O milagre virá?
Teresa Martins
Pede-nos o Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, que rezemos pela canonização de Padre Américo, pois «o processo do fundador das Casas do Gaiato já se encontra no Vaticano, mas são necessários milagres», diz o jornal.
Na sua «Doutrina», Padre Américo dá-nos a pista mais segura e eficaz na busca desse milagre, chamando-lhe “verdadeira Revolução Social”. A esse propósito, Padre Américo conta-nos a história de um dos seus rapazes, «na casa dos dezasseis», empregado «em uma das Casas mais antigas da cidade», o Porto, que, cheio de alegria e boa vontade lhe confessa ter recebido «uma notável gratificação na quadra de Natal» e mais… também «declarou ser desejo da Firma comercial dividir parte dos lucros pelos empregados…»
Firmas comerciais, empresários, donos de ordenados astronómicos e/ou bens acumulados de geração em geração, somas assustadoras em “sono pecador” e gastos desmedidos, sem pensar na fome e miséria dos que perdem o emprego ou não o conseguem, sequer… Quem dera fosse este, o milagre!… Que acabassem os lares sem pão, sem violência, onde o carinho e a compreensão dominassem e onde as crianças e os adolescentes pudessem crescer sem revolta, e com amor…
Parei aqui. Também o Padre Cruz, “canonizado” pelo povo anónimo, todos os dias realiza milagres que o mundo desconhece… Milagres verdadeiros que (acho eu…) ele se encarrega de manter no “segredo dos deuses”, porque assim prefere! Sabe-se lá se, com o Padre Américo, acontecerá o mesmo…
Como justíssima homenagem, o Padre Américo vai ter, em Coimbra, uma estátua, pois é preciso que os vindouros a olhem e perguntem quem foi aquele… E talvez haja, de geração em geração, quem lhes saiba responder… Desejamos que sim. A ideia da estátua ao Padre Américo não nasceu agora. Vem de há muito. Recordo uma grande amiga, que, felizmente, ainda hoje se cruza comigo nos caminhos da vida, e parece ainda ouvi-la: «O Padre Américo quer lá bem saber da estátua… Vamos mas é tentar fundar, com o nome dele, uma Casa para os Sem Abrigo…» E o sonho, com muito esforço, tornou-se realidade. Com a colaboração de muitos, a «Casa Abrigo Padre Américo» existe, e em pleno e óptimo funcionamento, como Valência da Ordem Terceira de S. Francisco, que lhe dedica muito carinho e atenção. O primeiro Sem Abrigo entrou nela num distante Natal, tomando ali, como primeira refeição, a ceia da Passagem de Ano. Mas não esteve sozinho… Fizeram-lhe companhia a dedicada senhora que lançou a semente (aliás, os manjares da ceia foram obra sua) e o marido, hoje de saudosa memória. Os três, em amigável e familiar conversa, esperaram que chegasse o primeiro guarda nocturno. Era meia noite.
Vamos todos pedir a Deus, em nome de Padre Américo, uma Sociedade mais justa?
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