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23 de dezembro de 2008

Isabel Jonet confia no regulamento do mercado para resolver a crise alimentar


“A subida de preços dos alimentos está a assumir proporções dramáticas, que geram fome no mundo, e tem sido origem de um conjunto de revoltas sociais em diversos países”, como tem acontecido nos últimos dias na Grécia. A afirmação é de Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares. Convidada do almoço “Quintas na Quinta”, promovido pela Fundação Inês de Castro, a responsável reparou que, “com grandes sectores da população mundial abaixo do limiar da pobreza”, a subida de preços registada no primeiro semestre deste ano é “devastadora”. E mesmo a ajuda alimentar, “constrangida por orçamentos inelásticos”, foi reduzida em volume.
As más colheitas na Austrália e nos Estados Unidos, o aumento da procura alimentar e a alteração das dietas tradicionais indiana e chinesa, a tendência para a monocultura, a destruição da biodiversidade na agricultura e a erosão dos recursos genéticos foram algumas das causas apontadas por Isabel Jonet para a subida de preços, acrescentando o contributo importante da subida dos preços dos combustíveis e da energia, as alterações climáticas, a especulação dos mercados de “commodities agrícolas” e mesmo o crescimento da população mundial.
Licenciada em Economia, a responsável dos Bancos Alimentares afasta, ainda assim, “uma visão catastrófica” e acredita que “o funcionamento do mercado contribuirá para a resolução de uma parte destes problemas”. Isabel Jonet, que trabalhou no Comité Económico e Social das Comunidades Europeias em Bruxelas, fez um paralelo com a crise energética – cuja alta de preços “não será tão evidente” quanto parecia – e antecipou futuro idêntico para a crise alimentar. “Os agricultores em todo o mundo não deixarão de se afadigar, de forma criativa, na procura de rápida, eficiente e barata resposta às crescentes necessidades de alimentos”, sustentou.
Não obstante, a economista apontou o papel essencial da mudança de políticas e dos Estados, “como reguladores de mecanismos de distribuição que geram diferenças inadmissíveis entre preço na produção e no consumo” e ainda reorientando apoios aos países mais pobres.

Bancos Alimentares Contra a Fome
“Os bancos alimentares existem não para dar de comer a quem tem fome, mas para lutar contra o desperdício, é isso que está na sua origem e que nos move diariamente: procurar onde sobra para levar onde falta”, declarou Isabel Jonet, a propósito do trabalho dos Bancos Alimentares Contra a Fome. A responsável quis esclarecer que o voluntariado destas associações, mais mediatizado por altura das campanhas de recolha – em Maio e Dezembro – se desenvolve durante todo o ano, com acções junto da indústria agro-alimentar, de mercados abastecedores e de grandes cadeiras de distribuição.
“Nas sociedades actuais existem grandes excedentes de produtos, que são retirados do mercado por razões inexplicáveis do ponto de vista social, mas totalmente explicáveis do ponto de vista industrial e comercial”, explicou a economista, dando o exemplo de fruta enterrada ou peixe deitado ao mar, para não baixar os preços. São estes bens que os bancos alimentares procuram recuperar e distribuir.
Já as campanhas de recolha nacional – “as maiores acções organizadas de voluntariado em Portugal no pós-guerra, que envolvem 20 mil pessoas” – servem sobretudo para recolher produtos relativamente aos quais não há excedente de produção (o azeite, as conservas, as massas, etc.). Por dia, a nível nacional, são distribuídas pelos bancos alimentares 80 toneladas de alimentos, destinadas a 245 mil pessoas (2,5 por cento da população portuguesa), através de 1.616 instituições.
Freitas do Amaral, em Janeiro, e Júlio Machado Vaz, em Fevereiro, serão os próximos convidados da iniciativa “Quintas na Quinta”, que passará a realizar-se à hora de jantar.

425 toneladas de alimentos distribuídas em Coimbra
Cada um dos 14 bancos alimentares do país – em breve serão 15 – existe de forma autónoma, fazendo a sua recolha e distribuição de bens localmente. O BACF de Coimbra também “aproveita os desperdícios da indústria agro-alimentar para os fazer chegar às mesas de quem mais precisa”, mas nem sempre é suficiente, conforme revelou o seu presidente, José de Sousa.
No ano passado o BACF de Coimbra distribuiu 425 toneladas de bens alimentares, sendo que mais de metade (54 por cento) foram conseguidas através duas campanhas anuais de recolha; os excedentes da indústria alimentar apenas significaram 36 por cento e 10 por cento dos bens resultaram da actividade de recolha em escolas e empresas, revelou o responsável. Já este ano, a campanha de recolha de alimentos realizada em Novembro/ Dezembro, registou um crescimento de 5,8 por cento.
O NIB do Banco Alimentar de Coimbra é o 0033 000005281083207 74, para as pessoas que queiram apoiar financeiramente.

Novo projecto cria hortas solidárias nas prisões

O Banco Alimentar Contra a Fome vai lançar, no próximo dia 30 de Dezembro, um projecto em articulação com os vários estabelecimentos prisionais do país. As “Hortas Solidárias”, anunciou Isabel Jonet, serão não só uma boa forma de ocupar os reclusos – e de incentivar a sua reinserção –, como também uma ajuda para a causa dos bancos alimentares. A maior parte das prisões têm terrenos que podem servir para a agricultura e os bens alimentares podem ser distribuídos pelo BACF a quem mais precisa.

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