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23 de dezembro de 2008

O espírito de Natal


O título sugestivo “Baixa aposta no espírito de Natal para atrair pessoas”, em primeira página do penúltimo número de O Correio interpelou-me. Seria mais lógico, ademais num semanário diocesano, surgir destacada esta frase: “Alta aposta no espírito do Natal para atrair pessoas”… Mas, efectivamente, todos sabemos que a “Alta” não apostou (porque nem precisava…) e a “Baixa” lá foi fazendo “luz” para iluminar os caminhos (para as lojas…), apostando, assim, no “espírito do Natal”. Que “espírito”?
A resposta, curiosamente, vinha lá dentro, na página 6, nas leituras do III domingo do Advento – “o domingo da alegria”. Isaías exulta de alegria e Paulo convida-nos a viver sempre alegres. Ou seja, o espírito do Natal é a “alegria”. Não uma alegria qualquer, mas aquela que dimana cá de dentro. É esta atitude que marca a diferença entre os cristãos “praticantes” e “os outros”. Com este espírito alegre sobrevivemos às crises (pessoais e societárias) e tornamo-nos resistentes, mesmo quando tudo parece estar contra nós.
Mas é óbvio que esta alegria interior tem de ser exteriorizada! Será que temos essa preocupação em nossas casas, para com os nossos filhos, maridos, mulheres, pais, irmãos? Será que temos essa preocupação no nosso local de trabalho, para com os nossos colegas, superiores e “inferiores”? E nas nossas pastorais? Cuidamos da manifestação desta alegria? Ou seja, preocupamo-nos por acolher bem, com um sorriso, com simpatia, as pessoas que nos procuram, por exemplo, para casar, para baptizar os filhos e afilhados, para confessar, para desabafar, para pedir informações, etc? E nas celebrações, sabemos transmitir essa alegria na forma como falamos, como gesticulamos, como olhamos, como nos relacionamos? Às vezes temos o semblante tão carregado, tão triste, tão antipático, que até assusta… (Ao falar disto, vem-me sempre à mente aquela oração de uma criança, afixada há muitos anos cá por casa, que diz o seguinte: “Senhor, faz que os maus sejam bons e que os bons sejam simpáticos”).
Vamos ser realistas. Ou nós acreditamos que temos uma “boa notícia”, uma novidade a transmitir aos outros, e o fazemos com entusiasmo e alegria (contagiantes), ou então não atraímos ninguém, e poucos compreenderão que este Deus nasceu mais ou menos como qualquer um de nós, para que nós nos tornássemos seres divinos (e felizes!). Ou nós – padres, leigos, bispos, religiosos, leigos consagrados – mostramos que sabemos estar bem dispostos, “enTEOsiasmados”, no meio das adversidades (porque fora delas até os ateus estão…), ou então pouco marcamos e convencemos as pessoas que andam à deriva e estão fora do nosso redil (e até aquelas que estão com um pé dentro e outro fora).
Viver este espírito de Natal é sermos especialistas do sorriso, técnicos da boa disposição, porque temos a “chave do sucesso”. E para isto não necessitaremos de grandes cursos, de muitas reuniões, ou de leituras assaz profundas. Basta fazermos movimentar alguns músculos faciais e termos algum brilho nos olhos para tornar esse sorriso mais autêntico e contagiante.
Mas atenção! Paulo, cola a alegria ao seguinte aviso: “Orai sem cessar”. É aqui que reside o (grande) segredo. Orar sem parar, e “em todas as circunstâncias”. Isto é, transformando o trabalho em oração, a reunião em oração, a missa em oração, a vida em oração. Isto é, tornando sagrado tudo quanto nos cerca, tudo o que vivemos e sentimos.
Pois é, reside aqui o busílis da questão. Nós rezamos pouco e depois queixamo-nos dos insucessos pessoais e colectivos.
É este o autêntico espírito de Natal: estar alegre, sorrir, acolher bem. (E é tudo tão barato, meu Deus!). E se apostarmos altamente neste espírito, então teremos outra garra para superar a(s) crise(s) e também uma Igreja que atrai mais pessoas, não só no Natal, mas durante todo o ano. Garantidamente, diz-nos o outro “Espírito”.


Jorge Cotovio

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