Morreu o Padre Pedro!
A doença não perdoou e o Padre Pedro dos Santos partiu para o lugar que se desprendeu da sua voz, durante mais de três décadas: a vida eterna.
Escrevemos este texto amargurados e tristes com o desaparecimento de um homem que soube entender a sua missão de sacerdote e prodigalizar com a sua acção, as suas atitudes e as suas palavras, as virtudes que herdou da família, que aprofundou no seminário e que exerceu na Terra. Um padre energético, de uma actividade invulgar, um pedagogo exemplar, um homem de cultura, um pai com muito filhos e um pastor de muitas e muitas almas. Um homem que venceu os mais diferentes e difíceis momentos que o atingiram, que ultrapassou as angústias e os infortúnios, e que ofereceu, em troca, o amor, partilhou a paz e foi obediente na grandeza dos homens que se entregam a causas nobres e respeitam e vencem as adversidades que lhe procuram abalar as fímbrias mais íntimas do seu ser.
O Padre Pedro cumpriu uma missão difícil e ganhou as batalhas que teve de enfrentar. Militar/capelão em Angola, professor nos seminários da Figueira da Foz e Coimbra, director do colégio de S. Teotónio, coadjutor do prior de Santa Cruz, pároco de Semide, Rio de Vide e Vila Nova, reitor do Santuário do Divino Senhor da Serra, humanista, lutador incansável nas causas de defesa e valorização do património cultural/religioso (recordemos as tarefas que desempenhou e os actos que praticou para salvaguarda, recuperação e divulgação do Convento de Semide e do Santuário do Senhor da Serra), cidadão possuidor de invulgar cultura (escrevia, falava e ensinava latim, filosofia, história, teologia e francês, com mestria), docente estimado, cronista e arauto de elevada fé, corajoso e dedicado em extremo nas obras que idealizava e nas iniciativas que organizava.
Recordemos a Via-Sacra da Semana Santa, o apoio aos jovens, a salvaguarda da herança cultural, a revitalização da honra e da memória das freiras do Convento de Semide, a força e determinação com que impediu a ocupação abusiva do Colégio de São Teotónio, a campanha desenvolvida em favor do ensino particular e dos colégios de raiz católica, bem como a frontalidade dos seus discursos na hora e no lugar próprio, acompanhados do dinamismo que imprimia aos valores do homem e de Deus.
Conhecemos, trabalhámos e convivemos durante anos com o Padre Pedro dos Santos. Recebeu-nos, algumas vezes, na sua casa em Lobazes, demos aulas no colégio que dirigiu durante 25 anos, ajudámo-lo a criar a Associação de Pais e comungámos das suas alegrias e dos dias menos bons. Fomos confidentes em horas de amargura e em dias de júbilo. Sempre optimista, mas também apto a usar a firmeza e a justiça nos casos e nos momentos adequados.
Partiu a trabalhar, a cumprir a sua missão evangélica e humanística. Desprendeu--se da vida terrena. Goza, agora, as delícias da vida eterna, aquela vida que tanto apregoou, que o sustentou ao longo da sua existência, e que o encaminhou para a ser padre. Paz à sua alma.
Mário Nunes
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