Marcha pela Vida…uma marcha por uma boa causa
Miguel Cotrim
Milhares de pessoas participaram no passado domingo nas "Marchas pela vida", convocadas pela Igreja Católica e pela organização «Direito de viver» em mais de 80 cidades espanholas em simultâneo, para protestar pela lei de prazos do aborto que o governo espanhol está a preparar.
A manifestação mais importante aconteceu em Madrid, onde estiveram milhares de pessoas.
No Brasil, o domingo passado também foi dia de manifestação em defesa da vida. Na praça da Sé, em São Paulo, cerca de cinco mil pessoas se reuniram para um acto público em "Favor da Vida e Contra o Aborto". A manifestação contou com a participação do arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Scherer, do padre Marcelo Rossi e de representantes dos movimentos pró-vida daquele país.
Por cá, em vésperas de comemorarmos a Semana da Vida, que se realiza habitualmente em Maio, continuamos impávidos e serenos sobre as consequências do aborto aplicado em Portugal. A prática do aborto ilegal terminou em Portugal? Registou-se alguma diminuição dessa prática? As mulheres que pretendam abortar estarão a ser bem acompanhas ou aconselhadas? Evidentemente que Não! Assistimos há alguns anos a uma nova cultura entre nós, a do facilitismo, onde tudo é permitido e nada é proibido.
De facto, é mais fácil ir na "onda". Não se pretende que os cristãos sejam todos "clonados". A cada um é dado um dom especial para que possa desenvolve-lo em função da comunidade onde está inserido.
Temos o desemprego a acelerar constantemente, provocado pela epidemia da "crise". Leva-se um banco ou uma empresa à falência e ninguém diz nada. Fazem-se negócios de milhões em Portugal e ninguém desconfia…o bastonário da Ordem dos Advogados levanta suspeitas sobre a actuação da polícia judiciária e ninguém faz nada…
Pior do que isso, dizia-me esta semana um amigo que encontrei numa rua desta cidade, é o silêncio da Igreja. Concordando com ele, é deveras curioso que não haja da parte dos nossos bispos uma palavra em relação ao desemprego, à crise económica que atravessamos, ao caso do BPN, etc.
A Igreja à qual pertencemos, acomoda-se ao poder institucionalizado. Não se interroga, não interpela e… não chama…
Como dizia há dias, na Paróquia de S. José, D. António Couto, Bispo Auxiliar de Braga, "precisamos de um exército de missionários nas ruas para evangelizar" em vez de criarmos cismas e divisões entre nós.
Os cristãos hoje são muito perseguidos. Habitualmente, somos confrontados com reacções e afirmações que nos magoam pelo facto de professarmos a nossa fé. Por vezes, as reacções ocorrem a partir de dentro da própria Igreja, provocando o afastamento à prática cristã. "É o desligar do botão", dizia o meu amigo. Confesso que essa expressão incomodou-me...
D. António Couto foi muito claro nesse aspecto: precisamos de mudar radicalmente as nossas atitudes e a nossa forma de pensar o mundo, a Igreja e a vida. Corremos seriamente o risco de um dia ficarmos sozinhos...
Evangelizar muitas vezes não é só através das palavras, mas sim através de atitudes que tomamos para com os outros. Faz falta sair à rua, um pouco à semelhança da nossa vizinha Espanha, e manifestarmos o nosso apreço pela vida, pelo amor e pelo próximo. Faz falta uma cultura de afectos. E Porque não? Não foi aquilo que S. Paulo promoveu há dois mil anos?
Mas, a nossa Igreja não quer ser confundida com as estruturas sindicais, pretende continuar a elaborar uns documentos pastorais, mesmo que ninguém perceba muito bem o que lá está escrito. Quanto às leis saídas da Assembleia da República e que muitas vezes, nos envergonham como cristãos, acabamos por esquecê-las e apaziguamos a nossa consciência ao afirmar que aqueles políticos – "no fundo, são todos eles, bons rapazes". Até porque muitos deles passaram pela Acção Católica, pela JOC, LOC/MTC…
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