Correio de Coimbra

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4 de maio de 2007

A diferença cristã debatido por estudantes de teologia


Entre os dias 14 e 18 de Maio, a Associação de Estudantes de Teologia de Coimbra organiza uma semana de estudos com o título “A Diferença Cristã”, com o objectivo de analisar o papel do cristianismo numa sociedade marcada pela indiferença, bem como apontar caminhos de intervenção. Esta actividade realiza-se na Igreja de S. José, em Coimbra, às 21h30. Como convidados, nas três primeiras noites, conta com a presença da Doutora Paula Abreu, socióloga da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, com o Doutor João César das Neves e com o Cón. António Rego. A semana termina com uma vigília de oração, na noite de 5ª feira, e com a Eucaristia, às 19h00 de 6ª feira, e, na mesma noite, um recital pelo coro Vox Aetherea.
A entrada é livre.

Combonianos organizam caminhada jovem a Fátima


Os missionários Combonianos organizam, como acontece todos os anos, a actividade Sempábrir, descrita pelo padre Leonel Claro como “a habitual e sempre nova, caminhada jovem a Fátima” e que, este ano, toma o tema “Deixa a tua Terra! Arrisca partir!”. Organizada a nível nacional, destina-se a jovens com idades entre os 16 e os 30 anos e termina com a participação na peregrinação da Família Comboniana. Os jovens partem de Coimbra no dia 24 de Julho, estando programada a chegada a Fátima para o dia 28. A caminhada é para jovens, podendo os adultos acompanhar o seu grupo. Cada participante caminhará com a sua mochila.
Para mais informações, pode ser utilizado o contacto do padre Leonel Claro (239 701 172, jovemissio@gmail.com). O prazo limite para as inscrições é o dia 30 de Junho.

2000 mil alunos de religião e moral reunidos em Penela


“Sou radical, escolhi Moral”. A frase, inscrita nas t-shirts de alunos do Colégio de Quiaios, traduz, ainda que de forma simples, o espírito do primeiro encontro diocesano inter-escolas da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC). Penela acolheu, no dia 30 de Abril, cerca de 2 000 alunos do 2º ciclo, acompanhados pelos respectivos professores, dispostos preencher o dia na vivência do tema “Juntos por um Sonho”.
Cerca de 30 escolas da diocese, quer do ensino oficial, quer do ensino particular e cooperativo, estiveram representadas no encontro que, nas palavras do Cónego Alfredo Dionísio, director do Secretariado Diocesano de Educação Moral e Religiosa Católica, quis despertar nos participantes o sentimento de que “há muitos a frequentar a disciplina”. No presente ano escolar, na diocese de Coimbra, frequentam a disciplina 7 644 alunos, num total de 11 010. “Juntos por um sonho”, escolhido como lema do encontro, lembrou aos alunos a importância de sentirem “que somos muitos a viver o ideal cristão, isto é, a seguir Jesus Cristo”. Ainda nas palavras deste responsável diocesano, a iniciativa pretendeu ser, também, um incentivo à realização de um sonho comum: o de trazer mais pessoas para frequentarem a disciplina por “valer a pena viver os valores cristãos”.
Do programa fez parte um momento de oração com a presença de D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra, uma apresentação de cada escola, um peddy paper de “assalto ao castelo” e animação musical. Num local próximo do pavilhão desportivo, onde se centralizou o encontro, os alunos puderam ainda usufruir de espaços com insufláveis, carros de karting ou dedicados a jogos tradicionais. No final do dia foram lançadas, em balões, mensagens escritas pelos participantes para que “sejam sempre capazes de sonhar”, como explicou Carla Diogo, professora na Escola EB 2+3 Rainha Santa Isabel, na Pedrulha.
Na opinião deste elemento da equipa organizadora, não pode falar-se numa crise na frequência da disciplina. Referindo o exemplo da sua escola, apontou a existência de 400 alunos inscritos, num total de 600. Sublinhando a presença de alunos de outras confissões nas aulas de Religião e Moral, salientou a importância de distinguir os conteúdos da disciplina daquilo que se faz na catequese: “tudo é feito à luz da mensagem de Cristo, mas os caminhos são diferentes”. No contexto da Educação Moral e Religiosa Católica, “a mensagem que se transmite é importante para qualquer um”.
Deixando a vontade de dar continuidade a estes encontros, estendendo-os até ao 3º ciclo, a equipa responsável pela iniciativa frisa a ideia de que esta foi uma experiência que dependeu da boa vontade e do esforço de muitos, explicando que as eventuais falhas serão sempre uma forma de aprender. Nos alunos que participaram ficou, de certeza, a alegria da brincadeira com sentido, espelhada nos sorrisos de quem encontrou um tesouro no castelo de Penela e outro na partilha de um mesmo sonho com outros.
Texto: Lisa Ferreira
Fotos: Miguel Cotrim

Montemor-o-Velho


Obra Plástica de Monsenhor Nunes Pereira

É hoje inaugurado, pelas 18 horas, na Galeria Municipal de Montemor-o-Velho, a exposição itinerante dedicada à obra plástica de Monsenhor Nunes Pereira.
Integrada no âmbito das comemorações do centenário do nascimento do Monsenhor Nunes Pereira, a exposição vai mostrar, até 1 de Junho, diversas xilogravuras, desenhos e materiais de trabalho do Homem, Artista e Padre.
Este projecto, organizado pela Câmara Municipal de Coimbra, a Delegação Regional da Cultura do Centro, o Movimento Artístico de Coimbra, o Seminário Maior de Coimbra e o INATEL – Delegação Regional de Coimbra, pretende delinear um vasto programa que, ao longo do ano de 2007, homenageie aquele que será, para sempre, recordado como uma das personalidades mais marcantes da cidade de Coimbra e da Região Centro. A Câmara Municipal de Montemor-o-Velho associa-se a esta iniciativa graças à marca que Monsenhor Nunes Pereira deixou na Vila, aquando da sua estada na década de 30, do século XX.
A exposição “Obra Plástica de Monsenhor Nunes Pereira” é gratuita e pode ser visitada de 2ª a 6ª-feira, das 14h às 17h30, e aos sábados das 15h às 18 horas.
De 4 de Maio a 1 de Junho na Galeria Municipal de Montemor-o-Velho, Praça da República.

Senhor da Serra acolhe Festa das Famílias


O Santuário do Senhor da Serra (Miranda do Corvo) atrai tradicionalmente multidões de peregrinos. Desta vez é a Escola Básica Ferrer Correia o cenário escolhido para acolher as famílias da Diocese de Coimbra, na sua festa anual. Será no próximo dia 20 de Maio, domingo da Ascensão. O encontro é presidido pelo Bispo da Diocese, D. Albino Cleto, sendo uma iniciativa do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar, e terá a dinamização das paróquias do concelho de Miranda do Corvo. Tendo a Eucaristia como natural centro desta festa, conta com a transmissão pelas Rádios Renascença, Dueça e Vida Nova FM. Esta festa realiza-se na conclusão da Semana da Vida, que se vive a nível nacional, e vai ter como tema: “felicidade humana: preocupação de Deus”.
O encontro inicia-se com o acolhimento, a partir das 10H00, sendo a Eucaristia às 11H00. Às 13H00 será o almoço partilhado, a que segue, às 14H30, uma animação cultural, em que intervêm ranchos, grupos corais, cantores e testemunhos. O encerramento está previsto para as 17H30. Na sequência de realizações em anos anteriores, sempre numa região diferente da Diocese, desta vez o cenário é bem deslumbrante, junto ao bem conhecido santuário.
São convidadas a participar famílias de toda a Diocese de Coimbra, com particular expressão para a Região Centro, contando com a dinamização das respectivas paróquias, movimentos familiares, e o contributo insubstituível dos párocos e outros animadores pastorais. Além disso, foram convidadas a participar outras forças vivas locais, autarquias e representantes de diversas entidades da região.
Espera-se uma boa cobertura, por parte da comunicação social, com as três rádios mencionadas a fazer transmissão, até porque é o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que sempre ocorre no domingo da Ascensão. Se outras rádios se manifestarem interessadas, em fazer cobertura, deverão atempadamente entrar em contacto com o Secretariado Diocesano ou com a equipa dinamizadora local. A mensagem de Bento XVI para este dia tem precisamente, por tema, “as crianças e os meios de comunicação social: um desafio para a educação”. Nada mais oportuno, para a Igreja, na relação família, escola, comunicação social, crianças e educação.

Armando Duarte

Igrejas e Monumentos abertos à noite para comemorarem o Dia Internacional dos Museus

A abertura de vários monumentos da zona histórica de Coimbra foi uma das formas encontradas para assinalar o Dia Internacional dos Museus, a 18 e 19 de Maio.

Igrejas e monumentos da zona histórica de Coimbra, entre os quais as igrejas da Sé Nova, Sé Velha e S. Salvador, mas também alguns espaços da Universidade de Coimbra (UC), como a Biblioteca Joanina e a Sala dos Capelos, estarão de portas abertas até à meia-noite, nos dias 18 e 19 de Maio, para assinalar o Dia Internacional dos Museus. Também à noite, o autocarro Funtastic percorrerá os lugares que compõem o “bilhete postal” de Coimbra.
O programa de comemorações deste ano contempla um conjunto de actividades, reflexo da parceria que o Museu Machado de Castro estabeleceu com a UC e Câmara Municipal – por intermédio da empresa municipal de turismo –, e do apoio de outras instituições, como a Região de Turismo do Centro, Serviços de Acção Social da UC, SMTUC e Escola de Hotelaria. “Está aqui a prova de que a cidade está cada vez mais unida”, congratulou-se o vice-reitor da UC, Pedro Saraiva, durante a apresentação da iniciativa, que num “acto de ousadia” decorreu ao início da madrugada do passado dia 3 de Maio, no Museu da Ciência. Ao longo dos dois dias, decorrerão exposições, conferências, actividades musicais e teatrais, percursos pedonais e visitas dramatizadas. Também poderão ser feitas visitas à torre da UC, que Pedro Saraiva disse constituir “uma última oportunidade” antes da intervenção a que esta será sujeita.
Parceiro importante nesta iniciativa é o Museu da Ciência, que será palco de várias iniciativas, entre as quais se destaca a noite de astronomia (dia 19), com actividades para crianças e observações – será também revelado, por exemplo, o que Camões sabia de astronomia. Também neste museu, decorrerá a 18 de Maio um debate público, onde se abordará, por exemplo, os projectos de recuperação da Alta e Baixa da cidade e a sua articulação com a candidatura da Universidade a património da Humanidade.

6 de Maio: Dia da Mãe


Celebrava-se, antigamente, a 8 de Dezembro. Nos últimos tempos, foi transferido para o primeiro domingo de Maio. Falamos do Dia da Mãe, uma das evocações mais significativas entre as muitas que fazemos ao longo do ano, obtendo esta a adesão unânime de jovens e adultos, pois não há ninguém que não tenha motivos de sobejo para agradecer o dom maravilhoso do amor materno que é, entre os amores humanos, o que mais se assemelha ao incomensurável amor de Deus.
A celebração deste dia desperta no coração de todos sentimentos de carinho, de amor, de tenrura e de agradecimento. Nem poderia ser doutro modo, pois em nenhum de nós a dureza da vida apagou por inteiro a memória do colo e a ternura do primeiro beijo.
De facto, ontem como hoje, feliz é a criança que pode crescer sentada nos joelhos de sua mãe, acariciando o seu rosto e recebendo a ternura dos seus beijos! No futuro, sempre que precisar de uma migalha de doçura para amenizar o travo de fel que a vida lhe apresente, há-de voltar aí, a esse lugar sagrado onde tem início tudo o que é bom, desde as palavras mais encantadoras aos sorrisos mais puros e aos pensamentos mais sublimes. O colo da Mãe, de todas as mães, transmite segurança, afecto, calor humano e paz interior. É nele que o homem e a mulher aprendem as palavras e os gestos que os hão-de marcar, de forma indelével, para a vida inteira.
Celebrar o Dia da Mãe é voltar de novo às carícias do seu colo. É sentarmo-nos sobre os seus joelhos, pegarmos nas suas mãos, naquelas mãos que, um dia, segurando a nossa, pequenina, nos marcaram na fronte, pela primeira vez, o sinal da cruz. É acariciarmos os seus cabelos, agora grisalhos, e segredarmos-lhe ao ouvido que, passados muitos anos e percorridos muitos caminhos, o seu amor continua a ser o sinal mais da nossa vida.
Celebrar o Dia da Mãe é demonstrar-lhe a gratidão pelas noites que passou sem dormir, pela ternura com que nos ensinou as primeiras palavras e nos amparou nos primeiros passos, pelo cuidado e desvelo com que nos viu crescer, estando sempre presente, mesmo que discretamente, nos momentos mais significativos da nossa caminhada.
Celebrar o Dia da Mãe é retribuir-lhe com um simples gesto, com um ramo de flores ou com a singeleza de um beijo, tudo quanto significa para nós a lembrança do seu colo, esse lugar amoroso onde, ainda agora, nos sentimos crianças, brincando com os seus cabelos grisalhos, acariciando o seu rosto gasto pelos anos ou aprendendo a contar pelos dedos os sonhos que a vida tornou realidade.
Com a medalha comemorativa que aqui se apresenta, pretendemos juntar-nos ao coro de quantos, neste dia, querem cantar um hino de gratidão ao amor de todas as mães do mundo. Deus abençoe as nossas mães!



A. Jesus Ramos

3 de maio de 2007

Duas perguntas ao Padre Pedro Pedro, assistente espiritual do movimento



Faz parte da equipa diocesana de coordenação do Renovamento Carismático. Como nasceu a sua ligação ao movimento?


Conheci o renovamento carismático quando tinha 16 anos, a partir de um grupo de escuteiros de Santarém, de onde sou natural. O nosso chefe convidou-nos para estarmos com ele e com um grupo para rezar. Cantávamos uns cânticos, abríamos a Bíblia e rezávamos espontaneamente. Durante alguns meses, tínhamos esses encontros de oração. Depois disso, ele levou-nos a participar num encontro a nível nacional, em Fátima e fui tocado. Depois disso, fizemos uma caminhada de preparação para a efusão do Espírito Santo. Depois de sete semanas, através da oração foi pedida a efusão do Espírito Santo. O meu encontro pessoal com Deus tocou-me profundamente. Houve esse momento e houve outro que foi um apelo ao sacerdócio que, curiosamente, indirectamente, também foi numa assembleia do Renovamento Carismático, num encontro nacional, também numa grande assembleia com 3 ou 4 mil pessoas. Estava profundamente tocado por aquilo tudo e fui confessar-me a um padre. Nessa confissão, senti esse apelo ao sacerdócio que partilhei com o padre sem que antes tivesse pensado em dizê-lo ou sem sequer ter pensado nisso antes, noutro momento. Foi nessa confissão, em Fátima, e durante uma assembleia do Renovamento Carismático, que senti esse apelo. O facto de nos encontrarmos com Deus também nos dá o desejo de responder com generosidade àquilo que Deus nos pede e foi o que aconteceu comigo.

Como surgiu a sua ligação à equipa de coordenação do Renovamento a nível diocesano?
O padre Jorge está mais ligado ao início do Renovamento na diocese. Houve depois um período em que ele era responsável pela Comunidade Emanuel e, numa altura em que estávamos nas mesmas paróquias, acabámos por repartir tarefas e fiquei, então, a acompanhar a equipa diocesana e assim tenho continuado. Também devo confessar que, devido às muitas tarefas nas paróquias, não é muito fácil dedicar muito tempo a este trabalho. Mas a equipa tem pessoas com alguma disponibilidade que visitam os grupos de oração, propõem os responsáveis, propõem, numa ou noutra paróquia, as caminhadas de preparação para a efusão do Espírito Santo e assumem a preparação da assembleia diocesana, que ocorre uma vez por ano. Eu tento acompanhá-los e ajudá-los.

Renovamento Carismático comemora 40 anos



O Padre Jorge da Silva Santos, pároco de Febres, ligado ao Renovamento Carismático Católico, à Comunidade Emanuel e aos Cursos Alfa, em entrevista ao "Correio", afirma:
"A fé tem que passar por um encontro com Cristo"


O Renovamento Carismático Católico comemora, este ano, o seu 40º aniversário. Dois dias depois de uma assembleia diocesana que, como acontece todos os anos, reuniu grupos de oração que partilham experiências de encontro próximo e profundo com Deus, o "Correio" publica uma entrevista ao padre Jorge Santos. Pároco de Febres, Corticeiro de Cima, São Caetano e Vilamar, está também ligado ao Renovamento Carismático, à Comunidade Emanuel e aos Cursos Alfa. Na conversa, participou também o padre Pedro Pedro que nos deixou o seu testemunho de vivência "de um encontro com Deus que nos deixa a vontade de responder com generosidade" dentro da Igreja.

O Renovamento Carismático celebra, este ano, o seu 40º aniversário. Como nasceu e com que fundamento?
O Renovamento Carismático nasceu numa universidade americana que era, precisamente, da congregação dos Missionários do Espírito Santo. Um grupo cristão de leigos, que tinha até feito os Cursos de Cristandade, sentia, na sua vida, uma certa apatia, como se a vida cristã só pudesse ser vivida com muito esforço e como se tivesse um certo peso. Fizeram uma espécie de retiro para pedirem ao Espírito Santo que operasse neles as maravilhas que são tão faladas nos Actos dos Apóstolos. Pediram ao Espírito, rezando uns pelos outros, para que Ele viesse renová-los e pediram até auxílio aos protestantes, para que viessem rezar com eles. Tiveram uma experiência admirável de renovação da sua vida, de leveza, de alegria, de louvor e de vontade de testemunhar aquilo que tinham vivido. Pouco a pouco, foram comunicando tudo a outros grupos. Esta chama começou a espalhar-se e, ao fim de dez anos, estava nos cinco continentes, em todo o mundo. A sua experiência foi sendo conhecida como Movimento de Renovação Carismática, Renovamento Carismático, Movimento Carismático. Tudo nasceu neste grupo, nos Estados Unidos.

Não há, então, um fundador?
Não há um fundador e, também por isso, não existe bem um movimento. Há um grupo que faz esta experiência e que, depois, a espalha por outros. Tudo se vai vivendo em pequenos grupos de oração, que servem essencialmente para rezar, louvando a Deus. A experiência fundamental, que está no cerne do Renovamento Carismático, é a chamada experiência da efusão do Espírito Santo, como dizemos em português. Depois de uma certa caminhada, através da oração dos irmãos, faz-se este encontro pessoal com Deus, que transforma a vida e que nos marca sempre, de tal forma que, depois de 20 ou 30 anos, recordamos esta experiência ainda como renovadora. Para mim, foi isto que me tocou. Tinha entrado para o seminário em pequenito, com 10 anos, porque os meus pais o quiseram e a minha vontade não era ser padre. Conheci, depois, o Renovamento Carismático e, pela primeira vez, com 19 anos, fiz uma experiência extraordinária do amor de Deus. Senti que Deus me amava e estava ali. Isso era, para mim, uma certeza que nunca tinha tido até ali. Era tudo novo. Estava no Seminário, rezava, ia às missa mas, às vezes, fazemos tudo por tradição e não pomos em causa o que nos transmitiram, mas também não vivemos as coisas profundamente. Lembro-me que estava numa eucaristia, em Coimbra, no primeiro aniversário do grupo de oração, e, durante a homilia, senti uma vontade enorme de chorar e passei a homilia toda a chorar. Ninguém notou, as lágrimas eram silenciosas, mas quando a missa acabou toda a gente viu que eu tinha os olhos vermelhos e perguntaram-me o que se passava comigo. Disse que não sabia, mas que a minha vida, a partir daquele momento, ia mudar. Encontrei-me com Deus e foi uma experiência profundamente tocante, afectiva. Passado algum tempo, comecei a pensar em ser padre a sério, porque nunca tinha pensado. Posso dizer que o facto de ser padre se deve ao meu encontro com o Renovamento Carismático.

O teólogo alemão Heribert Muhlen afirmou que "o Renovamento Carismático não é um movimento da Igreja, é a Igreja em movimento". O que queria dizer?
Queria dizer que este não é um movimento dentro da Igreja mas que serve para se introduzir na Igreja o fluxo do Espírito, como fermento na massa, para empurrar a Igreja para a frente. Cristãos renovados, situados no seio da Igreja, renovam-na com a sua vida. Os nossos bispos diziam, num documento escrito para a preparação do Jubileu, no primeiro ano, dedicado a Jesus Cristo, que os cristãos portugueses necessitam muito de passar de uma fé do ouvir dizer para uma fé de encontro com Jesus Cristo vivo e ressuscitado. É isso que transforma a vida e nos leva a entregarmo-nos a Ele na Igreja e no mundo. Num mundo, que se diz da pós-modernidade, a experiência e o sentir são quase a verdade, que já não vem tanto da inteligência e da razão mas da experiência. Não defendo isto mas devemos estar atentos a esta necessidade do mundo. Eu não posso chegar a Cristo sem ouvir falar d’Ele mas depois eu tenho que O experimentar. A evangelização hoje deve ser, não só uma comunicação de verdade e de doutrina, mas também um levar das pessoas a uma descoberta. Eu sei que Cristo está vivo, não porque mo disseram, mas porque eu já fiz a experiência d’Ele e sei que Ele me salvou. Esta experiência que vivemos no Renovamento Carismático pode-se viver noutros locais e contextos e de outras formas e sempre se viveu na Igreja. É a chamada conversão, o encontro com Cristo. No Renovamento Carismático, chamamos a esta experiência a efusão do Espírito.

A Comunidade Emanuel nasceu a partir de um grupo de oração do Renovamento Carismático. Qual a vocação desta comunidade?
Nasceu de um grupo de oração, em Paris, liderado por Pierre Goursat e Martine Catta. Pouco a pouco, a sua estruturação começou a ganhar uma dimensão muito profunda e as pessoas começaram a querer mais. Pierre Goursat começou a juntar à sua volta um outro grupo de pessoas que depois se tornaram um núcleo do que se veio a tornar a comunidade. Ela organiza-se em torno de três eixos fundamentais: adoração, compaixão e evangelização. Cada membro vive, como experiência fundamental, a efusão do Espírito Santo e o carisma da comunidade é contemplar Deus na Eucaristia e na adoração, para receber d’Ele a compaixão pelos homens do nosso tempo e, através disso, evangelizar. A Comunidade existe para esta evangelização entendida no seu sentido total, não só com o anúncio da Palavra mas também indo ao encontro dos homens que morrem de fome, tanto espiritual como materialmente. Temos, em África, bastantes cooperantes que vão enviados pela comunidade para projectos de cooperação. Estive no Ruanda um ano depois do massacre, na reconciliação entre as tribos. Temos lá um centro que acolhe órfãos e que tinha cerca de trezentos internos, alimentando milhares nas ruas. A comunidade faz lá um trabalho extraordinário. A reconciliação no Ruanda que, hoje, está praticamente conseguida, deve-se não só à Comunidade Emanuel mas à Igreja. A Igreja católica, os grupos cristãos e, mais especialmente a Comunidade Emanuel, tiveram um papel extraordinário com a organização de grandes reuniões e retiros, por exemplo, chamando também políticos a esta reconciliação. O trabalho espiritual não se desliga do trabalho social porque o homem é um todo.

Está também ligado aos Cursos Alfa. São autónomos e independentes do Renovamento Carismático?
São totalmente autónomos. Não preciso de perguntar ao fundador do Curso Alfa, da Igreja Anglicana, se ele foi buscar um modelo ao Renovamento Carismático ou não, mas nem preciso… A experiência fundamental de um fim de semana do curso baseia-se exactamente naquilo a que chamamos efusão do Espírito Santo. Por isso, foi, de certeza, a partir do Renovamento Carismático que ele pensou este método de evangelização que se baseia na experiência do Espírito Santo. O curso inclui dez sessões à noite e um fim-de-semana a meio, fora da paróquia onde se faz o curso, numa casa de retiro, para que as pessoas saiam do seu ambiente e vivam tudo de uma forma mais aprofundada. E aí tudo se faz para que as pessoas passem pela experiência transformadora do encontro com Jesus Cristo. E acontece sempre a mesma coisa… que modifica a vida das pessoas. Mas isto não é mágico e é sempre diferente de pessoa para pessoa. Algumas mudam a vida toda e tornam-se cristãos firmes e empenhados, outras ficam no mais ou menos, e ainda outras vivem um momento bom naquela altura mas tudo fica só por aí. Os homens respondem á acção de Deus de maneira diferente.

Está na paróquia de Febres há alguns anos. Quais as formas de vivência em Igreja mais significativas nesta comunidade? Que grupos ou movimentos têm aqui mais expressão?
Essa pergunta é interessante até porque aquilo que o Renovamento Carismático me mostrou e a minha pertença à Comunidade Emanuel, marcaram-me muito, sobretudo o meu sentido de evangelizar. Uma encíclica de Paulo VI, escrita há muitos anos atrás e que é ainda o melhor documento sobre evangelização, diz-nos que a Igreja existe para anunciar o Evangelho. Pergunto-me constantemente como é que posso anunciar o Evangelho nas minhas paróquias. Eu traço e defino, para mim mesmo, objectivos, todos os anos. Posso querer, por exemplo, que 100 famílias conheçam o Senhor e voltem á Igreja. Vamos então rezar por isso, trabalhar por isso, ir a casa das pessoas, convidá-las para fazer um Curso Alfa, por exemplo, ou para integrar uma célula de evangelização, um outro método que usamos aqui. Os jovens podem ser outro objectivo. Já adiámos o crisma para os 18 anos, para além dos 10 anos da catequese normal, para que eles possam conhecer e viver mais coisas, através de cursos e encontros. Agora, a paróquia começa a sentir que há uma nova vida. Estou cá quase há 14 anos e só nestes dois ou três últimos anos é que as pessoas começam a ver a assembleia renovada. Há mais gente e mais gente nova. E as pessoas são também mais activas. Muitos acabam o Curso Alfa e integram-se na vida da Igreja e querem participar. Depois do encontro com Cristo, as pessoas aceitam mais facilmente servi-Lo. Os leigos quando se apaixonam por Cristo, avançam. Nós padres, existimos para que os homens O conheçam e quando isso acontece na vida das pessoas dizemos "Obrigado Senhor, porque vale a pena!"

Padre Dr. António Freire vai ter homenagem póstuma


O padre Dr. António freire vai ter homenagem póstuma no próximo dia 3 de Junho, na sua terra natal, Lisboinha – Pousaflores, onde nasceu a 18 de Novembro de 1919. Este ilustre sacerdote frequentou os institutos da Companhia de Jesus e foi ordenado presbítero em 15 de Julho de 1950. Faleceu em 18 de Fevereiro de 1997.
Doutorado pela Faculdade de Filosofia de Braga e pela Universidade de Oxford (Inglaterra), foi uma personalidade de projecção nacional como religioso, como professor universitário e como escritor.
Sacerdote culto, percorreu o país, realizando trabalhos de formação cristã, através de conferências sobretudo aos jovens universitários, liceais e diplomados.
Leccionou ao longo de mais de 50 anos na Universidade Católica, sendo considerado como grande mestre, pedagogo e amigo, ministrando cursos de Filologia Grega, História de Cultura Clássica e Literatura.
Brilhante foi a sua participação em vários congressos internacionais sobre a temática do latim e do grego, onde se impôs pela profundidade das suas comunicações, falando com fluência várias línguas clássicas e modernas.
Como escritor, publicou, além de uma muito divulgada "Gramática Grega", mais de meia centena de obras literárias e bastantes estudos em revistas de cultura de Portugal e do estrangeiro.
A cerimónia de homenagem realizar-se-á no decorrer da habitual festa de Lisboinha, às 16h30 do dia já indicado, sendo descerrada uma lápide com o seu nome, no largo principal daquela localidade.

Adriano Santo

POCARIÇA: Associação Padre Manuel reúne fundos para ajudar S. Tomé


A Associação Padre Manuel, da Pocariça, organiza, este ano, uma série de iniciativas para concretizar o desejo de enviar para S. Tomé e Príncipe um contentor de roupa. Fátima Marques, membro da instituição, explica que existe já muito material em caixotes, sendo a maior dificuldade o custo do transporte. A associação precisa de três mil euros. Na agenda estão já dois concertos com o padre José Borga e com o padre João Paulo Vaz.
É na antiga casa paroquial da Pocariça, que Maria e Fátima Marques, duas irmãs, passam a maior parte dos seus tempos livres. Sobrinhas do saudoso padre Manuel Marques, falecido há três anos, criaram uma associação com o seu nome para "perpetuar os seus ideais cristãos, numa vida dedicada a servir o próximo". Depois de uma viagem a S. Tomé e Príncipe, em 2005, ficou-lhes na memória a realidade e a vida deste país africano, que se tornou a causa da associação que apoia, também, os santomenses radicados em Portugal.
Como explica a presidente da direcção, Maria Marques, a instituição dedica-se a ajudar mulheres grávidas, famílias carenciadas, imigrantes santomenses e a Obra do Frei Gil, em Mira. Esta ajuda concretiza-se no envio regular de roupa, calçado, material escolar e brinquedos. A responsável acrescenta ainda as famílias locais à lista dos que recebem apoio da associação que, como explica, tem como missão "servir o próximo". Com 80 sócios inscritos, este organismo vai vivendo de donativos particulares e da quota anual de 12 euros. Para já, a meta é concretizar o sonho mais imediato de levar a S. Tomé alguns bocados de alegria.

Cáritas diocesana divulga resultado do peditório

A Cáritas Diocesana de Coimbra realizou, nos dias 8, 9 e 10 de Março, um peditório público a favor da instituição. A contribuição resultou em 3 286,90 euros, que serão utilizados em favor da acção social que a instituição promove diariamente.

D. Albino participa em encontro sobre bens artísticos das igrejas


O Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, acompanhado por dois técnicos do departamento diocesano, desloca-se a Oliveira do Hospital, no dia 5 de Maio, para um encontro de reflexão com o tema "O valor e a conservação dos Bens Artísticos das nossas igrejas e capelas". A iniciativa, que decorrerá das 14h30 às 18h, no auditório da Caixa de Crédito Agrícola e destina-se, mais particularmente, às Comissões Fabriqueiras das Igrejas, Comissões de Capelas, Zeladoras e demais interessados.

Ciclo de conferências em Oliveira do Hospital


A propósito das comemorações dos 25 anos do Centro de Preparação para o Matrimónio (CPM) em Oliveira do Hospital, o arciprestado organiza um ciclo de conferências, nos dias 8, 14 e 21 de Maio, na Casa da Cultura Dr. César de Oliveira. As sessões, tocando temáticas ligadas à família, terão início sempre às 21h30 e contam com as participações do Dr. João César das Neves (economista), do professor Freitas Gomes (psiquiatra) e do Dr. Abel Magalhães (psicólogo). Os temas apresentados por estes oradores serão a "Situação actual da família", "As crises do casal" e "Rosas e espinhos nas relações pais-filhos". No dia 24 de Junho, terá lugar, no Parque da Fundação Cabral Metelo, um grande encontro para o qual são convidados os casais que frequentaram o C.P.M.

Senhor da Serra acolhe a XIII Festa das Famílias

O Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar, em colaboração com a pastoral da Família do arciprestado de Miranda do Corvo, vai promover a XIII Festa das Famílias, no próximo dia 20 de Maio, na Escola Básica Integrada Prof. Doutor Ferrer Correia, em Senhor da Serra, Miranda do Corvo, das 10h30 às 17h30. A Eucaristia, às 11h, será presidida pelo Senhor D. Albino Cleto e transmitida pela Rádio Renascença.
Esta festa está intimamente relacionada com a Semana da Vida, uma iniciativa da Comissão Episcopal do Laicado e da Família (CELF), que se celebra, este ano, de 13 a 20 de Maio. O tema da Semana e da festa é "Felicidade humana – preocupação de Deus".

Milhares de finalistas na Bênção das Pastas


D. Albino pede aos estudantes que mantenham os ideais nobres

O Bispo de Coimbra pediu, no passado Domingo, aos estudantes finalistas da Universidade de Coimbra, que mantenham "corajosamente propósitos e ideais nobres" no futuro que agora começa. D. Albino Cleto exortou os muitos estudantes que encheram a Sé Nova para a bênção das pastas a colaborarem no bem comum e a manterem sempre o propósito de fidelidade à verdade de modo a ser possível "vencer as tentações" como a "de ganhar dinheiro, muito e a qualquer preço", a de "trepar na escala do prestígio" ou a de uma "instalação aburguesada e perdulária".
A assembleia não coube na Sé, tendo muitos participado na Eucaristia no exterior, através de um ecrã gigante. Considerando que a bênção pedida pelos alunos é "para uma carreira laboriosa e "para um futuro" a construir, o Bispo de Coimbra pediu a Deus por todos os finalistas, para que nunca abandonem os valores que considera serem "tão próprios de quem é jovem e tão urgentes no nosso mundo". D. Albino Cleto referiu ainda as dificuldades de encontrar uma colocação, "no horizonte de um futuro que levanta apreensões e até ansiedades", exigindo aos jovens "sacrifícios humilhantes".
Pedindo a Deus a persistência de ideais para os estudantes, para que sejam capazes de "construir uma sociedade mais justa, mais feliz", D. Albino terminou a homilia pedindo "o ânimo de Espírito" para os que agora iniciam novos "caminhos da vida profissional e familiar".

Agostinho Almeida Santos afirma, na Sé Velha, num encontro de empresários e gestores cristãos




"Não é possível" gerir os HUC com um corte orçamental de 58 milhões de euros


Agostinho Almeida Santos reafirmou no passado dia 27 de Abril que "não é possível" gerir os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) com um corte orçamental de 58 milhões de euros, motivo que o levou a pedir a demissão. "Espero que não seja a qualidade da prestação de cuidados de saúde que venha a sofrer", caso se mantenha o corte orçamental, disse o presidente demissionário do conselho de administração dos HUC, quando questionado sobre este aspecto pela assistência, após a conferência que proferiu no salão da Sé Velha, no âmbito do ciclo organizado pela Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE).
Ao longo da conferência, que intitulou "A Medicina baseada na evidência: novo instrumento de gestão hospitalar", Agostinho Almeida Santos acentuou que apesar de os HUC terem cumprido, em 2006, os objectivos contratualizados com o Ministério de Saúde, não recebeu a verba de 36 milhões de euros relativa aos valores de convergência que lhe era devida: 25 milhões a que se somariam perto de 11 milhões, se as metas estipuladas fossem cumpridas.
"Os HUC terminaram o ano de 2006 com um défice de 36 milhões de euros, que seria de zero caso as verbas tivessem sido recebidas", afirmou Almeida Santos, acrescentando que para 2007, entre gastos e receitas, o contrato-programa previa um défice de 22 milhões de euros.
Durante a conferência, ao longo da qual apresentou diversos números relativos ao orçamento dos HUC em 2005 e 2006, o catedrático de Medicina enfatizou que no tocante à despesa com medicamentos, o aumento cifrou-se em 2,3%, abaixo do limite de 4% imposto pelo Governo.
De 2005 para 2006 os gastos do hospital aumentaram de 282 milhões de euros para 284. Apenas dois milhões de euros, considerou, lembrando que neste período houve um aumento substancial da produção e aumentaram os preços e as prestações sociais, entre outros factores que agravam a factura dos gastos.
"A saúde não tem preço, mas tem custos que têm que ser controlados", afirmou Almeida Santos, sublinhando que o conselho de administração a que presidiu teve que "definir estratégias".
Um campo onde é possível conter custos é na área do medicamento, evitando o desperdício, defendeu o catedrático, apontando como soluções "a pedagogia no dia-a-dia" e "a monitorização periódica da eficácia dos novos medicamentos, que não constam do formulário". Mas "a decisão clínica é complexa, porque estamos a falar de pessoas", admitiu o médico.
Na sua conferência, Almeida Santos afirmou que os HUC são "o maior hospital do país, quer os outros queiram ou não". Os HUC, disse, têm o maior número de camas, o maior número de doentes saídos (cerca de 47 mil), realizaram 35 mil cirurgias e são os segundos, a seguir a Hospital de S. João, no Porto, em número de consultas externas (470 mil).