Semana de Estudos da Associação de Estudantes de Teologia
Socióloga afirma que prática religiosa não influencia valores e atitudes
A Semana de Estudos da Associação de Estudantes de Teologia teve início na passada Segunda-feira, com uma conferência, seguida de debate, proferida por Paula Abreu, docente na Faculdade de Economia e investigadora do Centro de Estudos Sociais de Coimbra.
Na abertura oficial da iniciativa, esteve presente o Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, que sublinhou a importância de debater temas que nascem também de "reflexões sobre a vida e o mundo" e não apenas daquilo que é discutido nas aulas do Seminário. O tema escolhido para a edição de 2007 é a "Diferença Cristã" e, nas palavras de Renato Neves, presidente da Associação de Estudantes, o que se pretende é reflectir sobre uma possível atitude de indiferença social, marcando, ao mesmo tempo, a posição de diferença de uma Igreja que não pretende separar-se do mundo, mas antes ser testemunho nele.
Afirmando que, em Portugal, muito está por estudar e por saber no âmbito da sociologia religiosa, Paula Abreu apresentou alguns indicadores quantitativos, resultantes de estudos, realizados em pareceria com outros países, sobre a identidade e prática religiosa. 85, 8% dos portugueses afirma ter uma religião e desse conjunto de indivíduos, 97, 1% afirmam-se católicos. Sendo este um dos dados que têm justificado a designação de Portugal como um país católico, se analisada a prática religiosa, os números dissolvem-se passando a existir "entre o preto e o branco, várias tonalidades de cinzento". De acordo com os elementos apresentados pela conferencista, quando contextualizadas e avaliadas as respostas relativas a valores, atitudes e comportamentos sociais dos indivíduos, pode concluir-se que estes não são influenciados pela prática religiosa.
Deixando um repto à Igreja para que produza informações rigorosas e isentas relativas aos seus membros e para que as divulgue, Paula Abreu afirmou que talvez seja mais relevante conhecer "aquilo em que as pessoas acreditam e não tanto as suas práticas". Inserindo os dados apresentados numa análise das mudanças rápidas na sociedade portuguesa, nos últimos anos, a investigadora mostrou ainda que são as mulheres as que se vêem como tendo maior grau de religiosidade e que o índice de prática é mais elevado em zonas rurais e em pessoas com menores níveis de escolaridade.
Lisa Ferreira
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