Reflexão
Aprender com a escola? (ou a Igreja a reboque?)
Jorge Cotovio
Apesar de estar em crise (mas nos dias de hoje o que é que não está em crise?), o sistema escolar tem vindo a adaptar-se às novas situações e às mutações culturais e sociais. Até não há muito tempo, era a Igreja mestre nestas "coisas" (na arte!) da educação. Mais, foi pioneira e deu lições! Mas os tempos mudaram e hoje parece que o discípulo ultrapassou o mestre…
Com a humildade que deve assistir as estruturas divinas, por que não olharmos o actual sistema escolar e tirarmos algumas ideias para a (nossa) Igreja?
Antigamente, a escola ensinava como se todos os alunos fossem iguaizinhos na personalidade, no ritmo, nas capacidades. Muitos abandonavam e pouco se fazia contra este mal. Hoje, aposta-se na pedagogia diferenciada, atendendo ao ritmo de cada um. Como cada aluno é importante, procura combater-se o abandono escolar (nem que seja necessário ir a casa do aluno). Em Igreja, por que não passar da "pesca à rede" para a "pesca à linha"? Como éramos muitos, nem notávamos que iam crescendo os que abandonavam o redil. Hoje, é urgente irmos ao encontro (ou, o que é mais difícil, à procura) da ovelha perdida (atrevia-me a dizer mesmo que é "pecado capital" se o não fizermos, em detrimento da gestão dos bens patrimoniais, da pastoral de "manutenção", etc.).
A escola passou da instrução ("pôr para dentro") para a educação ("tirar de dentro"), pois considera que o aluno transporta potencialidades fantásticas que só necessitam de condições para poderem despertar. Assim, do método expositivo passa para o método activo, uma vez que o aluno pode ser gestor das suas aprendizagens, dos seus saberes. Em Igreja, já não basta termos os padres a ensinar e os leigos a ouvir. Será que nos consciencializamos de que os leigos não são leigos em todas as matérias, pelo contrário, são especialistas em muitas áreas e domínios e podem – devem! - enriquecer muito a Igreja, a todos os níveis?
Antigamente, ensinava-se com o quadro preto e o giz. Depois, progressivamente, passou-se a utilizá-lo com outras ferramentas: o retroprojector, a fotocopiadora, o projector de slides e, finalmente, dá-se a revolução informática. Em Igreja, temos potenciado esta ferramenta? As paróquias estão ligadas em "rede"? Temos cimentado a comunhão através esta via? Ou será que ainda há comunidades que não têm um endereço electrónico oficial (nem que seja emprestado)?
Antigamente, no centro do sistema educativo estava o professor. Hoje, está o aluno, melhor, a pessoa do aluno. E na Igreja, a quem é que o cidadão comum a associa imediatamente? Naturalmente, aos bispos, padres, e freiras. Urge, pois, pôr a ênfase no "Povo de Deus" e com os nossos discursos e, sobretudo, as nossas atitudes, fazer esta viragem "conciliar". Se a razão da escola são os alunos, a razão da Igreja são todos os baptizados (e "ponto final"). Isto exigirá, obviamente, a corresponsabilidade, ou seja, a participação responsável e dinâmica e em comunhão de bispos, padres, diáconos, religiosos, leigos consagrados e leigos não consagrados. Todos! Todos, actuando de forma concertada, isto é, sem atropelos, cada qual ocupando o seu espaço (mais) próprio.
Antigamente, cada escola estava isolada e contava só com ela mesmo. Hoje temos "agrupamentos de escolas", com gestão comum e um projecto educativo partilhado. E em Igreja? Fará sentido continuarmos com a mesma organização territorial de há séculos quando tanta coisa mudou? Alguns passos se têm dado neste sentido, designadamente a criação de "Unidades Pastorais". Mas… um agrupamento de paróquias é muito mais do que um somatório de paróquias. E este "valor acrescentado", esta sinergia só existirá se houver "comunhão". Isto é, se a programação das actividades, se as festas, se a gestão administrativa, se tudo for pensado em conjunto, abdicando-se de tentações egoístas e de protagonismos individuais/ paroquiais.
A escola tem ensinado muito mais, apesar dos erros, das experiências falhadas, dos telemóveis e das cenas de violência nas salas de aula, da falta de educação de muitos alunos, da demissão de muitos pais, do permissivismo de muitos professores e do autoritarismo de muitos ministros e ministras. Mas ficará o resto para outra oportunidade, antes que o reboque se desengate…
Com a humildade que deve assistir as estruturas divinas, por que não olharmos o actual sistema escolar e tirarmos algumas ideias para a (nossa) Igreja?
Antigamente, a escola ensinava como se todos os alunos fossem iguaizinhos na personalidade, no ritmo, nas capacidades. Muitos abandonavam e pouco se fazia contra este mal. Hoje, aposta-se na pedagogia diferenciada, atendendo ao ritmo de cada um. Como cada aluno é importante, procura combater-se o abandono escolar (nem que seja necessário ir a casa do aluno). Em Igreja, por que não passar da "pesca à rede" para a "pesca à linha"? Como éramos muitos, nem notávamos que iam crescendo os que abandonavam o redil. Hoje, é urgente irmos ao encontro (ou, o que é mais difícil, à procura) da ovelha perdida (atrevia-me a dizer mesmo que é "pecado capital" se o não fizermos, em detrimento da gestão dos bens patrimoniais, da pastoral de "manutenção", etc.).
A escola passou da instrução ("pôr para dentro") para a educação ("tirar de dentro"), pois considera que o aluno transporta potencialidades fantásticas que só necessitam de condições para poderem despertar. Assim, do método expositivo passa para o método activo, uma vez que o aluno pode ser gestor das suas aprendizagens, dos seus saberes. Em Igreja, já não basta termos os padres a ensinar e os leigos a ouvir. Será que nos consciencializamos de que os leigos não são leigos em todas as matérias, pelo contrário, são especialistas em muitas áreas e domínios e podem – devem! - enriquecer muito a Igreja, a todos os níveis?
Antigamente, ensinava-se com o quadro preto e o giz. Depois, progressivamente, passou-se a utilizá-lo com outras ferramentas: o retroprojector, a fotocopiadora, o projector de slides e, finalmente, dá-se a revolução informática. Em Igreja, temos potenciado esta ferramenta? As paróquias estão ligadas em "rede"? Temos cimentado a comunhão através esta via? Ou será que ainda há comunidades que não têm um endereço electrónico oficial (nem que seja emprestado)?
Antigamente, no centro do sistema educativo estava o professor. Hoje, está o aluno, melhor, a pessoa do aluno. E na Igreja, a quem é que o cidadão comum a associa imediatamente? Naturalmente, aos bispos, padres, e freiras. Urge, pois, pôr a ênfase no "Povo de Deus" e com os nossos discursos e, sobretudo, as nossas atitudes, fazer esta viragem "conciliar". Se a razão da escola são os alunos, a razão da Igreja são todos os baptizados (e "ponto final"). Isto exigirá, obviamente, a corresponsabilidade, ou seja, a participação responsável e dinâmica e em comunhão de bispos, padres, diáconos, religiosos, leigos consagrados e leigos não consagrados. Todos! Todos, actuando de forma concertada, isto é, sem atropelos, cada qual ocupando o seu espaço (mais) próprio.
Antigamente, cada escola estava isolada e contava só com ela mesmo. Hoje temos "agrupamentos de escolas", com gestão comum e um projecto educativo partilhado. E em Igreja? Fará sentido continuarmos com a mesma organização territorial de há séculos quando tanta coisa mudou? Alguns passos se têm dado neste sentido, designadamente a criação de "Unidades Pastorais". Mas… um agrupamento de paróquias é muito mais do que um somatório de paróquias. E este "valor acrescentado", esta sinergia só existirá se houver "comunhão". Isto é, se a programação das actividades, se as festas, se a gestão administrativa, se tudo for pensado em conjunto, abdicando-se de tentações egoístas e de protagonismos individuais/ paroquiais.
A escola tem ensinado muito mais, apesar dos erros, das experiências falhadas, dos telemóveis e das cenas de violência nas salas de aula, da falta de educação de muitos alunos, da demissão de muitos pais, do permissivismo de muitos professores e do autoritarismo de muitos ministros e ministras. Mas ficará o resto para outra oportunidade, antes que o reboque se desengate…
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