Correio de Coimbra

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24 de janeiro de 2007

Os sinais pouco visíveis do referendo


Jorge Cotovio

Olhar o próximo referendo nos seus aspectos menos visíveis, subterrâneos, não é tarefa fácil. São percepções que se têm, são impressões e até podem ser especulações. Também podem ser puros disparates. Mas assumo-os.
Quanto a mim, o que contará menos para os movimentos defensores do "Sim" é a despenalização das mulheres que abortam. Isto não passa de um subterfúgio para atingir outros fins. Se não vejamos:
1. A pergunta é uma falácia. Mistura, habilmente, questões axiológicas fundamentais – o valor da Vida –, com questões do direito penal – a (des)penalização do aborto, sem qualquer entrave, até às dez semanas. Como as questões estão intimamente associadas, quem responder "sim", querendo só despenalizar as mulheres que abortam, está implicitamente a dizer que concorda com a morte – melhor, o assassinato – daquele ser (humano, pois claro!) que terá, no máximo, 9 semanas, 6 dias, 23 horas, 59 minutos e 60 segundos.
Generosos e compreensivos como normalmente somos, facilmente nos sensibilizamos com estas situações que, ademais, no nosso entendimento, atingem, sobretudo, os estratos sociais mais desfavorecidos (estaremos certos nesta percepção? julgo que não). E se passarem umas horas ou uns dias ou umas semanas das 10 semanas, então já concordaremos que as mulheres sejam condenadas (a questão de fundo continuará em aberto)?

2. Estão questões políticas em jogo. Não tenho dúvidas. Os pequenos partidos procuram protagonismo, tempos de antena, visibilidade. Os outros partidos, procuram, cada qual a seu jeito, tirar os dividendos possíveis. O partido do governo, procurará, inclusive, legitimidade para, posteriormente, regulamentar a seu belo prazer, já que possui maioria parlamentar.

3. Estão questões religiosas em debate. Quer queiramos quer não (e eu sou daqueles que defende que o aborto não é uma questão eminentemente religiosa, mas "civilizacional", ética, humana), a eterna discussão em torno desta problemática tem, por trás, razões religiosas. Sobretudo os pequenos partidos que apoiam o "sim" querem atingir (e minar) a Igreja Católica e todo o tipo de sociedade que ela configurou ao longo dos séculos. Os novos políticos – até para ganharem novos adeptos, se possível jovens – hão-de, constantemente, inventar assuntos polémicos que colidam com os valores e hábitos tradicionais do povo português. Tudo sob a bandeira da modernidade. Foi a despenalização do aborto para casos ditos "extremos" (começada em 1984 e alargado o seu âmbito em 1995 e 1997), depois o referendo de 1998 que não resultou, depois a liberalização da "pílula do dia seguinte", agora mais esta tentativa e, se resultar, daqui a meia dúzia de anos (ou menos) a liberalização até às 20 ou mais semanas. Foi a questão dos crucifixos nas escolas. Foi a facilidade de se conceder o divórcio (agora até pela NET). É a eutanásia. É a procriação medicamente assistida e os embriões excedentários. É o casamento de homossexuais e a possibilidade de estes adoptarem crianças. Será o debate em torno das barrigas de aluguer. Será, depois, a substituição de "pai" e "mãe", no BI, por "progenitor A" e "progenitor B". E assim por diante. Ou seja, pretende-se romper com modelos e estruturas societárias tradicionais, designadamente a família, desacreditando e deslegitimando a Igreja Católica que, quer concordemos quer não, esteve na base da sua implantação e consolidação. Sem estes pilares fundamentais – o maior dos quais será o respeito pela vida humana –, a sociedade tenderá, facilmente, para o laicismo, para a dispensa dos valores espirituais, religiosos, cristãos. Emergirá, então, o homem-light – o cidadão que, sem pontos de referência, vive num grande vazio moral, não é feliz (ainda que tenha materialmente tudo), muito mais vulnerável aos sermões dos pseudo-intelectuais e pseudo-políticos e às tentações da era do consumo.

4. Este tema provoca contradições. E muitas. Só algumas como exemplo: confronta o código deontológico dos médicos (e a Ordem respectiva já alertou para o assunto); confronta o direito penal, por ser um atentado contra a vida; confronta o cidadão comum que vê parte dos seus impostos a serem aplicados nestes actos, quando não há dinheiro para questões essenciais; confronta a Igreja que, possivelmente, verá parte dos seus fiéis a pender, mesmo de forma indirecta, para a liberalização do aborto.
Sejamos astutos. Abramos os olhos. Pelo menos nós, os humanistas, os cristãos que batemos com a mão no peito, que rezamos, que temos imensa devoção por João Paulo II e ocultamos o que ele disse a este respeito em tantas ocasiões, especialmente em "O Evangelho da Vida".
Mas não fiquemos só pelo "Não". Abramos, também, o nosso coração, as nossas mãos, a nossa (pouca) disponibilidade às mães solteiras, às esposas que arriscaram ter mais um filho sob imensas dificuldades e tensões, às mulheres que sofrem traumas pós-aborto. Amparemo-las. Amemo-las. Colaboremos com as estruturas que apoiam a Vida, muitas das quais pertencentes a movimentos da Igreja Católica. E procuremos dar o nosso testemunho convincente aos adolescentes e jovens que povoam (cada vez menos) as nossas catequeses e escolas, aos noivos que se preparam para o matrimónio, aos casais novos, tão vulneráveis a tentações hedonistas. Lutemos por mais justiça social, por maior apoio estatal às famílias. Promovamos a vida, em todas as circunstâncias. E rezemos.
Sem esta nossa colaboração, sem estes pequenos contributos, o NÃO ficará incompleto.

Votar: uma questão de princípios


Nuno Santos

O referendo está aí e, entretanto, começa a "campanha", a confusão, os ataques de ambos os lados, as razões e a falta dela, os tempos de antena… e todos falam alto porque todos "julgam" que têm razão. De facto, todos temos as nossas razões.
Temos de assumir que esta decisão não é fácil nem evidente. Por isso, há espaço para opiniões divergentes. Efectivamente, trata-se de uma questão que mexe em aspectos delicados e de consciência pessoal. Mas trata-se fundamentalmente – na minha opinião – de uma questão de valor e de princípio.
É irrefutável que a vida é um dom e um mistério que nos escapa e nos ultrapassa. Alegrias, conquistas, desilusões, derrotas, vitórias, partilhas, solidões, vida e morte… A vida que somos e temos não se resume ao que comemos, ao que vestimos, ao que pensamos, ao que nos apetece, ao que nos dá mais jeito.
Trata-se de um valor que está para além de situações concretas mais ou menos comoventes. Com efeito, um valor que não pode ceder à resolução de "imprevistos", de "descuidos", de "falta de informação" e de educação para a sexualidade (onde está muito por fazer com responsabilidades repartidas pela escola, pela sociedade e pela Igreja).
Trata-se obviamente de uma matéria fracturante. De tal modo que sentimos necessidade de um novo referendo (quantos mais virão!). Um referendo que aposta numa pergunta que continua envolta em dúvidas e cheia de eufemismos e de palavras dúbias, a saber: «Concorda com a despenalização da IVG, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?»
Antes de decidirmos o nosso voto temos de saber que o Aborto já é legal em Portugal: até às 12 semanas (por indicação médica, para salvaguardar a saúde física ou psíquica); até às 16 semanas (quando a gravidez resultou de um crime contra a liberdade – como a violação); até às 24 semanas (quando houver razões para quer que a criança venha a nascer com doença grave, deficiência, ou má formação congénita); em todo o tempo (quando a gravidez coloca em risco a vida ou a saúde da mãe).
Temos de saber claramente que nenhum destes aspectos está em causa neste referendo. Não se pretende acrescentar uma alínea à lei penal, mas permitir o aborto sem qualquer restrição até as 10 semanas. Em rigor, não se quer "despenalizar" mas "liberalizar" o aborto.
Temos de saber que a lei determina uma pena para cada "crime". Para coisas como insultar ou dar uma bofetada a alguém, fotocopiar um livro ou piratear um programa de computador (onde quase todos estamos incluídos! e ninguém referendou estas matérias), lei prevê a pena de prisão até 3 anos (como no caso do aborto). Apesar de tudo, importa deixar claro que não há memória – em Portugal – de uma mulher ter ido parar à cadeia por ter abortado (mesmo nas situações em que a gravidez levava mais de 10 semanas – o que não deixa de ser significativo porque os partidários do «Sim» vão permitir que se penalize uma mulher a partir das 10 semanas!!!).
Temos ainda de saber que esta pergunta deixa de fora o «pai» da criança. Onde está a sua responsabilização. E se ele quiser ter o filho e a mãe se recusar? Ele incorre numa ilegalidade (mas ele também é "proprietário"!). E se a mulher quiser ter o filho e ele for de opinião contrária? Ele pode alegar que não tem de pagar "pensão de alimentos…" porque foi ela que quis.
Por tudo isto (e especialmente pelo que não fica dito aqui) eu voto não!

Fé e Compromisso

MUDAR DE VIDA POR AMOR

José Dias da Silva

Vai ser brevemente publicado o IV Relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, que é constituído por 2500 cientistas e coordenado pela ONU.
Do resumo publicado podem tirar-se já algumas conclusões. Está provado que a culpa é nossa, é do nosso comportamento diário; que, mesmo que parássemos agora, os efeitos do que já fizemos vão durar cerca de um século. E sobretudo que é absolutamente necessário mudarmos não só os nossos hábitos individuais, mas também colectivos. Segundo alguns, até teremos de renunciar ao chamado "desenvolvimento sustentado", fazendo uma "retirada sustentada" (Lovelock) que permita reduzir drástica e imediatamente as emissões de gases de estufa, porque "é necessário reduzir em 70% as emissões de CO2 até meados deste século".
Perante tais números é absolutamente urgente que tomemos consciência desta realidade e nos disponhamos a fazer alguma coisa. A tarefa é enorme, pois é planetária. Mas não podemos deixar-nos vencer pela sua enormidade e urgência.
A primeira atitude é tomar consciência efectiva desta realidade e da necessidade de a transformar. Estudos recentes mostram que alguma coisa está a mudar: o clima é a segunda preocupação dos europeus logo a seguir ao desemprego e 93% consideram que é preciso fazer alguma coisa. Não se sabe é quem deve fazer essa "alguma coisa": cada um de nós ou… só os outros?!
Já aqui referi várias vezes esta urgência e necessidade. Volto a insistir. Hoje a cidadania passa por compromissos planetários. Mas já não se trata apenas de cidadania. Trata-se de sobrevivência. Olhando a história, encontramos notícias de impérios e civilizações que desapareceram, possivelmente porque não souberam ou não quiseram dar as respostas adequadas aos desafios que lhes foram surgindo. Mas hoje o problema é muito mais grave. Não se trata de um império poder desaparecer. É a própria humanidade, no seu todo, que está gravemente ameaçada. A história ensina-nos que a vida tem muita força e resistiu a todas as crises desde que apareceu na Terra há mais de 3,5 mil milhões de anos. Portanto, poderemos dizer que não é a vida que está em perigo. O que está em perigo é a humanidade, é o género humano. Se não tivermos juízo poderemos mesmo ser eliminados da face da terra.
A responsabilidade é de todos, ricos e pobres, continentes do Norte e do Sul.
Mas gostaria de recordar a dupla responsabilidade dos cristãos. Já somos bem responsáveis como cidadãos, construtores ou destruidores do futuro. Mas há uma segunda responsabilidade que decorre da nossa condição de crentes e isto numa dupla exigência: o mandato originário de cuidar do mundo e o mandamento novo da caridade fraterna.
No relato bíblico, a criação do homem, como imagem de Deus, inclui a bênção divina e o mandato à fecundidade e à soberania sobre toda a criação, com a obrigação de cultivar e guardar a terra (Gn 2,15). Dizem os especialistas que os dois verbos hebraicos correspondentes a cultivar, abad, e a guardar, shamar, carregam consigo uma conotação religiosa: abad indica o serviço cultual e a relação com Deus e shamar exprime quer a fidelidade de Deus que "guarda" Israel quer a fidelidade do homem que "guarda" os mandamentos do Senhor.
Portanto, "cultivando" e "guardando" a natureza, o homem cumpre um dever de religiosidade, realiza um acto de culto: em concreto, reconhece Deus nas suas obras e rende-lhe louvor. Respeitar e preservar a natureza, para o crente, não é tanto e apenas um dever de consciência e de sabedoria, como deve ser para todos os cidadãos, mas é sobretudo a expressão lúdica e coerente da fé em Deus, criador e ordenador de todas as coisas. Por isso, esta preocupação torna-se um grande acontecimento "religioso", de louvor ao nosso Deus.
Por outro lado, a defesa do mundo em que vivemos torna-se também uma exigência do mandamento do amor, que caracteriza os discípulos de Cristo. Proteger a natureza, cuidar da qualidade de vida torna-se uma forma indispensável de amor ao próximo: ao próximo no espaço, mas também ao próximo no tempo. As gerações futuras estão absolutamente dependentes do nosso comportamento. E agora vivemos um momento político que nos ajuda a entender bem esta situação. O que se pede aos cristãos, a começar pelos bispos, é que alarguem o âmbito do seu esforço pela defesa da vida. Se é um argumento de peso a afirmação de que o embrião/feto é o mais desprotegido dos seres vivos, não é de todo verdadeiro. Mais desprotegidas estão as gerações que ninguém consegue ver através de uma ecografia. É pois tempo de dedicarmos tanto esforço e dedicação à defesa dos que virão não só daqui a dias ou anos, mas também aos que hão-de vir daqui a décadas. Também estes devem ser amados com a mesma força e a mesma preocupação e carinho.
Protegermo-nos, a nós e aos nossos irmãos do futuro, é uma exigência que resulta do cruzamento dos dois amores: a Deus, que nos mandatou para, em seu nome, cuidarmos da natureza; ao próximo, com quem o nosso Deus quis identificar-se.
De novo nos confrontamos com o amor a Deus e o amor ao próximo, os dois mandamentos, que como tenho vindo a recordar, são, os dois num só, o maior mandamento que os cristãos são chamados a viver.

Daniel Serrão em Leiria


"Defender a Vida é promover a paz"


"Defender a Vida é promover a Paz" foi o título da palestra orientada por Daniel Serrão, realizada a 14 de Janeiro, no Seminário de Leiria, pela ACR da Diocese, com a presença mais de duas centenas de pessoas.
Esta tarde de reflexão foi levada a cabo não só enquadrada no plano de trabalho anual do Movimento católico, mas também pelo momento especial que a sociedade portuguesa vive.
"O próximo referendo sobre o abortamento é uma oportunidade para defender a vida. O feto humano, de qualquer idade, no útero da sua mãe, é um ser vivo da espécie humana em desenvolvimento. Sem nenhuma dúvida científica é um corpo humano vivo que apela, biologicamente, a continuar a viver", referiu Daniel Serrão.
Para este especialista "ninguém tem poder para destruir esta vida em desenvolvimento. Muito menos a Mãe que é a pessoa a quem a natureza recorre para que dê continuidade à vida".
"Nenhum filho é nunca um estorvo. Todos são fonte de alegria e, cada um, terá um destino próprio que os pais vão seguir com amor e apoiar em todos os momentos. Quantos sacrifícios fazem os pais para que os seus filhos singrem na vida que escolherem. Também o filho que está para nascer é já um sonho no coração dos pais"; considerou.
"São soluções de vida ensinar os nossos jovens de ambos os sexos a terem uma vida sexual responsável, sabendo que a gravidez da mulher é uma situação de tal grandeza e valor que só deve ser encarada quando ambos têm as condições para a poderem assumir. Antes, deve ser evitada", prosseguiu.
Nesse sentido, defendeu que "a anti concepção hormonal é sempre melhor que o abortamento".

Vieira de Andrade, afirma ao “Correio”



Considero inconstitucional o aborto baseado apenas na vontade da mulher


Para o Prof. Vieira de Andrade, catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, "o aborto, baseado apenas na vontade da mulher, é inconstitucional", pois não tem em intenção o valor (mais importante que todos) da vida humana.

Vieira de Andrade é actualmente professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Profundo conhecedor do Direito Constitucional e do Direito Administrativo, concedeu uma entrevista ao nosso jornal a propósito do referendo ao aborto.
Para este docente da Universidade de Coimbra, a questão do aborto é uma questão muito complexa e não adequado a um referendo. Esta matéria deveria ser decidida pelo parlamento, como acontece com a generalidade das leis.
Vieira de Andrade é também autor, entre outros escritos, de: "O Dever da Fundamentação Expressa de Actos Administrativos", 1991; "A Justiça Administrativa (Lições)", 7ª ed., 2005; "Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976", 3.ª ed., 2004.


Justifica-se a realização de um segundo referendo sobre esta temática?
Em minha opinião, a questão do aborto, pela sua complexidade e pela sua natureza, não é uma questão adequada a um referendo, em que a resposta tem de ser sim ou não. A matéria deve ser decidida pelo parlamento, com a inerente responsabilidade política, como acontece com a generalidade das leis, designadamente das leis penais.
Só se percebe que haja um segundo referendo, na medida em que houve um primeiro, que, apesar de não ser juridicamente vinculativo, vai contra o sentido do voto que a maioria parlamentar actual julga corresponder à vontade maioritária do eleitorado.


A lei portuguesa já despenaliza o aborto em algumas situações. Em que casos?
A lei determina que não é punível o aborto feito, a qualquer momento, se o feto for inviável ou se for o único meio de evitar a morte ou grave e irreversível lesão para a saúde da mulher, até às 12 semanas, quando haja perigo de morte ou de grave e irreversível lesão para a mulher, até às 16 semanas, quando a gravidez tenha resultado de violação, e até às 24 semanas, quando haja doença grave incurável ou malformação do feto.


"...considero inconstitucional o aborto baseado apenas na vontade da mulher, na medida em que desconsidera totalmente o valor da vida, que tem protecção constitucional desde o momento da concepção."


Neste referendo está em causa apenas despenalizar o aborto ou mesmo liberalizá-lo?
Tal como a pergunta do referendo foi formulada, uma resposta popular positiva permitiria uma lei que legitimasse o aborto até às 10 semanas com base exclusivamente na vontade da mulher – é dizer que permitiria uma verdadeira liberalização do aborto nesse período.
Como há uma intenção da maioria de legislar exactamente nesses termos, podemos concluir que a vitória do "sim" implicará, com toda a probabilidade, a liberalização total do aborto nas primeiras 10 semanas.


A introdução das alterações à lei agora proposta não vai contra o que está expresso na Constituição Portuguesa e que determina que a vida é inviolável? Juridicamente é válido que dependa só da vontade da mulher a interrupção voluntária da gravidez?

A inviolabilidade da vida humana não exclui que, em determinados casos, se admita o aborto, designadamente quando haja outros valores ou razões sérias que o justifiquem, como, aliás, já acontece actualmente. No meu entender, a Constituição portuguesa permite que se introduzam alterações à lei actual no sentido do alargamento dessas razões sérias justificativas, designadamente nas primeiras semanas – mas já considero inconstitucional o aborto baseado apenas na vontade da mulher, na medida em que desconsidera totalmente o valor da vida, que tem protecção constitucional desde o momento da concepção.


"…a manutenção da lei actual não implica forçosamente a punição, muito menos a prisão das mulheres que abortem, tendo em conta, quer a possibilidade de exclusão da culpa em circunstâncias de não exigibilidade, quer a admissibilidade de penas alternativas à privação da liberdade."


Votar não no referendo é decidir pela punição das mulheres que realizam um aborto?
Não necessariamente.
Por um lado, não se pode esquecer que no referendo está em causa apenas alargar, ou não, a admissibilidade do aborto nas primeiras 10 semanas, para além dos casos em que ele já não é punível – não se está a discutir a punição do aborto para além desse tempo, em que tudo continuará como até agora.
Por outro lado, a manutenção da lei actual não implica forçosamente a punição, muito menos a prisão das mulheres que abortem, tendo em conta, quer a possibilidade de exclusão da culpa em circunstâncias de não exigibilidade, quer a admissibilidade de penas alternativas à privação da liberdade.

Médico do Coração também diz “Não!”

O Prof. Manuel Antunes, catedrático de Medicina da Universidade de Coimbra, é partidário do "Não!" sem quaisquer reticiências. Em declarações ao nosso colega "Diário de Coimbra", afirma que é um dos mandatários do grupo "Aborto a pedido? Não!". E afirma que tenciona discutir o assunto com todas as pessoas com quem se relaciona, pois acredita que "o valor da vida não é referendável". "Eu acredito", diz este especialista da Faculdade de Medicina, que "a vida humana começa na primeira célula embrionária, momento a partir do qual se estabelece o código genético único para cada individuo".

Apresentado livro do Cónego José Bento sobre os “Mártires de Marrocos”



Os mártires de Marrocos – Vida e martírio é o título do último livro do cónego José Bento Vieira.
A obra, editada pela Gráfica de Coimbra foi apresentada pelo Padre Doutor António Jesus Ramos, no passado dia 16 de Janeiro, na igreja de Santa Cruz. Presidiu à cerimónia o Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto. O acontecimento foi antecedido por uma celebração da Eucaristia que reuniu muitos fiéis e amigos do cónego José Bento Vieira.
D. Albino Cleto que presidiu à Eucaristia e a sessão de apresentação da obra elogiou publicamente o trabalho pastoral do autor em prol da comunidade paroquial de Santa Cruz.
O volume agora presente nos escaparates das livrarias é, em grande parte, uma nova edição do texto do século XVI que foi mandada escrever, logo após o acontecimento do martírio dos cinco franciscanos, pelo infante D, Pedro, irmão de D. Afonso II, e testemunha ocular de tudo o que se passou, como explica, aliás o Padre Doutor A. Jesus Ramos, no decorrer da apresentação deste livro. Esta obra apresenta, uma leitura e interpretação do cónego José Bento Vieira.
O texto do século XVI, agora reeditado, apresenta ainda alguns dos muitos milagres atribuídos à intercessão dos santos mártires, todos relatados numa linguagem simples e clara ao jeito do cónego José Bento Vieira.
Segundo o director do Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra, padre Jesus Ramos, "numa segunda parte da obra, o autor apresenta, de modo não exaustivo, como afirma, a iconografia que serve de suporte à veneração dos santos mártires, nomeadamente a que se encontra em Santa Cruz e sobretudo no Santuário, que ele considera o coração deste vasto templo".
No fim, o Padre A. Jesus Ramos elogia o autor, dirigindo-se lhe, nestes termos: "Cónego de Santa Cruz, por promoção tardia, eu quisera que vossa mercê fosse não apenas cónego, mas que se lhe juntasse o designativo de regrante.Porque além da profissão de serviço neste mosteiro, de serviço ao povo de Deus, na administração daquilo que é ordinário por natureza da jurisdição, foi vossa reverência regular, por dezenas de anos, no serviço litúrgico, no serviço de atendimento aos peregrinos, e no serviço da caridade para com os pobres e desvalidos."

D. Albino presente na inauguração do Centro de Espiritualidade de S. Tiago



A Igreja de S. Tiago, na Baixa de Coimbra, acolhe, desde o passado dia 17, um Centro de Espiritualidade. O padre Fernando Pascoal, responsável pela sua orientação, estará disponível na igreja, diariamente, para celebrar o sacramento da reconciliação, propor esquemas de oração pessoal ou em comunidade e estabelecer com os que o procurarem um contacto de proximidade e acompanhamento. Dependendo de quem for aparecendo e do que for sendo solicitado, irão sendo propostas acções de formação humana e espiritual.
Na Eucaristia que marcou o início do funcionamento deste Centro, o Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, definiu-o como um espaço criado para que as pessoas possam rezar e para que se reúnam à volta de Deus. À semelhança do que acontece em muitas cidades da Europa, espera-se do novo espaço que possa acolher os cristãos e encaminhá-los para Deus.
Para o padre Fernando Pascoal este é um passo dado num caminho que a diocese e a Igreja devem percorrer, já que só poderá haver "cristãos a sério" quando cada um for capaz de ir experimentando Cristo de forma próxima e sólida.
Na Igreja de S. Tiago, será celebrada Eucaristia todos os dias. Às Segundas e Sextas-feiras será às 12h30 e às Terças, Quartas e Quintas, às 19h15.

S. José celebra Bodas de Ouro do seu pároco



"Paróquia urbana é mais pessoal do que geográfica"
- afirma, em conferência, o Padre Feytor Pinto


A paróquia de S. José (Coimbra) vai celebrar ao longo do ano, as bodas de ouro sacerdotais do cónego João Castelhano. A primeira actividade foi o encontro em que esteve presente Mons. Feytor Pinto, que afirmou que as paróquias urbanas são mais pessoais que geográficas.
Numa sessão que marcou o arranque das comemorações das bodas de ouro de vida sacerdotal do padre João Castelhano, pároco em S. José, o padre Vítor Feytor Pinto afirmou que uma paróquia urbana, "mais do que geográfica, é pessoal". Para o prior do Campo Grande, em Lisboa, em torno do sacerdote nascem "núcleos de relação", cabendo-lhe a tarefa de coordenar e não de gerir, transformando-se num "garante da unidade".
Afirmando que uma paróquia urbana é também uma "comunidade de comunidades", o conferencista disse acreditar na importância de reunir, em torno de objectivos comuns e da mesma fé, muitos grupos diferentes, cada um com o seu carisma próprio. Orientar uma paróquia num meio urbano exige não só um conhecimento das pessoas que nela habitam mas também daquelas que a frequentam. Como exemplo, referiu o Campo Grande, em cuja área geográfica residem 27 mil pessoas, sendo que, das cinco mil que marcam presença na Eucaristia, "só 67% são de lá".
Os leigos são, segundo o orador, imprescindíveis no trabalho ligado à vida paroquial e esta participação do laicado é, na sua opinião, mais forte do que nos meios rurais. Daqui nasce também a importância de "ser um bom pastor" que seja arrojado, que "abra caminhos" e que integre todos os cristãos num projecto comum.
Reconhecendo a diversidade de pessoas que se movimentam nas cidades, o padre Feytor Pinto salientou ainda a necessidade de praticar "um acolhimento universal", recebendo quem "é casado pela Igreja e quem só registou o casamento civilmente, quem está no primeiro ou no décimo casamento, quem tem muitos ou poucos bens".
Numa referência ao referendo sobre o aborto, o também presidente da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, afirmou que "não podemos ficar à margem disto" mas que, não se pode dizer "façam isto ou façam aquilo". Entende sim que o importante é reflectir e discutir. É neste sentido que se realiza na paróquia de S. José, no próximo dia 29, pelas 20h30, uma sessão de esclarecimento sobre a vida, como anunciado pelo padre João Castelhano, no final da sessão.
Pároco de São José há 33 anos, o Cónego João Castelhano completa em Agosto 50 anos de vida como sacerdote. As celebrações prolongam-se durante todo o ano de 2007 seguindo uma programação a apresentar brevemente.



Lisa Ferreira

Museu da Irmã Lúcia: começaram as obras


Já começaram as obras para a instalação do Museu da Irmã Lúcia, no Carmelo de Santa Teresa, onde a vidente de Fátima viveu os últimos anos. A intenção das irmãs Carmelitas e da diocese de Coimbra é inaugurar o museu este ano, altura em que se comemora o centenário do nascimento da Irmã Lúcia, mas "poderá haver alguns atrasos", como referiu, o Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto.
A obra, que está a ser conduzida sob a responsabilidade do Carmelo, "é uma iniciativa muito válida", considerou D. Albino Cleto, que vai conhecer o projecto e a sua organização durante esta semana, possivelmente na sexta-feira.
Contudo, o Bispo de Coimbra adiantou que o futuro museu tem como objectivo mostrar ao público "essencialmente peças e artigos utilizados pela Irmã Lúcia, as suas recordações e também outras memórias, designadamente fotografias."
Quanto aos trabalhos de construção, que poderiam gerar algum incómodo às irmãs Carmelitas, D. Albino Cleto salientou que essa situação "está salvaguardada para não haver devassa da intimidade do Carmelo".
O mesmo acontecerá, aliás, quando o museu abrir para receber visitas, já que este terá uma entrada independente, ficando localizado ao lado do Carmelo, num espaço que era logradouro e que agora vai ser recuperado.
Para a construção do museu, "as irmãs Carmelitas têm recebido bastantes ajudas, concretamente da população de Coimbra", sublinhou D. Albino Cleto, não esquecendo também o "apoio da Câmara Municipal, designadamente em termos burocráticos, como foi o caso do licenciamento". Quando as obras estiverem prontas, o Museu da Irmã Lúcia será inaugurado e aberto ao público mediante um horário a definir.

“CORREIO” JUVENIL







Formação de Animadores de grupos de jovens
A segunda sessão de formação regional de animadores de 2007, organizada, como habitualmente, pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil, acontece no dia 16 de Fevereiro, em três das regiões pastorais da diocese: Centro, Nordeste e Sul. "Como pode Cristo assumido entrar no meu dia-a-dia" é o tema que vai preencher e dar sentido a este tempo preparado para os animadores de grupos de jovens da diocese mas aberto a todos aqueles que estiverem interessados. Na região Beira-mar, realiza-se a primeira sessão de formação deste ano, com o tema "A doutrina da Igreja sobre Jesus Cristo".


Locais das sessões de formação
Região Centro – Centro Paroquial de Lordemão
Região Beira-mar – Salão Paroquial de Mira
Região Nordeste – Lar de Santa Ovaia
Região Sul – Centro Paroquial de Penela


Jovens de Coimbra a caminho de Taizé
Taizé, uma comunidade ecuménica no sul de França, é mais uma vez destino de uma peregrinação promovida e organizada pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil (SDPJ). Momentos de oração, de paragem, de silêncio, de troca de experiências com jovens cristãos de todo o mundo, de partilha, de alegria, de vivência profunda de fé preenchem uma semana vivida com os irmãos da comunidade que, com grande simplicidade, orientam e conduzem, na oração, reflexão e vida diária, os milhares de pessoas que os visitam.
Para mais informações consulta a página
www.sdpjcoimbra.net




II Net-Paper SDPJ
O II Net-Paper SDPJ realiza-se no dia 9 de Março, a partir de qualquer computador ligado à Internet e através do Messenger. Individualmente ou em grupo, a inscrição pode ser feita no próprio dia. Depois de inseridos numa equipa formada por jovens de todos os cantos da diocese, os participantes vão respondendo a algumas questões e progredindo no jogo. As perguntas, na linha do tema proposto para a pastoral juvenil este ano, "Tu és o Filho de Deus vivo", serão sobre Jesus Cristo. A partilha de ideias e o contacto com outros que partilham valores e a mesma fé são uma das mais valias importantes do Net-Paper.
Em breve, pode ser consultado o regulamento na página do SDPJ:
www.sdpjcoimbra.net




XI Festival da Canção
O pavilhão polidesportivo de Sarzedo (Arganil) vai acolher o XI Festival Jovem da Canção que se realiza no dia 31 de Março. O regulamento está já disponível na página da Internet. "Tu és o Filho de Deus vivo" é o mote para a pastoral juvenil, este ano, e é também o tema proposto para a elaboração das canções, que devem ser entregues até ao dia 28 Fevereiro.