"Todos nós somos caminhantes neste estrada" – referiu D. Albino Cleto, ao fazer referência à liturgia do dia durante a homilia. "Coimbra tem a sua história e também percorre o caminho do tempo – Há 75 anos, neste mesmo local, (Calhabé), um grupo de leigos sentiu a necessidade de constituir uma paróquia", referiu
o prelado nas comemorações solenes dos 75 anos da paróquia de S. José.
"Para onde vai esta estrada? Para onde vamos? Para onde temos que caminhar? – interpelou o Bispo de Coimbra. "A primeira tarefa de uma paróquia, muito antes da construção do seu templo, é caminhar para junto de Deus", afirmou, para seguidamente explicar que numa paróquia ninguém pode caminhar sozinho. "Temos que procurar estar atentos a quem vai ao nosso lado", disse, exemplificando com o Evangelho de S. Lucas acerca da parábola do "Bom Samaritano".
Depois da celebração eucarística, D. Albino Cleto inaugurou a exposição sobre a história da paróquia de S. José. Sobre esta efemeridade que se prolongará até ao próximo dia 16 de Julho de 2008, organizada pelo Conselho Pastoral, D. Albino Cleto revelou ser "impressionante ver que uma paróquia cresce como uma família".
A paróquia de S. José foi criada por decreto do Bispo de Coimbra, D. Manuel Luís Coelho da Silva, datado de 16 de Julho de 1932, com o nome de S. José do Calhabé. A 16 de Outubro foi benzida a igreja, hoje desaparecida e tomou posse o primeiro pároco, padre Ricardo Gonçalves. À época situava-se nos arrabaldes da cidade com uma população de 5000 pessoas. Mas o seu crescimento populacional foi tão rápido que, passados sete anos, em 15 de Junho de 1939, a Comissão da Fábrica da Igreja decidiu promover a construção de uma nova igreja. A bênção da primeira pedra da "nova" (actual) igreja teve lugar a 19 de Março de 1954 e a sua sagração ocorreu a 19 de Março de 1962. Em 2 de Fevereiro de 1980 foi inaugurado o Salão Polivalente, a nova capela funerária e o arranjo urbanístico do adro.
"Neste momento, sentimos que a paróquia de S. José é um corpo feito não só pelas dimensões das suas estruturas, mas, sobretudo, pela vitalidade, acolhendo serviços litúrgicos, catequéticos, sociais e caritativos e promovendo espírito comunitário", realçou o Bispo de Coimbra.
D. Albino Cleto reconhece que S. José é uma das paróquias mais importantes da cidade, principalmente, pela sua dimensão populacional e juvenil e que terá de continuar a atrair muitos à Igreja, apesar de se debater com problemas de espaço.
Razão pela qual defende a criação de uma nova comunidade paroquial para a zona do Vale das Flores. Há uns anos atrás foi prometido um terreno pela Câmara Municipal de Coimbra para a construção de uma nova igreja. Na altura foi "negociado" entre o presidente da Câmara, Manuel Machado e o Bispo de Coimbra, D. João Alves. Depois, foi opção do executivo a construção do quartel dos Bombeiros Sapadores para o local que tinha sido destinado à Igreja.
Entretanto, D. Albino Cleto, mostra-se prudente sobre este assunto. O prelado não quer começar "a casa pelo telhado", mas sim, pelas pessoas. O objectivo, é para já, encontrar um espaço, uma garagem ou uma loja, para as pessoas se encontrarem, conviverem e tomarem consciência, de forma a mais tarde serem o embrião de uma paróquia. D. Albino garantiu ao nosso jornal que "a primeira actividade a desenvolver o mais cedo possível, talvez dentro de meses, será o lançamento do grupo embrião de uma futura comunidade cristã do Vale das Flores".
Também surgiu há pouco tempo a promessa de um espaço para a construção de uma futura igreja, na zona da Portela. Tudo indica que a estrutura física da futura paróquia do Vale das Flores nascerá na Quinta da Portela.
Associada às comemorações dos 75 anos da criação da paróquia de S. José, o Cónego João Castelhano, pároco de S. José, celebra também este ano 50 anos de sacerdócio. Acontecimento que será assinalado no próximo dia 15 de Agosto com uma grande festa. O Cónego João Castelhano encontra-se em S. José desde 1974. São 33 anos que serão celebrados no dia 6 de Outubro com uma missa de acção de graças.
"Os 75 anos da paróquia, como de qualquer colectividade ou pessoa, são sempre um marco importante", disse na ocasião, o pároco, ao ser interpelado pelos jornalistas.
"É sempre uma responsabilidade acrescida", afirmou, ainda o pároco, "porque permite reflectir sobre àquilo que se fez ao longo de todos estes anos, de modo, a preparar o futuro". "Em relação ao passado é necessário dar graças à Deus por tudo àquilo que se fez".
O Cónego João Castelhano passou em memória àquilo que se fez, desde da construção da igreja até à edificação do Centro Social e a construção do Centro de Acolhimento, salientou.
Ao concluir, o pároco de S. José não quis deixar de enaltecer o trabalho realizado ao nível de orgânica da paróquia que dirige há cerca de 33 anos. "Esta organização não nasceu agora por acaso. Quando cheguei da aldeia tinha uma paróquia organizada", revelou, elogiando o trabalho dos seus antecessores.