Correio de Coimbra

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17 de novembro de 2006

Unidade Pastoral de S. Martinho do Bispo lança publicação mensal


Sal e Luz é o nome da publicação mensal agora lançada pela unidade pastoral de S. Martinho do Bispo, que reúne as paróquias de Almalaguês, Antanhol, Assafarge, Cernache e S. Martinho do Bispo. Nas palavras do padre Luís Francisco, no editorial do número 1, "este é o primeiro de muitos números" que se pretendem uma "plataforma de encontro de todas as comunidades, um marco de identidade, dando conta do modo como caminhamos e anunciando os trilhos que nos propomos percorrer.
A publicação pretende dar a conhecer aquilo que vai acontecendo nas paróquias envolvidas, incluindo também espaços dedicados à actualidade da vida da Igreja na diocese e no mundo.

Bispos do centro reunidos em Viseu

Futuro das paróquias em análise
Os bispos das seis dioceses do Centro – Coimbra, Aveiro, Guarda, Leiria-Fátima, Portalegre e Castelo Branco – estiveram reunidos no passado dia 6 de Novembro, em Viseu para reflectirem sobre o “essencial do múnus de pároco na situação actual”. “O acolhimento e a caminhada com as pessoas” são dois pontos essenciais do múnus do padre. Do tema principal, os bispos derivaram para temas afins: “a circunstância em que vive o pároco e as opções diversas que se põem à missão do pároco”, realça D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu. E acrescenta: “a vivência em equipa (com outros colegas) e a actividade «in Solidum» (dois ou mais padres paroquiarem várias comunidades) e as unidades pastorais” também estiveram na agenda dos bispos. Estas temáticas serão objecto de aprofundamento nas próximas reuniões. “As unidades pastorais são uma possibilidade a reflectir e talvez a alargar a reflexão, para além do Centro, à própria realidade portuguesa” – disse o Bispo de Viseu.

Alvorge inicia a construção de um novo Centro Paroquial

“Deus quer, o homem sonha, e a obra nasce…” Foi seguindo este lema que, no passado dia 12 de Novembro, teve lugar na Unidade Pastoral de Alvorge a bênção da primeira pedra pelo pároco, na presença de algumas centenas de pessoas e autoridades locais, para a construção do Centro Paroquial e Capela Mortuária.
“Esta obra pretende ser uma resposta ao querer de Deus para uma Nova Evangelização, o concretizar um sonho que já vem de longe… e o lançar uma obra que irá servir os homens do nosso tempo em duas vertentes distintas: Uma com espaços juvenis, salas para a formação catequética, espiritual, de leitura e encontro de famílias… Outra a Capela Mortuária com a dignidade que é necessária em momentos tão dolorosos como a partida dos entes queridos…”, refere um comunicado do pároco enviado à nossa redacção.
É uma obra grandiosa que está orçamentada em duzentos e quarenta e cinco mil Euros. A qual pretende, não só, servir a comunidade paroquial de Alvorge, mas também as três paróquias que actualmente formam esta unidade Pastoral. Para que este sonho se torne realidade, desejamos que todos os beneficiários deste empreendimento se empenhem de forma activa para a sua concretização.

Pastoral da Família promove reunião com casais da região Centro

O Secretariado Diocesano da Pastoral da Família vai levar a efeito no próximo dia 27 de Novembro (Segunda-feira), pelas 21,15 horas, na igreja de S. José, em Coimbra, uma reunião com párocos e casais da Região Pastoral do Centro.
“A Pastoral Familiar como uma das grandes prioridades diocesanas” será o tema a ser abordado pelos responsáveis deste organismo. A constituição de equipas de casais nas paróquias, a preparação dos noivos para o matrimónio, o acompanhamento dos casais novos, o acompanhamento dos casais em situação difícil e a formação de casais animadores são assuntos que também serão abordados.
O secretariado também fará a divulgação das suas principais actividades, como o Dia diocesano da Família, as diversas formações promovidas ao longo deste ano pastoral e a concretização da XII Festa das famílias.

13 de novembro de 2006

Aniversário da Sagração da Catedral de Coimbra


O Calendário marca o dia 16 como dia próprio da sua celebração em toda a Diocese de Coimbra. Para tornar possível a presença dos crentes, a festa foi adiada para o Domingo seguinte. Dia 19. Assim a presença do Senhor Bispo vai ser possível nas cerimónias da vigília, dia 18. Sábado.
Depois de uma sessão pública para apresentação dos Guardiães da Sé, pelas 17 horas no Sábado, haverá às 18,30 horas uma liturgia de homenagem à Catedral seguida da Oração de Vésperas e Missa com o Coral de anta Cruz.
No dia seguinte pelas 10,15 horas uma visita guiada e às 11 horas a Missa solene da Festa.
Tratando-se da Igreja Mãe da Diocese que por muitos anos tem sido ignorada pelos habitantes de Coimbra, torna-se imperioso que a presença dos crentes e dos amigos da Sé Velha comecem a animar este templo que tem sido escolha de eleição para turistas de todo o mundo.
A Sé Velha merece ser conhecida e valorizada pelas pessoas de Coimbra e da sua Diocese.

SECRETARIADO DIOCESANO DE EVANGELIZAÇÃO E CATEQUESE

Em continuidade com o trabalho desenvolvido nos anos anteriores, tiveram lugar no fim-de-semana de 11 e 12 de Novembro os habituais encontros entre o Secretariado Diocesano de Evangelização e Catequese e os Catequistas Coordenadores Paroquiais. Divididos pelas quatro Regiões Pastorais, no conjunto houve a participação de duzentos e trinta e nove catequistas, os quais reflectiram sobre a realidade da catequese na Diocese, reflexão que teve como base uma síntese elaborada a partir dos trabalhos preparatórios da Assembleia Diocesana realizada em Junho de 2006.
O Secretariado Diocesano aproveita ainda para recordar que no próximo dia 03 de Dezembro, no Seminário Maior de Coimbra, terá lugar o Encontro de Reflexão Espiritual de Advento para catequistas, pelo que os interessados deverão enviar a sua inscrição até ao dia 29 de Novembro para: Secretariado Diocesano de Evangelização e Catequese, Casa Episcopal-Rua do Brasil, Apartado 3069, 3001-401 COIMBRA (Telf. 239 708 328).

Métodos de evangelização: Esperança para a renovação das paróquias

Se, por um lado, todos notamos que a Igreja perde todos os dias fieis, e que muitos dos seus membros não vivem a sua doutrina e até se opõem a ela, por outro lado, damo-nos conta cada vez mais que uma Igreja viva, dinâmica, ousada, destemida, jovem, embora minoritária, se levanta cheia de esperança e não fica na praia a olhar o vasto oceano, mas faz-se ao largo e avança com enorme confiança pelas águas alterosas deste mundo para lhe levar a Boa Notícia a que ele tem direito e espera. Quando imensas congregações religiosas parecem definhar por falta de vocações, nascem todos os dias comunidades novas, cheias de alegria e do dinamismo do Espírito e arrebatam atrás de si, imensos jovens tanto para o sacerdócio como para outras formas de vida consagrada. Anunciam-nos assim a esperança e dizem-nos que «o Espírito é Senhor que dá Vida e que renova todas as coisas.» Alguém presente no congresso de Bruxelas da nova evangelização me dizia: «Nunca pensei que ainda hoje houvesse tanto jovem sacerdote e jovens freiras. Pois eu contactei com centenas de sacerdotes de diversas Comunidades novas e de diversas Dioceses, e que advam um testemunho de alegria admirável. Outro sinal do Espírito é o surgimento de novos métodos de evangelização que frequentemente nascem no seio destas comunidades novas. Um desses métodos é o curso Alpha de que já aqui tenho falado. Não é dele que quero falar hoje, mas apenas aproveitar para dizer que com o início do ano pastoral várias paróquias da nossa Diocese se servem deste curso para a sua acção evangelizadora com bons frutos. Em Febres decorre um curso para casais adultos à quinta-feira. Em Vilamar, à sexta-feira, curso para jovens dos 21-28 anos. Os cursos ainda não chegaram ao fim e já começamos a ver a acção de Deus nas consciências, iluminando, trazendo alegria, provocando mudanças interiores que se reflectem na vivência exterior. O curso dos jovens, animado por uma equipa, também ela de casais jovens, tem feito que estes sejam os primeiros a amadurecer na fé e a tornarem-se cada vez mais claramente evangelizadores e destemidos diante dos outros no anúncio e no chamamento. É que quase todos os jovens que vêm fazer o curso são convidados pessoalmente pela equipa e por alguns outros jovens que acabam de fazer o curso, e eles hão-de estar convictos da importância de conhecer e amar a Cristo para convencerem outros jovens a se inscreverem no curso. E conseguem-no.
Outros cursos avançam muito bem em Cantanhede, agora com novas e maravilhosas instalações, S. Paulo de Frades e Eiras bem como a Lousã. Estes são os que na nossa Diocese tenho conhecimento.
Mas hoje gostava de falar de um outro método de evangelização que há muito tempo me seduzia. A participação num simpósio sobre evangelização na universidade Lateranense em Roma, onde se falou sobre vários métodos de evangelização modernos abordou também este que eu queria conhecer melhor… Chama-se células paroquiais de evangelização.
Uma equipa Italiana passou em Febres 3 dias formando uma equipa de 40 pessoas para lhe explicar como funcionava este método. As CPE são um meio de evangelização muito utilizado na Itália, e que partiu de Milão da paróquia de Santo Eustáquio, onde é pároco o Dom Pigi, o grande lançador em Itália das Células paroquias de evangelização.

O que são as células?
O termo “célula” é sugestivo, pois a Igreja de Cristo, como nos diz São Paulo, é um “corpo” (cf ICor 12, 27) e sabemos que o corpo humano é composto por milhares de pequenas unidades que se juntam para formar o corpo. Essas unidades são chamadas células. Um bebé começa por ser uma pequena célula no útero da sua mãe, então depois cresce e se multiplica em duas células. Estas duas se transformam em quatro, as quatro em oito e assim por diante.
Uma célula que cresce e se multiplica, transforma-se num corpo humano, vivo, saudável e maravilhoso! Assim a Igreja de Cristo deve crescer, pois este foi o mandato de Jesus: “Ide, e fazei discípulos”. (Mt 28,19)
Células de Evangelização, são então pequenos grupos, de no mínimo 3 pessoas e no máximo 12 pessoas, que crescem e se multiplicam-se à semelhança das células do corpo.

Como crescem as células?
Através da evangelização. Cada membro da célula, evangeliza uma ou mais pessoas do seu relacionamento quotidiano, na linguagem das células chama-se (oikos) trazendo-as para a célula, então dá-se o crescimento multiplicando-se ou através de implantação de novos núcleos celulares. Essa multiplicação faz-se do seguinte modo: Uma célula quando ultrapassa o número ideal de participantes (12 pessoas) multiplica-se em 2 ou 3 novas células. Os animadores auxiliares da célula (mãe) serão os líderes das novas células (filhas).
A célula é um grupo de irmãos que cresce em conjunto na vida cristã. E que tem os seguintes objectivos: Louvor em conjunto, evangelização , comunhão fraterna, formação, ( em cada reunião é dado um tema que depois é aprofundado por todos) serviço fraterno, cada membro da célula aprende a servir os seus irmãos num serviço de caridade.

Para nós, na unidade pastoral formada por Febres, Vilamar, S. Caetano e Corticeiro. As Células paroquiais de evangelização foram criadas para servir de complemento ao curso Alpha. Logo que o curso Alpha acaba, nós vemos aqueles que seria bom convidar a passarem para co-animadores do curso alpha até se tornarem animadores durante 2 a 3 anos. Aos outros propomos-lhe, ou que entrem nalgum grupo já formado na paróquia ( vários vão para o grupo de oração que entretanto cresceu imenso com muita gente nova), ou então, (e será um grande número), que entrem numa célula paroquial de evangelização. O sistema das células é talvez a melhor forma de integração paroquial, porque a célula leva a amar a comunidade paroquial, a interessar-se por ela e a servi-la.

O Acolhimento a as Missões Paroquiais:
Mas num mundo materialista como o nosso e que parece afastar-se cada vez mais da fé da Igreja não é fácil a aceitação imediata para fazer um curso Alpha ou entrar numa célula paroquial de evangelização. Por isso, o terreno tem de se preparar de muitas formas. Uma dessas formas mais eficazes é o bom acolhimento que se pode fazer na paróquia àqueles que andando distantes, e que, de vez em quando, vêm ao cartório para pedir serviços. Muitos têm aceite aí mesmo fazer proximamente um curso Alpha. Outra forma são as missões paroquiais. Neste momento está a decorrer mais uma missão paroquial em Febres, Vilamar, S. Caetano e Corticeiro de Cima com a duração de 20 dias, realizada por missionárias da Palavra, congregação mexicana já em Portugal, e que tem como carisma dar a conhecer a Bíblia de muitas maneiras. (outra congregação nova nascida no século XX e já presente em todos os países da América Latina com imensas vocações.) O que têm de diferente doutras missões mais antigas é que elas não estão á espera que sejam as pessoas que venham à Igreja, mas vão elas ao encontro das pessoas através de um porta a porta sistemático, levando consigo paroquianos que estejam livres e que se queiram associar a elas. Pelo que vou vendo os paroquianos vêm sempre contentes e, com vontade de voltarem no dia seguinte e quantas vezes for preciso. O acolhimento das pessoas, está a ser muito bom, embora haja sempre pessoas que aproveitem para fazer as suas críticas á Igreja o que é natural.
À noite, depois dos encontros porta a porta, fazem-se encontros de formação bíblica, para as quais as pessoas foram convidadas individualmente.
A messe é grande…e não chega um método para responder às sensibilidades dos cristãos. Há muitos que nunca aceitarão fazer um curso Alpha, mas já aceitam entrar numa célula paroquial de evangelização ou num grupo sócio-caritativo, o importante é que hajam várias propostas para que o maior número possível possa avançar.

CONSAGRAÇÃO SECULAR: UMA ESPERANÇA NO MUNDO DE HOJE

Na Igreja ainda não foi suficientemente aprofundada a importância da vocação laical consagrada, com o seu valor e o seu dom extraordinário para a Igreja e para o mundo. Num mundo globalizado e cada vez mais distante de Deus, o fermento da secularidade consagrada torna-se cada vez mais necessário. Neste momento da história, a Vocação Consagrada é um sinal profético para a Igreja e para todos os homens.
A Vocação Secular Consagrada possui uma ressonância extraordinária porque está inserida no coração da história e é ali, a partir de dentro, que renova o mundo.
O específico dos consagrados seculares é o de recompor a fractura criada entre o homem e Deus, entre fé e vida, fé e cultura, permitindo ao homem ser plenamente ele próprio sem se separar de Deus. A função dos consagrados seculares é viver profundamente em si mesmos a síntese extraordinária de uma plena inserção no mundo e de uma plena consagração a Deus. Os consagrados seculares são chamados a serem fermento que age, com o apostolado activo e com a sua presença nos vários contextos humanos: industrial, cultural, político, económico… onde quer que o homem viva. E, aí, “Fazer de Cristo o coração do mundo” vivendo a radicalidade evangélica na pobreza como educação a um espírito de sobriedade; na castidade como liberdade interior para estar totalmente ao serviço de Deus; na obediência como busca constante da Vontade de Deus.
Os Institutos Seculares são chamados a viver uma das grandes urgências do nosso tempo, redescobrir e reviver o verdadeiro amor, amor ágape, o amor de Deus que é capaz de transformar a nossa existência e fazer de cada um de nós um dom para os outros.
Pertence aos leigos, de modo mais específico aos leigos consagrados a cristianização e humanização das realidades temporais. A nossa presença no meio do mundo não é algo fictício ou complementar, nem uma invasão de um espaço destinado a outros. Pertence-nos a nós por vocação própria e é-nos outorgado pela nossa consagração. Somos Igreja mas não deixamos de pertencer ao mundo. Este mundo que é o nosso mundo, que é o mundo onde deve ser vivida e concretizada a nossa consagração secular.
João Paulo II em Lisboa recordava que se acontecer que a Igreja não esteja presente em algum espaço da actividade humana é porque nós, os leigos, não estamos lá. Somos chamados a participar na vida pública, a transformar o mundo ao nosso redor, o qual se repercute em toda a sociedade.
Mas, para isso duas convicções básicas são necessárias:
Primeira: Possuímos a verdade sobre o homem. Esta foi-nos manifestada em Jesus Cristo e é transmitida e guardada pela Igreja. Não é pura complacência. É um dom que recebemos e que, distante de nos vangloriarmos é uma responsabilidade. Nós cremos que o Evangelho pode iluminar qualquer situação humana, das mais prosaicas às mais complexas.
Segunda: A eficácia de uma minoria. O mundo é dirigido por minorias económicas, políticas religiosas…Olhemos para a nossa realidade e observemos que esta se encontra em poucas mãos.
A história dos primeiros cristãos é instrutiva. Atreveram-se a enfrentar uma civilização pagã e conseguiram transformá-la, não sem grandes sacrifícios.
Diante do vasto e complexo panorama nacional e do campo de actuação que se apresenta diante de nós, convém recordar o que “devemos pensar globalmente e actuar localmente”. Ou em palavras de Santa Teresa de Jesus: “Determinei-me a fazer o pouco que podia”. Ou ainda dito de outro modo: “nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos reflexivos e comprometidos pode mudar o mundo” (Margaret Mead).
O Padre Manuel Antunes, Fundador do Instituto Secular da Sagrada Família dizia-nos: "Como consagradas, não podemos ser indiferentes a tantas almas que se perdem, não podemos ser moles, devemos ser activas, duras, exigentes na nossa vocação. Nosso Senhor julga-nos segundo as graças que nos dá"
Na audiência aos superiores dos Institutos de Vida Consagrada, de 22 de Maio de 2006 o Papa Bento XVI lança este desafio: “são necessárias opções destemidas, a nível pessoal e comunitário, para redescobrir e mostrar a beleza do seguimento de Cristo na vida consagrada. Os consagrados e as consagradas possuem hoje a tarefa de ser testemunhas da transfiguradora presença de Deus no mundo, cada vez mais desorientado e confuso”.
Ser consagrado é “pertencer totalmente a Cristo”. Pertencer ou ser de Cristo; por cinco vezes repetiu o Papa esta expressão. Esta é a essência da vida consagrada, esta é a primazia do ser sobre o fazer, este é o grande paradoxo que o mundo não entende, e que nós mesmos às vezes deixamos de entender quando permitimos que sejamos levados pelo afã do número, da eficácia.
As palavras do Santo Padre são reveladoras: “Pertencer ao Senhor: esta é a missão dos homens e mulheres que optaram por seguir a Cristo casto, pobre e obediente, para que o mundo creia e se salve”
Na saudação ao Santo Padre a Presidente da CMIS (Comissão Mundial dos Institutos Seculares) Euva Kusz dizia: “Não temos poder político, social ou pastoral, vivemos em diáspora, não somos numerosos, mas somos como o sal e o fermento da terra, que podem paulatinamente mudar e transformar o mundo a partir do interior. Nisto cremos e por isto nos esforçamos em viver…”
Que assim seja.


Estrela de Noronha

Seis pensamentos sobre seminários e seminaristas

Em plena Semana dos Seminários, quais são as minhas interpelações sobre este apelo da Igreja nacional (é que se, acaso, isto não mexer comigo, connosco, de pouco vale haver Dias, Semanas, Meses, Anos, Quinquénios, sobre esta ou aquela temática)?
O meu primeiro pensamento dirige-se aos seminaristas. Sabemos que são poucos (mas já nas décadas de quarenta e cinquenta os nossos Bispos se queixavam do mesmo…), sabemos que não são todos, certamente, os mais indicados para as necessidades do mundo actual, mas são estes os que nós temos como candidatos ao sacerdócio. Rezar, rezar muitos por eles, será a nossa primeiríssima obrigação. Depois, rezarmos convictamente para que surjam novas vocações consagradas. Também todos sabemos que não é fácil despertar a vocação sacerdotal numa sociedade como a nossa, apelando permanentemente ao prazer, ao materialismo, ao ter, e pouco à doação, à renúncia, ao espiritual, ao ser. Perante este ambiente pouco favorável, incumbe-nos uma segunda obrigação: tornar mais vocacional a nossa catequese, a pastoral da juventude, a pastoral familiar, a pastoral das vocações. Esta é uma tarefa que diz respeito a todos e com muita pertinência às famílias cristãs. Mas também as escolas, nas suas aulas de EMRC, as Escolas Católicas, com a sua cultura fundamentada no evangelho, são espaços privilegiados de emersão destas vocações que não devemos descurar.
O segundo pensamento vira-se para a formação (inicial) dos seminaristas. Além da Filosofia e da Teologia – porque é indispensável que sejam “amigos do saber” e conheçam bem as (pa)ciências divinas – por que não mais formação ao nível das relações humanas, da dinâmica de grupos, da gestão dos recursos humanos (e de outros recursos), das Tecnologias de Informação e Comunicação? E como sem bons formadores dificilmente se têm bons formandos, por que não apostar-se em professores que saibam conjugar a actividade intelectual com a pastoral (porque estão no terreno) e que sejam, eles próprios, boas referências para os seminaristas?
O terceiro pensamento: acreditar(mos) que sem seminaristas não teremos padres. E os padres são indispensáveis na Igreja (por mais esforços que façamos (?) para formar leigos que vivam intensamente a sua “vocação admirável”). Talvez padres de outra forma, com outras incumbências (ou com menos incumbências…), talvez com uma Igreja diocesana estruturada de maneira diferente (se continuarmos com este modelo da cristandade, daqui a uns anitos teremos padres com uma dúzia de paróquias, o que é humanamente incomportável). Mas se atendermos, com acuidade, aos sinais do Espírito, encontraremos, certamente, respostas adequadas.
O quarto pensamento assenta na nossa contribuição material. Os Seminários ficam caros. A manutenção do edifício, a conservação dos bens patrimoniais que encerram, além das despesas correntes, somam quantias avultadas. E se, em tempos, o efeito de escala se fazia sentir, hoje em dia, uma estrutura pesada para tão poucos “clientes” transporta (elevados) encargos acrescidos. É nossa obrigação contribuirmos. E até se poderá pedir um recibo, com direito a benefícios fiscais (acrescidos de 30% sobre o montante doado – quadro 7 do anexo H, utilizando o código 714). Também a este propósito, por acaso o leitor sabe que, na declaração do IRS, pode “doar” 0,5% do imposto que pagou, a algumas instituições, designadamente os Seminários, sem qualquer encargo para si? Deste modo, estará a efectuar um “donativo”, utilizando montantes que, em vez de irem para o fisco, vão para a instituição escolhida. Para tal, bastará preencher o quadro 9 do anexo H, indicando o nome da instituição em “Denominação” (por exemplo “Seminário Maior de Coimbra”) e o número de contribuinte em “NIPC” (500792305, no caso do nosso Seminário). Resta-me dizer que este pensamento não foi encomendado por ninguém…
Depois de um pensamento tão material (e fiscal) – ao jeito do nosso tempo – aqui vai o quinto: a nossa atitude para com os Seminários só pode ser de gratidão. Graças a eles, tivemos, temos e teremos sacerdotes (e bispos e papas) que asseguram (juntamente com todos os baptizados) a continuidade da Igreja de Cristo. Mas não esqueçamos que, durante o Estado Novo, os Seminários foram uma extraordinária escola de formação cultural para milhares de jovens que por lá passaram e depois ingressaram na vida activa (na década de sessenta, os nossos Bispos falavam em mais de 85% de jovens nestas condições; agora “é só fazer as contas”, como dizia Guterres, há anos…). Estou cada vez mais convicto que os Seminários, juntamente com as restantes escolas da Igreja, foram os grandes promotores da chamada “democratização do ensino”, ademais quando sabemos que a maioria dos candidatos era oriundo de meios socialmente desfavorecidos. Estas são algumas páginas da nossa história (recente) que muitos procuram ofuscar, ou mesmo apagar.
Se, entretanto, não me cortarem os pensamentos, aqui vai o último: a necessidade do testemunho cristão dos leigos, das famílias, dos pais, mas, sobretudo, dos párocos. Estes servirão de modelo para os futuros (e presentes) candidatos. A relação que é estabelecida, a espiritualidade que emerge para além da batina, a humildade, o “orgulho” de ser padre (e padre a tempo inteiro), a atitude de serviço (e não de poder), a coerência de vida são, quanto a mim, determinantes para quem se sente tocado. Não desperdicemos as (poucas) oportunidades.
Por ora já pensei muito – o que nem sempre é sinónimo de pensar bem. Mas, se quero ser coerente, não devo ficar por aqui. Devo agir. Rezar. E co-responsabilizar-me nesta tarefa que pertence a todos nós. Para que a Igreja continue a anunciar a Boa-Nova do Evangelho a todas as pessoas, até ao fim dos tempos.
Jorge Cotovio

A PROPÓSITO DA SEMANA DOS SEMINÁRIOS

É facto que não são muitos os jovens que hoje vêm ter connosco para dar conta das preferências vocacionais no que diz respeito à sua entrada no Seminário. É possível que, como acontece no casamento, tenham receio de uma entrega definitiva.
Já no que diz respeito ao voluntariado, muitos põem o problema: “e se eu passasse um ano ou dois nas missões ou em qualquer outra tarefa no campo da solidariedade social”?
Na semana dos seminários que agora estamos a viver, este tema dá para uma proveitosa reflexão. Para alguém viver a sua entrega, para manifestar a sua generosidade, para responder ao convite de Deus, nem 8, nem 88! “Quem tem sede venha às águas!” Nesta Ordem Terceira do Voluntariado incentiva-se o entusiasmo, a doação, a realização pessoal, a resposta às novas propostas que os novos tempos exigem.
Onde está a diferença entre o martírio recente de dois missionários em Moçambique, ele sacerdote e ela alistada no campo dos Leigos para o Desenvolvimento? Não serão ambos santos? Os nossos esquemas terão de ser mais flexíveis... Ou é obrigatório ter dias certos para estar doente, para folgar ou para dormir? Afinal não haverá um tempo para tudo? O Mestre talhava o tempo consoante a missão lhe inspirava: agora vamos a um casamento, agora vamos descansar e rezar, agora vamos pescar, agora vamos pregar às aldeias, agora vamos subir a Jerusalém, onde o Filho do Homem vai ser entregue. Quem não souber ou puder fazer contratos definitivos faça-os a tempo certo que a Igreja precisa de frescura luminosa e barulhenta. Na mesma gaveta há-de haver “coisas novas e velhas”, como diz o Evangelho.
O que importa é que cada época tenha homens capazes de reflectir as situações, as mudanças, os vários caminhos. Se não há modelos de padres e freiras (de bonecos de barro já chegou Adão e Eva), quem pode ousar continuar a arvorar-se em fabricante de velhos moldes, já tão desfocados, do Único e Verdadeiro Sacerdote?
Anda por aí um homem silencioso que um dia foi voz de Deus e percebeu que é a nós aquem compete ler os “sinais dos tempos”. Chama--se António de Brito Cardoso. Coimbra mal o conhece, que às vezes os verdadeiros homens de cultura são como os santos -passam despercebidos. Terá agora 93 anos. Encharcado (é o termo!) nos estudos bíblicos, no Hebraico, no Grego, no Latim, autor de compêndios e gramáticas, traduções, companheiro de velhos alfarrábios que estuda e publica, enclausurado em Arquivos inacessíveis, nunca os vermelhos do canonicato lhe feriram os olhos, nem as pompas do mundo o desviaram do carisma que o marcou e ele abraçou com empenho e dedicação.
Um dia esse jovem de vinte e poucos anos que era o dr. Brito Cardoso, acordou intoxicado com o cheiro a mofo de velhos corredores do Seminário de Coimbra a cair de podre. Nessa altura, o Espírito deixou cair por ali alguém que solicitado para pegar nas rédeas do Seminário, reagiu à maneira do Profeta: “Ó Senhor, eu não sei falar, eu não sei dirigir, eu não sei administrar, eu só tenho 25 anos! Disse que não ia mas depois foi! Porquê?
O testemunho é do próprio Mons. Almeida Trindade que transcreve uma carta do jovem Brito Cardoso, datada de 14 de Setembro de 1941: “Soube aqui, na Pampilhosa da Serra onde me encontro, pelo Dr. Urbano, que tinhas sido convidado pelo Sr Bispo Conde para vice-reitor do nosso Seminário.
Esta carta não é para te dar os parabéns, aliás merecidos (...); se houvesse de os dar seria ao Seminário, seria a todos os que têm amor e dedicação pelo Seminário, como eu tenho. Quereria apenas dizer-te que aceites, pois é preciso fazer o sacrifício de tudo pelo Seminário (...). Eu pessoalmente, se pessoalmente te falasse, nada mais saberia dizer do que isto. É o seminário, é o futuro da Diocese, todos os que no Seminário trabalham que pedem que uma nova época, uma nova história, começada por novas pessoas, comece a aparecer. Aceita, meu caro Trindade (...).
Uma só coisa te peço: aceita a vice-reitoria do Seminário”.
Adivinha-se e sabe-se o porquê deste desabafo angustiante. Outros o sentiram e manifestaram, como o ponderado Mons. Martins Madeira que, da sua aldeia de Gavinhos, em Oliveira do Hospital, onde se encontrava a passar férias, escreveu assim: “Meu caro Dr. Trindade,
O primeiro assunto da sua carta deixemo-lo para uma conversa mais larga em Outubro. O segundo não me surpreende, mas achei-o temporão demais. Eu quería-o mais um ano ou dois em contacto mais directo com o mundo, para conhecer os homens e aprender a lidar com eles. Penso que um dos defeitos mais graves na educação dos nossos seminaristas é querem fazer deles anjos para viverem com os homens.
O nosso Cónego Amado enfermava um pouco deste defeito, que os prefeitos e até o Sr. D. António alimentam. É a educação que se vai transmitindo. (...)
Meu amigo, vá para vice-reitor com os olhos em Deus e nas almas, e procure formar padres que sejam bons homens e bons cristãos, porque não há outro caminho. Foram formados de cima para baixo, quando devia ser o contrário. Faltam-lhes as bases. (...)

A. Borges de Carvalho

AO SERVIÇO DA VIDA

CONGRESSO INTERNACIONAL DE ORAÇÃO PELA VIDA
«Maria, a Vós confiamos a causa da vida» (João Paulo II, Evangelium Vitae 103)

Decorreu em Fátima, de 4 a 8 de Outubro, o Congresso Internacional de Oração pela Vida, que contou com a participação de centenas de pessoas, oriundas de 30 países e contou com a presença de alguns dos maiores nomes do movimento pró-vida Nacional e Internacional. Os peregrinos foram chegando a Fátima para, junto de Maria, Mãe da Igreja, percorrerem o caminho da Fé, entrando no espírito do lugar através da recitação do rosário e da procissão das velas. O programa deste congresso incluiu diariamente a Santa Missa, a adoração, o rosário e a oportunidade de receber o sacramento da reconciliação.

O primeiro dia de conferências foi dedicado ao tema Orar com Maria invocando a força do Alto: “Encontremos novamente a humildade e a coragem de orar e jejuar, para conseguir que a força que vem do Alto faça ruir os muros de enganos e mentiras que escondem, aos olhos de muitos dos nossos irmãos e irmãs, a natureza perversa de comportamentos e de leis contrárias à vida, e abra os seus corações a propósitos e desígnios inspirados na civilização da vida e do amor.” (Evangelium Vitae, 100)
Maria é a grande Mestra da Oração. Na sala da última ceia os Apóstolos reuniram-se para, com Ela, orarem e pedirem. Nós, os apóstolos da actualidade, queremos deixar-nos levar pela mão de Maria até Jesus. Ele que é a Vida, hoje mais do nunca atacada, insultada, desconsiderada, eliminada. Por isso queremos unir-nos a Maria para, em reparação pelos pecados contra a Vida, pedir perdão e adorar Jesus, dizendo: “Meus Deus eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam!”
Ao longo do Congresso foram apresentados os ensinamentos da Igreja Católica sobre a dignidade e inviolabilidade de cada vida humana, em todos os momentos, bem como intervenções sobre duas figuras exemplares dos nossos tempos: Pe. Pio de Pietrelcina e Gianna Beretta Molla. O Pe. Sigal, ao falar do sofrimento do Pe. Pio, realçou como este santo conduziu toda a sua vida de modo a cumprir o mandato da Igreja para proclamar o Evangelho da Vida.
A devoção do Sagrado Coração de Jesus preencheu o dia de sexta-feira: Com Maria saciar a sede de Jesus. O Pe. Leo Maasburg, reflectindo sobre o que significa a cruz para nós hoje e sobre como podemos participar na sua força salvífica, mostrou que o compromisso da Beata Madre Teresa com os “últimos dos nossos irmãos” foi a resposta concreta à sede de Jesus na cruz. Mons. O’Rilley, com o testemunho do seu trabalho concreto em locais onde a prática do aborto já se tornou vulgar e banal, sensibilizou-nos para esse “Calvário dos nossos dias”, onde ao sacrifício de vidas inocentes se junta o sofrimento silenciado de tantas mulheres que, na verdade, não desejavam abortar.
A via sacra nos Valinhos (lugar onde o Anjo apareceu aos pastorinhos e lhes ensinou a oração) foi orientada pela comunidade das Sister’s of Life e teve como lema Através do teu doloroso sofrimento tem compaixão de nós e do mundo, tendo-se seguido a celebração da Eucaristia na Capela de Santo Estêvão. Durante a Missa os peregrinos, representantes de várias nações, reconheceram a culpa e os pecados dos respectivos países, especialmente os pecados contra a vida, que foram simbolicamente apresentados e depositados aos pés da cruz.
No dia internacional de Oração pela Vida, dinamizado pelo Apostolado Mundial de Fátima e que coincide com a celebração das Aparições de 13 de Outubro de 1917, data em que se manifestou a Sagrada Família, foram rezados em todo o mundo mais de um bilião de terços pela defesa da vida. Extraordinária cadeia de oração que importa manter activa, em cada dia, pela recitação pessoal e comunitária do terço por esta intenção. Todos somos convidados a rezar e todos podemos integrar esta imensa cadeia de oração pela Vida.
João Paulo II encorajou-nos: “com iniciativas extraordinárias e na oração habitual de cada comunidade cristã, de cada família e do coração de cada crente, eleve-se uma veemente súplica a Deus, Criador e amante da vida (…) para conseguir que a força que vem do Alto faça ruir os muros de enganos e mentiras que escondem, aos olhos de muitos dos nossos irmãos e irmãs, a natureza perversa de comportamentos e de leis contrárias à vida, e abra os seus corações a propósitos e desígnios inspirados na civilização da vida e do amor.” (Evangelium Vitae, 100)
O Papa Bento XVI ensina-nos: “A fé mostra-nos o Deus que entregou o Seu filho por nós e assim gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é Amor!” (Deus caritas est, 39)

Maria pede: “Fazei o que Ele vos disser.”
E Jesus disse-nos claramente: “Vigiai e orai!”

Bernardete Costa e Silva
Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar de Coimbra