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15 de fevereiro de 2007

Celebrando o centenário do movimento


Escuteiros em Portugal são mais de setenta mil

O movimento escutista está presente actualmente em 155 países do mundo e integra mais de 28 milhões de membros, entre jovens e adultos. Em Portugal existem mais de 70.000 escuteiros, sendo o Corpo Nacional de Escutas CNE ( Escutismo Católico Português) o maior Movimento. No âmbito das comemorações nacionais do centenário do escutismo, que terão o seu ponto alto no verão com a realização de um acampamento nacional em Idanha-a-nova, o "Correio" participou no fórum dirigido a dirigentes e caminheiros, realizado no passado fim-de-semana em Fátima.
Nessa actividade aproveitamos para entrevistar o Chefe Nacional do CNE, Luís Lidington que acaba o mandato no fim deste ano. Nesta conversa fica o registo de um homem que ama o movimento, os jovens e Jesus Cristo. Quanto ao futuro? À Deus pertence…
Começou em Lourenço Marques (Moçambique) quando tinha apenas 11 anos de idade e foi "repescado" pelo Padre Joel Antunes (administrador do nosso jornal) para o CNE.


Entrevista de Miguel Cotrim


Correio de Coimbra (CC) – Quais são os objectivos deste centenário?
Luís lídington (LL)
– Primeiramente é estarmos atentos sobre os objectivos do CNE. È necessário termos consciência daquilo que somos hoje na sociedade portuguesa e essencialmente na Igreja em Portugal.
Pretendemos com estas comemorações que vão decorrer ao longo do ano, lembrar o passado para construir o futuro. É aquilo que normalmente acontece com uma instituição ou movimento que comemora cem anos. E foi aquilo que nos propusemos (no passado fim-de-semana em Fátima) com a realização de um fórum para dirigentes e caminheiros (18/22 anos) – debater o futuro do escutismo em Portugal.
A celebração do centenário apresenta-se como um momento oportuno para colocar questões e apresentar ideias, procurando estar atentos aos nossos tempos e àquilo que os jovens querem.

CC – Quanto ao programa?
LL –
A visibilidade que as celebrações dos 100 anos do escutismo e dos 150 anos do nascimento de Baden Powell irá ser aproveitada pelo CNE. Tendo começado por reunir 30 mil escuteiros em Fátima, no ano passado. O CNE irá promover, no próximo Verão, o Acampamento Nacional em Idanha-a-Nova, local onde se irá construir o Campo Nacional de Actividades Escutistas.
Na mesma altura, tem lugar o Jamboree Mundial, com 40 mil jovens, na Inglaterra. A delegação portuguesa contará com 800 pessoas. Da campa de Baden Powell, no Quénia, seguirá uma tocha para este grande encontro, bem como para o Acampamento Nacional.
Os CTT irão lançar uma emissão filatélica com seis selos para assinalar as efemérides escutistas de 2007. A Casa da Moeda irá, por seu lado, lançar uma moeda de 5 Euros, em prata, com a efígie de Baden Powell.
No dia 1 de Agosto, às 8 horas, escuteiros e antigos escuteiros de todo o mundo são chamados a renovarem as promessas escutistas. No nosso país, esta cerimónia tem lugar na Serra da Estrela e na Ilha do Pico.


CC – E que futuro para o CNE?
LL –
Eu penso que eles (os dirigentes e caminheiros presentes neste fórum) estão muito confiantes em relação ao futuro… Um movimento com 9 mil adultos e 60 mil jovens e crianças, tem sempre uma palavra a dizer em relação ao futuro e à edução que é proposto à juventude portuguesa. O CNE é o maior movimento juvenil em Portugal.
O CNE cresceu muito e hoje há regiões escutistas (cujo área se confina com a das respectivas Dioceses) que têm grande número de Agrupamentos (uma região tem mais de 200 e duas mais de 100 Agrupamentos), o que as impede, necessariamente, de terem uma acção determinante na vida daqueles Agrupamentos, especialmente no apoio à sua acção pedagógica.

CC – Quais são as actividades desenvolvidas fora do movimento?
LL –
Normalmente as actividades escutistas integram vários pólos educativos, um deles é o da espiritualidade e da solidariedade.
Normalmente todos esses pólos estão interligados entre si. Uma boa actividade escutista tem que possuir esses pólos. Por exemplo num acampamento, privilegiamos a natureza e a obra de Deus no sentido da criação dessa mesma natureza.
Nós privilegiamos a natureza e é por isso que propomos, por exemplo, a educação ambiental de uma forma indirecta aos jovens…
Nós fazemos jogos de forma a atingir os nossos objectivos. Através da brincadeira conseguimos transmitir a mensagem…É a educação que nós propomos fazer.


CC – O CNE assume-se como um movimento católico. A prática corresponde sempre a esta realidade? Como caracteriza?
LL – De uma forma geral sim. Um agrupamento do CNE está sempre ligado a uma paróquia. Normalmente cada agrupamento tem um assistente espiritual que normalmente é o pároco. O pároco faz parte do grupo de dirigentes que dirige o agrupamento.
De uma maneira geral, eu diria que sim, a prática corresponde sempre a essa realidade. Ora, é evidente há sempre umas excepções. Há agrupamentos por uma dificuldade ou outra ou às vezes por falta de um assistente espiritual acaba por comprometer essa prática religiosa… Isso logo à partida dificulta a caminhada de um agrupamento. Temos alguns dirigentes com pouca formação nesse sentido. È por isso que fazemos formação de dirigentes. È por isso que trabalhamos e continuaremos a trabalhar nesse sentido.
Mas, temos que procurar combater essas dificuldades…


" O CNE é um movimento sem fronteiras"


CC – Que mais valia traz o CNE à Igreja?
LL – O CNE é essencialmente um movimento sem fronteiras. Já foi assim definido. Muitos milhares dos nossos jovens são oriundos de famílias não praticantes. Muitos acabam por integrarem as paróquias graças ao movimento. Eu acho que é uma mais valia sem dúvida…
Temos muitos jovens por exemplo que ao serem preparados para a promessa de escutista, são preparados para o Sacramento do Baptismo. Há uma exigência fundamental para quem entra para os escuteiros do CNE: é passarem pela catequese da paróquia.

CC – Como foi o seu percurso no movimento? Que mais valia lhe trouxe para a sua vida pessoal ou profissional?
LL –
Eu comecei por ser escuteiro, era eu muito novo, na paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Lourenço Marques (Moçambique). Tinha 11 anos. Na altura, o assistente do nosso agrupamento, terá feito uma homilia na catedral de Lourenço Marques sobre a essência das actividades escutistas e a minha mãe levou-me para lá por uma "orelha", como se costuma dizer, um pouco contra a minha vontade. O dia que mais me marcou foi quando fui nomeado guia de uma patrulha, tinha na altura 11 anos. Isso foi muito emocionante, o facto de guiar os meus colegas e ter criado a responsabilidade de grupo. Aos 25/26 anos acabei por ir parar a Vila Cabral, onde estava na altura D. Eurico Dias Nogueira e (hoje) o meu amigo padre Joel Carlos, agora que está em Coimbra. Fundamos um agrupamento de escuteiros nessa localidade. O padre Joel, que era pároco de Vila Cabral, tinha uma vasta experiência nesse sentido, porque também tinha sido escuteiro, guia de patrulha e dirigente, abrimos assim o agrupamento a pedido de D. Eurico. Fiquei assim três anos. Depois fui para Portugal, onde estive primeiramente no Algarve e depois em Coimbra durante 5/6 anos. Aí, novamente, através da mão do Padre Joel Carlos, que tinha também regressado há poucos anos de Moçambique, integrei-me novamente no CNE. Primeiramente, foi no Colégio da Rainha Santa Isabel. Fui desafiado pelo capelão (Joel Carlos) a abrir um agrupamento no colégio. Não tive muito sucesso nesse projecto porque quando não se têm uma ligação à paróquia é sempre muito difícil sobreviver…Ao fim de três anos, procurei integrar esses jovens nas paróquias: na Sé Velha e em S. José. Depois fui convidado para trabalhar na Junta Regional, antes de ter sido nomeado Chefe Nacional do CNE. Na altura, o Chefe Regional era o Prof. Adelino Marques e o seu adjunto Chefe Alfaiate. A minha responsabilidade foi o Departamento Regional da II.ª Secção dos Exploradores. Sempre gostei muito de trabalhar com essa faixa etária (11/14 anos). Depois desses 2 anos, o Prof. Adelino Marques entendeu que deveria concorrer à junta Regional. Fui chefe regional durante cerca de 10 anos. Acabei por vir parar à Junta Nacional. Partilhei esta situação com o Bispo de Coimbra, na altura D. João Alves, sobre um encontro nacional que ocorreu em Fátima, em que fui convidado a integrar uma comissão executiva para constituir uma Junta Central. Fazia muitas viagens de Coimbra a Lisboa e isso era insustentável. Acabei por criar residência em Lisboa… Estou na Junta Nacional há oito anos. No fim deste ano vamos a eleições e pretendo deixar o meu lugar à disposição…


CC – Como caracteriza o CNE da região?
LL –
A Diocese de Coimbra é muito grande, como sabe. Temos agrupamentos na Figueira da Foz, em Oliveira do Hospital, em Mortágua, em Ferreira do Zêzere. Só por aqui se vê, a dimensão e a dificuldade de trabalhar com eles, de coordenar e de os ajudar com acções de formação. Acabamos por fazer um Centro de Formação em Serpins (Lousã) que é muito importante para a região. Esse centro serve para fazer formação com mais regularidade. Coimbra e a sua diocese têm crescido. Temos milhares de jovens em Coimbra. Temos um clã universitário, que são escuteiros de outras regiões e que se encontram em Coimbra. Acho que é uma via a explorar… Acho que Coimbra e a sua região tem capacidade para continuar a crescer e fazer o seu papel de educador.

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