Falta de padres põe leigos a dirigir celebrações
Cerca de um quarto das 4400 paróquias portuguesas não tem padre residente. A falta de sacerdotes leva a que os que existem se desdobrem por várias igrejas, chegando a celebrar mais de cinco missas no mesmo domingo. Quando nem isso chega, são os leigos a assumir tarefas: não podem celebrar missas mas são eles que orientam as celebrações.
A situação é muito frequente, diz o Padre Manuel Morujão, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP): "Acredito que aconteça em largas dezenas de paróquias, perto de cem." Na origem está a escassez de padres.
"Em Coimbra já há párocos com cinco ou seis paróquias. Obviamente não podem estar em todo o lado", aponta o Padre Luís Ribeiro, da paróquia de Nossa Senhora de Lurdes. Segundo as estatísticas dos últimos Anuários Católicos, há mais de 1100 paróquias sem padre próprio - nas dioceses de Coimbra, Viseu, Vila Real, Viana do Castelo e Beja são mais de metade. Aliás, de acordo com dados do Vaticano, em 2005 Portugal tinha menos de 3000 padres diocesanos. E "muitos não estão em paróquias por causa de doença ou por velhice", acrescenta ainda, o Padre Luís Ribeiro.
A escassez deve-se à tão falada crise de vocações, com a diminuição de ordenações nas últimas décadas - um tema que preocupa a Igreja, reconhece o secretário da CEP.
No entanto, o Padre Manuel Morujão considera que a resposta tem sido positiva. "Tem-se aproveitado esta dificuldade para chamar à responsabilidade os leigos", homens e mulheres, diz. Conduzir as celebrações de domingo quando não nenhum padre disponível é uma dessas "funções que antes eram desempenhadas por sacerdotes".
"Para que a cerimónia possa ter dignidade", explica o Padre Manuel Morujão, os leigos são primeiro preparados através de acções de formação. Além disso, o Secretariado Nacional de Liturgia elaborou, em 2006, um guião para estas "celebrações dominicais na ausência de presbítero", explica o Padre Luís Ribeiro. Coimbra foi a primeira diocese a ter estas celebrações, em 1981, acrescenta. Os leigos podem até dar a comunhão com hóstias consagradas na missa anterior ou nas paróquias vizinhas.
"As comunidades em que é habitual terem leigos a dirigir é evidente que têm saudades mas vão-se habituando", diz por seu lado, o Padre João Castelhano, da organização do X Colóquio Nacional de Paróquias, que decorreu em Fátima.
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