Inventariação da Paróquia de Brenha
Por José Eduardo R. Coutinho
No dia 8 deste mês, terminou a inventariação da paróquia de Brenha, efectuada com a constante presença do pároco, o Padre António de Matos Fernandes, e que constou de 30 fichas e respectivas fotografias, apenas referentes à igreja matriz, porque nenhuma capela existe nesta jurisdição eclesiástica.
Parcialmente situada na serra da Boa Viagem, participa das mesmas riquezas arqueológicas daquela área de eleição, tendo, com particular destaque, vários dolmens, pertencentes ao Eneolítico inicial, e a estação Neo-Eneolítica de Várzea do Lírio, a demonstrarem vetustas ocupações humanas, pré-históricas, bem como a singularidade daquele promontório sobre o Oceano Atlântico.
Em carta de testamento, de Março de 1150, Ero deixa, a Dom Teotónio e ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a meia herdade que tinha in loco qui vocatur Brenia et est inter Arazede et Cabanas, que lhe pertencia e à mulher, naquela região densamente florestada.
Esta nova parcela fundiária crúzia teve, do senhorio, a devida atenção pastoral, pelo que foi dotada das necessárias estruturas e obteve, por fim, a condição paroquial, a que respeita muito do espólio ainda conservado, na igreja, significativamente dedicada ao primeiro santo português e, também, primeiro prior do referido Mosteiro, São Teotónio.
Apesar de ser diminuta a quantidade do espólio, apresenta diversas esculturas calcárias, dos séculos XVI ao XVII; terracotas desta centúria e da seguinte; peças de prata, tendo, uma, as iniludíveis iniciais S.C. (Santa Cruz); certos objectos de latão; alguma talha; um bom conjunto de paramentaria, do século XVII, a época da concedida autonomia religiosa; e, também, um apreciável acervo de livro antigo, composto de missais de altar.
Graças às recentes obras de restauro e à louvável cooperação do Museu da Figueira da Foz, onde estava depositado algum do referido espólio, agora devolvido, a comunidade pôde reavê-lo e dispô-lo, limpo e conservado, nos inerentes locais de culto, ou de serviço litúrgico, para honra dos fiéis, memória dos antepassados e dignificação celebrativa.
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