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28 de agosto de 2008

Um coração de irmão e de verdadeiro pastor




D. António Marcelino

D. Manuel, não obstante a sua grandeza intelectual e o seu prestígio episcopal e social, era um homem simples e próximo, um cristão determinado e fiel ao espírito do Evangelho. Uma vida modesta e desprendida de bens materiais, atento às pessoas e suas necessidades. Corajoso na proposta e defesa da verdade, avesso a intransigências pessoais e relacionais, bem como à procura de prestígios sociais e humanos, quando se apercebia que gente da Igreja navegava nessas águas.
Um coração de irmão e de verdadeiro pastor, que nunca deixou indiferente quem dele se aproximou ou com ele conviveu. Sereno, mas nunca indiferente. Compreensivo, mas nunca permissivo em coisas essenciais. Aberto, mas sem preocupações de vanguardista ou de procurar plateia. Os traços evangélicos do Bom Pastor, bem se via que os cultivava, diariamente, com cuidado e esmero.
Participou em todas as sessões do concílio Vaticano II, na primeira das quais apenas como bispo designado, mas ainda não ordenado ou consagrado, como então se dizia.
A sua preparação teológica e o estar a começar o seu ministério de bispo diocesano permitiram-lhe uma participação extraordinariamente enriquecedora, a que logo quis dar sequência, pois o concílio moldara-lhe o coração de pastor e logo viu que nessa linha devia prosseguir. Informou e formou e levou depois o concilio até onde pôde.
Aspectos doutrinários e pastorais, que a outros pareciam criar medo e reacção pouco positiva, para D. Manuel eram muito claros e necessários para uma renovação da Igreja, objectivo conciliar da primeira hora. Assim, sem preocupação de os esgotar, vemos a atenção dada à Igreja, a trilhar os caminhos da
Comunhão e Missão, e da participação alargada a todos os seus membros; a formação cuidadosa do clero, atenção à formação do laicado e promoção ao seu lugar de direito; os órgãos de corresponsabilidade eclesial, o diálogo aberto, acolhedor e paciente, a reacção espontânea a títulos honoríficos nos membros do presbitério, alheios por completo ao espírito conciliar, a atenção à visita pastoral e ao evoluir da sociedade; o espírito de serviço bem visível a contrastar com o de senhorio, que ainda então reinava em muitos sectores da Igreja; a coragem na afirmação e na defesa do papel da Igreja na sociedade democrática. Tudo isto denunciava uma fidelidade total ao Vaticano II, a orientara sua vida e acção.

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