Celebrar o gesto e a palavra em tempo pascal
A relação que somos revela-se na palavra e no gesto que comunicamos. Dois pilares essenciais que nos dizem e nos comprometem na história que fazemos nossa. Protagonismos da existência que nos ultrapassam e nos exigem processos constantes de humildade. Nunca realizamos plenamente aquilo que somos… somos projecto e construção sonhada por Deus.
Neste dizer quotidiano assumimos a tensão entre a palavra e o gesto. Uns dirão que pelas palavras é que vamos. Falarão da importância e da força da comunicação… dirão no limite que uma palavra vale mil imagens. Têm razão!
Mas, nesta mesma tensão que cada passo revela, há espaço para os que dizem que faltam gestos e acções concretas. Estes falarão da força de cada gesto e de gestos que fazem toda a diferença… no limite dirão que uma imagem vale mil palavras. Têm razão!
Talvez a razão não termine aqui… Interessa percorrer outro caminho, dar outros passos. Sair da divisão e chegar a uma complementaridade. Perceber que nada pode caminhar com uma só perna… Nem só palavra, nem só gesto. Porque uma afirmação assim será sempre limitada… e descomprometida!
Talvez este outro caminho perceba que «o maior pecado da humanidade» (de cada um de nós) está quando separamos a Palavra do Gesto e o Gesto da Palavra. Sem gestos as nossas palavras mal se ouvem e sem palavras os nossos gestos perdem força profética.
Escutemos de novo as palavras de Jesus na Última Ceia: “Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo. 13, 14). Um novo estilo de vida surge neste gesto de Jesus: “Eu vos dei o exemplo, para que, assim como vos fiz, vós também façais” (Jo. 13, 15). “Nisto conhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros”. É a grandeza dos que sabem tornar-se pequenos… Quando eu for grande… gostava de ser pequeno (assim)!
Trata-se de assumir a coerência entre a palavra e o gesto… Uma coerência que se faz força porque une… a vida à fé, o interior ao exterior, a sociedade à igreja, o religioso ao civil… Não tenhamos medo da comunhão… Unir não é confundir. Unir é unir diferenças que se distinguem.
Que na nossa vida o gesto ilumine a palavra e a palavra explicite o gesto.
Padre Nuno Santos
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