Presentes com futuro
Jorge Cotovio
Vinte e cinco é, sem dúvida, um número distinto. E o nosso Bispo está a festejar os vinte e cinco anos de compromisso episcopal. "É obra", e merece justamente o nosso apreço e reconhecimento por esta entrega, com responsabilidade acrescida, ao seu múnus sacerdotal.
Li algures que o momento actual – o presente – é-nos oferecido (por Deus); por esta razão é que se chama "presente". Agradecendo nós a Deus este momento significativo da vida do Senhor D. Albino (e, afinal de contas, da vida da diocese de Coimbra), pus-me a pensar qual o melhor "presente" – "com futuro"! – que poderíamos oferecer ao nosso Bispo.
Como Pastor que é, que tal se fôssemos um rebanho unido, que ouve a voz do pastor e o segue com dedicação e carinho?
E se o pastor apela à co-responsabilidade laical, por que não oferecer-lhe mais empenho, mais testemunho de vida, mais envolvimento e intervenção na vida das paróquias e da diocese, mais sugestões criativas, menos passividade, menos dependência, menos comodismo?
E se o pastor quer valorizar o laicado e entrosá-lo harmoniosamente com o clero, por que não cada leigo assumir a sua "admirável" vocação, como baptizado, como membro de pleno direito, como forte "accionista" desta grande Assembleia que é a Igreja? Por que não cada consagrado assumir a sua "sublime" vocação e entender que, tal como os restantes baptizados, faz parte deste rebanho, com funções bem específicas, mas obediente ao mesmo pastor? Por que não leigos, padres, religiosos, leigos consagrados interiorizarem que é indispensável darem-se bem, "amarem-se", mostrarem "aos outros" exemplos de fraternidade, de simpatia, de alegria, apesar das diferenças de opinião e dos distintos papéis que cada um ocupa?
E se o pastor quer que o laicado aprofunde as suas convicções de fé, por que não alimentarmos essa mesma fé pela oração, pela leitura de (bons) textos e (bons) livros, pela participação em cursos, em colóquios, em jornadas, em retiros?
E se o pastor quer mais vocações consagradas, nomeadamente sacerdotais, por que não investirmos mais nas famílias e nos jovens? Por que não valorizarmos a pastoral juvenil e universitária, envolvendo os jovens em iniciativas por eles consideradas úteis e agradáveis? Por que não cativarmos meia dúzia de casais em cada comunidade para que eles cresçam (mais) como comunidade de vida e de amor (mau grado os conflitos conjugais, os amuos, as depressões, as dificuldades com os filhos, com os sogros, com o emprego, com a casa, com o fisco, etc.) e sejam promotores de iniciativas que atinjam outros casais e famílias, tornando-os mais felizes? Por que não percebermos que com famílias mais fortes, mais conscientes, há muito mais probabilidades de termos filhos equilibrados, realizados, prontos para a "luta", capazes de ser bons profissionais, constituir boas famílias e, quiçá, capazes de seguir a via sacerdotal/ religiosa?
Afinal, temos presentes para todos os gostos! É só escolher. Mas sejamos pessoas decididas a fim de darmos mais alegria e esperança ao nosso Bispo.
Depois, pus-me a pensar o que é que este rebanho – unido, co-responsável, generoso, obediente, criativo, onde cada um está convicto da sua missão imprescindível – espera do seu pastor. Ora, que seja "Pastor", que conheça as suas ovelhas e as chame pelo nome, porque cada um tem uma individualidade própria. Que atenda e entenda cada ovelha, porque considera que o mais importante é a re+lação, o acolhimento, a palavra amiga, confortante e oportuna. E porque considera que cada ovelha é a mais importante do rebanho, vai à procura da ovelha perdida e só descansa quando a encontrar. E quando a encontra, não quer grandes explicações nem exige pedidos de desculpa, mas trá-la aos ombros e faz festa. Mas dá espaço a cada ovelha para "ser ela", para se mover com algum à vontade, para desenvolver as suas capacidades e talentos. Não atrofia, nem absorve porque sabe que cada ovelha tem potencialidades inesgotáveis, não fossem elas de origem divina! Dá o seu tempo, apascenta-as, mas não lhes dá a comida na boca. É guia. Conduz. E como é um pastor especial, também conduz outras ovelhas que não são do seu aprisco, porque também as ama.
Finalmente, este rebanho espera que o seu Pastor esteja atento aos sinais dos tempos, "vigie" (porque é "bispo"), veja longe, para que as ovelhas se sintam em segurança, se sintam bem e sejam "produtivas", eficazes.
Com estes presentes e estas esperanças, creio bem que teremos uma diocese mais dinâmica e mais missionária e um Bispo mais feliz.
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