Maria das Dores Marques comemorou
cem anos
A crença religiosa e o apoio da família, aliando a boa disposição, são alguns dos segredos da vivacidade e lucidez de Maria das Dores Marques, residente no lugar de Lavegada, freguesia do Seixo, no concelho de Montemor-o-Velho, que, no dia 26, celebrou 100 anos de idade.
“Nunca pensei ser merecedora de um bem tão grande; se acordo todos os dias é porque Jesus me acorda, é matemático”, disse-nos a centenária senhora, com ar sorridente e bem disposto.
A festa de aniversário foi comemorada, sábado, dia 27. Em casa, rodeada pela família e amigos, teve lugar um almoço de confraternização, com bolo de aniversário, cujas três velas, D. Maria apagou de um só sopro, acabando, no entanto, por contrariar a neta no desejo formulado: “peça mais um ano, avó”, indicou Maria Delminda, tendo por resposta imediata: “Só mais um não, é pouco”, disse, bastante risonha.
À tarde foi celebrada uma missa de acção de graças pela aniversariante, a cuja “festa da liturgia” também se associou o padre Isildo Costa pelos 22 anos de assistência social e pastoral na freguesia do Seixo.
No final da missa, quando recebia os parabéns, Maria das Dores disse com entusiasmo “agora vou dançar, pois vou”, desafiando o bisneto, Nuno, com a mesma desenvoltura que exibe nos dias em que resolve visitar amigos e vizinhos, saindo de casa “sozinha e pelo próprio pé”.
A terceira parte da festa de aniversário foi promovida pelo Rancho Regional do Seixo, numa homenagem “a uma pessoa que ajudou o grupo na recolha de costumes e tradições, músicas e danças”.
Maria das Dores Marques, viúva há 15 anos, é filha de José de Jesus, homem dos trabalhos agrícolas, de grande instrução e bem reconhecido na sua comunidade, e de Maria Rosa Marques, sendo a mais velha de quatro irmãs, duas já falecidas, demonstrando uma enorme vitalidade, como sua irmã Maria da Conceição, de 86 anos, até pela maneira como sobe, sozinha e sem ajuda, as escadas da casa da filha, onde reside, em Lavegada.
Apesar de seu pai ter sido um “mestre-escola” na freguesia, Maria das Dores nunca aprendeu a ler. “Não sei uma letra, mas sempre fui amiga do saber”, disse-nos, referindo que “isso não impediu de arranjar marido, num bailarico de uma adiafa”.
Tem uma filha, Floripes de 76 anos, uma neta, Delminda, de 56, e dois bisnetos, o Nuno de 28, e a Inês de 17. Muito amiga da família, Maria das Dores disse que “colocando a filha e a neta nos pratos de uma balança, o peso da gratidão é igual, porque tenho muito amor pelas duas”.
Dançando a moda da “Amendoeira”, Maria das Dores, demonstrando bom sentido de humor, reclama que lhe arranjem um noivo, “mas sem barba”.
A esta efeméride juntou-se o presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho que, desejando felicidades à aniversariante e cumprimentando os familiares e amigos, fez questão de oferecer uma prenda a Maria das Dores, em nome do Município. De referir que o autarca Montemorense faz questão de felicitar todos os munícipes de idade mais avançada pelos seus aniversários, mas de forma especial os que completam e ultrapassam o centenário.
Aldo Aveiro