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22 de maio de 2007

MAS AS CRIANÇAS, SENHOR…


José Dias da Silva

Aqui há tempos fui passear à nova zona ribeirinha do Mondego e atravessar a famosa ponte pedonal que mereceu os elogios de um conceituado jornal inglês. Gostei do que vi, excepto os primeiros cinquenta metros da ponte em lâminas de xisto que quase impossibilitam a progressão de uma cadeira de rodas, discriminado, mais uma vez, os deficientes. Congratulei-me de não ver, no espaço verde, cartazes com a proibição de jogar a bola… mas não sei qual será a reacção quando meia dúzia de garotos começar a jogar sobre aquela relva tão carinhosamente regada e tratada. E pus-me a pensar nas nossas crianças: pela minha cabeça desfilaram factos e factos que me deixaram preocupado.
Somos um país que faz poucos filhos: temos cada vez menos filhos. Dizem as estatísticas que os casais com filhos são 46,8% e 32% tem apenas um. E quando os fazemos é quase no limite fisiológico, pois precisamos de gozar a vida e os filhos são um empecilho sério. Dispomos de uma legislação laboral que não valoriza suficientemente a função maternal e paternal e, pior ainda, temos uma lei não promulgada que coloca como primeira pergunta na entrevista à mulher que procura emprego se está grávida ou pensa engravidar. O trabalho a meio tempo ou outro tipo de soluções a que os pais têm direito para cuidar dos filhos nos primeiros anos não são aproveitados e nem sempre porque os ordenados sejam insuficientes. Aliás, um inquérito recente veio mostrar que, ao contrário da tendência europeia, "83,7% da nossa população empregada, com pelo menos um filho ou dependente, diz que não deseja alterar a sua vida profissional para poder dedicar mais tempo a cuidar deles". Deixo de lado os casos de violência doméstica na ilusória ingenuidade de que aconteçam apenas em famílias disfuncionais.
Depois sentimos que a escola não está preparada para estes novos tempos. É certo que os pais não ajudam muito nesta mudança, mas os sabidos técnicos da educação no ministério ainda ajudam menos. A ministra veio, finalmente, reconhecer o desajustamento de alguns (deveria ter dito muitos) programas. Mas não são só os programas, são também as normas e os critérios orientadores. Por exemplo, aquela ideia peregrina que quer inculcar nas crianças que o estudo é uma brincadeira tem efeitos muito negativos na forma como as crianças e os jovens olham o estudo Ou aquela lei, nunca escrita mas que parece exigir que, na escolaridade obrigatória, todos os alunos devem passar. Muitos professores estarão preocupados com tudo isto, mas os seus sindicatos, sempre prontos a reivindicar aumentos salariais indiscriminados, quantas greves fizeram por causa dos programas desajustados ou porque há escolas em que os miúdos gelam de Inverno por falta de aquecimento?
Temos uma legislação que favorece a paternidade biológica e persegue a paternidade de afecto. E parece haver sempre zelosos juízes e juízas a serem "mais papistas que o papa" na sua aplicação, como o mostram exemplos recentes.
Suportamos uma publicidade, onde tudo é permitido e que tem feito um esforço notável "sempre de sorriso nos lábios" para ir mercantilizando as nossas crianças e jovens. Com as modernas técnicas cada vez mais sofisticadas de manipulação, sobretudo de consciências inocentes e indefesas, inventa continuamente necessidades novas e "explorando directamente os instintos e prescindindo, de diversos modos, da realidade pessoal consciente e livre", permite-se "criar hábitos de consumo e estilos de vida objectivamente ilícitos, e frequentemente prejudiciais à saúde física e espiritual" (CA 36). Pode acrescentar-se a florescente indústria dita do "lazer" com os contínuos estímulos ao consumo de bebidas e drogas, como trampolim inócuo para o paraíso de felicidade eterna já aqui na terra.
Há ainda os contributos de elevado teor civilizacional dos que defendem que a mulher é a exclusiva

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