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20 de dezembro de 2007

O Natal e o Presépio


O consumismo exagerado, mesmo doentio, transformou a época natalícia num grande "mercado" de compras. Adquirem-se, mesmo sem necessidade, produtos que, praticamente, não possuem utilidade, ocupando espaço, no espaço caseiro que é, já, reduzido devido ao minguar das divisões dos apartamentos, ou seja, um T3 há 30/35 anos, corresponde, actualmente, a um T4. Fazemos esta afirmação com pleno conhecimento de causa.
Mas, este texto quer chamar a atenção para o presépio como centro e estrutura do Natal. Presépio que, no seu simbolismo, materializa e espiritualiza a comunhão, o encontro, a solidariedade, o amor, a procura do semelhante. Nele se irmanam os verdadeiros valores da família, porque, ali, convergem os factores humanos que dão vida ao homem na plenitude da sua existência. E, se reflectirmos na sociedade actual, minguada da lição do presépio, facilmente entendemos o consumismo que grassa, que esquece a estranguladora crise económica que avassala a humanidade. Leiamos os textos do Doutor Amaral Dias sobre a situação no Darfur ou na Serra Leoa sem chegarmos ao Zimbabué e podemos compreender, melhor, o que representa o consumismo na civilização ocidental, relacionando-a com o dólar (apenas, um) com que vivem aquelas populações.
Como seria bom se colhessem a lição do presépio vindo por aqueles que os escravizam? E, que lição traz o presépio?
Presépio é, também, criatividade na grandeza do divino e do humano: Presépio é Natal. Artistas e artesãos dão azo à sua imaginação, criando peças e objectos, figuras e património diverso que, agrupados num contexto de harmonia e realidade, produzem um elemento único que identifica a Família e nela a Paz, a concórdia, a liberdade, o amor e a saudade. Que simboliza o Natal. Natal festa universal que se reveste da mística que destrói as incompreensões, que reclama e proclama fraternidade.
Pode ser-se ateu, agnóstico, cristão, não compreender o significado abrangente da data, nem a essência religiosa da mesma. Contudo, por arrastamento todas as pessoas se envolvem e participam no Natal. Os cidadãos irmanam-se numa manifestação espiritual que objectiva alegria, que derrama amizade e que mostra satisfação, colocando nos rostos dos seres humanos marcas expressivas de contentamento e vínculos de verdadeiro regozijo. Pode dizer-se que o Natal e a sua comemoração não sofre oposição antes colhe o consenso comum e a unanimidade geral.
Na Casa Municipal da Cultura podem admirar-se 110 presépios artesanais provindos de artesãos de todo o País, desde Silves a Viana, de Barcelos a Seia, de Nelas a Portalegre, de Lisboa a Nisa. Cada, mostra o pensamento do artesão ao reflectir sobre o nascimento do Deus Menino. São 110 ideias materializadas na cerâmica, linho, juta, vidro, ferro forjado, madeira, junco, tapeçaria, bordado, renda de bilros, zinco, palha, cortiça, papel, prata, moldados nos mais diferentes bens, que oferecem beleza, ornamentação e utilidade – exemplos do bandolim, colher de pau, cesto, sapato, toalha, esteira, lenço, monumento, etc., etc.
Na vila de Penela, um presépio articulado, de extraordinárias dimensões, artesanal/industrial/técnico valida um projecto de respeitável capacidade criativa do homem. O maior e diríamos mais completo presépio, actualmente, em exposição pública no nosso País.
Dois espaços – cidade e campo – a convergirem para o Presépio, num abraço natalício que regala, enobrece, cativa e mostra os valores milenários que o presépio traduz.
Boas-Festas.
Mário Nunes

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