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4 de dezembro de 2007

INVENTARIAÇÃO DA PARÓQUIA DE CERCOSA


No dia 27 do passado mês de Novembro, ficou completada a inventariação da paróquia de Cercosa, com um total de 59 fichas e o respectivo registo fotográfico, excepto no lugar onde a comissão recusou respeitar e cumprir as instruções do senhor Bispo e as recomendações do senhor Prior. Apresentou-se, justamente.
Mencionada na relação das igrejas, de 1321 e, nela, associada à de Carvalho, é possível que a primitiva edificação medieval se situasse no mesmo sítio da actual construção, pela singularidade do local: uma pequena elevação rochosa, de xisto sedimentar, metamórfico, implantada na planura de vastos campos agrícolas, atravessados pelo ribeiro, no talvegue.
Tal como se pode verificar, os bens patrimoniais existentes, na matriz e nas capelas, inserem-se na habitual ocorrência de imagens esculpidas em calcário, de pequenas dimensões, boa execução técnica e datadas do século XV, logo secundadas de outras, da centúria de Quinhentos à de Seiscentos, de menor qualidade, apenas superadas pelas produções barroquizantes.
Permanecem acentuadamente ilustrativas as peças de estanho, seiscentistas e setecentistas, sendo estas detentoras de profusos ornatos, a que nem faltam as expressas menções de autoria produtiva, o que serve de partida para futuras áreas de investigação, na especialidade dos metais, por vezes facilmente deterioráveis e deitados às ignominiosas montureiras das arrecadações, aptas a pronto desaparecimento.
Vários missais romanos, elaborados nos parâmetros da liturgia tridentina, certificam cidades impressoras, estrangeiras, e, sobretudo, o primor gráfico, pela agradável distribuição dos textos, pelo esmero das gravuras e pela robustez das encadernações, revestidas a couro, ornado de motivos aprazíveis, com nervuras consistentes e fechos em bronze, cuja solidez material e manufactureira jamais será superada pelas fraudulentas imitações deficientes dos vulgarizados na actualidade.
Lembrando venerandas sobrevivências da tradição arquitectónica moçárabe, dos séculos IX ao XI, um arco cruzeiro, em forma de ferradura e sem apoio em colunas monolíticas, evoca modelos distantes, executados por artistas distintos, todavia, unidos pelo mesmo ideal de fidelidade ao esforço de manter as práticas construtivas visigóticas, perante a generalizada investida das preferências islâmicas.
Contudo, a ocorrência de maior amplitude subsiste no conjunto de bens com que a sede paroquial foi dotada, na segunda metade do século XVIII, através da magnânima, variada e benemerente oferta de distinta paramentaria, de apreciáveis alfaias de culto, de vistosos ornatos e de categorizados objectos devocionais, efectuada pelo paroquiano que, pertencendo ao clero secular, muito novo fora elevado à dignidade episcopal.
Dom Bartolomeu Manuel Mendes dos Reis era natural de Cercosa, onde foi nascido em 23 de Agosto de 1720. Era Doutor em Teologia e, a 22 de Novembro de 1752, estava eleito Bispo de Macau, sendo confirmado a 28 de Janeiro de 1753 e sagrado em Lisboa, na igreja de São Roque, a 25 de Julho do mesmo ano.
Quando regressava daquela diocese, do padroado português no Oriente, presenteou a igreja em que, na fé dos pais e padrinhos, recebera o supremo estatuto cristão, pelo sacramento do Baptismo, num acto de penhorado reconhecimento e gratidão, pelo que é lembrado e perpetuada a memória, bem como de outros fiéis, empenhados no compromisso vivencial, em Igreja.
Seguidamente, após algum tempo no Reino, foi transferido para a diocese de Mariana, no Brasil, a 8 de Março de 1773, da qual renunciara três anos e sete meses depois, vindo a falecer em Lisboa, a 7 de Março de 1799.
José Eduardo Reis Coutinho

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