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6 de abril de 2009

Ordenação de mulheres na Igreja Católica?


Miguel Cotrim


D. Januário Torgal Ferreira, sugeriu no passado dia 1 de Abril na RTP a possibilidade de a Igreja Católica abrir as portas à ordenação de mulheres. "Não me repugna que uma senhora seja sacerdotisa", afirmou o prelado. Esta é mais uma declaração pública de um responsável da hierarquia da Igreja que surge ao arrepio das orientações da Santa Sé.
Em Coimbra, O Padre Carreira das Neves também afirmou que está na hora da Igreja "dar o salto" (Ver notícia relacionada com este tema).
Sendo verdade que, e a Igreja reconhece-o, existe uma crise de vocações, sobretudo no ocidente, esta pode ter sido a formulação pública de uma sugestão para combater a falta de padres. Mas, por ora, não é mais do que uma posição individual de um responsável católico. A ordenação de mulheres, tal como a possibilidade de os padres se casarem, não são dogmas de fé e, por isso, hão-de ser questões em permanente debate no interior da Igreja Católica.
A posição assumida por D. Januário pode, pois, ser um sinal de que, após mais de 1500 anos de sexismo sacerdotal, a Igreja pode estar aberta à mudança. Hoje, o papel das mulheres na sociedade e no mundo mudou. São cada vez mais, e ainda bem, as mulheres que desempenham funções de relevo nas mais diversas áreas. Não haverá por isso, para além do respeito pela tradição, nenhuma razão para que o mesmo não aconteça no seio da Igreja. E a questão do celibato, que, repita-se, não é um dogma de fé, não deve também ser encarada como um obstáculo, já que os votos femininos já existem.
D. Januário Torgal Ferreira arrisca-se pois a ser uma voz isolada no interior da Igreja ou um pioneiro da modernidade católica. Seria bom que fosse a segunda hipótese.
O que diz o Vaticano sobre o assunto? Segundo a Igreja Católica, as mulheres não podem ser ordenadas porque Cristo só escolheu homens como apóstolos e a sucessão apostólica foi sempre assim. O facto de Jesus ser homem e de o padre, nos sacramentos, ser o seu representante, suportam esta posição e qualquer tentativa de ordenar uma mulher é punida com a excomunhão. Em 1994, para acabar com as dúvidas, João Paulo II emitiu uma carta apostólica, reafirmando a posição tradicional: "A Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja".
Os movimentos progressistas apresentam a questão de outra forma: Jesus não exclui as mulheres do seu dia-a-dia e estas integram as primeiras comunidades cristãs. S. Paulo conferiu isso mesmo ao responsabilizar mulheres pelas primeiras comunidades cristãs. Não fez distinção entre o sexo. Até porque sabemos que existiram diáconas que presidiam às celebrações das comunidades pelas quais estavam responsabilizadas…
Alegro-me pelo facto destas vozes virem da hierarquia da Igreja Católica – bispos e padres – sentem a necessidade da mudança… Em vésperas de celebrarmos a Páscoa, temos estado inundados por várias reflexões, onde leigos, padres e bispos apelam a uma mudança de mentalidades dentro da Igreja…
Como é bom podermos celebrar S. Paulo…

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