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20 de fevereiro de 2008

Os excluídos

  • Miguel Cotrim


Há dias, o cardeal de Milão, D. Dionigi Tettamanzi, escreveu uma carta aos católicos divorciados e recasados da sua diocese, em que reconhece que os mesmos foram muitas vezes maltratados e ignorados pela Igreja e pede-lhes que participem na missa, mesmo que não possam comungar.
Um dos mais graves problemas pastorais, é de facto, o caso dos divorciados que voltam a casar. Muitos deles, após um casamento fracassado, procuram reconstruir a vida e, não raro, alcançam um maior equilíbrio emocional e reconstroem uma família estável.
Acontece que muitos não perderam a fé, e ficam, assim, sujeitos aos grande "castigo" de se verem afastados do Sacramento da Eucaristia com palavras muito corajosas, D. Dionigi fez um apelo a todos aqueles que se encontram nesta situação, para que, não abandonem a Igreja: "Também de vós a Igreja espera uma presença activa", e convida-os, concretamente, a "participar com fé na missa".
Esta situação é para mim, leigo, absurda. É como alguém ser convidado para uma festa e, depois não lhe ser permitido comer e participar. Dirão que a Igreja tem que ser fiel à sua doutrina, ou o casamento é indissolúvel, sendo para a vida eterna. Eu penso que quem casa não tem o propósito de se divorciar. Até, porque implica sofrimento para os conjugues e sobretudo para os filhos.
Quando o amor acaba, por vezes, a separação é inevitável. Se, depois casa um dos conjugues refizer a sua vida num novo casamento, em dignidade e responsabilidade, deverá a Igreja exclui-los da comunhão?
Ora, Jesus sentou-se à mesa com os pecadores – prostitutas, samaritanos, leprosos – todos aqueles que a sociedade excluiu.
Passados dois mil anos, ainda continuamos com a mania da perfeição, rejeitando tudo aquilo que consideramos impuro. Deveríamos, também nós, rejeitar os sem-abrigo, os doentes de sida, os toxicodependentes, da Sagrada Comunhão? Até, porque aqui, está uma questão de saúde pública…


O conflito entre os bispos espanhóis e o Governo de Zapatero atingiu o seu ponto alto numa nota pastoral da Comissão Permanente da Conferência Episcopal Espanhola sobre as próximas eleições de 9 de Março, deixando duras críticas por causa das medidas legislativas sobre a família e o matrimónio, bem como das negociações com a ETA. O terrorismo, escrevem os bispos, "é uma prática intrinsecamente perversa, de todo incompatível com uma visão moral da vida justa e razoável", condenando, "a negociação política com organizações terrosristas".
Ao apresentar "orientações morais para estimular o exercício responsável do voto", os bispos alertam para "o perigo de opções políticas e legislativas que contradizem valores fundamentais e princípios antropológicos e éticos enraizados na natureza dos ser humano, em particular no que diz respeito à defesa da vida humana em todas as suas etapas, desde a concepção até a morte natural, e à promoção da família fundada no matrimónio".
Por outras palavras, os bispos afirmam que, os católicos, antes de votar, devem avaliar as diferentes propostas políticas, tendo em conta o que os partidos, os programas e os respectivos dirigentes prometem quanto à dimensão moral da vida. "Não se deve confundir – dizem os bispos – a aconfessionalidade ou a laicidade do Estado com a desvinculação moral e a isenção de obrigações morais objectivas". Não podia estar mais de acordo com este documento. Não se trata aqui dos governos se submeterem a critérios da moral católica, mas sim, da moral humana, social e cultural de cada povo.
De facto, tanto em Espanha como em Portugal, precisamos de um laicado presente no mundo da política, não para submeter a doutrina da Igreja no Estado, mas sim, para submeter valores que defendam a vida na sua plenitude. São necessárias políticas para a família, liberdade e justiça social. Não me preocupa a laicidade do estado, mas sim, a tendência de laicização da sociedade.

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