Cónego Dr. Manuel Paulo faleceu há 25 anos
Completam-se no próximo dia 17 de Abril (Quinta-feira), 25 anos sobre o falecimento do Cónego Dr. Manuel Paulo.
Nesse dia e em evocação da sua memória será celebrado uma missa na Sé Velha pelas 19 horas.
O Padre Jesus Ramos, à época, Chefe de Redacção do "Correio de Coimbra", escrevia que "o homem é sempre mais que a sua história. De facto, as biografias, por mais pormenorizadas que sejam, não conseguem penetrar o espaço reservado e pessoal que cada ser leva consigo para o outro lado da vida. Acontece isto mesmo com o Cónego Dr. Manuel Paulo: a sua figura de homem, de padre, de pedagogo e de jornalista ultrapassa de longe, o perfil que se possa traçar numa simples coluna de jornal."
O Cónego Dr. Manuel Paulo colaborou em várias publicações, nomeadamente nos jornais diocesanos "O Amigo do Povo" e o "Correio de Coimbra", e na revista "Lúmen". A coluna "À Sombra do Castanheiro"/ "Ao Calor da Fogueira", nascida com "O Amigo do Povo" foi, durante trinta anos, o seu principal púlpito, onde fazia algumas crónicas de profunda reflexão e crítica sobre a actualidade diversa do País. Nem sempre foi bem compreendido e aceite, porventura discutível em certos pormenores, revelou-se, nos seus escritos, um homem lúcido, corajoso, sempre igual a si mesmo, fiel a um ideal que abraçou em autêntico espírito de missão. O Cónego Dr. Manuel Paulo foi um autêntico apóstolo da Comunicação Social. Soube utilizar os instrumentos ao seu dispor para enfrentar, sem medos, uma sociedade manipulada pelo comunismo e pela maçonaria.
Também publicou alguns livros, destacando-se "Teologia do Trabalho" e a compilação das crónicas "Ao Calor da Fogueira" (5 volumes), e traduziu para português várias obras de célebres autores católicos.
Mas, o Cónego Dr. Manuel Paulo impôs-se também como sacerdote e professor do Seminário. Leccionou Teologia Fundamental, História da Civilização e Latim. Ascendeu a vice-reitor e mais tarde a reitor, quando em 1962, D. Manuel Trindade foi nomeado Bispo de Aveiro. Por motivos de saúde, de foro cardíaco, em 1968, pediu a demissão do seu cargo, continuando, todavia a leccionar, a ser formador das próximas gerações.
Em 1971 foi criado o Instituto Superior de Estudos Teológicos em que passou a ser docente das disciplinas de Eclesiologia, Mistério de Cristo e Latim.
O Dr. Manuel Paulo foi nomeado Cónego da Sé Catedral de Coimbra e Camareiro Secreto de Sua Santidade Paulo VI, com o título de Monsenhor (1966), exerceu ainda o cargo de Secretário da Comissão Episcopal para a Fé durante vários anos.
Como conferencista foi solicitado para falar nos mais diversos pontos do País, perante inúmeras assembleias. Pastoralmente esteve ligado a vários movimentos, especialmente no campo do apostolado da Família.
O Director do jornal o "O Amigo do Povo", Cónego Adriano Santo, escreveu à época que "a sua morte foi uma grande perda para a Diocese, para o Seminário, para o jornal e para todos os seus amigos", porque a todos "comunicava com alegria e optimismo e os seus comentários sobre as maiores diversas situações da vida e das coisas eram marcados pela nota de sensatez e dum apurado equilíbrio".
Mons. Dr. Manuel Paulo nasceu em Eira Pedrinha, concelho de Condeixa, a 4 de Setembro de 1924. Em 1936 entrou no Seminário da Figueira da Foz, fazendo parte, por isso, do primeiro grupo de alunos que frequentou aquela escola, fundada esse ano por D. Manuel Luís Coelho e Silva. Transitou dali para o Seminário Maior de Coimbra e, mais tarde, para as Universidades Gregoriana (Roma) e de Comilhas (Espanha), onde se licenciou em Teologia. Foi ordenado presbítero em 16 de Abril de 1949.
Faleceu a 17 de Abril de 1983, após ter celebrado a Eucaristia dominical. Recolheu-se serenamente no seu quarto, por ter sentido uma aguda indisposição. Mas já nada se pôde fazer, como relata o redactor principal do jornal "O Amigo do Povo", Padre Jesus Ramos.
D. João Alves, Bispo de Coimbra que presidiu ao funeral do Cónego Dr. Manuel Paulo, afirmou que é "o seminário que fica privado de um grande amigo; é a Escola de Teologia que perde um dos seus melhores professores; é o Cabido que perde um dos seus membros mais prestigiados; são os movimentos e os organismos de apostolado que perdem um padre; é a diocese que fica mais pobre".
Miguel Cotrim
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