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8 de janeiro de 2008

Carapinheira reconstituiu Cortejo dos Reis Magos



Das manifestações natalinas que se realizam na Carapinheira, procurando reviver passagens bíblicas do nascimento de Cristo, da visita dos Reis Magos e dos pastores a Belém para adorar o Menino Jesus, salienta-se o antiquíssimo “Leilão ao Menino Jesus”. Numa época de intensa invasão cultural pelos meios de comunicação, em que se assiste a uma completa desnacionalização dos bens oriundos das culturas populares, na Carapinheira a tradição cumpriu-se, mais uma vez. Este ano, como já aconteceu há alguns anos, o leilão de oferendas foi precedido pelo cortejo dos Reis Magos.
Gaspar, Baltazar e Belchior, renunciando a própria vida, decidiram seguir a estrela de Belém que anunciava o nascimento de Jesus Cristo e de uma nova vida. Talvez o facto de um mago ter ofertado “ouro” a Cristo, que mostrava a realeza (presente ofertado a Monarcas como costume da época), abriu espaço de pompas aos demais que receberam o titulo de Reis; outro ofertou mirra, simbolizando e professando que aquele era um homem comum e sofreria como qualquer outro, era a mortalidade do ser humano, quando um terceiro ofereceu incenso, que se dava somente a Deus e que subia aos céus assim proclamando a Glória e a Divindade do Altíssimo.
O cortejo teve início junto da Casa Paroquial, com a estrela, no topo de uma altíssima vara, a “guiar” os passos dos reis Gaspar, Baltazar e Belchior, que refreiam os seus cavalos para acompanharem aquele astro “pedestre”. Ao princípio, os Reis Magos, de vestes coloridas e entusiasmados por irem encontrar o Salvador, seguem sozinhos, mas aos poucos, conforme a comitiva vai seguindo o trajecto, vão ganhando companhia. Pastores, camponeses, lavradeiras, todos vestidos a rigor à antiga portuguesa, juntam-se ao cortejo, uns com burros, outros com ovelhas ou cabras, todos para verem o Menino que acabou de nascer.
Mas antes dos reis e pastores chegarem ao Messias têm de passar pela Casa de Herodes, onde dialogam, em cantos e refrões previamente ensaiados, com o velho soberano a pretende saber onde está Aquele que julga lhe vai disputar o trono.
Reis Magos cá em baixo, Herodes lá em cima, os actores vão trocando informações, sobre o nascimento de Jesus. À despedida Herodes diz: “Digníssimos soberanos/segui o vosso destino/na volta vinde por aqui/dar-me parte do menino”, respondendo os Magos “Descansai real senhor/que fica a nosso cuidado/na volta por aqui vimos/notar o que for passado”.
Aqui, Herodes puxa da espada e reproduz, irado, a profecia: “E tu Belém, terra de Judá!/com seres menores entre as cidades de Judá!/Pois de ti há-de sair o Senhor/que há- de governar a Israel, meu povo”.
Entretanto, a comitiva segue o seu caminho, continuando a desenrolarem-se quadros representativos do nascimento de Jesus: os Escribas e Sacerdotes, o Velho Simeão, a Fonte de Elias, a Velha, a Cabana dos Pastores, onde o Anjo lhes anuncia o nascimento de Jesus e por fim o Presépio ao Vivo, junto da Igreja Matriz, onde o casal Pedro Lameiras e Andreia Monteiro com o seu filho Daniel, de 3 meses, recriaram a Sagrada Família. Venerando o Messias, os reis oferecem ouro, incenso e mirra, que representam as três dimensões de Cristo - realeza, divindade e humanidade.
No final do cortejo, o padre José Luís Ferreira deu início ao leilão das oferendas ao Menino Jesus - batatas, feijão, cebolas, alhos, batatas, frutas, abóboras, mel, azeite, animais de capoeira, as tradicionais fogaças, bolos, vinhos – e cujo resultado reverte em benefício da Igreja.
O Leilão de Oferendas ao Menino Jesus é uma organização do Conselho Económico da Igreja Paroquial, que também colaborou com o Grupo de Jovens e Grupo Coral na realização do Cortejo dos Reis Magos.



Aldo Aveiro

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