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19 de março de 2008

Anjos com uma asa…


Jorge Cotovio

Num dos seus livros sobre educação, Miguel dos Santos Guerra cita a seguinte frase, inscrita numa parede da cidade de S. Salvador de Jujuy: «Somos anjos com uma asa. Precisamos de nos abraçar para poder voar…».
Pelo que julgo (e julgo pelo que leio), este pedagogo não deve saber de cor quais são os pecados capitais e também não deve frequentar muito as sacristias das igrejas espanholas. Mas, não há dúvida, Guerra é um "humanista", ou seja, põe a pessoa que mora dentro de cada um de nós em primeiríssimo lugar. E defende os (grandes) valores universais que estão associados à pessoa humana – aqueles valores que são tão importantes que até têm sobrevivido à corrosão natural do tempo e às mutações políticas, sociais e culturais que tanto têm abalado a humanidade.
Mas como é tão difícil "abraçarmo-nos", meu Deus! Porque não há tempo (?), porque somos uns egoístas, porque ainda estamos convencidos que nós é que somos bons e fazemos melhor as coisas sozinhos que (mal) acompanhados, porque temos receio de perder protagonismo, porque é difícil aceitar a opinião dos outros, quando é diferente da nossa.
Que os ateus "desumanos" e violentos assim pensem e actuem, é pena, mas ainda se compreende. Agora nós, "religiosos", católicos, católicos "praticantes", consagrados, empenhados nesta "Igreja santa mas sempre necessitada de purificação", temos a gravíssima obrigação de pensar e actuar de forma diferente, porque até acreditamos em Anjos…
Daqui a uns dois mesitos vamos celebrar o Dia da Igreja Diocesana. À volta do nosso Bispo, reúne-se a família dos crentes desta Igreja particular de Coimbra. Desta vez, como sinal de "comunhão", celebramos mais um Grande Encontro de Jovens e mais uma Festa das Famílias. Dois secretariados, duas (?) pastorais (será que não há uma só pastoral?) unem esforços, sinergias e fazem festa, em conjunto, não excluindo ninguém. Pelo contrário. Estas duas estruturas diocesanas querem congregar todos, não só para "assistir", mas, sobretudo, para participar activamente. "A mesma família, o mesmo Pai" é o mote para esta caminhada que culmina em 18 de Maio – na Festa da Santíssima Trindade, precisamente o ícone da "comunhão". Todos são chamados – filhitos ao colo dos pais, crianças, adolescentes, jovens, adultos e "seniores" – e para todos haverá actividades e espaços próprios. Mas nas refeições juntamo-nos: na refeição comummente entendida, e na "refeição Eucarística" - o culminar de toda a Festa, porque é no "partir do Pão" que nos reconhecemos como irmãos, como filhos do mesmo Pai, como seres (quase) divinos.
Para que estes salpicos doutrinais molhem e fecundem a terra que pisamos, precisamos que as paróquias estejam presentes (e há locais próprios onde elas podem expor símbolos e cartazes), que os movimentos, secretariados e outras estruturas diocesanas participem (e há possibilidade de exporem as suas actividades e divulgarem os seus carismas em stands montados para o efeito), que os Lares de terceira idade e Centros de dia levem os seus utentes (e haverá espaços próprios para eles se sentarem e até possibilidade de exporem pequenos trabalhos por eles realizados). Precisamos que os cristãos estejam presentes e tragam os amigos, sobretudo aqueles amigos que (ainda) associam a Igreja só aos padres, freiras e bispos, às ideias conservadores, à tristeza e ao sofrimento, às proibições, à submissão. E se esses amigos não forem, então que os presentes não se esqueçam de transmitir, depois, aos amigos e colegas de trabalho que a Igreja é a comunhão de bispos, padres, religiosos e leigos, que a Igreja é alegria, é esperança, é festa, é Vida. E que a vida é Páscoa. Mas também lhes digam que não há Páscoa sem Sexta-feira Santa, sem Paixão, para eles perceberem que a vida intensamente vivida integra o sacrifício, o sofrimento, a renúncia, não como fim mas como "percurso quaresmal" até à meta – a Páscoa, agora vivida de forma efusiva, e que em cada Eucaristia celebramos de modo particular.
Com estes propósitos de comunhão – expressa em pequenos gestos –, preparemo-nos para mais este momento marcante da nossa Igreja particular. Associemo-nos à Cadeia de Oração, que vai unir quase meia centena de movimentos, institutos religiosos, organismos diocesanos e, se pudermos, não faltemos à vigília nocturna, no dia 17 de Maio, na Mata do Buçaco. É que na base da comunhão, na base da vida quotidiana, na base da vida da Igreja, está a oração. E é a oração que nos ajuda a abraçar o outro, para juntos podermos voar. Estaremos convictos disto?

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