Colóquio no centenário de nascimento
Nunes Pereira: a simplicidade de um grande padre e artista
Num colóquio realizado a 27 e 28 de Novembro, no Seminário, integrado nas comemorações do centenário de Mons. Nunes Pereira, aquele sacerdote foi recordado, como padre e como artista que marcou a sociedade em que viveu.
D. Albino Cleto afirmou na sessão de abertura do Colóquio sobre Monsenhor Nunes Pereira, que decorreu no passado fim-de-semana no Seminário de Coimbra que "é muito difícil o equilíbrio" para uma pessoa que queira ser padre e artista ao mesmo tempo. "Muitas vezes a arte encarece o padre que se pretende ser", disse o Prelado da diocese aos participantes deste colóquio. Reconhecendo que não foi isso que aconteceu com Monsenhor Nunes Pereira. D. Albino alegra-se pelo facto de um padre da sua diocese ser considerado um grande artista no seio de Coimbra e também, pelo facto "ter exercido os trabalhos pastorais mais humildes e alguns deles difíceis". Para o Bispo de Coimbra, Monsenhor Nunes Pereira "tinha um olhar de artista, que nunca descurou da sua função de padre". "A forma de ver o mundo a partir da Baixa, onde ele foi pároco e onde exerceu também a sua veia artística, só pode ser de um padre", concluiu D. Albino Cleto.
O Padre Doutor Jesus Ramos, que conviveu com ele durante muitos anos, reconheceu também as virtudes deste sacerdote falando dele na vertente pastoral. O director do ISET falou da influência que tiveram na formação da sua alma sacerdotal os seus pais, lendo alguns poemas que, a propósito, Nunes Pereira escreveu no seu livro "Pedra d´Ara". Recordou depois a sua passagem pelo Seminário, nos anos vinte, onde descobriu melhor a sua dupla vocação: de artista e de padre. Para ultrapassar o dilema, disse, foi "de capital importância o companheiro Américo Aguiar (o futuro Padre Américo) que o descansou quanto ao futuro". Afinal podia-se ser, ao mesmo tempo, como o foi Fra Angélico, padre e artista. O Padre Doutor Jesus Ramos acrescentou a influência que tiveram os mestres, nomeadamente o Padre Melo, o Dr. Trindade Salgueiro, Monsenhor Martins Madeira ,o Cónego Nogueira, entre outros, que "moldaram" a sua forma de ser padre.
O Professor Doutor Manuel Laranjeiro, docente da Universidade de Coimbra e grande amigo de Monsenhor Nunes Pereira defendeu que "todo o património deveria ser inventariado (não é recolher, é apenas para saber onde se encontra) para um dia mais tarde, ou quando necessário fazer-se exposições esporádicas". Quanto à Oficina de Nunes Pereira (hoje espécie de museu), o docente universitário, afirmou que deveria estar num museu, para que possa estar à disposição das pessoas.
Passaram ainda por este colóquio, a Professora Doutora Elisabete Oliveira, o Professor Doutor José Carlos Seabra Pereira, o Cónego Dr. José Bento Vieira, o Doutor Marco Daniel Duarte, O Professor António Bouça, o padre Nuno Miguel Santos, Engenheiro João Rebelo (em representação do presidente da Câmara Municipal de Coimbra), Dr. Mário Nunes, a Dr.ª Virgínia Gomes, a Dr.ª Ludovina Capelo, o Cónego Aurélio de Campos e D. João Alves, Bispo Emérito de Coimbra.
Texto e Foto: Miguel Cotrim
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