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10 de novembro de 2006

As (minhas) notas da semana 9.11.2006


1. Alguns jornais preocuparam-se muito (ou quiseram vender mais alguns exemplares?) com a notícia de que o Papa Bento XVI iria autorizar de novo a celebração da missa em latim. Como se isso fosse um crime digno de um anátema dos antigos! Em latim? E porque não em grego, como no princípio, ou em russo, ou inglês, ou malaio? O problema já não vem de agora, e há-de continuar a alimentar um certo estilo (irrelevante, no meu parecer) de estar e de se ser Igreja. A propósito, e apenas de memória, recordo duas passagens, uma histórica e a outra bíblica (que, por isso, não deixa de ser igualmente histórica). Quando, ali por volta do ano 880 da nossa era, o bispo Metódio (irmão de S. Cirilo) se encontrou com o Papa João VIII, defendendo a celebração da liturgia em eslavo para os povos que não entendiam outra língua, o bispo de Roma reconheceu a validade de todos os idiomas. Na bula Industriae Tuae (desculpem-me os leitores este preciosismo), o Papa declarou textualmente: "Não é, por certo, contrário à fé ou à doutrina cantar a missa ou ler o Santo Evangelho e as lições divinas do Antigo e Novo Testamento, bem traduzidas e interpretadas, ou mesmo cantar os outros ofícios das horas em eslavo, porque Aquele que fez as três línguas principais - o hebraico, o grego e o latim - criou também todas as outras para sua glória e louvor". Depois há aquela passagem bíblica, que cito ainda mais de cor, em que Jesus, no diálogo com a Samaritana, depois de esta lhe dizer que os seus louvam a Jesus no Monte Garizim, lhe afirma: "Vai chegar um tempo novo, e é já, em que os adoradores do Pai lhe prestarão culto em espírito e verdade". E se nós todos, na Igreja (os de antigamente e os de agora), nos deixássemos conduzir por este Espírito de Verdade?

2. Eu gostava até de dizer aqui, a este propósito, que a evangelização nunca ganhou nada com estas lutas intestinas, e que nada vai lucrar com elas. Será que nós, em pleno século vinte e um, ainda não nos convencemos que, por exemplo, a evangelização da China foi travada por uma inoportuna "questão dos ritos"? Que aspecto teria a Igreja de Cristo, neste início do terceiro milénio, com uma China maioritariamente católica ou, pelo menos, cristã? Que os erros do passado, que penalizam a Igreja de agora, se não repitam. O fundamental é "adorar a Deus em espírito e verdade". O resto são regras que o tempo traz e o vento leva!

3. Agora uma declaração de fundo, bebida no único Evangelho que nos salva. Qualquer cristão (e aqui me declaro como tal, por inteiro e sem qualquer reserva) deve estar, com Cristo, a favor da vida. Foi Ele quem disse: "Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância". Vida do primeiro ao último momento. Vida de todos e de cada um daqueles que foram chamados à existência. Vida! Em Cristo (que sofreu a morte por todos!) não há mais lugar para a pena de morte! Nem que o condenado se chame Saddam Hussein, ou qualquer outro nome que todos considerem criminoso e inimigo da humanidade. Tal como se defende o direito à vida daquele que, logo nos primeiros instantes, existe no seio de sua mãe, igualmente se declara que deve viver o que cometeu erros, mesmo os mais graves. Pelos erros de todos já um morreu! De uma vez por todas! Ou será que isso não basta?

A. Jesus Ramos

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