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23 de dezembro de 2008

Frei Gonçalo Figueiredo fala do nascimento de Jesus como “grande presente para a humanidade”


Em tempos marcados por uma visão globalizada do mundo, onde impera a cultura de massas, o frei Gonçalo Figueiredo acredita que “a nota dominante do Natal sugere caminharmos com os pés bem assentes na terra, ou seja, com atenção ao próximo, à pessoa que está ao meu lado, alguém em concreto e, simultaneamente, com a abertura para Cristo, o céu e Deus como fronteira última”.
Aos microfones da Rádio Regional do Centro (RRC), a propósito da época festiva que vivemos, o frei Gonçalo argumentou que “apesar do Natal ser, antes de mais, vida e testemunho de vida e fé, é também um acontecimento de alguém que nos quer com os pés na terra mas com os olhos no céu”, ou seja, embora sendo a consequência do mistério da encarnação, consubstanciado no nascimento de Cristo, “é um momento dedicado à atenção ao próximo, à pessoa”.
No programa que foi transmitido no passado domingo pela RRC, frei Gonçalo Figueiredo afirma que a época natalícia “sugere uma crítica a um tempo de massas e de modas, da solidão anónima e da falta de sentido crítico e solidário”, mas abre portas a “um mundo de possibilidades, de justiça e fraternidade, de vida para além da vida, ou seja, do reino de Deus”.
Falar de Jesus Cristo e do seu nascimento implica, segundo o franciscano, aceitar um acontecimento concreto que mudou o mundo, independentemente das interpretações que possam ser dadas nas escrituras. Como tal, o frei Gonçalo reconhece no Natal “não apenas e simplesmente o nascimento de uma criança mas sim a encarnação de algo que estava antes da criação do mundo, ou seja, a prova de que há algo mais para além da vida terrena, do hoje em que cada um vive, do presente”. O grande choque que o Natal sugere, no íntimo de cada um, “é, apesar de estarmos demasiado circunscritos à existência entre a vida e a morte, aceitar que há mais para além disso, abrindo-nos as portas do eterno infinito de Deus”.
Terá o Natal perdido o seu real significado, cedendo o lugar de introspecção e partilha com o próximo ao consumismo desenfreado? A questão merece do frei franciscano uma resposta bem humorada que convida à reflexão: “A culpa é dos Reis Magos, eles é que levaram o ouro, incenso e mirra. Contudo, perante o nascimento de Jesus Cristo, um acontecimento de tal forma extraordinário que responde a interrogações sobre a razão da vida, a oferenda é um impulso natural e compreensível”.
Contudo, se é aceitável que se procure dar ao outro o melhor que temos para oferecer, assinalando em festa o nascimento de Cristo, o problema surge quando se perde a intenção e consubstanciamos todo o significado da época e do Natal na prenda que se oferece. Frei Gonçalo sustenta que “a ideia a reter é que o nascimento de Jesus é o grande presente e, sobretudo, é o presente de Deus, é o grande presente, é a dádiva em si”.
Época festiva onde a família desempenha um papel central, o Natal merece também, neste aspecto, uma reflexão do franciscano: “A família é o berço, é aquele aconchego necessário para desenvolvermos pessoas. Se é a família que permite pensarmos e criarmos um futuro com pessoas formadas, com capacidade de pensar e de se respeitar, com amadurecimento intelectual e afectivo, é fundamental apostarmos nessa instituição. Caso contrário, daqui a um tempo deixaremos de ter gente com laços afectivos, com consciência fraterna”.
Aludindo ao mistério do Natal, em que Deus que dá o seu filho, o frei Gonçalo Figueiredo não tem dúvidas em afirmar que a única forma de correspondermos a esse acto “é com gestos de amor ao próximo”, afinal, é esse o espírito do Natal.

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