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28 de janeiro de 2008

No Jubileu Episcopal de Dom Albino Cleto


Bodas de Prata da Ordenação Episcopal do Sr. D. Albino

Agradecendo, desde já, o convite que me foi dirigido pelo Mons. Leal Pedrosa… começo por saudar todos os presentes nesta sala.

Hoje é um dia de festa para o nosso Bispo D. Albino Cleto e, por isso, para a nossa Diocese de Coimbra.

Gostava de começar com um pequeno verso (poema) de Nunes Pereira, retirado do poema «Conselhos», apresentado no livro «Pedra d’Ara», recentemente re-editado.

Gostava de dedicar, especialmente, este poema ao nosso Bispo.

Tu és o princípio dum grande santo.
Não queiras, nesse princípio,
Atirar a obra para o canto.
Sê persistente:
Não deixes cair os braços;
Caminha para a frente,
Que Deus te guia os passos!
E um dia, na eternidade,
Dirás assim:
Feliz de mim,
Que me deixei guiar pela verdade
e gozo da felicidade
sem fim!
A.Nunes Pereira (20072). Pedra d’Ara. Versos (parte do poema «Conselhos»). Coimbra: Inatel. p.122.

De facto, todos nós somos mais do que pensamos ser… somos o princípio dum grande santo. Por que há Deus em nós e é Ele que nos faz caminhar, é Ele que guia os nossos passos.

Que cada um possa ser persistente nesta peregrinação da vida, para que um dia na eternidade, possamos celebrar a felicidade plena do encontro com Aquele que sabemos que nos ama tanto.

I Parte – 25º anos episcopais do Sr. D. Albino

O Sr. Bispo escolheu como frase orientadora do seu ministério episcopal a passagem dos Actos em que Paulo cita a (alegada) frase de Jesus: «A felicidade está mais em dar do que em receber». Esta frase do cap. 20, na seg parte do versículo 35, insere-se no discurso de adeus aos anciãos de Éfeso. São Paulo, na hora da partida está animar os responsáveis da comunidade a prosseguir o trabalho…

De facto, o nosso Bispo tem tido sempre esta presença que incentiva, que dá força aos projectos, que diz para não desistir. Em alguns casos, dá o primeiro passo. Quer ajudar todos. Este dinamismo de querer estar em todo o lugar e resolver tudo também tem fragilidades… Contudo, não deixa de ser um sinal do Espírito.

Falar pessoalmente de alguém não é fácil. Todavia, não posso deixar de dizer que sinto o meu Bispo como um «irmão mais velho»… que está próximo e que ouve a minha partilha, a sugestão e a opinião…

Por isso, nesta hora reitero o meu agradecimento pelo apoio e pela confiança que tenho sentido como padre mais novo. Um apoio e uma estima que sei se estende, em particular, aos outros padres, aos seminaristas e, até, aos pré-seminaristas.

Refiro ainda a presença simples, próxima e tão humana nas visitas às comunidades da nossa diocese, nas inúmeras visitas pastorais já realizadas. Esta presença tão comunicativa certamente se norteia pela expressão dos Actos: A felicidade está em dar… mais do que em receber…

II Parte – Desafios que temos de assumir

Falar do Sr. D. Albino significa necessariamente falar da Diocese de Coimbra e consequentemente de cada um de nós…Padres e leigos… Por isso, precisamos de protagonizar uma releitura actualizada da nossa identidade mais profunda.

Não podemos deixar de dizer que ainda somos uma Diocese bastante acomodada… Contudo, vamos percebendo a vontade de encetar novos futuros…
Gostava, por isso, de deixar oito interpelações (e também provocações) que nos pudessem ajudar a re-ler e a re-fazer o percurso da identidade que somos:

1. Somos uma Diocese que tem a alegria de poder falar da entrega e da generosidade de muitos leigos que dão gratuitamente de si e do seu tempo. Somos uma grande ‘escola de voluntariado’ (a maior escola de voluntariado da região)… Catequistas, ministros da palavra e da comunhão, membros dos coros, membros dos conselhos económicos e comissões de capelas, pessoas que cuidam e embelezam os templos… muitas pessoas ligadas aos diversos movimentos e secretariados… gratuitamente!

2. Somos uma Diocese que tem um clero dedicado, generoso e empenhado em dar o seu melhor… Dá bom testemunho. Os de idade mais avançada numa entrega até ao fim. Os mais novos na fidelidade ao ministério assumido… Aliás, podemos dar graças a Deus, porque são raros os casos polémicos e, nestes últimos anos, são nulos os abandonos.

3. Somos uma Diocese que vê com esperança todo um dinamismo vocacional… todo um trabalho com mais de 18 anos que, apesar de ser sempre insuficiente, tem estabilizado o número de ordenações, deixando a possibilidade de aumentar o número de vocações nos próximos anos… Quando ouvimos dizer que, pelo país fora e pela Europa, vão diminuindo os seminaristas e as ordenações. A consciência da necessidade e a oração generalizada por esta causa certamente que têm sido a razão principal desta esperança.

4. Todavia, não podemos deixar de dizer que somos uma Diocese que ainda convive mal com as novas tecnologias, mormente com a Internet… É verdade que já há vários exemplos do que de melhor se faz nestas matérias (algumas paróquias, alguns jornais, alguns secretariados…) todavia, é manifestamente pouco. Sem gabinete de comunicação social com relevância e expressão. Sem uma página actualizada da Diocese. Somos uma diocese que desconfia da tecnologia…Num tempo em que o computador, o Multibanco, a Internet, o telemóvel… fazem parte do quotidiano das nossas vidas não podemos deixar de apostar numa reorganização, menos burocrática e mais evangélica.

5. Somos uma Diocese com pouco Teólogos…Temos pouco padres formados em áreas específicas da teologia e quase nenhuns leigos. Num tempo que valoriza tanto a formação… Continuamos presos a generalidades e a uma formação que dá pouca credibilidade à mensagem de Cristo na relação com o mundo hodierno. Precisamos de dar continuidade a planos de formação já iniciados, nomeadamente com a Escola Diocesana de Leigos, nestes cerca de seis anos. Precisamos de desafiar mais presbíteros e leigos a estudar profundamente a teologia… Precisamos de valorizar a teologia como uma área importante do saber… Aliás, outras áreas do saber, mais acessíveis e mais divulgadas, têm menos conteúdo e menos implicação na existência humana.

6. Somos uma Diocese, em unidade com todas as mutações sociais existentes no nosso país, que se vê confrontada com novos desafios de mobilidade. Uma mobilidade que não é fácil acompanhar, que requer uma resposta pronta na atenção, particularmente, às novas áreas residenciais. Alegra-nos, ainda assim, a capacidade de neste capítulo estarmos a criar novas paróquias que ultrapassam as divisões das freguesias. Mas a mobilidade há muito que está aí e não é fácil lidar com todas as consequências pastorais que implica. As equipas pastorais não podem continuar a ser sempre e só uma utopia e o trabalho em conjunto tem que ser mais do que uma miragem. Precisamos de assumir projectos de evangelização mais sérios e mais englobantes…

7. Somos um Diocese que precisa de apostar ainda mais na valorização do seu riquíssimo património artístico… Uma aposta que seja catequética e capaz de falar por si mesma. Um património que vai desde a arquitectura, à pintura e à escultura até aos grandes mestres… Neste capítulo temos um bom exemplo com a valorização do trabalho de Mons. Nunes Pereira. Todavia, esquecemos de valorizar o papel e a obra do Padre Américo. Que neste ano em que celebramos os 250 anos de Seminário Maior de Coimbra o saibamos valorizar e dignamente celebrar.


8. Somos uma Diocese que tem dificuldade em parar para pensar… Avaliamos pouco e quando avaliamos raramente somos consequentes… Por isso, preferimos não parar. Precisamos de re-descobrir a nossa identidade mais profunda para depois podermos re-lançar os horizontes… Entre o importante e o urgente… Quase sempre optamos pelo urgente. Precisamos de perder o medo de arriscar, precisamos de nos virar para fora. Já não basta a tão defendida «pastoral do acolhimento» precisamos de uma pastoral que vá à procura da ovelha perdida. Uma pastoral que seja evangélica… que anuncie Cristo no século XXI


Apesar de todos os dilúvios, tempestades e falta de terra firme… é nesta Diocese que fazemos a experiência profunda da aliança… Na diversidade de cada um quero acreditar que procuramos todos dar o melhor. Onde o respeito pela história pessoal de entrega de cada um e a amizade que nos une não nos impeça o sonho. Há sinais de esperança que falam de terra firme, … Celebramos o Arco-íris que aparece no fim de cada dilúvio – Sinal da Aliança entre a humanidade que somos e a eternidade que nos habita.


Alicerçados na oração - troquemos o instante pelo eterno. Deixemos de lado o que não vale a pena. O que não faz sentido. O que não nos humaniza. O que não é essencial. Alimentados pelo Amor Trinitário procuremos o caminho da esperança e possamos ser, neste mundo de hoje, Peregrinos da Eternidade.
Padre Nuno Santos


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