Universitários de Coimbra matam a fome aos sem-abrigo
Um grupo de estudantes da Universidade de Coimbra sai à rua uma noite por mês para ajudar cerca de 40 sem-abrigo, com comida, roupas e cobertores. Os alunos vêem o contacto com a rua como "um mundo paralelo".
A expressão é de Rita Rocha, estudante de Medicina e coordenadora-geral do pelouro da Intervenção Cívica da Associação Académica de Coimbra (AAC), principal impulsionador da iniciativa "Refeição (de)Vida". "A primeira vez que fiz esta ronda foi muito difícil, um choque muito grande. Agora já parece mais normal", explica a jovem.
Rita é um dos três elementos da AAC que, juntamente com duas pessoas da Associação Integrar, fizeram a segunda ronda mensal da "Refeição (de)Vida", anteontem à noite. A iniciativa é, no entender do presidente da AAC, Jorge Serrote, "uma preocupação social da associação, ainda mais num ano em que a crise vem agudizar a situação". O projecto conta com o apoio dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra e da Secção Gastronómica da AAC.
Por volta das 20 horas, a equipa conjunta da AAC e da Associação Integrar parte do Centro de Acolhimento da Associação, na Rua do Brasil. Na bagagem, vai uma panela de sopa, várias embalagens com arroz e atum, pão, café e pastéis. A primeira paragem é o Terreiro da Erva, em plena Baixa, onde são recebidos por mais de uma dezena de utentes. "Fazemos muito a zona da Baixa, mas também outras, como Celas, Eiras e a Conchada", relata Rita Pereira da Associação Integrar, completando que fazem outros locais, quando solicitados. "Não viramos costas quando é solicitada ajuda", sublinha. Para além da ronda mensal com a AAC, a Integrar faz giros nocturnos regulares pelos sem-abrigo, levando comida, às terças e quintas-feiras, e quinzenalmente ao domingo.
A relação dos elementos da Integrar com os utentes já é de proximidade. Numa perpendicular à Rua da Sofia, a equipa passa para ajudar um utente já conhecido. "Já esteve na nossa Casa Abrigo, mas saiu porque disse que não gostava de estar preso a regras", conta Rita Pereira. O homem não perde a boa disposição, sempre com anedotas e histórias novas.
"Muitos passam por nós durante o dia e cumprimentam-nos, muitas vezes nem se sabe que são sem-abrigo", afirma Isabel Fernandes, da Integrar. Explica ainda que há casos de sucesso entre os utentes. "Quando vão para o Centro de Acolhimento, ao fim de seis meses são incentivados para o mercado de trabalho", conta.
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