No dia da Cidade: Coimbra distingue Pedro Dias e Jorge Alarcão
Pedro Dias e Jorge de Alarcão receberam no passado dia 4 de Julho a Medalha de Ouro da Cidade e foram os protagonistas de uma cerimónia que, pela primeira vez, teve lugar nos Claustros da Sé Velha de Coimbra. Ambos docentes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), com um percurso por demais reconhecido e premiado, são, nas palavras de Carlos Encarnação "dois homens de Coimbra, que têm sabido dar o devido relevo e o real valor a coisas que muitos ignoram ou teimam em não reparar", nomeadamente na sua cidade, "divulgando a sua história e a sua riqueza".
Lembrando a importância do "casamento entre a universidade e a cidade", o presidente da Câmara Municipal frisou a "disponibilidade manifesta" dos dois catedráticos sempre que lhes são solicitadas opiniões e considerou mais do que justificada a homenagem ontem prestada.
António Pedro Pimentel, pró-reitor e director do Instituto de História de Arte da UC, destacou a constante preocupação de Pedro Dias em projectar no exterior o conhecimento fruto do seu estudo e investigação. O antigo director do Museu Nacional Machado de Castro, ex-presidente do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, distinguido em 2005 com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique, reconheceu que tem dedicado "o melhor da sua energia" à História de Arte e à Universidade. Porém, "o que eu gostava verdadeiramente de ter sido era jogador de futebol. A vida prega-nos destas partidas", gracejou ao ser condecorado pelo município.
"As condecorações não se pedem, não se recusam, não se agradecem e, sobretudo, nunca se usam", diria Pedro Dias, recebendo "com enorme honra" uma medalha que dedicou a seu pai.
Coube depois a Raquel Vilaça, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, o elogio de Jorge de Alarcão, professor de Arqueologia e eminente estudioso do período da ocupação romana da Península Ibérica. A discípula destacou "o investigador de excelência e renome internacional, o mestre exigente e tolerante, o orientador que indicou o caminha mas nunca o impôs, o gestor hábil e estratega, o amigo solidário". Um professor – honoris causa pelas universidades de Bordéus e de Santiago de Compostela – que "não gosta de guardar para si conhecimento e tem a rara capacidade de dizer em palavras simples, coisas complicadas".
Foi vereador da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra e integrou a Assembleia Municipal, eleito pelo partido comunista. Ao agradecer a mais alta distinção do município, o arqueólogo quis justamente lembrar esta participação. "Teria merecido esta homenagem se pudesse ter feito o que pensava fazer e não pude, por diversas razões". Entretanto, e na área da Cultura, "há coisas que estão a ser feitas, outras que nunca serão feitas e há algumas que não faria", disse, referindo-se a um "projecto da Quinta das Lágrimas" que corresponde, a seu ver "a um infeliz segundo assassinato de Inês de Castro".
Marlene Correia Ferraz, com a obra de ficção "Na Terra dos Homens", foi a vencedora do Prémio Literário Miguel Torga 2008, galardão que recebeu ontem das mãos do presidente do município. Durante a sessão, com momentos musicais do Coro Municipal Carlos Seixas – constituído por meia centena coralistas, todos funcionários da autarquia e dos serviços municipalizados –, foram ainda homenageados os funcionários aposentados.
Bispo de Coimbra agradece a escolha da Sé Velha para comemorar o Dia da Cidade
A Sé Velha foi e será sempre, no entender do Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, "lugar de cultura e de fé", duas parte de "um mesmo livro que se dirige às pessoas". "É impossível pensar a cidade de Coimbra sem a considerar lugar de fé, uma vez que foi das primeiras comunidades crentes de Portugal", disse o prelado no início da cerimónia. Ao mesmo tempo, é de cultura, "porque a partir deste lugar de Santa Cruz se pensou pela primeira vez em estudos superiores".
Considerando a velha catedral um "ícone", D. Albino Cleto agradeceu a escolha do local para a comemoração do Dia da Cidade. "Obrigado por nos fazerem lembrar o que é Coimbra e a sua Sé Velha". Encarnação elogiou o trabalho que tem sido feito naquela catedral, destacando o papel de Monsenhor João Evangelista Ribeiro Jorge, e considerou a Sé Velha "um dos muitos tesouros que Coimbra tem por explorar". O centro histórico "não é uma reserva de índios, é um conjunto muito rico de monumentos e casas, que devem ter cada vez mais pessoas e mais vida", frisou.
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