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14 de novembro de 2007

O que eu vi e senti em Roma (1.ª Parte)



Não acreditaria se os meus olhos o não confirmassem: em Roma aumenta espantosamente o número de peregrinos. Sim, são peregrinos, porque a curiosidade cultural não basta para explicar a longa fila que cercava toda a Praça de S. Pedro, constituída por gente que teria de esperar pelo menos duas horas até conseguir entrar na Basílica.
Era um sábado vulgar, aquele dia 3, só beneficiado pela "ponte" do feriado dos Santos. Motivos de festa, não os havia...Repito: o motivo da longa espera tem a ver com a fé católica que nos traz a Roma e, embalados por ela, com o desejo de venerar o túmulo dos últimos Papas, destacando o do saudoso João Paulo II.
Mas Pedro, o Pescador da Galileia, que Jesus tornou firme no alicerce da Igreja, é quem continua a dar sentido a este lugar de peregrinação e ao seu actual sucessor. Assim o sentimos quando no Sábado seguinte as Confrarias da Itália encheram a Praça à espera do Papa, ou quando vimos o mesmo no dia da audiência geral, agora com milhares de rostos de tez indiana ou vindos do Extremo Oriente.
Não é difícil sentir ao vivo que o sucessor de Pedro é chave para a unidade da Igreja. Para isso nos encontrávamos ali, os Bispos de Portugal: para expressar e reforçar a unidade das nossas Dioceses como parcelas vivas da Igreja, que Jesus quer una, santa, católica e apostólica.
Esta unidade é, antes de mais, unidade de fé. Sentimo-lo ao proclamar, na Eucaristia celebrada junto do túmulo de S. Pedro, o Credo que professamos. Confesso que o rezei em nome de toda a Diocese de Coimbra, lembrando os meus padres, os nossos catequistas, todos os baptizados que Jesus me confiou.
Mas a unidade católica não é apenas unidade de fé. É também de amor e, por isso, cultivada com repetidos gestos que, ao longo do ano, nos tornam presente o Santo Padre, por quem rezamos, a quem ouvimos, de quem gostamos de acompanhar iniciativas, viagens, decisões. Por isso, o encontro individual de cada Bispo com Bento XVI é sempre particularmente significativo. Sabe bem ouvir dizer ao Papa que conhece Coimbra e recorda perfeitamente a beleza da cidade; e não posso esquecer o seu interesse pela pastoral universitária, nem a sua aprovação à tarefa de um velho "Centro Académico de Democracia Cristã": "É um serviço louvável preparar quadros superiores para uma Europa democrática".
Esta união ao sucessor de Pedro, proclamada, desejada, rezada por um país que se intitula "Nação Fidelíssima", voltei a considerá-la no passado dia 11, quando toda a Conferência dos Bispos concelebrou solenemente a Eucaristia dominical na igreja de Santo António dos Portugueses, de que é agora Cardeal Titular o Sr. Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo. Na sacristia, à espera da hora, entretive-me a ler placas comemorativas de visitas àquela igreja feitas por Cardeais do Vaticano e até por um Papa. Em duas das lápides li: "rebus compositis", que em boa tradução significa "resolvidas as questões", ou seja, " feitas as pazes"...
Sim, em âmbito político, a história de Portugal regista melindrosas desavenças com o Vaticano. Em âmbito político ou protocolar, que no plano da fé não conheço desvios do nosso povo crente; e no campo do afecto pelo Santo Padre estou em crer que ele é cada vez maior.
Que esta visita a Pedro e ao seu sucessor nos dê, ao Bispo e a toda a Igreja de Coimbra, uma alegre firmeza no amor à Igreja de Cristo.


+ Albino Cleto, Bispo de Coimbra

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