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20 de dezembro de 2007

DEIXA DEUS ENTRAR…


«Porquanto um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado; tem a soberania sobre os seus ombros, e este é o seu nome: Conselheiro-Admirável, Deus-Poderoso, Pai-Eterno, Príncipe-da-Paz» (Isaías 9, 5).
Isaías é o Profeta do Mundo Novo, da Esperança! E o Natal é Esperança… É mesmo de um Natal que nós estamos precisados, em cada momento… Nasceu? Vai nascer? Nascerá? Quando e onde? Numas palhinhas, numa manjedoura, em Belém, à meia noite? No coração de cada homem ou mulher? Em cada momento? Ontem, Hoje e Amanhã? Recordo aquele jovem alemão, irreverente, totalmente descrente, alegre e culto, que, no início dos anos sessenta (século XX) foi colocado na nossa Universidade como «Leitor», vindo mais tarde a saber-se que a sua nomeação trazia, oculta, uma finalidade política. Por conhecimentos entre famílias, veio o jovem hospedar-se em casa de alguém que recentemente Deus colocou no meu caminho e agora me falou dele… Chama-se Harald Eder e teve «o seu natal» precisamente quando já oficialmente Leitor da Universidade de Coimbra… Como e porquê?! Em boa verdade, apenas sei o "como", porque o ouvi à minha amiga, mas não me é possível desvendar o segredo do "porquê"… Irei então ao "como":
Era um 13 de Maio, há mais de quatro décadas. A família que acolheu o jovem encontrava-se impedida de ir a Fátima, porque, estando o pai ausente, ninguém mais poderia guiar o carro… A consternação da mãe e dos filhos estava à vista de todos, e também do Eder, que, em franco sorriso, confessou ser-lhe completamente indiferente ir a Fátima ou a qualquer outro lugar; porque não acreditava em ilusões, mas que podia guiar o carro e estar sempre ao lado deles, fosse em que circunstância fosse… E foi. E viu, e ouviu… E o silêncio cobriu os anos que se seguiram… Mas hoje tenho eu na mão uma pagela (oferecida pela minha amiga) que não sei ler porque desconheço totalmente a língua alemã (o que me fez sentir na alma o desconforto de ser analfabeto), mas me permite ver, no verso, a Virgem de Fátima, uma esquina da Capelinha das Aparições e, em fundo, um pouco da Basílica dessa época; volto e, sensibilizada, vejo, no rosto, uma foto do Padre Franciscano, Harald Eder, a data da sua ordenação, 29/6/67, e da sua primeira missa, 9/7/67. No topo, isto, que não sei traduzir:«Gegrussest seist Du Maria voll der Gnaden!».
Quando deixamos que Deus entre, faz-se Natal!
Os Apóstolos Pedro (a Pedra em que foi edificada a Igreja de Cristo), ou Paulo (grandioso na arte epistolar, mas que começou por ser um dos mais impiedosos perseguidores de Cristo), quando tiveram eles o seu verdadeiro natal? No pátio do palácio de Caifás, naquele momento em que o galo cantou e a sua consciência acordou para a verdadeira vida, ou na estrada de Damasco, quando se viu envolvido numa luz que o cegou para tudo aquilo que não fosse uma figura nobre e serena que lhe perguntava: «Saulo, Saulo, por que Me persegues?»
Teresa Martins

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