Correio de Coimbra

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15 de fevereiro de 2007

Focolares promovem espectáculo de solidariedade em Coimbra

O Grupo Gen Verde, Grupo internacional de realizações artísticas, promove em Portugal o seu espectáculo O Manto do Mundo, que faz um percurso de apresentações em Portugal neste ano de 2007.
A primeira apresentação faz-se em Santa Maria da Feira, no Sábado, dia 24 de Fevereiro, pelas 21 horas, no Europarque, seguindo-se depois Braga, Parque de Exposições (1 de Março, 21h), Torres Novas (3 de Março, 18h30), Coimbra (7 de Março, 21h15), no Teatro Gil Vicente, Lisboa (10 de Março, 21h), Algarve-Loulé (15 de Março, 21h15). Os bilhetes vendem-se na FNAC ou nas organizações Focolares.
O conjunto é constituído por 24 artistas de 14 nacionalidades, e comporta a música orquestral, o canto, a dança, na busca de “uma sintonia do pensamento”.
A finalidade é assim definida, segundo o espírito do Movimento: “Valorizar o que nos une, para fazer da humanidade um só povo de mil cores, envolto pelo manto dos valores: tolerância, justiça, solidariedade. Um hino á aventura humana iluminada pela luz do infinito”. Inf.: www.focolares.org.pt.
Agência Ecclesia

Proposta quaresmal para jovens de Coimbra

Dando continuidade aos apoios que o Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil (SDPJ) de Coimbra disponibiliza para os jovens da diocese, o organismo propõe agora uma caminhada quaresmal.
“Esta proposta que surge não sendo nova, insere-se no tema preparado que durante o ano conduz a pastoral juvenil”, explicou à Agência Ecclesia o director do SDPJ, Padre João Paulo Vaz. A caminhada quaresmal, dentro do tema do ano, procura preparar os jovens para a celebração da Páscoa.
A proposta assenta num esquema diferente para cada semana do tempo da Quaresma e através de símbolos e da meditação da vida de cada um partindo da lectio divina, cada um “faz a sua própria caminhada”.
O convite foi lançada a todos os grupos de jovens, é enviada aos animadores, sendo-lhes proposto que façam a dinamização ao longo das semanas da Quaresma. É também facultada através da Internet, estando disponível por isso, para os grupos da diocese, “mas havendo sempre a possibilidade de se fazer o caminho de forma individual”, refere o Padre João Paulo Vaz.
Sendo uma proposta recente, “ainda não registámos um feedback, mas sabemos que há sempre grupos que aceitam este esquema que podendo ser trabalhado, orienta a caminhada quaresmal”, sublinha. Dão conta, no entanto, de um bom acolhimento porque a proposta não é nova.
O tempo quaresmal não é vivido de forma uniforme em toda a diocese. “É um pouco reflexo dos grupos que existem”, havendo um número maior fora da cidade. Em zona urbana “não é tão fácil esta proposta ser acolhida pelos movimentos”, pois é a dinamização é mais complicada. Os grupos que existem têm conhecimento da proposta, “talvez não a agarrem tanto”, afirma o director do SDPJ.
Os grupos da cidade com outra dinamização e programação, nem sempre estão receptivos. A Pastoral Universitária de Coimbra faz parte do Conselho da Pastoral Juvenil e tendo conhecimento de toda a programação, mantêm uma ligação. “Têm uma programação específica e um trabalho próprio”, regista.
“Sabendo que a realidade da pastoral universitária é passageira, nunca é certa, pois os jovens voltam sempre para as suas realidades”, manifesta o director do SDPJ de Coimbra.
Na celebração do dia de Ramos, Dia Mundial da Juventude, o Padre João Paulo Vaz explica que “propomos a organização por paróquias ou arciprestados para que a dinamização seja feita pelos próprios grupos e não pelo Secretariado da Juventude”, finaliza.
Mais informações em www.sdpjcoimbra.net


Agência Ecclesia

As (minhas) notas da Semana


1. Esta semana, a Igreja, apesar de, aos olhos do mundo, parecer que perdeu, saiu duplamente vencedora. Primeiro, porque nos toca de muito mais perto, a nível local, com o passamento inesperado do caríssimo Padre Abílio Simões, pároco da Mealhada, professor no Instituto Superior de Teologia e colaborador assíduo no "Correio de Coimbra". A este propósito, além da notícia inserida noutro espaço deste número, apenas dois pequenos comentários. O primeiro, sobre a personalidade simples e forte do Padre Abílio. Sempre com a preocupação de não dar nas vistas, a sua actuação como pároco, como professor e como cidadão foi, a todos os títulos, meritória. Recordo, aqui e apenas, os factos em que fui interveniente. Em meados da década de noventa, por baixo da porta do "Correio", comecei a encontrar, quase todas as segundas-feiras, um envelope com um pequeno artigo de opinião, sempre acompanhado de uma nota mais ou menos nestes termos: "Ramos Amigo: se achares que tem algum interessa, podes publicar no jornal. Doutro modo, o destino do escrito é o cesto dos papéis". Do mérito desses artigos, são juízes os nossos leitores. Acontece, porém, que, a certa altura, pedi ao Padre Abílio uma fotografia para figurar, como todos os outros, na entrada da sua prosa. Repeti várias vezes o pedido, e nunca me atendeu. O que escrevia era um serviço à comunidade diocesana e não uma ocasião para se promover, como o pretendem tantos (digo eu!) com muito menos merecimento.
2. O segundo comentário, ainda sobre o caro Padre Abílio, em que fui interveniente, por dever de ofício, refere-se ao pedido que, há cerca de dois anos, lhe fiz para dar aulas de latim e grego no Instituto de Teologia. Sem pestanejar, aceitou de bom grado, com grande sacrifício para a sua vida pastoral (além de pároco da Mealhada e Vacariça, era também capelão no Hospital de Cantanhede e professor na Escola Secundária local), e com uma condição que agora aqui revelo: "Vou, mas não quero qualquer pagamento. Para quem fez de mim grande parte do que sou, nem pensar em retribuições". Um e outro casos não precisam de comentários. Resta-me inclinar-me, com toda a ternura que nasce da fraternidade, à sua memória. Foi bom ter-te como amigo e como irmão, meu caro Abílio! Com a tua vida e o teu serviço, a Igreja saiu claramente vencedora!
3. Outro acontecimento em que a Igreja, nesta semana, saiu vencedora foi o do referendo. Muitos disseram que os cristãos perderam, que os católicos foram derrotados. E, à primeira vista, isso até se pode assumir como verdade. A Igreja tem como princípio a defesa da vida, antes e acima de qualquer outro valor, e os portugueses, pelo menos numa primeira leitura, substituíram-no por outro, secundário, a meu ver: o de um possível bem-estar imediato da mulher. No entanto, apesar de se lamentar que um país que, em certos momentos, se declara escancaradamente humanista, noutros, regresse ao hedonismo primário dos tempos da barbárie – apesar disso, penso que a Igreja e o cristianismo obtiveram um resultado positivo, constituído sobretudo pelo empenhamento de muitos fiéis leigos que entraram na liça de peito feito, seguindo a doutrina da Concílio Vaticano II que tirou o laicado da menoridade a que fora votado durante séculos. Com leigos assim, com cristãos deste calibre (embora alguns se tenham passado, certamente por engano, para as hostes inimigas) não tenhamos receio do futuro. A causa da vida acabará, mais tarde ou mais cedo, por triunfar. Mas isto requer o empenhamento positivo de todos. As vitórias conquistam-se com trabalho, com esforço e com a participação objectiva de todos os que querem um futuro melhor – mais humano e, por isso mesmo, mais cristão.

A. Jesus Ramos

Aníbal Pinto de Castro recebe “Honoris Causa” pela Universidade Católica

Aníbal Pinto de Castro, antigo professor na Universidade de Coimbra, recebeu o doutoramento honoris causa pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), numa cerimónia que decorreu em Braga e que assinalou os 40 anos de existência desta instituição. A sessão foi presidida pelo cardeal Zenon Grocholewski, prefeito da Congregação da Educação Católica, tendo estado presente Manuel Braga da Cruz, reitor da UCP. Durante a sessão, foram distribuídas medalhas de prata aos funcionários que completaram 26 anos de serviço em 2006.
Para além de Aníbal Pinto de Castro, receberam ainda doutoramentos honoris causa Luís Archer, professor catedrático jubilado na Universidade Nova de Lisboa e Rui Chancerelle de Machete, presidente do Conselho Executivo da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. Foi ainda entregue a medalha de benemérito ao general Vasco Rocha Vieira.

Cristãos em Coimbra pedem beatificação de Irmã de Lúcia

Muitos cristãos pediram ao Bispo de Coimbra que fossem antecipada a abertura do processo de beatificação da Irmã Lúcia. A notícia foi dado por D. Albino Cleto em entrevista à revista "Família Cristã".

No passado dia 13 de Fevereiro, o 2.º aniversário da morte da Irmã Lúcia foi assinalado com uma eucaristia, no Convento do Carmelo. Dois anos depois da morte da irmã Lúcia, D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra, disse à revista Família Cristã que vai pedir a Bento XVI a antecipação do processo de beatificação da vidente, que só deveria ter início cinco anos após a sua morte. Esta intenção é resultado das solicitações de muitos cristãos que, sabendo desta possibilidade, manifestaram interesse na sua concretização.
Segundo o Direito Canónico, são necessários cinco anos após a morte, para a abertura de um processo de canonização. É possível, no entanto, fazer um pedido de dispensa ao Papa para se iniciar o processo mais cedo, como aconteceu excepcionalmen-te nos casos de João Paulo II e de Madre Teresa de Calcutá.
O Bispo de Coimbra afirma, no entanto, que "a resposta do Santo Padre não é segura". O requerimento ao Papa será apresentado no Verão e o promotor será o Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, sendo necessário consultar também o Santuário de Fátima e Conferência Episcopal Portuguesa. D. Albino afirmou, em Fátima, que este pedido só será feito quando tiver sido "preparado devidamente um dossier que justifique o pedido de dispensa" já que "um ‘não’ que venha de Roma comprometerá o futuro do processo".
O processo para a canonização inicia-se na Diocese em que faleceu o Servo de Deus. A segunda etapa tem lugar em Roma, onde se examina toda a documentação enviada pelo bispo diocesano. Após exame profundo dos documentos, efectuado por teólogos e especialistas, compete ao Papa declarar a heroicidade das virtudes, a autenticidade dos milagres, a beatificação e a canonização.
A Irmã Lúcia faleceu em Coimbra, no dia 13 de Fevereiro de 2005, aos 97 anos. Depois das Aparições de 1917, das quais foi a principal mensageira, entrou para a vida de consagração religiosa em 1925 e professou como Doroteia na cidade de Tuy, em Espanha, no ano de 1928. Fez votos perpétuos no dia 13 de Outubro de 1934. Tornou-se Carmelita em Coimbra, no dia 25 de Março de 1948, onde permaneceu até à sua morte. A Vidente foi sepultada no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, como era seu desejo, durante um ano, antes de ir para a basílica do Santuário de Fátima.


Lisa Ferreira

Filme “O Grande Silêncio” – estreia nos cinemas

A história dos monges cartuxos contada sem palavras

"O Grande Silêncio" é um documentário de Philip Groning que, durante três horas, mostra, sem diálogos ou narrativas, o quotidiano dos monges cartuxos da Grande Chartreuse, um mosteiro em França, perto de Grenoble, invisível ao mundo há 40 anos. O silêncio, cortado, de vez em quando, pelos cânticos do mosteiro, é a forma encontrada de contar a história.
Fundada há 900 anos, a Ordem da Cartuxa propõe, aos que a abraçam, uma vida eremítica (cada um vive sozinho na sua cela) aliada a uma vida em comunidade, preenchida com momentos e espaços de experiências partilhadas. O filme, mais do que mostrar, quer levar os espectadores a sentir e a experimentar a passagem do tempo, num sítio onde homens rezam, rapam o cabelo, meditam, tratam do jardim, cortam lenha, brincam, escorregam na neve, mantendo-se sem palavras durante todo o dia, excepto no canto, que enche as imagens filmadas de música e som.
Nas palavras do realizador alemão, que viveu durante seis meses em Chartreuse, não se pretende mostrar "pessoas que fugiram da vida" mas antes homens muito livres e "muito mais autênticos que a maior parte de nós". "Tu me seduziste Senhor e eu deixei-me seduzir" é a frase bíblica repetida algumas vezes como legenda para o que se vê no ecrã e que lança o mote para uma existência de regresso a um Cristianismo puro, simples e profundo.
O filme, que ganhou os prémios de Melhor Documentário no Festival de Sundance e nos Prémios Europeus do Cinema, esgotou salas de cinema durante dias a fio e estreia hoje em Lisboa.

Universidade Católica promove curso de administração paroquial


O Instituto Superior de Direito Canónico da Universidade Católica Portuguesa promove um Curso de Administração Paroquial destinado a agentes de pastoral, a consagrados ou a pessoas envolvidas em centros sociais e paroquiais. O curso será leccionado em Lisboa e divide-se em quatro áreas: Introdução ao Direito canónico, Organização Eclesiástica, Sacramentos e Administração e Gestão dos bens da Igreja. Funcionará de Março a Julho de 2007, às Sextas (das 18h às 22h) e Sábados (das 9h às 13h).

IGREJA DE S. JOSÉ ACOLHE FEIRA DE OPORTUNIDADES


No sábado passado, arrancou a Feira de Oportunidades, na Igreja de S. José. O Centro João Paulo II, um serviço de acção social afecto à paróquia, é o promotor da iniciativa, através da qual se pretende "constituir um fundo de apoio à doença" para as pessoas assistidas por este organismo, como explica o psicólogo Armindo Garcia. Apesar de esta área ter já um peso significativo no orçamento do centro (registaram-se seis mil euros de despesa no ano passado), existem outras mais onerosas, como o apoio no pagamento de rendas de casa e alimentação ou o apoio escolar, nomeadamente através do pagamento de propinas a estudantes dos PALOP. O Centro João Paulo II assiste cerca de 450 famílias, sendo um terço destas pessoas imigrantes. Por tudo isto, a feira pretende também "alertar e sensibilizar a opinião pública". Roupa, mobiliário, loiça, mel e até electrodomésticos podem ser adquiridos na Feira que estará em funcionamento até Domingo.

Jovens reflectem sobre “consumir com consciência”


A casa do Areeiro dos Missionários Combonianos acolhe, no dia 18 deste mês, das 9h30 às 16h30, jovens a partir dos 15 anos que queriam viver um encontro com o tema "consumir com consciência". Será dado também mais um passo na criação de grupos de jovens paroquiais de sensibilidade missionária.

Responsável mundial pelo escutismo visitou agrupamento de Ceira

Eduardo Missoni, secretário-geral do movimento escutista mundial, esteve em Portugal para participar num fórum que assinalou o primeiro centenário deste movimento educativo. Na sequência desta deslocação ao país, visitou o agrupamento de escuteiros de Ceira, a comemorar 40 anos de vida, como forma de contactar directamente com a prática escutista em território nacional.
Referindo a importância de guardar impressões do escutismo português, que considerou ser de "tradição mas com inovação", misturou-se com os jovens de várias idades, numa visita à sede inaugurada em 1991 mas em construção desde 1980, com o trabalho e esforço dos escuteiros da freguesia. Manifestando vontade de saber mais sobre actividades, projectos e formas de estar, cantando com os mais pequenos ou partilhando ideias com os mais velhos, incitou os que estavam presentes, à construção de " um mundo melhor, para hoje e para as futuras gerações".
A visita a Portugal do secretário-geral foi motivada pela realização do fórum "Escutismo, Sociedade, Futuro". Eduardo Missoni apresentou uma comunicação sobre a presença educativa do movimento na juventude ao longo de gerações, referindo os novos desafios que surgem agora num segundo século de vida e na adaptação a uma realidade juvenil em rápida mutação. O Fórum insere-se num programa mais vasto de comemoração do centenário, que terá o seu ponto alto num acampamento nacional a acontecer no Verão, em Idanha-a-Nova.
Da agenda da visita a Portugal constaram ainda reuniões de trabalho com a comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, na Assembleia da República, e com o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias.
Missoni lidera, desde 2004, um movimento de 28 milhões de membros, rapazes e raparigas, homens e mulheres, em 155 países. Foi escuteiro e jovem dirigente em Itália e afirma, orgulhosamente, que o escutismo transformou a sua vida. É médico especialista em medicina tropical, tendo iniciado a sua vida profissional como voluntário na Nicarágua. Trabalhou na UNICEF, no México, e tem assumido claramente um compromisso com o desenvolvimento de iniciativas da sociedade a favor da juventude mais desfavorecida e pela promoção de uma cidadania mais activa. Durante 16 anos, foi o responsável pelos programas governamentais italianos de cooperação na área da saúde, na América latina e nos países sub-Sarianos. Continua a desafiar os jovens escuteiros a respeitarem a missão que Baden Powell, fundador do movimento, lhes entregou há 100 anos: deixar o mundo melhor do que o encontraram.


Lisa Ferreira

Celebrando o centenário do movimento


Escuteiros em Portugal são mais de setenta mil

O movimento escutista está presente actualmente em 155 países do mundo e integra mais de 28 milhões de membros, entre jovens e adultos. Em Portugal existem mais de 70.000 escuteiros, sendo o Corpo Nacional de Escutas CNE ( Escutismo Católico Português) o maior Movimento. No âmbito das comemorações nacionais do centenário do escutismo, que terão o seu ponto alto no verão com a realização de um acampamento nacional em Idanha-a-nova, o "Correio" participou no fórum dirigido a dirigentes e caminheiros, realizado no passado fim-de-semana em Fátima.
Nessa actividade aproveitamos para entrevistar o Chefe Nacional do CNE, Luís Lidington que acaba o mandato no fim deste ano. Nesta conversa fica o registo de um homem que ama o movimento, os jovens e Jesus Cristo. Quanto ao futuro? À Deus pertence…
Começou em Lourenço Marques (Moçambique) quando tinha apenas 11 anos de idade e foi "repescado" pelo Padre Joel Antunes (administrador do nosso jornal) para o CNE.


Entrevista de Miguel Cotrim


Correio de Coimbra (CC) – Quais são os objectivos deste centenário?
Luís lídington (LL)
– Primeiramente é estarmos atentos sobre os objectivos do CNE. È necessário termos consciência daquilo que somos hoje na sociedade portuguesa e essencialmente na Igreja em Portugal.
Pretendemos com estas comemorações que vão decorrer ao longo do ano, lembrar o passado para construir o futuro. É aquilo que normalmente acontece com uma instituição ou movimento que comemora cem anos. E foi aquilo que nos propusemos (no passado fim-de-semana em Fátima) com a realização de um fórum para dirigentes e caminheiros (18/22 anos) – debater o futuro do escutismo em Portugal.
A celebração do centenário apresenta-se como um momento oportuno para colocar questões e apresentar ideias, procurando estar atentos aos nossos tempos e àquilo que os jovens querem.

CC – Quanto ao programa?
LL –
A visibilidade que as celebrações dos 100 anos do escutismo e dos 150 anos do nascimento de Baden Powell irá ser aproveitada pelo CNE. Tendo começado por reunir 30 mil escuteiros em Fátima, no ano passado. O CNE irá promover, no próximo Verão, o Acampamento Nacional em Idanha-a-Nova, local onde se irá construir o Campo Nacional de Actividades Escutistas.
Na mesma altura, tem lugar o Jamboree Mundial, com 40 mil jovens, na Inglaterra. A delegação portuguesa contará com 800 pessoas. Da campa de Baden Powell, no Quénia, seguirá uma tocha para este grande encontro, bem como para o Acampamento Nacional.
Os CTT irão lançar uma emissão filatélica com seis selos para assinalar as efemérides escutistas de 2007. A Casa da Moeda irá, por seu lado, lançar uma moeda de 5 Euros, em prata, com a efígie de Baden Powell.
No dia 1 de Agosto, às 8 horas, escuteiros e antigos escuteiros de todo o mundo são chamados a renovarem as promessas escutistas. No nosso país, esta cerimónia tem lugar na Serra da Estrela e na Ilha do Pico.


CC – E que futuro para o CNE?
LL –
Eu penso que eles (os dirigentes e caminheiros presentes neste fórum) estão muito confiantes em relação ao futuro… Um movimento com 9 mil adultos e 60 mil jovens e crianças, tem sempre uma palavra a dizer em relação ao futuro e à edução que é proposto à juventude portuguesa. O CNE é o maior movimento juvenil em Portugal.
O CNE cresceu muito e hoje há regiões escutistas (cujo área se confina com a das respectivas Dioceses) que têm grande número de Agrupamentos (uma região tem mais de 200 e duas mais de 100 Agrupamentos), o que as impede, necessariamente, de terem uma acção determinante na vida daqueles Agrupamentos, especialmente no apoio à sua acção pedagógica.

CC – Quais são as actividades desenvolvidas fora do movimento?
LL –
Normalmente as actividades escutistas integram vários pólos educativos, um deles é o da espiritualidade e da solidariedade.
Normalmente todos esses pólos estão interligados entre si. Uma boa actividade escutista tem que possuir esses pólos. Por exemplo num acampamento, privilegiamos a natureza e a obra de Deus no sentido da criação dessa mesma natureza.
Nós privilegiamos a natureza e é por isso que propomos, por exemplo, a educação ambiental de uma forma indirecta aos jovens…
Nós fazemos jogos de forma a atingir os nossos objectivos. Através da brincadeira conseguimos transmitir a mensagem…É a educação que nós propomos fazer.


CC – O CNE assume-se como um movimento católico. A prática corresponde sempre a esta realidade? Como caracteriza?
LL – De uma forma geral sim. Um agrupamento do CNE está sempre ligado a uma paróquia. Normalmente cada agrupamento tem um assistente espiritual que normalmente é o pároco. O pároco faz parte do grupo de dirigentes que dirige o agrupamento.
De uma maneira geral, eu diria que sim, a prática corresponde sempre a essa realidade. Ora, é evidente há sempre umas excepções. Há agrupamentos por uma dificuldade ou outra ou às vezes por falta de um assistente espiritual acaba por comprometer essa prática religiosa… Isso logo à partida dificulta a caminhada de um agrupamento. Temos alguns dirigentes com pouca formação nesse sentido. È por isso que fazemos formação de dirigentes. È por isso que trabalhamos e continuaremos a trabalhar nesse sentido.
Mas, temos que procurar combater essas dificuldades…


" O CNE é um movimento sem fronteiras"


CC – Que mais valia traz o CNE à Igreja?
LL – O CNE é essencialmente um movimento sem fronteiras. Já foi assim definido. Muitos milhares dos nossos jovens são oriundos de famílias não praticantes. Muitos acabam por integrarem as paróquias graças ao movimento. Eu acho que é uma mais valia sem dúvida…
Temos muitos jovens por exemplo que ao serem preparados para a promessa de escutista, são preparados para o Sacramento do Baptismo. Há uma exigência fundamental para quem entra para os escuteiros do CNE: é passarem pela catequese da paróquia.

CC – Como foi o seu percurso no movimento? Que mais valia lhe trouxe para a sua vida pessoal ou profissional?
LL –
Eu comecei por ser escuteiro, era eu muito novo, na paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Lourenço Marques (Moçambique). Tinha 11 anos. Na altura, o assistente do nosso agrupamento, terá feito uma homilia na catedral de Lourenço Marques sobre a essência das actividades escutistas e a minha mãe levou-me para lá por uma "orelha", como se costuma dizer, um pouco contra a minha vontade. O dia que mais me marcou foi quando fui nomeado guia de uma patrulha, tinha na altura 11 anos. Isso foi muito emocionante, o facto de guiar os meus colegas e ter criado a responsabilidade de grupo. Aos 25/26 anos acabei por ir parar a Vila Cabral, onde estava na altura D. Eurico Dias Nogueira e (hoje) o meu amigo padre Joel Carlos, agora que está em Coimbra. Fundamos um agrupamento de escuteiros nessa localidade. O padre Joel, que era pároco de Vila Cabral, tinha uma vasta experiência nesse sentido, porque também tinha sido escuteiro, guia de patrulha e dirigente, abrimos assim o agrupamento a pedido de D. Eurico. Fiquei assim três anos. Depois fui para Portugal, onde estive primeiramente no Algarve e depois em Coimbra durante 5/6 anos. Aí, novamente, através da mão do Padre Joel Carlos, que tinha também regressado há poucos anos de Moçambique, integrei-me novamente no CNE. Primeiramente, foi no Colégio da Rainha Santa Isabel. Fui desafiado pelo capelão (Joel Carlos) a abrir um agrupamento no colégio. Não tive muito sucesso nesse projecto porque quando não se têm uma ligação à paróquia é sempre muito difícil sobreviver…Ao fim de três anos, procurei integrar esses jovens nas paróquias: na Sé Velha e em S. José. Depois fui convidado para trabalhar na Junta Regional, antes de ter sido nomeado Chefe Nacional do CNE. Na altura, o Chefe Regional era o Prof. Adelino Marques e o seu adjunto Chefe Alfaiate. A minha responsabilidade foi o Departamento Regional da II.ª Secção dos Exploradores. Sempre gostei muito de trabalhar com essa faixa etária (11/14 anos). Depois desses 2 anos, o Prof. Adelino Marques entendeu que deveria concorrer à junta Regional. Fui chefe regional durante cerca de 10 anos. Acabei por vir parar à Junta Nacional. Partilhei esta situação com o Bispo de Coimbra, na altura D. João Alves, sobre um encontro nacional que ocorreu em Fátima, em que fui convidado a integrar uma comissão executiva para constituir uma Junta Central. Fazia muitas viagens de Coimbra a Lisboa e isso era insustentável. Acabei por criar residência em Lisboa… Estou na Junta Nacional há oito anos. No fim deste ano vamos a eleições e pretendo deixar o meu lugar à disposição…


CC – Como caracteriza o CNE da região?
LL –
A Diocese de Coimbra é muito grande, como sabe. Temos agrupamentos na Figueira da Foz, em Oliveira do Hospital, em Mortágua, em Ferreira do Zêzere. Só por aqui se vê, a dimensão e a dificuldade de trabalhar com eles, de coordenar e de os ajudar com acções de formação. Acabamos por fazer um Centro de Formação em Serpins (Lousã) que é muito importante para a região. Esse centro serve para fazer formação com mais regularidade. Coimbra e a sua diocese têm crescido. Temos milhares de jovens em Coimbra. Temos um clã universitário, que são escuteiros de outras regiões e que se encontram em Coimbra. Acho que é uma via a explorar… Acho que Coimbra e a sua região tem capacidade para continuar a crescer e fazer o seu papel de educador.

CAF: oito anos ao serviço da família


Em 31 de Janeiro último, o Centro de Aconselhamento Familiar de Coimbra (CAF – Coimbra) comemorou oito anos de funcionamento. Como tem sido habitual nestas circunstâncias, o Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar (SDPF), a equipa do CAF e o Senhor Bispo reuniram-se no Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF) para avaliar mais um ano de trabalho deste serviço, que já conta com perto de 1700 casos, correspondentes a mais de 3100 atendimentos.
Constituído por uma equipa de técnicos voluntários (assistentes sociais, psicólogos, médicos, juristas, padres), o CAF, fiel aos seus princípios, apoia a vida no seu todo e tem como objectivo ajudar a família: os jovens nos seus mais diversos problemas; as mães solteiras; o casal no seu (des)entendimento conjugal e nos seus dramas perante gravidezes indesejadas; os filhos na sua relação com os pais e colegas; os namorados em dificuldades; os idosos na sua solidão, abandono e maus-tratos.
Prova da credibilidade deste Centro e do profissionalismo desta equipa de voluntários liderada pela Emília Cardoso, membro do SDPF e do ISCF, são as solicitações oriundas de outras dioceses, a fim de lá se criarem serviços semelhantes. Assim aconteceu com Viseu e Portalegre e Castelo Branco e está, presentemente, a suceder com as dioceses do Porto e de Braga. Também na nossa diocese, já funciona outro serviço para ajuda às famílias na paróquia de S. José, em Coimbra (da responsabilidade da equipa da pastoral familiar local) e espera-se, para breve, a abertura de mais centros em outras comunidades.
Contactos: CAF-Coimbra, R. Gil Vicente, 2 – 3000-202 Coimbra
cafcoimbra@sapo.pt
Telefones: 239 723 989 / 969 881 159

Coimbra comemora os 75 anos da Obra de Santa Zita



Juridicamente enquadrada nas Instituições de Solidariedade Social, desde 1985, a Obra de Santa Zita (OSZ) celebra este ano 75 anos de existência.
Nascida na Cidade da Guarda (1932) e rapidamente implantada em todo o País, a OSZ chegou a esta cidade de Coimbra em 1948. Depois de ter passado por várias localidades, radicou-se, definitivamente, em 1964, na Rua Gil Vicente, nº 2, actual sede da Obra.
Vocacionada para fazer face a problemas que no tempo desrespeitavam a jovem mulher, negando-lhe os seus direitos e dignidade, a OSZ apostou na defesa e promoção destas jovens e tudo fez, com bastante sacrifício, mas muita generosidade e empenho, para elevar o nível da sua formação e preparação em todas as dimensões, possibilitando, que mais tarde, pudessem ser boas donas de casa, boas esposas, boas mães e algumas, boas consagradas.
Atingir a família, desprovida de valores, era a grande paixão do padre Brás: "Salvando a Família é todo o mundo que é salvo".
A prevenção pela formação, a grande estratégia que mudou a vida de muitas jovens e que visava atingir as três famílias cruzadas na sua vida: a de origem, aquela onde trabalhava e aquela que viria a constituir.
Trabalhar na prevenção para remediar, atempadamente, certos desvios, foi a grande intuição do seu Fundador, Mons. Brás. Formadas e preparadas, as jovens mulheres, estavam em condições de assumir a defesa da sua dignidade e a de suas companheiras.
Durante largos anos a OSZ dedicou-se, incansavelmente, a estas jovens, uma associação dinâmica e activa de jovens cristãs, apostólicas, jovens, agora, mais conscientes da sua dignidade e da sua vocação e missão na sociedade e na Igreja. A partir dos anos oitenta, a mudança operada no sector do serviço doméstico, foi reduzindo gradualmente o número de associadas, o que exigiu o repensar da vida e da acção da mesma.
Sem descurar a atenção às suas Associadas e continuar a abrir a porta a outras, que mais raramente foram surgindo e como meio de apoiar a mulher e a família a OSZ, criou algumas actividades tais como: Creches, Jardins-de-Infância e ATL’s; Serviço de Apoio a Idosos; Serviço de Colocações; Escola Profissional de Agentes de Serviço e Apoio Social (ASAS), actualmente em Lisboa e Funchal; CAT - Centro de Acolhimento Temporário para Crianças em risco, em Castelo Branco; Atendimento a Famílias que a todo o momento batem à porta, pedindo ajuda. Em algumas cidades, mas muito poucas, a Obra tem ainda um serviço de acolhimento temporário a jovens estudantes e adultos.
Dinamizada pelas Cooperadoras da Família, membros de um Instituto Secular, fundado quase em simultâneo com a Obra pelo mesmo Fundador, Monsenhor Joaquim Alves Brás e, em colaboração com as actuais Associadas e demais pessoas amigas, a OSZ nesta cidade de Coimbra, desenvolve uma série de serviços: mantém em funcionamento os cursos de formação familiar: culinária, bordados; artes decorativas, corte e confecção, aulas de guitarra; reuniões de formação para Associadas e outras pessoas amigas, convívios, passeios, etc.. Com base num acordo com os Serviços dos Hospitais da Universidade de Coimbra, acolhe doentes em processo de tratamento hospitalar que não necessitam de internamento. Em colaboração com os Serviços Sociais dá ainda apoio a outros doentes e seus familiares, do continente e das ilhas. Tem em funcionamento um serviço de colocações e procura dar resposta às necessidades que vão aparecendo. Acolhe temporari-amente situações de violência doméstica, reencaminhando logo que possível para outras Instituições. Acolhe também, em regime temporário, alguns jovens estudantes e adultos.
As celebrações das Bodas de Diamante, a nível Nacional tiveram o seu início na Guarda, cidade berço da OSZ, e terão o seu termo nos dias 27 e 28 de Abril, deste ano, em Lisboa, Sede Geral da Obra, por ocasião da Festa da sua Padroeira, Sta Zita. A seu tempo tornaremos público a viagem a Lisboa, para a qual convidamos todas as pessoas que tenham desejo de participar.
A nível da cidade de Coimbra, a celebração dos 75 anos da OSZ, terá lugar no dia 11 de Março de 2007, data muito próxima da celebração da morte do seu Fundador, 13 de Março de 1966. Desde já, convidamos todas as pessoas desta cidade que conheçam a Obra ou não e que queiram acompanhar-nos na celebração deste evento. Brevemente tornaremos público o programa da efeméride e o respectivo convite.


Maria da Conceição Vieira

“Sim” venceu nas urnas “Não” quer vencer no compromisso


Apoiantes do "não" acreditam que o seu trabalho em prol da vida deve continuar
O "sim" à despenalização do aborto venceu o referendo do passado Domingo, ao contrário do que tinha acontecido em 1998. 59% dos votantes exprimiram o desejo de verem alterada a lei de forma a permitir que, até às dez semanas, a mulher possa interromper voluntariamente a gravidez, em estabelecimento legalmente autorizado.
A abstenção, na ordem dos 56, 4% impede que o resultado da consulta popular seja vinculativo, uma vez que mais de metade dos eleitores não se pronunciaram. No entanto, as forças políticas do país aceitaram consensualmente a inevitabilidade de fazer aprovar a lei pedida pelos portugueses. José Sócrates comprometeu-se a tratar o tema com carácter de urgência em sede parlamentar.
Analisando os resultados do dia 11, confirma-se um país dividido ao meio, com o Sul a favor do "sim" e uma grande parte do Norte a votar "não". O distrito de Coimbra respondeu claramente "sim" à despenalização do aborto, posição que juntou 63% dos votos expressos contra os 53% do referendo anterior. O melhor resultado percentual do "não" registou-se em Mira, destacando-se, no lado do "sim", a Figueira da Foz. No concelho de Coimbra os eleitores acederam às urnas de forma significativa feita a comparação com a média nacional, tendo a capital de distrito registado uma taxa de participação de 45%.
Os apoiantes do "não" afirmam que é fundamental não dar o seu trabalho por terminado. Nas palavras de Ana Maria Ramalheira, presidente da ADAV, "a responsabilidade agora ainda é maior" e para Barbosa de Melo, professor na Faculdade de Economia o apoio a mães e crianças em dificuldade "vai agora ser feito com mais vigor e mais ânimo".
D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra, acredita que o elevado nível de abstenção no referendo estará também relacionado com a delicadeza da matéria, já que muitas pessoas, "custando-lhes votar ‘não’, também não quiseram dar um ‘sim’ ao que consideram uma liberalização facilitante". Sublinha que, como bispo, continuará a "pugnar pela defesa e valorização desta riqueza que é a vida", salientando "o altíssimo número e a qualidade de homens e mulheres que deram a cara pelo defesa da vida". D. Albino recorda aos cristãos que "não é a lei de um país que determina a vontade de Deus ou a conduta moral de um crente" e reafirma a importância de prestar auxílio a "mães desamparadas e a crianças que necessitam de quem lhes garanta a existência".

L.F.

Obra da “Acreditar” em Coimbra pára por falta de um documento



A construção de uma casa da Acreditar, junto das novas instalações do Hospital Pediátrico de Coimbra, está bloqueada há quatro meses, por falta de um documento que confirme a disponibilidade do terreno, cedido pelo próprio governo. A associação, desafiada pelo Ministério da Saúde, há três anos, a levar a cabo a obra de apoio a crianças com cancro, aguarda agora, depois de reunidas as condições e o dinheiro necessários, uma confirmação, pedida pela própria Administração Regional de Saúde (ARS), de que o terreno disponibilizado pelo governo podia mesmo ser cedido.
Em Setembro, estavam já reunidas todas as condições para avançar com o projecto, tendo a cedência do espaço sido protocolada em Janeiro de 2005, com os ministérios da Saúde e das Finanças. Estando os projectos de arquitectura e de engenharia aprovados, e depois do lançamento a concurso público para a execução da obra e da escolha da empresa adjudicatária, faltava apenas a emissão de um documento que autorizasse o início da obra para que a autarquia pudesse emitir a licença de construção. Margarida Cruz, directora-geral da Acreditar, explica que o processo se complica nesta fase. O documento foi solicitado à Direcção-Geral do Património (DGP), que remeteu a questão para a Direcção-Geral de Equipamentos e Instalações de Saúde (DGEIS), que, por sua vez, encaminhou o processo para a ARS. Esta última, em Janeiro deste ano, levanta dúvidas sobre a disponibilidade do terreno, devido ao processo expropriativo. O caso está agora, novamente, nas mãos da DGP.
A situação foi denunciada pelo presidente da Câmara de Coimbra, Carlos Encarnação, em reunião do executivo municipal. Corrêa Nunes, presidente da Acreditar, fala numa "flagrante injustiça" e destaca o "absurdo da situação" já que "o próprio ministério de Saúde, que convidou à construção do equipamento, em Janeiro de 2004, disponibilizando para o efeito um terreno, declara agora que não sabe se pode dispor dele". Este responsável explica ainda que isto acontece depois de reunidos os fundos necessários, com uma resposta positiva da sociedade civil, depois das "expectativas criadas na população da zona Centro", "do dispêndio feito na elaboração de projectos" e "depois do concurso feito e da adjudicação decidida". Margarida Cruz admite que as dúvidas de todas as entidades possam ser legítimas mas fala na necessidade de "dar uma resposta não só às crianças, mas também aos mecenas que já contribuíram com meio milhão de euros", sendo o investimento total de um milhão de euros.

Pároco da Mealhada e Vacariça, professor no ISET de Coimbra e colaborador assíduo do “Correio”



Faleceu o Padre Abílio Duarte Simões

Uma centena de padres e milhares de fiéis participaram, no dia 9 de Fevereiro, no funeral do Padre Abílio, na Mealhada, depois da Eucaristia presidida pelo Bispo D. Albino Cleto.
Faleceu o Padre Abílio Duarte Simões
O padre Abílio Duarte Simões, de 61 anos, responsável pela paróquia da Mealhada, foi encontrado sem vida, no dia 7 de Fevereiro, à noite, caído junto à valeta, na localidade de Gagos (sua terra natal), freguesia de Cumieira, concelho de Penela.
O seu funeral, presidido pelo Bispo da Diocese, realizou-se no dia 9 com missa de corpo presente na igreja da Mealhada com a presença de uma centena de sacerdotes e de milhares de fiéis. O Padre Abílio Duarte Simões foi sepultado no cemitério da mesma localidade.
"A forma como morreu o Padre Abílio tornou-se emocionante e chocante para todos nós, porque ninguém estava à espera", disse o Bispo da Diocese na sua longa homilia. Fazendo referência à liturgia do dia, D. Albino caracterizou este sacerdote como "um servidor fiel ao serviço da Igreja e da sua diocese, nomeadamente do arciprestado da Mealhada".
O prelado da diocese também referiu a grande generosidade do Padre Abílio, que dava aulas gratuitamente de Latim e Grego no Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra. A sua função como capelão no Hospital de Cantanhede também era um dom gratuito, sem nunca ter levado um único tostão, referiu ainda D. Albino Cleto.
Para o Bispo da Diocese, uma coisa é certa, "o Padre Abílio foi um servidor fiel: teve um coração generoso e bondoso". Este sacerdote acolheu ainda centenas de imigrantes oriundos dos países de leste que se encontravam um pouco perdidos na região, disse D. Albino ao concluir a sua homilia.
O Bispo de Coimbra aproveitou a ocasião para informar os cristãos presentes "que será muito difícil para o bispo da diocese substituir neste preciso momento o sacerdote falecido", pelo facto de não possuir sacerdotes disponíveis. D. Albino Cleto pediu compreensão e paciência pela ausência de um sacerdote nos próximos tempos. No entanto, incumbiu o Padre Godinho (Pároco do Luso) para as tarefas mais urgentes, como os sacramentos (Baptismo, Matrimónio e Santa Unção) e eventualmente algum funeral que se possa realizar. Aos domingos irão alguns sacerdotes de Coimbra para presidirem às eucaristias.
Nascido na Cumieira a 19 de Agosto de 1945, entrou para o Seminário a 7 de Outubro de 1956 e foi ordenado em 1 de Agosto de 1970 por D. Frei Francisco Fernandes Rendeiro. Posteriormente licenciou-se em Estudos Clássicos na Faculdade de Letras.
Foi nomeado coadjutor de Cantanhede a 5 de Setembro de 1971; capelão militar a 15 de Maio de 1974; reitor da Mealhada e pároco de Vacariça a 13 de Outubro de 1974; administrador da Paróquia de Sepins a 3 de Fevereiro de 1988; pároco de Casal Comba e Ventosa do Bairro a 29 de Setembro de 1989.
Em 29 de Março de 1992, D. João Alves nomeia-o pároco da Mealhada, por ocasião da bênção da nova igreja. Nesse mesmo ano assume o Arcipreste da Mealhada.
No dia 25 de Novembro de 2002 foi nomeado capelão do Hospital de Cantanhede, cidade onde foi professor do ensino secundário.
O Padre Abílio Duarte Simões era ainda professor de Latim e Grego no Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra e colaborador do "Correio de Coimbra", onde mantinha uma coluna de opinião quase semanal.
O "Correio", que tinha no Padre Abílio um colaborador entusiasta e um grande amigo, junta-se à dor da sua família, apresentando-lhe, na pessoa do irmão Diamantino, as mais sentidas condolências.


Miguel Cotrim

Câmara lança concurso para monumento a mons. Nunes Pereira



A Câmara Municipal de Coimbra, no âmbito das comemorações do centenário do nascimento do Monsenhor Nunes Pereira, lançou um concurso de ideias para um monumento em honra do padre e artista, a implantar num parque ou rotunda da cidade de Coimbra. As candidaturas devem ser apresentadas até dia 16 de Fevereiro, às 16h, estando a participação aberta a artistas plásticos nacionais de países membros da União Europeia.
Este concurso insere-se num programa mais vasto que se estende por todo o ano e que pretende "ser marcante no panorama cultural". O conjunto de iniciativas, a decorrer desde Dezembro do ano passado e a estender-se até ao final de 2007, foi planeado e organizado por uma Comissão da qual fazem parte a autarquia, o Movimento Artístico de Coimbra (MAC), a Delegação Regional da Cultura do Centro, a Delegação de Coimbra do INATEL e o Seminário Maior de Coimbra.
O programa, descrito como "ambicioso e diversificado" por Mário Nunes, vereador da cultura e presidente da Comissão organizadora, pretende, nas suas palavras "sustentar uma memória presente e futura" e inclui uma sessão solene, exposições, lançamento de livros, cerimoniais religiosos, visitas guiadas, um roteiro Augustiano, concertos e um concurso literário e artístico, entre outras actividades.
O Monsenhor Nunes Pereira nasceu em 1906 e morreu em Junho de 2001. Nascido na aldeia de Fajão, foi expressando, pela arte, uma vida dedicada aos outros e ao serviço da Igreja. Foi pároco em Montemor-o-Velho, Coja e S. Bartolomeu, tendo sido ainda Vigário Geral da diocese, na década de 70. Da vida, traz para o papel retratos espontâneos do que vê e sente e notabiliza-se pelo seu valor no âmbito da arte religiosa não só pelas esculturas e xilogravuras em madeira, mas também pelos vitrais e imagens presentes em muitas igrejas da região e até em casas de particulares. Na área das letras, publicou vários livros e foi colaborador em alguns jornais. Foi chefe de redacção do "Correio de Coimbra" durante mais de vinte anos.