, nas celebrações litúrgicas, apresentassem a doutrina cristã sobre a origem e o valor sagrado da vida, bem como as consequências morais que daí advêm. Eu próprio o tenho feito. Pedi-lhes também, e nisso os acompanho, que, fora do altar, apoiassem os leigos que dão a cara pela vida considerada conforme os nossos princípios. Se o meu exemplo servir para alguma coisa, digo-vos que estou pronto, por amor à pessoa humana e ao seu futuro, a sacrificar parte do meu tempo, do meu trabalho e até de algum dinheiro se tal for preciso.
Há leigos empenhados na campanha a favor do "sim". Como interpreta este facto?
Não me pertence julgar em público a consciência de ninguém. Admito que eles, sem quererem aprovar o aborto, tenham ideias diferentes daquelas por que me bato, relativamente à missão da Igreja na vida pública ou ao valor da vida humana no embrião… Não concordo com as suas posições mas respeito as pessoas que as tomam.


Sobre a pergunta do referendo: "Nunca redigiria essa pergunta, uma vez que considero que a vida não é referendável"



Concorda com os termos da pergunta que vai ser colocada ao eleitorado?
Não concordo. Nunca redigiria essa pergunta, uma vez que considero que a vida não é referendável. Mas. Se a entidade que teve de o fazer pretendia elaborar uma pergunta que não dificultasse o "sim", então a pergunta devia ser mais clara e frontal.

O limite de dez semanas não é, então, aceitável?
Nem dez, nem nenhuma! A este propósito, lamento que, em alguns debates, se tenha "ensarilhado" a discussão, questionando-se se o embrião é ou não "pessoa". Isso é fugir com a questão para fora do campo apropriado, na medida em que o conceito de pessoa, por muito que a Igreja o use e correctamente o faça, é um conceito de base filosófica, utilizado pela teologia e, sobretudo, de base jurídica, conceito de que precisamos de nos servir para esclarecer verdades e estabelecer regras. Mas ele evolui com os séculos, as civilizações, as escolas de pensamento… O que me interessa é saber se há ou não "vida humana". Ora, ainda há dia eu o escutava e via na TV, dito e mostrado num encontro de centenas de médicos que se reuniram no Porto: no embrião há "vida", naturalmente, "vida humana"! E se a ciência me diz que esta vida é distinta da vida da mãe, então eu concluo que há um "ser humano"! Aliás, se a ciência não o dissesse, eu sentir-me-ia obrigado a seguir o princípio da prudência, que me manda ter cautela máxima quando estiver em causa a hipótese de haver vida humana, no seu início ou no seu termo…


Têm-se ouvido críticas em relação à ausência de acções concretas de apoio às mulheres e à maternidade, depois da vitória do "não" no primeiro referendo. Como responde a essas críticas?
Respondo com duas afirmações. A primeira: faz-se muito mais do que se julga. Peço aos meus caríssimos entrevistadores que se dêem ao trabalho de realizar um levantamento das instituições e dos números que, só em Coimbra, são o fruto do que se tem feito. Lembro, de imediato, a Associação de Defesa e Apoio da Vida (ADAV), que, só no ano de 2006, acompanhou 144 mães e 162 crianças; lembro o Centro de Aconselhamento Familiar (CAF) ou o acolhimento de mães solteiras feito pelas nossas Religiosas Adoradoras do Santíssimo Sacramento e da Caridade… Isto o que, de momento, me ocorre, a funcionar em Coimbra, para não falar da porta aberta, mesmo para bebés, que em caso de aflição, há em cada uma das creches dos nossos centros Sociais paroquiais ou na Comunidade de S. Francisco de Assis… A segunda afirmação é a de que temos sido ingénuos, interpretando mal a frase do Evangelho: "Não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita". O que Jesus quis dizer foi que não deveríamos estar a olhar para nós próprios, gabando-nos do que fazemos. Em ocasiões como esta é que percebemos o apelo de Cristo: "Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas obras e glorifiquem o Pai que está nos céus". A nível nacional, o que se tem feito, particularmente em Lisboa e no Norte! Recordo a "Ajuda de Mãe", a "Ajuda de Berço", "S.O.S. Vida – Apoio à Grávida", "Vida Norte" … Sei que há mais! Estou desejoso de que se publiquem estatísticas… E que Deus nos inspire e ajude para fazermos sempre mais…



Como é que a Igreja acolhe as mulheres que já fizeram um aborto?
Como Jesus acolheu a mulher adúltera: condenando o acto e salvando a pessoa que o cometeu, a quem se diz, como Cristo: "Não volte a pecar". Acredite que isto não é só teoria. No meu percurso de quarenta e sete anos de padre já absolvi diversas culpadas de aborto, propondo-lhes a penitência curativa que julguei conveniente. Não denunciei ninguém. Mas não escondo que, em algumas situações, vi lágrimas… E não calo uma verdade: por vezes, o grande culpado foi um homem que, explorando a fraqueza de um sim da mulher para um acto sexual, depois a pressionou com ameaças para que fizesse o aborto. Digam-me se aqui não há um culpado digno de castigo e quem é ele…



"Deverei sempre lembrar (aos cristãos) que a nossa conduta se orienta pela vontade de Deus e não pela lei civil"



Como vai aguardar o resultado da consulta popular de 11 de Fevereiro?
Com muita serenidade. Aos cristãos deverei sempre lembrar que a nossa conduta se orienta pela vontade de Deus e não pela lei civil. E manter-me-ei disposto a continuar a minha luta, que é a da Igreja, pela defesa e dignidade da vida humana. Esta é uma tarefa dos cristãos para as próximas gerações. Sim, porque, seja o resultado qual for no dia 11, vamos continuar a assistir a atentados à vida: no desfazer de famílias, na superficialidade irresponsável de muitas relações sexuais, na inconsciência com que se anda nas estradas, no modo leviano como se aceita a eutanásia… Sinto que a nossa sociedade ocidental resolve os problemas metendo a cabeça na areia: há droga? Abram-se salas de chuto. Há adolescentes a adiantarem-se em experiências de sexo? Dêem-se-lhes preservativos. Há dramas de muitas grávidas? Aconselhe-se e pague-se-lhes o aborto. Quer dizer que em lugar de procurarmos as causas das doenças para bem as diagnosticarmos e atalharmos na origem, ainda que isso requeira tempo e persistência, tratamo-las com analgésicos e pomadas… Assim não se cura o mal… Bom, creio que Deus nos ajudará a abrirmos os olhos. O que importa é que o façamos não em guerra mas numa atitude de procura humilde da verdade, adesão firme a ela e serviço amoroso dos que dele precisam.